Kendrick Lamar abalou as estruturas do hip hop nesta quarta-feira, ao apresentar o show The Pop Out: Ken and Friends no The Forum, em Los Angeles. A apresentação foi uma celebração à Califórnia, mais especificamente ao rap de Los Angeles, quando contou com a participação de ícones da história do gênero misturando-se com sua própria biografia, visitando quase todos seus discos e com aparições surpresas de nomes como seu supergrupo Black Hippy (chamando os integrantes originais Ab-Soul, Jay Rock e ScHoolboy Q para o palco) e ninguém menos que Dr. Dre, que trouxe dois de seus clássicos, “Still D.R.E.” e “California Love”. Ele reuniu todos os compadres – inclusive os líderes das gangues historicamente rivais da área, Bloods e Crips – para uma foto histórica: “Isso tudo tá me deixando emotivo, estamso na merda desde que Nipsey (Hussle, rapper morto em 2019) morreu, desde que Kobe (Bryant, jogador de basquete, morto em 2020) morreu”, bradou o rapper, “isso é o melhor moemnto dessa unidade, perdemos muitos manos nessa vida de música, nessa vida de rua, por isso para todos que estão no palco, isso tudo é especial.” E como a celebração da união angelena não fosse o suficiente, Kendrick aproveitou a oportunidade para firmar os pregos que faltavam no caixão de Drake, ao cantar as músicas que fez destruindo o rapper e encerrar com a última delas, “Not Like Us”, cantada cinco vezes seguidas no final da apresentação, com o público assumindo o vocal aos berros. O show inteiro ainda tá no YouTube, corre pra ver antes que tirem!
Os Smashing Pumpkins começaram nesta sexta-feira uma turnê ao lado do Weezer que para muitos é uma espécie de turnê dos sonhos, mas a mensagem subliminar desse novo contexto do grupo é apagar a imagem de pessoa insuportável que o dono da banda Billy Corgan tem cultivado desde o início do século. Isso começou desde antes da pandemia, quando Corgan readmitiu o guitarrista James Iha e o baterista Jimmy Chamberlin de volta à formação, e seguiu desde então, passando pelo lançamento da ópera rock ATUM (na linha musical de discos importantes pra carreira da banda, como Mellon Collie and the Infinite Sadness e Machina: The Machines of God), por uma anunciada turnê pelos EUA com o Green Day, Linda Lindas e Rancid no segundo semestre e essa turnê atual em que dividem a noite com a banda de Rivers Cuomo. E isso inevitavelmente mexe com o repertório do grupo, que começa a incluir mais músicas próprias da década de 90 e, pela primeira vez nesta sexta-feira, uma versão para uma música do U2 – uma versão bem boa para “Zoo Station”, faixa de abertura do clássico eletrônico do grupo irlandês Achtung Baby. Abaixo, além da versão citada, ainda dá pra asistir à íntegra do show:
Que maravilha ver esses meninos decolando. Neste fim de semana, a banda Sophia Chablau & Uma Enorme Perda de Tempo fez seu primeiro show internacional ao tocar na escalação do Festival Primavera deste ano, em Barcelona. É o primeiro de uma série de shows que eles fazem na Europa e o jovem maestro Vicente Tassara me contou sobre a experiência, que compartilho abaixo, junto com a íntegra do show, segura!
“Eu queria cantar a próxima música para lembrar de Steve Albini”, anunciou PJ Harvey no meio do show que ela fez neste sábado no Primavera Sound, em Barcelona. “Steve deveria estar aqui neste festival e seria bom se vocês pudessem pensar nele”, completou nossa musa antes de começar “The Desperate Kingdom Of Love” de seu disco Uh Huh Her, que completou 20 anos na sexta passada. O Shellac, banda do produtor, que morreu no mês passado, estava escalada para tocar neste ano e o festival preferiu não substitui-lo, rebatizando o palco em que ele iria tocar com seu nome: “Apesar de ser o primeiro ano desde 2007 que não teremos o inimitável Shellac em seu compromisso anual com seu festival favorito, a figura do saudoso Steve Albuni ((1962-2024) estará mais presente do que nunca no Primavera Sound”, anunciou o festival pouco antes de sua realização. “O palco Steve Albini, situado em frente ao palco Plenitude será um tributo ao membro insubstituível da família Primavera”. Assista abaixo à íntegra do show de PJ Harvey no festival:
Sempre chega essa época do ano e dá aquela saudade de Barcelona, quando o festival catalão Primavera reúne artistas de diferentes vertentes numa mesma semana realizando sonhos ininterruptos. E por mais que a escalação desse ano não tivesse ninguém que tivesse feito brilhar meus olhos (grandes shows, mas nada que me fizesse sair de São Paulo), confesso ter sofrido um pouco ao ver que o querido trio Yo La Tengo dedicou um show inteirinho na sala Apolo às canções de seus ídolos nessa terça passada, misturando Velvet Underground com Sun Ra, Temptations com Neil Young, Bob Dylan com Daniel Johnston, Kinks com Black Flag, Who com Jackson Browne, Dream Syndicate com Sandy Denny. E felizmente não tínhamos apenas um, mas dois heróis em ângulos diferentes, apontando suas câmeras para o palco e registrando esse momento único para posteridade. Os vídeos seguem abaixo, bem como o repertório.
Passo fundamental na consolidação da carreira solo de Neil Young, sua apresentação no teatro da BBC no dia 23 de fevereiro de 1971, em Londres (que só foi exibido no dia 26 de abril), tinha enorme parte de seu repertório ainda inédita, incluindo músicas que hoje são clássicos do cantor canadense, a maioria do disco Harvest, que só seria lançado em 1972 (como “Out On The Weekend”, “Old Man”, “Cowgirl In The Sand”, “Heart Of Gold” e “A Man Needs A Maid”). Do repertório exibido no programa original, que pode ser visto abaixo na íntegra, apenas “Don’t Let It Bring You Down” e “Dance Dance Dance” já haviam sido lançadas. “Journey Through The Past”, por exemplo, só viria a público décadas depois, mesmo com uma trilha sonora que levava seu título (mas não a trazia no repertório). O site Sugar Mountain, especializado nos setlists do velho bardo, lista que outras músicas foram tocadas naquela apresentação e, tirando “The Needle And The Damage Done”, que entrou em Harvest, todas as outras quase entraram no disco de 72, mas só surgiram oficialmente em discos ao vivo e coletâneas que o autor lançou ainda nos anos 70 (como “Love In Mind”, “I Am A Child” e “There’s A World”). Além destas, só “Tell Me Why”, que também não foi exibida, já havia sido lançada. Fica então aí uma senhora lacuna na discografia de um autor obcecado pelo próprio completismo. Assista abaixo à apresentação e compare os setlists original com o que foi transmitido:
Faz quase um mês que o Air está circulando a Europa tocando a versão ao vivo para seu disco de estreia, o perfeito Moon Safari, mas nesta quinta-feira a dupla formada por Nicolas Godin e Jean-Benoît Dunckel tocou no Olympia, clássica sala de shows de sua cidade-natal, Paris, e uma boa alma registrou a íntegra do show com sua camerinha… E que viagem que foi isso, porque além de todo o disco que está completando 25 anos, eles ainda tocaram um bis com músicas dos discos Walkie Talkie e 10,000 Hz Legend, além da hipnótica “Highschool Lover”, da trilha do filme Virgens Suicidas. S’il te plaît, viens au Brésil!
E o Cure participou do mesmo festival que viu o show do Blur na Cidade do México, pisando pela primeira vez num palco latino-americano em 2023 no sábado, enquanto prepare-se para passear pelo continente – e ao menos passa por aqui, como uma das principais atrações do Primavera Sound São Paulo. Sem dar spoiler pra quem quiser ter a surpresa do show por aqui, só adianto que foram as duas horas e meia que o Robert Smith prometeu – e abaixo, segue a íntegra de toda a apresentação que uma boa alma subiu no YouTube, com o setlist logo abaixo:
Alguma boa alma subiu a íntegra do show que Blur fez neste sábado na Cidade do México, na mesma turnê que, nos próximos dias, passa nessa terça-feira por Bogotá, sexta que vem por Santiago e no outro domingo por Buenos Aires SEM PASSAR PELO BRASIL. Para quem não se aventurou a encontrar o grupo em alguma dessas capitais do nosso continente, resta assistir aos vídeos que estão fazendo online e ver como a banda está excelente, mesmo com mais de três décadas de carreira.
E pra esquentar esse clima, vou ficar publicando sobre Talking Heads aqui de vez em quando, como esse show maravilhoso que o grupo fez no festival de Montreux, na Suíça, no dia 9 de julho de 1982, e está na íntegra no YouTube. Além da banda principal, o grupo é acompanhado mais uma vez de vários músicos, como o guitarrista Alex Weir, o tecladista Raymond Jones, o percussionista Steve Scales e a vocalista e percussionista Dolette McDonald. além do tecladista Tyrone Downey e as irmãs de Tina, Lani e Laura Weymouth, que entram no bis para tocar “Take Me To The River”. No mesmo dia, Tina Weymouth e Chris Franz acompanhados de Lani, Laura, Steve, Alex e Tyrone abriram para o grupo com seu projeto paralelo Tom Tom Club (e esse show também pode ser assistido abaixo):