Todo Mundo Quer Mandar no Mundo: Terrorismo

Fazia tempo que não tínhamos um novo programa sobre política internacional, mas voltamos finalmente a mais um Todo Mundo Quer Mandar no Mundo, que faço ao lado do professor Tomaz Paoliello. Desta vez resolvemos conversar sobre terrorismo e como este conceito vai mudando com o tempo e normalmente está associado a atores que não pertencem a governos estabelecidos, mas mostramos como isso também pode servir como uma ferramenta do regime vigente.

Assista aqui.  

Laerte ajuda a entender o atentado ao jornal Charlie Hebdo

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Se você não entendeu o cartum que Laerte fez em referência ao ataque criminoso ao jornal Charlie Hebdo, esta entrevista ao Morris Kachani (que, infelizmente, encerra seu ótimo blog de entrevistas na Folha) deixa tudo mais mastigado:

Você concorda com a colocação, de que o atentado ao Charles Hebdo foi o “11 de setembro da liberdade de expressão”?
Não gosto, acho tola e apressada. Acho que o que foi atacado não foi a liberdade de expressão. É uma tática para um jogo político mais complexo e perigoso. O jihadismo não tem a pretensão de controlar a liberdade de expressão na França. Este é um traço que vem desde a Comuna de Paris.

Não houve ataque à liberdade de expressão?
Houve um ataque à liberdade de expressão, mas não é este o objetivo estratégico. Por que não atacam a direita anti-islâmica? Porque não interessa. Querem criar uma confusão que visa comprometer todo o sistema. Se atacassem só os fascistas seria uma espécie de limpeza, que até interessaria (risos). Mas o que os terroristas querem é movimentar a opinião massiva. Eles sabem que o sentimento xenófobo vai se exacerbar, e isso pode gerar políticas militaristas de intervenção no Oriente Médio – isso tudo interessa ao Estado Islâmico, um grupo que não está ligado à idéia de construir um Estado, está ligado em construir guerra.

Por que os ataques contra o fascismo não acontecem?
É improdutivo dentro do ponto vista da tática de gerar o terror, a confusão é o que interessa, o irracionalismo. O que embasa o desejo terrorista não é uma construção racional de um coletivo árabe de uma liberdade de expressão, a ideia é outra, de propor uma ideia de guerra jihadista contra o mundo. É uma ideia louca, que é alimentada por Bushes da vida, Olavos de Carvalho da vida. Tentar construir a ideia de um choque de culturas, onde um precisa prevalecer dentro dessa lógica. ‘O que deve prevalecer é o nosso lado, precisamos destruir o outro’.

Qual sua conclusão sobre o atentado ao Charlie Hebdo?
Não existe ainda, tenho procurado ligar os pontos. É aterrorizante o suficiente para abalar as convicções da gente. Agora quais convicções, não sei. De princípio tenho visto que nas exibições de força no facebook, as pessoas se aferram às posições delas e fazem trincheiras de onde atiram.
Tenho tentado entender fora da dor e do sentimento de perda, pois amava e admirava o CH, tento entender politicamente o que está acontecendo. Começam os ataques às mesquitas e restaurantes árabes, ou aos minimercados judaicos… Isso que vai gerar, é um padrão estimulado por grupos de direita que querem construir uma política de exclusão dentro da Europa.

E sobre os acontecimentos de hoje?
A morte dos irmãos? Não tenho o que comentar, sério. Acho que continua em marcha o projeto de irracionalismo.

Como assim?
11/9 salvou a vida do Bush, um político medíocre e desprestigiado que vinha de uma eleição contestada. Foi transformado em herói e abraçou as táticas militaristas e intervencionistas.

Penso porque esses fdp fizeram isso. É que no final das contas o fundamentalismo e os grupos de ultra-direita xenófobos se alimentam. Foram feitos um para o outro. Haja entendimento real ou não, na prática a porra louquice atende ao clamor da porra louquice.

Mas não sei isso é coisa de malucos. Pode ser um jogo muito mais frio do que a gente pensa, e é isso que me aterroriza – ver que não é maluquice. Esse jogo frio pode envolver dinheiro, poder político e controle militar.

Consegue associar este atentado a um fato político da história brasileira?
No Brasil as pessoas foram presas, matou-se gente, pessoas ficaram acuadas. Mas a reação historicamente determinante à ocupação ditatorial se deu quando mataram um jornalista. Na mesma ocasião Manoel Fiel Filho, militante ativista operário foi morto. Todo mundo se comoveu mas não foi decisivo. Decisivo foi terem matado Vladimir Herzog, que era jornalista. Isso foi importantíssimo no jogo cultural que a ditadura estava tentando fazer naquele momento. Hoje sabemos que houve uma tentativa de golpe dentro do golpe, da linha dura, que foi frustrado porque eles foram mais longe do que podiam. Ao mesmo tempo podiam ir menos longe? A lógica deles é de montar canastra. Era o jeito que sabiam jogar.

A entrevista inteira está ótima.

4:20

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Link – 29 de outubro de 2012

Apple e Microsoft: Momento críticoImpressão digital (Alexandre Matias): O futuro das duas empresas que inventaram o presenteO Steve Jobs da era Mad MenPhilip Roth para WikipediaHomem-Objeto (Camilo Rocha): realidade ampliadaNo arranque (Filipe Serrano): Conectados o tempo todo, sem perceber o mundo ao redorTerror em rede mundial

A diferença entre um atentado da extrema direita e de um muçulmano, por Gustavo Chacra

Do blog do Chacra:

Quando um ato de terrorismo acontece no Ocidente, sei que meus amigos muçulmanos ficam torcendo desesperadamente para que o autor não seja algum seguidor da mesma religião deles. Sabem que serão associados à ação no outro dia quando forem ao trabalho, à universidade ou à academia. Alguns precisarão esconder os nomes ou adotar apelidos “americanizados”.

Esta espécie de generalização pode ser resumida em um ato de punição coletiva que recebeu destaque nesta semana nos EUA. Depois do 11 de Setembro, um americano matou duas pessoas (um muçulmano e um hindu, mas imaginava que ambos fossem seguidores do islã) e feriu outro (também muçulmano) para se “vingar” dos atentados, por mais que as vítimas nada tivessem a ver com a Al Qaeda. Nesta semana, o autor foi executado no Texas. Ironicamente, até o último minuto, o muçulmano que foi ferido por ele e os parentes das outras duas vítimas, com o apoio do Conselho das Relações Islamico-Americanas, tentaram impedir a execução do islamofóbico. Segundo eles, o assassino deveria ser perdoado pois ninguém deve ser punido com a morte. Uma aula de humanidade em uma nação desenvolvida onde ainda existe a pena capital.

Caso um muçulmano estivesse envolvido nos ataques terroristas de ontem, algumas pessoas poderiam ser alvos de revides em Oslo, como ocorreu no Texas dez anos atrás. E extrema direita da Noruega se fortaleceria justamente pelo discurso islamofóbico. Os muçulmanos seriam vistos como inimigos neste país, por mais que muitos deles sejam nascidos na Noruega, falem a língua e tenham orgulho de sua nação.

Barra.

Brincando de gente grande

Que clipe esse do Is Tropical!

4:20

Leitura Aleatória 235


Foto: princessponti

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