Centro do Rock 2017: Thiago Pethit

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A programação do Centro do Rock segue hoje com um show gratuito em homenagem a um clássico: Horses, de Patti Smith, é recriado ao lado de uma banda composta apenas por mulheres num show emocionante, que começa pontualmente às 21h (mais informações aqui). Antes disso, às 19h, faço a mediação do debate, também gratuito, sobre rock e literatura, em que os escritores Fabrício Corsaletti, Daniel Benevides e Fernada D’umbra falam sobre a relação entre as duas vertentes artísticas e como elas se cruzam em autores como Bob Dylan, Leonard Cohen e a própria Patti Smith.

Centro do Rock 2017

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A partir do dia 11 de julho, o Centro Cultural São Paulo abre-se para o melhor do rock moderno brasileiro, reunindo nomes como Rakta, Garage Fuzz, Boogarins, Test Big Band, Meu Reino Não é Desse Mundo, Thiago Pethit, Luís E a Terra Nunca Me Pareceu Tão Distante + Ventre, MQN, Maglore, Vermes do Limbo + Bernardo Pacheco, Thiago Nassif, Jonnata Doll e os Garotos Solventes, Labirinto e The Baggios, além de debates, filmes e uma edição do Concertos de Discos dedicada à história do rock brasileiro. Mais informações no site do CCSP.

Thiago Pethit encontra Patti Smith

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Da ponte erguida em Rock’n’Roll Sugar Darling, seu álbum mais recente, de três anos atrás, Thiago Pethit desceu em Patti Smith. A conexão entre música, teatro e poesia que sempre esteve presente em sua obra aos poucos despe-se das guitarras para abraçar as palavras e ao imaginar um espetáculo sobre uma de suas principais musas, ele cercou-se de mulheres para seguir com a provocação sobre gênero. Assim, a banda é formada por ele, Larissa Conforto (do Ventre, na bateria), Stéphanie Fernandes (no baixo), Monica Agena (do Moxina, na guitarra) e Rita Oliva (a Papisa, no teclado), além da presença da atriz Leandra Leal, que o ajuda a declamar os textos de Patti, puxando uma vibe “sarau beatnik”, como ele mesmo define. O show acontece no Sesc Pinheiros a partir das 21h (mais informações aqui) e Thiago o vê como a semente de um projeto maior, orbitando ao redor do magnetismo da poeta punk. Conversei com ele sobre este novo show, sua influência, o processo de realização e uma possível continuidade.

Como foi a sua primeira vez com a Patti Smith?
Foi média. Acho que não nos conquistamos de cara. A segunda sim é que foi boa.
Eu escutei Patti quando era adolescente, mas não bateu. Acho que não entendi. Eu era adolescente, né? Em termos de rock, tava mais interessado em ver o Mick Jagger rebolando ou a Debbie Harry fazendo passinhos de dança e a Patti parecia estranha e profunda demais, então ela ficou no ali no canto.
Mas em 2010, nos reencontramos quando li Só Garotos. E aí sim um mar de ideias, sensibilidades, poesias, e identificações foram possíveis. Foi só então que eu voltei aos discos e saquei o que era aquilo.

E quem teve a idéia de fazer um show em homenagem a ela?
Meu namorado. Ele sabe o quanto eu sou apegado ao trabalho da Patti e o quanto ela vem influenciando meu trabalho, não diretamente musical, mas de forma conceitual. Um dia ele falou “quando é que você vai fazer um show sobre isso?” e me deu esse click: é agora!
Desde Estrela Decadente eu venho estudando ensaios e poemas e peças de teatro que ela escreveu e baseando alguns conceitos, ou personagens no meu trabalho. O próprio Joe Dallesandro, que aparece na introdução do meu disco RnR Sugar Darling, me foi ‘apresentado’ pelo Só garotos. Segundo o livro, ele era um “role model” para o Robert Mapplethorpe. De certa forma era tudo que ele queria ser e representar para entrar no mundo do Warhol, então ele seguia todos os passos do Joe. Frequentava os mesmos lugares, faziam michê juntos pelas ruas de NY… Os anjos sujos e com bocas de cowboy que o Joe cita na abertura do meu disco, são eles. E foram ideias que surgiram da peça Cowboy Mouth da Patti com o Sam Shepard.
Mas em termos musicais, eu talvez intuísse que ainda não estava pronto para acessar a Patti. Na verdade, eu ainda sinto que gostaria de fazer mais intervenções sobre o show, gostaria de estar ainda mais pronto como artista, mais completo, para realmente acessar algo que eu ambiciono sobre isso. Pelo menos agora, sinto que me aprofundei suficientemente para poder homenageá-la. Quem sabe mais pra frente eu não vá aos poucos desenvolvendo essas outras ideias.

Você viu ela ao vivo fazendo o Horses em 2015?
Infelizmente não. Mas eu vi um show pequeno, para umas 100 pessoas, em comemoração ao aniversário do Lenny Kaye – o eterno guitarrista de Patti – de 70 anos, um dia antes dela completar 70 também. E foi maravilhoso, ela fez uma participação cantando umas sete músicas com ele e banda. Contou histórias, recitou poesias, e nossa… que poder ela tem com as palavras. Saí do bar como se tivesse levado uma descarga elétrica. Enfiei os dedos na tomada.
É algo impressionante e que não se entende apenas escutando os discos. Por isso também senti a necessidade de ter uma atriz no show, que pudesse trazer essa compreensão da PALAVRA para o palco.

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4) O show é só o Horses? Fala sobre o conceito do show.
Não é só Horses. Tem outras fases. O Horses é o meu preferido e é a maior parte do show, mas eu fui selecionando as músicas – e os trechos poético-literarios – por afeto mesmo. Perguntei para algumas amigas próximas, que também veneram a Patti como eu, pedi sugestões. Peguei tudo o que eu mais gosto de todos as fases, e apenas uma música que eu odeio. Sempre faço isso em shows de versões. Acho que o maior desafio para entender um artista é quando cê tem que se colocar fazendo aquela música que você não gosta mesmo. Então, essa também está e eu jamais direi qual é.
No princípio era só um show de música. Mas a imagem dela ao vivo, a impressão que tive sobre a força das palavras, aliado ao fato de que ela me conquistou pela literatura, acabaram abrindo esse desejo de trazer isso junto ao espetáculo. E esse foi um dos motivos pelos quais eu não quis fazer o Horses inteiro. Porque eu compreendi que existe uma força ali, que é da poesia. São as palavras e os sentidos, a poesia. O rock’n’roll é a arma de comunicação, mas são as palavras que importam. Quando você estuda os arranjos, isso fica nítido. Eles não existem, eles certamente foram gravados em forma de jam session onde a banda acompanhava o sentido das palavras e frases em músicas de três acordes. E para fazer isso, com a mesma ambição eu precisaria ‘versionar’ para o português grande parte das músicas-poesias. E é algo diferente das músicas de poetas compositores como Cohen, ou Chico Buarque. O Horses é um disco de poesia falada. Quase que acidentalmente musical.
Essa é a tal da ambição que falei antes. Virou um pequeno desejo pretensioso guardado aqui para o futuro: chamar pessoas que eu considero gênias das palavras, gente como o Zé Miguel Wisnik, que tem um poder de uso das palavras e seus sentidos, e/ou Helio Flanders, meu pequeno poeta parceiro da minha geração, sentarmos juntos e fazer esse projeto em português. Quem sabe.
Eu até arrisquei sozinho a tradução de alguns poemas que nunca tiveram publicação no Brasil. E alguns trechos estarão no show. Mas mais como forma de trazer ao público alguma dimensão dos significados. Não estou pronto para assumir isso como ‘nossa, fiz uma versão’.

Como a Leandra entrou nessa história?
Leandra, Leandra! Bom, no processo de ensaios eu entendi que alcançar o que eu queria era algo mais ambicioso do que eu havia planejado. As músicas em si já exigem bastante preparação, não em termos de canto e técnica, mas de compreensão. A mente da Patti é complexa e cheia de sobreposições de ideias. São alusões infinitas a Rimbaud e Verlaine e Jimi Hendrix, de Jean Genet aos faroestes americanos e a Bíblia. Impossível cantar essas músicas sem mergulhar o mínimo que seja nesses “autores”. Fazer isso e ainda achar um espaço adequado paras leituras, seria demais. Por isso senti a necessidade de uma atriz.
Mas isso também representava outra dificuldade. Porque eu não queria uma encenação, tipo, a atriz interpreta a Patti Smith. Não é isso que acontece. As leituras são muito mais no sentido de um sarau beatnik do que de uma encenação teatral. E para isso, eu precisaria de alguém que fosse razoavelmente conhecida do público e fosse também conhecida por ter um trabalho e uma persona pública tão legitima, fiel a certos valores artísticos e enfim…. Como eu disse esses dias, eu precisava de uma atriz que tivesse poesia em si, como a pensa e enxerga a Patti e como eu sempre vi a Leandra. É uma mega honra ter a participação dela. Até porque atrizes assim, jovens, conhecidas do público e cheias de poesia, parecem ser uma espécie raríssima hoje em dia.

O show vira uma turnê?
Adoraria que virasse uma turnê. Adoraria que virasse um grande projeto ambiciosamente artístico como o que descrevi. Quem sabe? São possibilidades. Estou crescendo aos poucos com isso, uma hora ficará maduro o suficiente. The infinte Land is surrounded by a sea of possibilities.

Como foi a segunda edição do #SpotifyTalks

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Conversei com Joana Mazzucchelli, Thiago Pethit, Filipe Cartaxo e Anna Turra sobre a importância do visual na música pop em mais uma edição do Spotify Talks, série de encontros que o Spotify me chamou para idealizar, curar e apresentar neste fim de 2016. Foi a primeira vez que o encontro foi transmitido ao vivo (você pode assistir à íntegra no final deste post) e mais uma vez teve cobertura do Update or Die, que entrevistou os convidados antes do debate sobre o tema em questão:

Joana Mazzucchelli

Anna Turra

Thiago Pethit

Filipe Cartaxo

#SpotifyTalks: Som e Imagem

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Acontece nesta terça-feira a segunda edição do Spotify Talks, a série de debates que idealizei, faço a curadoria e apresento junto ao Spotify desde o mês passado. O foco da conversa agora é em direção de arte e reunimos quatro grandes nomes da cena atual brasileira para falar da importância da imagem na carreira do artista hoje. A discussão conta com a presença de Thiago Pethit, Filipe Cartaxo (que cuida do visual do BaianaSystem), Joana Mazzucchelli (que dirigiu grande parte dos Acústicos da MTV brasileira) e Anna Turra (responsável pelos palcos de Elza Soares, Arnaldo Antunes, entre outros) e esta edição será transmitida online a partir das 20h. Siga a página do Trabalho Sujo no Facebook que eu compartilho o link da transmissão, que será feita pelo Update or Die.

Vida Fodona #493: O primeiro Vida Fodona do outono de 2015

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Esse sol veio a calhar.

Herb Alpert & the Tijuana Brass – “A Banda”
Bixiga 70 – “100% 13”
Guizado – “Tigre”
Todd Terje – “Preben Goes To Acapulco (Prins Thomas remix)”
Daniel Johns – “Aerial Love”
Beyonce – “Crazy In Love (Fifty Shades of Grey Boots Remix)”
BaianaSystem – “PlaySom”
Yumi Zouma – “Catastrophe”
Blur – “Lonesome Street”
Knife – “Heartbeats”
Frank Ocean – “Lost”
Tame Impala – “Stranger in Moscow”
Vetiver – “Current Carry”
Banda do Mar – “Pode Ser”
Thiago Pethit – “Romeo”

Vem aqui.

Vida Fodona #484: As 75 Melhores Músicas de 2014

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Mais de cinco horas de programa…

Lorde – “Don’t Tell’Em”
Eric Clapton – “For Jack”
Séculos Apaixonados – “Um Totem do Amor Impossível”
Marion Cotillard – “Snapshot in LA”
André Paste + Fepaschoal – “A Calma”
MØ – “Walk This Way (Slowolf Remix)”
Escort – “If You Say So”
Mercúrias – “Desse Jeito”
Say Lou Lou – “Instant Crush”
Hotlane – “Whenever”
Phonat – “Never”
Haim – “My Song 5 (Movement Version)”
Mahmundi – “Sentimento”
Alessandra Leão – “Mofo”
Nação Zumbi – “Defeito Perfeito”
Melody’s Echo Chamer – “Shirim”
David Bowie – “Sue (Or In A Season Of Crime)”
Jungle – “Busy Earning”
AlunaGeorge – “Supernatural”
Black Keys – “Turn Blue”
Jungle – “The Heat”
Pipo Pegoraro – “Aiye”
Todd Terje – “Inspector Norse”
Racionais MCs – “Quanto Vale o Show?”
Tops – “Change of Heart”
Lana Del Rey – “Florida Kilos”
Thiago Pethit – “Romeo”
Angel Olsen – “Stars”
Chet Faker – “1998”
Meghan Trainor – “All About That Bass”
André Paste + Holger – “Cosmos”
Banda do Mar – “Mais Ninguém”
Broken Bells – “After the Disco”
Silva – “Entardecer”
Tops – “Outside”
Thurston Moore – “Forevermore”
Belle & Sebastian – “The Party Line”
Grimes + Blood Diamonds- “Go”
Mr. Twin Sister – “In the House of Yes”
Sants + Estranho + El Mandarim- “Madruga”
Mombojó + Laetitia Sadier – “Summer Long”
Sia – “Chandelier”
Chromeo + Toro Y Moi – “Come Alive (The Magician Remix)”
Banda do Mar – “Me Sinto Ótima”
Damon Albarn – “Everyday Robots”
Criolo + Juçara Marçal – “Fio De Prumo (Padê Onã)”
Flying Lotus + Kendrick Lamar – “Never Catch Me”
Russo Passapusso – “Paraquedas”
Leo Cavalcanti – “Inversão do Mal”
De Leve – “Estalactite”
Mark Ronson + Bruno Mars – “Uptown Funk”
Lana Del Rey – “West Coast (Munk Remix)”
Les Sins + Nate Salman – “Why”
My Magical Glowing Lens – “Dreaming Pool”
Ariana Grande – “Problems (Bo$$ in Drama Remix)”
Kendrick Lamar – “i”
Jungle – “Time”
Michael Jackson + Justin Timberlake – “Love Never Felt So Good”
Mark Ronson + Kevin Parker – “Daffodils”
Metronomy – “Love Letters (Soulwax Remix)”
Bixiga 70 – “100% 13”
Angel Olsen – “Windows”
Nação Zumbi + Marisa Monte – “A Melhor Hora da Praia”
Saint Pepsi – “Fiona Coyne”
Taylor Swift – “Shake it Off”
Lana Del Rey – “Ultraviolence”
Iggy Azalea + Charlie XCX – “Fancy”
Racionais MCs – “Você Me Deve”
Taylor Swift – “Blank Space”
War on Drugs – “Under The Pressure”
Criolo + Tulipa Ruiz – “Cartão de Visita”
Spoon – “Rainy Taxi”
Alvvays – “Archie, Marry Me”
Courtney Barnett – “Avant Gardener”
Juçara Marçal – “Ciranda do Aborto”

Aqui ó.

Vida Fodona #481: Mais puxado pra pista de dança

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Um Vida Fodona em ritmo de festa.

Shamir – “On The Regular”
Meghan Trainor – “All About That Bass”
Strokes – “Machu Picchu”
Les Sins + Nate Salman – “Why”
April March – “Attention Cherie”
AlunaGeorge – “Attracting Flies”
Racionais MCs – “Você Me Deve”
Thiago Pethit – “Voodoo”
Far East Movement + Cataracs + Dev – “Like a G6”
Klaxons – “There Is No Other Time”
Belle and Sebastian – “The Party Line”
Lana Del Rey – “Blue Jeans (Penguin Prison Remix)”
Say Lou Lou + Lindstrøm – “Games for Girls”
Haim – “The Wire”
Arctic Monkeys – “Snap Out of It”
Charli XCX – “Gold Coins”
Kendrick Lamar – “Backseat Freestyle”
Lorde – “Don’t Tell ‘Em”

Vem aê!

As 75 Melhores Músicas de 2014 49) Thiago Pethit – “Romeo”

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Os 75 Melhores Discos de 2014 40) Thiago Pethit – Rock’n’Roll Sugar Darling

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