Enorme satisfação em anunciar mais uma edição da série Trabalho Sujo Apresenta, desta vez trazendo o espetáculo Eu, Marina, peça-show concebida por Sofia Botelho e Ernani Sanchez, que coloca em cena o legado musical de Marina Lima a partir de 12 composições selecionadas do repertório da artista, rearranjadas e interpretadas ao vivo pelos autores-atores da apresentação. O espetáculo mergulha na essência das canções e traz esquetes ligadas à biografia de Marina e às vivências dos próprios artistas. Poemas de autores como Eduardo Galeano, Ana Cristina César e Angélica Freitas adicionam uma camada poética à experiência. Mais do que uma adaptação artística, Eu, Marina é uma oportunidade de explorar o universo das músicas, trazendo à tona novas interpretações e possíveis conexões com o público contemporâneo. O título Eu, Marina surge como uma referência ao que incorporam do espírito de Marina Lima os dois artistas que a interpretam, além de envolver uma brincadeira onde ambos disputam ser “escolhidos” pela artista no jogo “Eu, Marina!!”. A apresentação é mais uma das atrações da celebração dos 29 anos do Trabalho Sujo, cujo aniversário acontece neste mês de novembro, será realizada no dia 21 e os ingressos já estão à venda.
Lembro do exato momento: estava fritando no desafio proposto pela Marina do Belas Artes de transpor o Dummy do Portishead para o palco do cinema em mais uma sessão Trabalho Sujo Apresenta e montando um lego mental entre instrumentistas, produtores e vocalistas que fizesse sentido ao mesmo tempo em que topasse o desafio quando, no meio dum show da Manu Julian no Bar Alto, olhei para o lado e lá estava o Lauiz assistindo à apresentação de sua parceira de Pelados. Ela no palco repetia mais uma vez o riscado do primeira show solo de sua vida, quando aceitou a provocação que fiz para exercitar seu músculo criativo fora das duas bandas que encabeça, a Pelados e a Fernê, e topo fazer um show com seu próprio nome (à época ainda Manuella, num exercício de alteridade com seu nome de batismo, para além do encurtamento típico paulistano) no Centro da Terra. E nesta empreitada, chamou o compadre Thales Castanheira para acompanhá-la tocando guitarra. Vi Manu e Thales no palco sendo observados por Lauiz e caiu a ficha: são os três que vão fazer esse disco. Fiz o convite, os três toparam curtindo a ideia e que felicidade descobrir que mais do que encarar como um frila, os três aproveitaram para debruçar-se sobre o processo criativo do Portishead e recriaram o disco depois de desconstruí-lo, adaptando o disco de 1994 para a realidade sonora de 2024 sem necessariamente virar do avesso as canções. Era uma releitura que respeitava os arranjos originais mas sem tratá-los de forma sacra, tirando elementos que hoje soam datados (como os scratches de vinil, que Lauiz substituiu por glitches digitais a partir de sua devoção aphextwinana ao ruído desta natureza) e acrescentando outros que soavam mais próximos à sonoridade atual, trazendo a força original das canções a uma energia vital sem nostalgia, com foco no presente. Enquanto Thales dividia-se entre as bases recriadas e a guitarra à John Barry, Manu soltava sua voz sem usar a de Beth Gibbons como referência – e o que nos ensaios parecia confortável e aconchegante no palco pegou fogo, graças à presença de palco e ao canto seguro e dramático desta que é minha cantora favorita de sua geração. Mas o mais legal deste processo foi descobrir o nerdismo e o profissionalismo do trio aliados ao completo escracho e cumplicidade de uma irmandade de alma. Suspeitava que os três tinham uma sintonia desta natureza mas nem nos meus sonhos mais otimistas podia supor o quanto eles funcionavam bem. O que vimos no palco do Belas Artes nesta quinta foi apenas o reflexo de quatro meses de trabalho que, como Manu comentou em uma de suas poucas intervenções, começou com o curta To Kill a Dead Man, thriller nouvellevagueano abstrato e tenso que o grupo produziu e lançou antes do disco e que pautava suas opções estéticas, que exibimos no início da sessão e que batizou a versão que fizemos, chamada Dummy 30 anos – Matar Um Homem Morto. E na hora do vamo ver, o show cresceu vertiginosamente, ainda mais com a distorção lisérgica da textura VHS que Danilo Sansão fazia na tela de cinema ao misturar imagens do curta com outras que sua parceira Vitoria Trigo captava na hora. Reto e sem bis, o show do disco lotou a sala 2 do Belas Artes de um público que apaixonou-se pelas versões que os três fizeram. É tão bom quando um plano dá certo…
Em mais uma sessão Trabalho Sujo Apresenta realizada no Cine Belas Artes, celebramos o primeiro disco da banda Portishead, Dummy, lançado há exatos 30 anos. Em mais um show que dirijo, reuni três jovens talentos da nova cena paulistana para recriar o disco que elevou o trip hop a um novo patamar a partir do encontro de Manu Julian (vocalista das bandas Fernê e Pelados), Thales Castanheira (que acompanha Manu em seus shows solo) e Lauiz (produtor musical e também integrante do grupo Pelados). Os três contarão com o apoio visual de Danilo Sansão, que, ao lado de Manu, traduz na tela do cinema de rua mais tradicional de São Paulo, a estreia da banda de Bristol no espetáculo Dummy 30 anos – Matar Um Homem Morto, inspirado não apenas no álbum de 1994 mas também no vídeo que o antecedeu, To Kill a Dead Man, quando a banda experimentou misturar jazz dos anos 50 e trilhas sonoras dos anos 60 no amálgama de soul music, música eletrônica, hip hop e reggae que já vinha sendo conduzido pelos conterrâneos de artistas como Massive Atttack e Tricky. A apresentação acontece no dia 17 de outubro e os ingressos já estão à venda neste link.
Agente e testemunha das transformações musicais que mexeram com a vida noturna de São Paulo entre os anos 80 e 90, Camilo Rocha fala de escrever um livro sobre este período desde que a gente se conheceu, no meio dos anos 90, quando ele, recém-chegado da Inglaterra, trouxe o conceito de raves para o Brasil e esteve envolvido na produção de algumas das primeiras festas desse tipo por aqui. Ele cobre música de pista desde essa época, quando enfrentava chiliques de leitores roqueiros raivosos da falecida Bizz que reclamavam que a revista dava espaço para esse tipo de música e foi um dos criadores do mitológico Rraul, site/fórum que deschavava a cena deste tipo de música em todo o Brasil. Depois de décadas de produção, ele finalmente lança Bate-Estaca – Como DJs, drag queens e clubbers salvaram a noite de São Paulo pela editora Veneta e o convidei para participar de mais uma edição da sessão Trabalho Sujo Apresenta, que tenho realizado no Cine Belas Artes, desta vez trazendo o autor para falar do livro antes de vê-lo discotecar no mezanino do cinema. A festa acontece no dia 12 de setembro e eu mesmo converso com Camilo a partir das 19h30 para, uma hora depois, entrarmos no modo discotecagem, quando teremos a DJ Linda Green como convidada da noite. Os ingressos já estão à venda neste link. O Belas Artes fica na rua da Consolação, 2423, do lado da Estação Paulista da Linha Amarela do metrô.
Luiza Villa voltou ao palco do Blue Note nesta terça-feira para celebrar sua reverência a Joni Mitchell e algumas pequenas mudanças no show mudaram completamente a dinâmica da noite. O primeiro veio por um problema técnico, que impossibilitou que o jovem maestro Pedro Abujamra usasse seu teclado, deixando-o à vontade com o piano da casa, dando uma súbita elegância que os timbres elétricos do teclado ofuscam dos arranjos da compositora canadense. O outro detalhe foi caso pensado, quando Luiza passou a tocar menos guitarra ou violão – embora ainda siga tocando-os em momentos-chave da noite -, deixando-a mais solta para improvisar com sua voz e sua presença de palco. Os dois estavam o tempo todo próximos do resto da Orfeu Menino – a banda que os cinco têm juntos, completa pela guitarra de Tomé Antunes (que decidiu tocar de pé desta vez), o contrabaixo solista de João Pedro Ferrari e a bateria de Tommy Coelho, agora com congas -, deixando o show ainda mais elétrico e direto no ponto, na melhor apresentação que vi do grupo até agora.
Foi bonito demais ver Ava Rocha transformar uma sala de cinema em seu palco no espetáculo Femme Frame que ela fez dentro da sessão Trabalho Sujo Apresenta que fizemos nesta quinta-feira no Cine Belas Artes. Com seu cúmplice Chicão Montorfano no piano elétrico, ela conduziu o público que encheu uma das salas do tradicional cinema de rua paulistano por canções suas e de outros autores, regendo-o com seu corpo e voz ao mesmo tempo em que era ornada pelas luzes de Mau Schramm e pelos vídeos projetados por Carol Costa, que usou animações feitas pela própria Ava e imagens captadas por Jade Monteiro e Otávio de Roque, na tela do cinema, criando um clima única para a realização da show, que ainda celebrou o primeiro ano de seu disco mais recente, Néktar, que acaba de ganhar nova versão em vinil, e teve participações improvisadas da percussionista Victória dos Santos e do tecladista Vini Furquim, ambos parceiros de Ava, que subiram para cantar duetos no final da noite. Foi maravilhoso.
Retomando a sessão Trabalho Sujo Apresenta no Belas Artes, desta vez tenho o enorme prazer de receber nossa musa Ava Rocha em mais uma apresentação de voz e piano ao lado do Chicão Montorfano. Femme Frame começou em 2022 como uma temporada no Centro da Terra em que a cantora carioca soltava seu lado intérprete ao lado de queridos como Tulipa Ruiz, Filipe Catto e Negro Leo, e ampliou-se em um show maravilhoso que passou pela Casa de Francisca e pelo Bona, entre outros lugares. Agora é a vez de trazer Femme Frame ao Belas Artes, quando ela apresenta-se no clássico cinema de rua paulistano mostrando algumas de suas pérolas e versões para clássicos da música brasileira. A apresentação acontece no dia 11 de julho e os ingressos já estão à venda neste link.
A cantora e compositora paulistana Luiza Villa mais uma vez traz sua homenagem à grande mestra do folk Joni Mitchell para o palco do Blue Noite de São Paulo. Na nova apresentação do espetáculo Both Sides ela segue acompanhada dos mesmos músicos que a acompanham – Pedro Abujamra (piano e teclados), Tomé Antunes (guitarra), João Pedro Ferrari no baixo, e Tommy Coelho na bateria = e repassa clássicos do repertório da cantora canadense, como “Free Man in Paris”, “Little Green”, “Cactus Tree”, “Big Yellow Taxi”, “Hejira”,“Coyote”, “Help Me”, “In France They Kiss on Main St” e “The Hissing of Summer Lawns”, além de algumas surpresas. A apresentação é mais uma vez dirigida pelo jornalista e curador de música Alexandre Matias e acontece no dia 23 de julho, a partir das 22h30. O Blue Note fica na Av. Paulista, 2073 (entrada pelo Conjunto Nacional) e os ingressos já podem ser comprados neste link.
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Foi demais o primeiro show oficial da banda Orfeu Menino nesse ano dentro da sessão Trabalho Sujo Apresenta, que nesta quarta aconteceu no Redoma. A banda está afiadíssima e é impressionante o domínio que a vocalista Luiza Villa tem do palco, em sintonia finíssima com os outros quatro músicos da banda, o virtuosismo de Tommy Coelho na bateria, a guitarra discreta e precisa de Tomé Antunes, o teclado irrepreensível do maestro Pedro Abujamra e o baixo denso e suntuoso de João Chão. Parte do repertório ainda é composto por versões, o que já mostra a amplitude de alcance do quinteto, indo de “Nossa História de Amor” do Tim Maia a “Jorge Maravilha” do Chico Buarque, passando por “Dentro de Você” de Marcos Valle e Leon Ware, “Banho de Espuma” da Rita Lee, a versão de Annie Ross pro standard “Twisted”, “Cara Cara” e “Pessoa Nefasta” do Gilberto Gil, “Nua Ideia” de João Donato, além de uma versão de “Bala com Bala” do João Bosco que não tava no roteiro. Entre esses clássicos, eles ainda mostraram suas duas primeiras músicas, “Pega Mal” e “O Amor é Fogo”. Depois o DJ Benni seguiu a noite esmerilhando pérolas ousadas de diferentes frentes musicais. É, a brincadeira está só começando…
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No ano passado, Luiza Villa, Pedro Abujamra, Tomé Antunes, João Chão e Tommy Coelho celebraram a obra de Joni Mitchell no espetáculo Both Sides Now, puxado pela vocalista que sugeriu a homenagem, e agora os cinco voltam a focar no trabalho de sua banda, Orfeu Menino, que mostra sua nova fase em mais uma sessão Trabalho Sujo Apresenta, idealizada pelo jornalista Alexandre Matias. Inspirados pela bossa nova e pelo jazz brasileiro dos anos 60 e 70, eles também têm influência de samba, MPB, jazz e folk norte-americano e começam a mostrar suas primeiras músicas autorais. O grupo faz dançar sem perder a complexidade do jazz e da música brasileira e depois de tocar em festas e pequenos clubes de São Paulo, começam esta nova fase reunindo suas próprias composições reunindo um repertório já estabelecido, que vai de Tom Jobim a Rita Lee, passando por João Bosco e George Benson. A apresentação acontece nesta quarta-feira, no Clube Redoma (Rua Treze de Maio, 825, Bixiga), a partir das 21h, e a noite terá discotecagem do DJ Benni. Os ingressos podem ser comprados neste link.