The Overdub Tampering Committee

, por Alexandre Matias

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Na virada do século, Eminem resolveu pregar uma peça nos fãs que estavam esperando o seu disco mais recente (The Eminem Show) vazar na internet. Disponibilizou o disco inteiro para download mas deixou vazá-lo por meios não-oficiais. As pessoas viam o nome das músicas, o tamanho dos arquivos e tudo indicava que era o disco novo do sujeito. Qual era a surpresa quando, uma vez baixado, os MP3s resumiam-se a tocar, repetidas vezes, o refrão de cada uma das músicas repetidas vezes. Sem assumir o feito, Eminem brincou com a expectativa sobre um lançamento na agulha aumentando ainda mais a apreensão do público – e seu disco “vazado” era apenas um aperitivo do disco de verdade que, inevitavelmente, acabou aparecendo na rede antes do lançamento.

Essa é só uma pequena anedota de uma prática muito comum. A era do MP3 fez com que a espera pelo próximo disco de seu artista favorito deixasse de ser uma ansiedade isolada para se tornar uma procura pelo pote de ouro no começo do arco-íris (sem trocadilho com o In Rainbows aqui). Então bastava a gravadora anunciar o título ou a seqüência de faixas do próximo disco de qualquer um e a fauna de fãs saía correndo atrás de incidências do mesmo em sites (lembra do AudioGalaxy?) e programas de compartilhamento de arquivo. Nisso, uns espíritos de porco aproveitavam para brincar com o desespero pelo novo e renomeavam arquivos e discos inteiros para, depois de baixados, frustrar o fã.

Isso foi transformado em manifesto pelo The Overdub Tampering Committee. Mas em vez de colocar arquivos falsos ou discos com nomes trocados, eles (uma banda) baixam o disco que acabou de sair e incluem mais instrumentos sobre as músicas originais. Assim, querem criar versões diferentes para um mesmo disco para fazerem os fãs estranharem as versões entre si. Assim, eles acreditam que encontraram uma boa forma de “regular” a música online: esqueça ordens de prisão, multas ou outras formas de tratar o ouvinte que baixa música em casa como criminoso. Ao provocar as pessoas com essas versões 2.0 de discos inteiros numa espécie de terrorismo artístico, eles deixam no ar a pergunta: que versão você está ouvindo? É a mesma que o artista quis que você ouvisse?

O detalhe é que eles dizem que estão na ativa há quatro anos. Ou seja, se não for bravata, capaz de você já ter ouvido um disco “pichado” por eles.

Se a moda pega…