Timothée Chalamet conseguiu mais uma vez e ao apresentar-se neste sábado no Saturday Night Live – tanto como ator quanto como músico convidado – defendeu bonito sua indicação ao Oscar ao apresentar três músicas de Bob Dylan no programa humorístico que completa meio século este ano. E em vez de seguir o riscado de A Complete Unknown, preferiu inovar – e fez bem. Optou nem por fantasiar-se de Dylan como por não ficar preso ao período do filme, além de ter convidado James Blake para acompanhá-lo ao piano. Começou com duas músicas num só take ao misturar “Outlaw Blues” do clássico Bringing It All Back Home, de 1965, com “Three Angels” de seu New Morning, de 1970, ambas pouco familiarizadas com o palco (Dylan só tocou a primeira uma única vez ao vivo e nunca tocou a segunda). Depois foi mais ousado ainda ao pegar o violão e cantar “Tomorrow Is A Long Time”, que nunca foi gravada em estúdio e só saiu em disco numa versão ao vivo incluída na coletânea Bob Dylan’s Greatest Hits Vol. II, de 1971. Mandou bem, pequeno Timmy.
Há uma ironia inescapável proposta por James Mangold ao batizar a cinebiografia que fez sobre Bob Dylan como Um Completo Desconhecido, mantido em português sem precisar incluir o nome do biografado no título. Verso do refrão de sua música-símbolo (“Like a Rolling Stone”), ele é usado para mostrar a época em que o senhor Zimmerman era um anônimo literal, encontrando ídolos e personagens que o ajudaram a moldar sua reputação e personalidade. A ironia vem do fato de que quase tudo que é retratado no filme – seus encontros com Woody Guthrie, Johnny Cash e Pete Segeer, sua relação com Joan Baez e com outros músicos que se tornaram parceiros, seu ataque elétrico contra a cena folk que o deificava – é amplamente conhecido até pelos ouvintes mais desatentos. O que Um Completo Desconhecido faz, portanto, é enfileirar causos e passagens (como toda cinebiografia atenuando questões mais polêmicas, exagerando alguns trechos e deixando outros pra lá) para que quem realmente não sabe quem é Bob Dylan possa ter uma vaga ideia sobre o porquê de sua importância. Nesse sentido é uma história de origem, como reza o evangelho dos filmes sobre super-heróis, sublinhando feitos e acontecimentos que foram cruciais para tornar o protagonista daquele jeito. Nesse sentido, Timothée Chalamet está irrepreensível e faz um Dylan convincente o suficiente para encantar o próprio Dylan, trazendo-o para o século 21 com aquela cara de brechó descolado, usando a pátina artificial do cinema atual a seu favor, inclusive quando canta (vale procurar a trilha sonora do filme, já lançada, em que o jovem ator segura bem a onda como cover do novo ídolo). Um Completo Desconhecido certamente desagradará os fãs mais radicais por estes detalhes e minúcias, mas ele foi feito para apresentar esse artista – e suas contradições – para um público mais jovem ou alheio à sua história (como certamente serão os quatro filmes sobre os quatro Beatles que Sam Mendes está prometendo para 2027). Acerta em cheio e faz com que a chama que Dylan mantém acesa consiga atingir um público ainda maior, menos refinado e exigente – o que é ótimo para sua vida e obra. E não duvide se Chalamet sair em turnê tocando as músicas do filme… O filme estreia no Brasil em fevereiro.
“Tem um filme sobre mim que vai estrear em breve chamado Um Completo Desconhecido (que título!). Timothée Chalamet atua como o protagonista. Timmy é um ator brilhante por isso tenho certeza que ele vai ser bem crível como eu. Ou como um jovem eu. Ou um outro eu. O filme é inspirado no Dylan Goes Electric do Elijah Wald – um livro que saiu em 2015. É uma narrativa fantástica dos eventos do início dos anos 60 que culminaram no fiasco em Newport. Depois de ver o filme, leia o livro”. Num tweet Dylan deu sua bênção ao filme de James Mangold (o mesmo de Walk the Line, Logan, Ford vs. Ferrari e o último Indiana Jones) e especialmente à atuação do jovem ator, que parece convincente a cada nova aparição. O filme ainda conta como Elle Fanning e Edward Norton no elenco e estreia no Brasil no dia 27 de fevereiro do ano que vem. Abaixo o tweet original de Dylan e mais um trecho do filme que foi divulgado pela produção:
E se havia alguma dúvida de que A Complete Unknown, a cinebiografia de Bob Dylan com Timothée Chalamet dirigida por James Mangold, pode ser um bom filme, ela dissipa-se com a revelação de seu trailer principal nesta terça-feira. Não só o astro da vez está convincente como o protagonista- e não apenas cantando -, como algumas cenas e trechos de diálogo mostram que há um compromisso sério com a história de Dylan, mesmo que o próprio não se leve tão a sério – e fala sobre isso até no trailer (“As pessoas inventam seus passados, elas lembram-se do que querem e esquecem do resto!”). O trailer mistura cenas de sua chegada em Nova York, trechos de seu relacionamento com Joan Baez (vivida por Monica Barbaro) e Suze Rotolo (que transformou-se em Sylvie Russo por algum motivo, vivida por Elle Fanning), com seu empresário Albert Grossman (vivido por Dan Fogler) e com seus mestres Pete Seeger (vivido por Edward Norton), Johnny Cash (Boyd Holbrook), Alan Lomax (Norbert Leo Butz) e Woody Guthrie (Scoot McNairy). O filme estreia nos EUA dia 25 de dezembro e deve chegar por aqui em janeiro. Confira o trailer abaixo:
Eis o que esperávamos: finalmente o gostinho de Bob Dylan que teremos da interpretação do fenômeno pop Timothée Chalamet, escalado para viver o menestrel norte-americano em sua primeira cinebiografia, no primeiro trailer de A Complete Unknown, de James Mangold, que estreia no final deste ano – e ele vem com música. Depois de vagar de óculos escuros na noite nova-iorquina do início dos anos 60, passando por lugares-chave do período com o Café Wha? e o Chelsea Hotel, o Dylan de Chalamet sobe ao palco para cantar o início de “A Hard Rain’s a-Gonna Fall” e… não faz feio. Não é nada estarrecedor, no entanto, mas não compromete nem a imagem de Dylan para as novas gerações nem a reputação do ator como talento em ascensão. É claro que poucas cenas não fazem um filme, mas o pouco que é mostrado neste primeiro aperitivo faz a aguçar a expectativa para um outro tipo de filme… Muito bem…
A produção do filme A Complete Unknown sobre os primeiros anos de Bob Dylan (com o menino do Duna no papel principal) parece estar indo um pouco longe demais… Olha o disparate que é a recriação dessa capa do Freewheelin’ Bob Dylan? Qual é a necessidade disso? Acho que isso não se justifica nem se o filme for bom… E reforça a minha sensação de cosplay…
Vazaram as primeiras fotos de Timothée Chalamet fantasiado de Bob Dylan para o próximo filme de James Mangold, A Complete Unknown, que conta a história da chegada de Dylan a Nova York até seu rompimento com a cena folk que o acolheu no primeiro momento. Nem duvido que o filme possa ser bom (Chalamet é bom ator, Mangold bom diretor e é bom que mais gente conheça a história de Dylan), mas quando Hollywood se esforça pra tornar um ator famoso, ela acaba o tornando insuportável pela insistência – e não custa lembrar que o próprio Chalamet irá cantar no filme. Como o projeto começou a ser filmado agora, o filme vai levar um tempinho pra chegar nos cinemas e ainda tem Elle Fanning vivendo o papel de Sylvie Russo, Monica Barbaro como Joan Baez, Nick Offerman vivendo Alan Lomax, Boyd Holbrook fazendo o papel de Johnny Cash e Edward Norton como Pete Seeger (consigo vê-lo com o machado cortando o cabo de energia no festival de Newport).