
O Radiohead deu início à sua volta aos palcos com o primeiro dos quatro shows que fará em Madri, na Espanha, nesta terça-feira – e o grupo inglês não economizou no repertório, dando uma bela geral em diferentes fases de seu repertório com ênfase em seus maiores clássicos – OK Computer, In Rainbows e Kid A -, além de erguer Hail to the Thief a essa estatura, tocando a mesma quantidade de músicas (seis) que seu disco de 1997 (tanto In Rainbows quanto Kid A vem com apenas quatro cada). Embora não trouxesse nenhuma grande surpresa (tirando “Sit Down, Stand Up”, que não tocavam há mais de vinte anos, e “Subterranean Homesick Alien”, pela primeira vez desde 2017), o grupo fez bonito ao escolher “Let Down”, favorita da geração Z, para começar o show. E algo me diz que eles vão mudar radicalmente o repertório a cada apresentação. Já o segundo show do Radiohead em Madri – o segundo show de sua volta aos palcos desde 2018 – seguiu o padrão que parecia desenhar desde o primeiro, com o grupo desfilando canções de diferentes fases de sua carreira, como se a turnê fosse uma versão viva de uma coletânea de greatest hits que o grupo nunca quis lançar: afinal, a caixa com os seis primeiros álbuns e a coletânea The Best of Radiohead, ambas de 2008, foram lançadas pela antiga gravadora do grupo à sua revelia, para pegar carona no sucesso do primeiro disco independente do grupo, o “pague o que quiser” In Rainbows. Em vez de uma tentativa versão definitiva do que seria o melhor do grupo transforma-se num espetáculo em movimento, desta vez com mais músicas do In Rainbows do que os outros discos e o segundo álbum, The Bends, vem com bem mais músicas que o show anterior, que só trouxe uma desse disco – e agora empata com o número de músicas do OK Computer, ambos com quatro. Dos dois primeiros o grupo pinçou “Jigsaw Falling Into Place” e do segundo “(Nice Dream)”, músicas que não tocavam ao vivo desde 2009. A banda ainda comemorou o aniversário do guitarrista Jonny Greenwood no palco. Nas duas últimas noites, dias 7 e 8, as novidades foram a volta de “Just” para o repertório ao vivo na sexta-feira, e a estreia de “Optimistic” no show de sábado. A próxima etapa da turnê são quatro shows na Itália a partir da próxima sexta. Felizmente alguns heróis filmaram o show na íntegra – e dá pra assistir aí embaixo:

Felizmente vi vários shows do Lô Borges nessa vida, além de poder entrevistá-lo e conversar com ele algumas vezes. Desses shows que vi, consegui filmar cinco deles, a maioria de quando ele pode mostrar seu primeiro disco solo – o disco do tênis – pela primeira vez ao vivo. Vi quatro shows dessa leva, dois em 2017 e dois em 2019, sendo que um deles pude assistir em Belo Horizonte. O último deles eu vi no ano passado, quando ele se reuniu a Beto Guedes e Flávio Venturini em um show triplo no Espaço Unimed – com cada um dos mineiros fazendo seu show solo de mais de uma hora e só se encontrando no final do show de Lô, para um único momento dos três no palco ao mesmo tempo. Em todos esses que vi, Lô estava feliz, lúcido, animado e jogando sempre para o público, satisfeito de poder fazer o que mais gostava e viver disso – música. Uma perda lastimável, ainda mais sabendo que ele estava longe de pensar em aposentadoria. Obrigado, Lô.

O Tame Impala começou a turnê de lançamento de seu Deadbeat em Nova York nesta segunda-feira quando reforçou que, mesmo abraçando a dance music no novo álbum, mantém os pés firmes na psicodelia. Ao revelar um palco circular multicolorido e superiluminado em que o público cercava sua banda, Kevin Parker reforçou seu compromisso lisérgico em uma viagem em que as músicas de diferentes fases da banda soassem como parte de um mesmo tecido musical. E entre músicas nunca apresentadas ao vivo (como sua colaboração com o Justice do ano passado, “Neverender”, que abriu o bis), não chegou a empolgar o público com as músicas mais novas – com exceção de “Dracula”, que foi inclusive cantada pelos fãs.. Cacei vídeos em que dois heróis filmaram a íntegra desse primeiro show, para nossa alegria.

Não bastasse lançar um dos melhores discos do ano (o inacreditavelmente empolgante Phantom Island, lançado na mesma semana em que Brian Wilson morreu quase como uma utopia sonora do que o beach boy original sonhou em seu Pet Sounds) e retirar quase todos seus 27 discos do Spotify, o inominável grupo psicodélico australiano King Gizzard & the Lizard Wizard deu um show nessa sexta-feira, em sua cidade natal australiana Melbourne, em que finalmente começou a colocar em prática uma vontade que tinham há tempos, ao estrear sua apresentação como um set de rave, depois de ficar um tempo sem fazer shows (após suas apresentações gigantescas no próprio festival que fizeram em agosto na Califórnia). Tal formato inclusive foi anunciado quando o grupo marcou as datas de sua turnê pela Europa nos próximos dias, quando alterna apresentações com orquestras (dia 4 agora com a Covent Garden Sinfonia na Inglaterra, dia 5 com a Orchestre Lamoureux na França, dia 7 com a Sinfonia Rotterdam na Holanda e 9 com a Baltic Philharmonic Symphony Orchestra na Polônia) com esta vibe dançante. As dúvidas sobre o teor da apresentação foram sanadas com o show que deram em Melbourne, quando seus seis integrantes tocam dispositivos musicais eletrônicos de diferentes eras e instrumentos acústicos de percussão, uma guitarra ali, um sax acolá, entre músicas inéditas e versões de outras antigas para este formato, além de citações aos Beastie Boys (“Intergalactic” e “Sabotage”) e Limp Bizkit (“Rollin’”) e gritos pela Palestina livre por inacreditáveis duas horas – assista à íntegra abaixo. Com esse formato passam pela Inglaterra (31, 1º e 2), Alemanha (10), República Tcheca (11), Áustria (12), Dinamarca (14) e Suécia (15). Ficou pequeno pra rave do Tame Impala, diz aí…

Nessa sexta-feira, um dos shows mais importantes de todos os tempos fez 60 anos, quando os Beatles comemoraram o aniversário do primeiro show musical realizado num estádio. Sua aparição no estádio de beisebol Shea Stadium, em Nova York, culminou a turnê que o grupo fazia em 1965 resolvendo de forma drástica uma questão que perseguia sua crescente popularidade: como colocar mais pessoas num show dos Beatles? O salto de casas de shows e galpões improvisados como tal para estádios antes destinados apenas aos esportes começou quando o grupo inglês reuniu mais de 55 mil pessoas ao mesmo tempo naquele 15 de agosto de 1965, mudando os parâmetros para apresentações musicais para sempre, que passaram a atingir públicos cada vez maiores, chegando hoje à casa dos milhões. Era uma evolução impensável até mesmo nos intensos anos 60, que só ampliou ainda mais as fronteiras para a megalomania da década seguinte, tornando a música cada vez mais parte do dia-a-dia do público. Se hoje aquela apresentação é tida como histórica, à época foi um teste dos limites para todos os envolvidos, tanto o público que não conseguia ouvir a banda (pois não havia caixas de som para tanta gente e o grupo usou o mesmo sistema de som do estádio que anunciava lances do jogo nas partidas que realizava), quanto da produção que teve de lidar com dezenas de milhares de jovens muito empolgados (a ponto de tentar invadir o palco, num tempo em que não havia público na “pista”, apenas nas arquibancadas) e até da própria banda (que em pouco tempo abandonaria os shows por não conseguir se ouvir enquanto estava no palco). O show foi gravado por doze câmeras da BBC e transformado num documentário de 50 minutos exibido no ano seguinte pela emissora inglesa (e lançado nos cinemas dos Estados Unidos no mesmo período), mas nem o vídeo nem o disco ao vivo tiveram lançamentos oficiais do show, que só circula em cópias piratas desde os anos 70. Seria ótimo se o grupo relançasse (em versão remasterizada) esse esquecido documentário…

Uma boa forma de celebrar a passagem de Ozzy Osbourne é mergulhar em uma das apresentações mais icônicas do Black Sabbath, um show de 1970 que alimentou gerações de fissurados que não puderam ter a oportunidade de ver o grupo no auge. Vendido primeiro como um disco e depois como um VHS (e, finalmente, DVD) pirata com o título de Live in Paris 1970, o show na real aconteceu no Théâtre 140 em Bruxelas, na Bélgica, e foi transmitido ao vivo pela Yorkshire Television no dia 3 de outubro de 1970, enfileirando uma sequência de músicas que começa com “Paranoid” passa por “Hand Of Doom”, “Rat Salad”, “Iron Man”, “Black Sabbath”, “N.I.B.”, “Behind The Wall Of Sleep”, uma jam puxada pro jazz e uma versão de oito minutos de “War Pigs” antes de terminar com “Fairies Wear Boots”. Uma pedrada.

Semana passada Stephen Malkmus fez um show solo no Colonial Theatre, na pequena cidade de Keene, nos Estados Unidos, em que subiu ao palco sem banda, apenas com sua guitarra, e pinçou canções menos tocadas do Pavement (ele abriu o show tocando todo o EP Watery Domestic!) e outras de sua carreira solo ou com os Jicks, além de visitar o antigo cover que gravaram de “No More Kings”, do programa infantil Schoolhouse Rocks (dando um cutucão no Trump) e “Blue Arragements”, dos Silver Jews, banda que tinha com o saudoso amigo Dave Berman. Felizmente alguém filmou o show todo.

Como se só o show de Lauryn Hill não fosse suficiente, imagine na hora em que ela canta um de seus maiores hits (“Doo Wop (That Thing)”, claro) a diva chamasse ninguém menos que a novata sensação da vez, a gigantesca Doechii. Pois foi o que aconteceu neste sábado, no encerramento da primeira noite do festival Jazz In The Gardens Festival, em Miami, nos EUA, quando ela apresentou a sensação ao palco. E por mais que ela segurasse a onda como era de se esperar, a cantora estava em frangalhos com a realização daquele sonho e tuitou logo em seguida que “Nunca fiquei tão nervosa em toda a minha vida 😭 ela é uma RAINHA”. O show ainda teve participações de Wyclef Jean, Busta Rhymes, Yg Marley, Zion Marley, Samara Cyn, entre outros. Assista à integra do show abaixo (a participação de Doechii começa em 1h31):

Houve um tempo que os Talking Heads foi a maior banda de todos os tempos e esse show em Dortmund, na Alemanha, em 1980, com Adrian Belew em uma das guitarras e Bernie Worrell nos teclados é dessa época. Sente o drama abaixo: