Para encerrar sua autoproclamada Temporada do Medo no Centro da Terra, a dupla Test praticamente não esteve no palco na última segunda-feira do mês, quando em vez de encarar mais uma vez o público em outra versão deformada de seu Disco Normal, preferiu chamar dois trios formmados de baixo, vocal e bateria para encarnarem o Test Fantasma. A única aparição física do guitarrista João foi no início da apresentação, quando subiu pelo alçapão do teatro para o palco, ainda com as luzes acesas, para logo em seguida assumir a iluminação da noite, enquanto seus convidados iam chegando pouco a pouco, começando por Sarine, que pilotava uma das baterias, seguido por Berna, que assumiu o baixo elétrico um pouco antes de Flavio Lazzarini assumir a segunda bateria e Alex Dias erguer seu contrabaixo acústico, tocando as mesmíssimas músicas que o Test tocou nas três noites anteriores, só que com novos arranjos, igualmente extremos. Logo depois os dois vocalistas da noite – Tomás Moreira e Chris Justino – começaram a urrar as letras das canções, fazendo a apresentação ganhar camadas de improviso e ruído que ficaram em algum lugar entre a formação da apresentação anterior – que já teve muita interferência eletrônica, desta vez capitaneada por Berna, Sarine e Flavio – e o épico formato Test Big Band, em que o grupo ultrapassa a dezena de cabeças no palco. O baterista Barata, por sua vez, assistiu à toda apresentação em uma das poltronas do teatro e só subiu ao palco depois que a noite terminou, quando foi cumprimentar os músicos convidados, provando que a banda pode existir sem mesmo ter a presença de seus dois integrantes. Um fecho brilhante para uma temporada intensa.
Na terceira aparição no Centro da Terra dentro de sua temporada Curadoria do Medo, a dupla Test incorporou ainda mais um elemento que só foi resvalado na segunda noite. Se na primeira segunda-feira do mês, João e Barata tocaram sem interferência musical externa, deixando as intervenções pra área visual com a videoartista Carol Costa, na segunda começaram a trabalhar com manipulação dos próprios ruídos que faziam no palco, quando chamaram Douglas Leal, do Deaf Kids, para manipular as gravações que vinha fazendo durante a apresentação. Nesta semana, o processo foi ainda mais intenso quando a dupla chamou o maestro noise Leandro Conejo para reger o ruído eletrônico e magnético produzido pelo trio formado por Rayra Pereira, Miazzo e André Damião, este último tocando um instrumento que ele construiu a partir de uma TV portátil dos anos 80, que tornava o noise extremo da dupla dona da temporada ainda mais limítrofe. Um acontecimento.
Mais uma segunda-feira atordoante dentro da temporada Curadoria do Medo que a dupla Test está fazendo no Centro da Terra – e se na primeira noite, João e Barata passearam sua avalanche de ruído acompanhada da surra de imagens aleatórias proposta pela VJ Carol Costa, na segunda sessão foi hora de transitar entre a iluminação, por vezes etérea e difusa e por outras frnética e energizante, conduzida por Mau Schramm e pelos ruídos manipulados por Douglas Leal, que começou a noite com gravações da própria banda antes mesmo de ela subir no palco, para depois misturar e remixar outros ruídos emitidos pela dupla enquanto os dois tocavam, funcionando como um eco de outra dimensão. Foi intenso.
A primeira noite da temporada que o Test está fazendo no Centro da Terra durante este mês foi só um aperitivo da experiência sônica que a dupla formada por João e Barata irão proporcionar neste mês de junho. Sem participações musicais, a rigor foi um show semelhante aos que a banda vem fazendo, mas a convidada da noite deu um tempero extraordinário para a apresentação. A vídeo-artista Carol Costa cobriu o show dos dois com um amálgama de imagens que misturava filmes educativos de antes da Segunda Guerra Mundial, comerciais dos anos 70, documentários sobre a natureza e cenas de cirurgias criando uma colagem visual aparentemente díspare que ia criando um sentido à medida em que era sincronizada com as cadênciais em que os dois alternavam intensidades de velocidade e ruído. E ao fazer isso num teatro, com o público sentado, o trio criou uma sensação de cinema imersivo que deixou a plateia emudecida por quase uma hora sem parar, vítima de um impacto fulminante. E se pensarmos que os próximos shows terão a presença de outros músicos e manipuladores de som, o céu da experimentação é o limite para eles. Impressionante.
Baita prazer receber no palco do Centro da Terra o Test, projeto musical que já transcendeu os limites do grindcore e do death metal para abraçar a plenitude do barulho extremo, tratando os limites do ruído como fronteiras a serem desbravadas por sua vanguarda noise. A dupla formada por João e Barata toma conta das segundas-feiras de junho em uma temporada chamada de Curadoria do Medo, em que, a cada nova apresentação traz diferentes formatos a partir de seu disco mais recente, o Disco Normal. Na primeira segunda, dia 3, recebem a videoartista Carol Costa, que traduz em imagens a sonoridade do grupo. Na segunda, dia 10, recebem a iluminadora Mau Schramm, o vocalista Carlos James e Douglas Leal, que dispara efeitos e recombina o som, para manipular o ruído da dupla em tempo real. No dia 17, a terceira segunda, eles destróem as paredes do barulho numa noite que contará com uma orquestra noise formada por Leandro Conejo, Rayra Pereira, André Damião e Fabio Gianelli. A última segunda do mês é dedicada ao elemento mais livre de sua música, quase free jazz, quando recebem os músicos Miazzo, Bernardo Pacheco, Sarine, Flavio Lazzarin, Tomas Moreira, Alex Dias e Chris Justtino. As apreentações comeeçam sempre pontualmente às 20h e os ingressos já estão à venda na bilheteria e no site do Centro da Terra.
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Maio não terminou mas a queda na temperatura já anuncia a chegada de junho – e assim podemos anunciar a programação de música no Centro da Terra, que começa já na semana que vem. Quem toma conta das segundas-feiras é a dupla de noise extremo Test, que em cada uma das quatro noites, convida diferentes músicos para releituras ainda mais experimentais das faixas de seu álbum mais recente, Disco Normal, numa temporada que estão chamando de Curadoria do Medo. Nas duas primeiras terças-feiras do mês, dias 4 e 11, Juçara Marçal retoma as apresentações que tínhamos começado a fazer no infame março de 2020, quando ela iria fazer apresentações tocando seu primeiro disco solo, Encarnado, em versão completamente acústico, cuja única eletricidade da apresentação seriam as luzes – acompanhada de Kiko Dinucci (violão), Rodrigo Campos (cavaquinho) e Thomas Rohrer (rabeca), ela percorre o disco que agora completa 10 anos sem microfones nem amplificadores. Na terceira terça do mês, dia 18, é a vez do brasiliense Paulo Ohana fazer a transição entre seu disco mais recente e o que está prestes a lançar num espetáculo que mistura os dois títulos, O Que Aprendi Com a Língua dos Homens na Minha Orelha, ao lado dos músicos Fernando Sagawa (saxofone e flauta), Ivan Gomes (baixo), Ivan Santarém (guitarra), Bianca Godoi (bateria) e Gabriel Milliet. O mês termina na terça 25 com a apresentação conjunta do casal mineiro Clara Castro e Nathan Itaborahy que mostram seus respectivos trabalhos solo na apresentação dupla Prefixo Quase. Os espetáculos começam sempre às 20h e os ingressos já estão à venda na bilheteria e no site do Centro da Terra.
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O Inferninho dessa quinta-feira foi uma sessão atordoo vindo de dois lugares extremos do ruído. A noite começou com o show inacreditável do Monch Monch, overdose de barulho elétrico concentrado e atirado em cima da plateia num ventilador de sujeira, caos cavalgado pelo carisma irrefreável do mentor da bagaça, Lucas Monch, despedindo-se do Brasil antes de embarcar numa temporada sem passagem de volta pra Portugal – e de lá vai saber pra onde. Depois veio a versão quarteto do Test – o QuarTest – e se Barata e João sozinhos já cimentavam uma parede de som extremo apenas com guitarra, vocal e batera ouvido adentro, juntos do Berna no baixo e do Sarine na percussão criavam duas novas camadas de densidade pra apresentação, cada um deles frequência sonora distinta. Depois e eu Fran seguimos na pista, abrindo os trabalhos com a nova dos Beatles e emendando Gilberto Gil com Dua Lipa e terminando a noite só no forró (é, pois é…).
E vamos ao primeiro Inferninho Trabalho Sujo deste novembro de aniversário dos 28 anos do Trabalho Sujo (serão três, vai anotando) quando reúno duas atrações incendiárias. A primeira é o último show da Monch Monch, liderada pelo geniozinho Lucas Monch, que vai sair do Brasil ainda este mês sem previsão de retorno breve. Depois vem o Test, a banda mais barulhenta do Brasil, em sua versão quarteto, com Berna no baixo e Mariano na percussão. E há a possibilidade de encontro de forças antes do fim da apresentação das duas bandas. Depois dessa colisão é a vez de retomar a pistinha com a comadre Francesca Ribeiro e vocês sabem o que acontece quando ocorre essa conjunção, né? O Inferninho acontece quinta sim quinta não no melhor buraco de São Paulo, nosso querido Picles, ali no coração moribundo do canteiro de obras chamado Pinheiros, no número 1838 da rua Cardeal Arcoverde. Vem com a gente!
Quem foi ao Sesc Avenida Paulista nesta quinta-feira pode aproveitar mais uma avalanche sonora provocada pelo Test em sua versão hiperbólica, a Test Big Band, e só quem esteve presente tem noção do impacto que foi essa primeira apresentação que o grupo faz neste formato depois da pandemia. Além dos heróis João e Barata, os responsáveis por esse cataclisma de som que o público pode assistir, eles contaram com Sarine na percussão, Bernardo Pacheco no baixo, Alex Dias no contrabaixo acústico, Rayra da Costa nos eletrônicos, Livia Cianciulli no saxofone, Romulo Alexis no trompete, Flavio Lazzarin na bateria, Tomas Moreira, Chris Justtino e Jonnata Doll nos vocais e Maureen Schramm na luz. Vida longa ao Test!
Feliz por conseguir realizar o retorno da Test Big Band depois do período pandêmico nesta quinta-feira, no Sesc Avenida Paulista. Uma das principais bandas da cena noise brasileira, a dupla Test, formada por João Kombi (guitarra e vocais) e Barata (bateria), já extravasaram há muito tempo os limites do metal e do grindcore e hoje são uma usina compacta de barulho extremo. Mas esse elemento compacto vai para as cucuias no formato Big Band. Fui apresentado a essa formação – quando a dupla expande-se para a quantidade de músicos que eles conseguem colocar no palco – quando era curador de música do Centro Cultural São Paulo e reunimos dez músicos além da dupla na mítica Sala Adoniran Barbosa. Desta vez Barata e João são acompanhados por outros onze músicos: Sarine (percussão) e Bernardo Pacheco (baixo), que já tocam com os dois quando o grupo torna-se um quarteto, além de Alex Dias (contrabaixo acústico), Rayra da Costa (eletrônicos), Livia Cianciulli (saxofone), Romulo Alexis (trompete), Flavio Lazzarin (bateria), Tomas Moreira, Chris Justtino e Jonnata Doll (vocais) e Maureen Schramm (luz). A apresentação dessa parede sonora acontece no Sesc Av. Paulista a partir das 20h. Os ingressos já estão esgotados, mas quem conhece o Sesc sabe que, chegando na hora, sempre corre o risco de sobrar um ou outro ingresso. Vamos?