Um completo conhecido

Há uma ironia inescapável proposta por James Mangold ao batizar a cinebiografia que fez sobre Bob Dylan como Um Completo Desconhecido, mantido em português sem precisar incluir o nome do biografado no título. Verso do refrão de sua música-símbolo (“Like a Rolling Stone”), ele é usado para mostrar a época em que o senhor Zimmerman era um anônimo literal, encontrando ídolos e personagens que o ajudaram a moldar sua reputação e personalidade. A ironia vem do fato de que quase tudo que é retratado no filme – seus encontros com Woody Guthrie, Johnny Cash e Pete Segeer, sua relação com Joan Baez e com outros músicos que se tornaram parceiros, seu ataque elétrico contra a cena folk que o deificava – é amplamente conhecido até pelos ouvintes mais desatentos. O que Um Completo Desconhecido faz, portanto, é enfileirar causos e passagens (como toda cinebiografia atenuando questões mais polêmicas, exagerando alguns trechos e deixando outros pra lá) para que quem realmente não sabe quem é Bob Dylan possa ter uma vaga ideia sobre o porquê de sua importância. Nesse sentido é uma história de origem, como reza o evangelho dos filmes sobre super-heróis, sublinhando feitos e acontecimentos que foram cruciais para tornar o protagonista daquele jeito. Nesse sentido, Timothée Chalamet está irrepreensível e faz um Dylan convincente o suficiente para encantar o próprio Dylan, trazendo-o para o século 21 com aquela cara de brechó descolado, usando a pátina artificial do cinema atual a seu favor, inclusive quando canta (vale procurar a trilha sonora do filme, já lançada, em que o jovem ator segura bem a onda como cover do novo ídolo). Um Completo Desconhecido certamente desagradará os fãs mais radicais por estes detalhes e minúcias, mas ele foi feito para apresentar esse artista – e suas contradições – para um público mais jovem ou alheio à sua história (como certamente serão os quatro filmes sobre os quatro Beatles que Sam Mendes está prometendo para 2027). Acerta em cheio e faz com que a chama que Dylan mantém acesa consiga atingir um público ainda maior, menos refinado e exigente – o que é ótimo para sua vida e obra. E não duvide se Chalamet sair em turnê tocando as músicas do filme… O filme estreia no Brasil em fevereiro.

Assista a um trecho abaixo:  

Bob Dylan ♥ Timothée Chalamet

“Tem um filme sobre mim que vai estrear em breve chamado Um Completo Desconhecido (que título!). Timothée Chalamet atua como o protagonista. Timmy é um ator brilhante por isso tenho certeza que ele vai ser bem crível como eu. Ou como um jovem eu. Ou um outro eu. O filme é inspirado no Dylan Goes Electric do Elijah Wald – um livro que saiu em 2015. É uma narrativa fantástica dos eventos do início dos anos 60 que culminaram no fiasco em Newport. Depois de ver o filme, leia o livro”. Num tweet Dylan deu sua bênção ao filme de James Mangold (o mesmo de Walk the Line, Logan, Ford vs. Ferrari e o último Indiana Jones) e especialmente à atuação do jovem ator, que parece convincente a cada nova aparição. O filme ainda conta como Elle Fanning e Edward Norton no elenco e estreia no Brasil no dia 27 de fevereiro do ano que vem. Abaixo o tweet original de Dylan e mais um trecho do filme que foi divulgado pela produção:  

Eis o trailer para A Complete Unknown, a cinebiografia de Bob Dylan com Timothée Chalamet

E se havia alguma dúvida de que A Complete Unknown, a cinebiografia de Bob Dylan com Timothée Chalamet dirigida por James Mangold, pode ser um bom filme, ela dissipa-se com a revelação de seu trailer principal nesta terça-feira. Não só o astro da vez está convincente como o protagonista- e não apenas cantando -, como algumas cenas e trechos de diálogo mostram que há um compromisso sério com a história de Dylan, mesmo que o próprio não se leve tão a sério – e fala sobre isso até no trailer (“As pessoas inventam seus passados, elas lembram-se do que querem e esquecem do resto!”). O trailer mistura cenas de sua chegada em Nova York, trechos de seu relacionamento com Joan Baez (vivida por Monica Barbaro) e Suze Rotolo (que transformou-se em Sylvie Russo por algum motivo, vivida por Elle Fanning), com seu empresário Albert Grossman (vivido por Dan Fogler) e com seus mestres Pete Seeger (vivido por Edward Norton), Johnny Cash (Boyd Holbrook), Alan Lomax (Norbert Leo Butz) e Woody Guthrie (Scoot McNairy). O filme estreia nos EUA dia 25 de dezembro e deve chegar por aqui em janeiro. Confira o trailer abaixo:  

“Lá vem o temporal!”: Timothée Chalamet canta “A Hard Rain’s a-Gonna Fall” no primeiro trailer da cinebiografia de Bob Dylan

Eis o que esperávamos: finalmente o gostinho de Bob Dylan que teremos da interpretação do fenômeno pop Timothée Chalamet, escalado para viver o menestrel norte-americano em sua primeira cinebiografia, no primeiro trailer de A Complete Unknown, de James Mangold, que estreia no final deste ano – e ele vem com música. Depois de vagar de óculos escuros na noite nova-iorquina do início dos anos 60, passando por lugares-chave do período com o Café Wha? e o Chelsea Hotel, o Dylan de Chalamet sobe ao palco para cantar o início de “A Hard Rain’s a-Gonna Fall” e… não faz feio. Não é nada estarrecedor, no entanto, mas não compromete nem a imagem de Dylan para as novas gerações nem a reputação do ator como talento em ascensão. É claro que poucas cenas não fazem um filme, mas o pouco que é mostrado neste primeiro aperitivo faz a aguçar a expectativa para um outro tipo de filme… Muito bem…

Assista abaixo:  

“It ain’t HIM, babe…”

A produção do filme A Complete Unknown sobre os primeiros anos de Bob Dylan (com o menino do Duna no papel principal) parece estar indo um pouco longe demais… Olha o disparate que é a recriação dessa capa do Freewheelin’ Bob Dylan? Qual é a necessidade disso? Acho que isso não se justifica nem se o filme for bom… E reforça a minha sensação de cosplay…

Timothée Chalamet fazendo cosplay de Bob Dylan

Vazaram as primeiras fotos de Timothée Chalamet fantasiado de Bob Dylan para o próximo filme de James Mangold, A Complete Unknown, que conta a história da chegada de Dylan a Nova York até seu rompimento com a cena folk que o acolheu no primeiro momento. Nem duvido que o filme possa ser bom (Chalamet é bom ator, Mangold bom diretor e é bom que mais gente conheça a história de Dylan), mas quando Hollywood se esforça pra tornar um ator famoso, ela acaba o tornando insuportável pela insistência – e não custa lembrar que o próprio Chalamet irá cantar no filme. Como o projeto começou a ser filmado agora, o filme vai levar um tempinho pra chegar nos cinemas e ainda tem Elle Fanning vivendo o papel de Sylvie Russo, Monica Barbaro como Joan Baez, Nick Offerman vivendo Alan Lomax, Boyd Holbrook fazendo o papel de Johnny Cash e Edward Norton como Pete Seeger (consigo vê-lo com o machado cortando o cabo de energia no festival de Newport).

Mais fotos abaixo:  

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