Vida Fodona #667: Certeza que o inferno é frio

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Ninguém merece essa temperatura…

Azymuth – “As Curvas da Estrada de Santos”
Negro Leo – “Esplanada”
Tatá Aeroplano – “Trinta Anos Essa Noite”
Taylor Swift – “The Lakes”
Weyes Blood – “Wild Time”
Caetano Veloso – “You Don’t Know Me”
Pink Floyd – “Sheep”
Carole King – “Beautiful”
Chico Buarque – “Pelas Tabelas”
Hot Chip – “Flutes”
Tame Impala – “Is It True (Four Tet Remix)”
Chromatics – “Twist The Knife (8 Track Instrumental)”
Lana Del Rey – “LA Who Am I to Love You”
Khruangbin – “Dern Kala”
Doors – “The Changeling”
Bonifrate – “Psykick Dancehall”
Herb Alpert – “This Guy’s In Love With You”
Angel Olsen – “Waving, Smiling”

Bom Saber #015: Tatá Aeroplano

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Te convido a um passeio pela biografia do jovem mestre Tatá Aeroplano comentada por ele mesmo. O cantor e compositor paulista já passou por inúmeras bandas e cenas, da pista de dança ao retropicalismo passando pela psicodelia e pela música folk, sempre reunindo histórias e amigos, equilibrando-se entre a loucura e a lucidez enquanto amadurece a própria musicalidade a olhos vistos. Convidei-o para essa conversa que foi longe e passa por Tom Zé, Júpiter Maçã, pelo D-Edge e pela Serrinha, sempre com o astral pra cima característico do mister.

O Bom Saber é meu programa semanal de entrevistas que chega primeiro para quem colabora com meu trabalho, como uma das recompensas do **Clube Trabalho Sujo**. Além do Tatá, já conversei com Bruno Torturra, Negro Leo, Janara Lopes, João Paulo Cuenca, Eduf, Pena Schidmt, Roberta Martinelli, Dodô Azevedo, Larissa Conforto, Ian Black, Fernando Catatau, Mancha, André Czarnobai e Alessandra Leão – todas as entrevistas podem ser assistidas aqui ou no meu canal no YouTube, assina lá.

A intensa quarentena da música brasileira em 2020

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O Sesc Pinheiros está começando um projeto chamado Radar Sonoro, que irá registrar a movimentação da música brasileira durante a quarentena de 2020. O projeto trará textos e vídeos que dissecam como anda nossa produção nesta época tão estranha e para inaugurar a série, me chamaram para escrever um panorama de como foram estes primeiros quatro meses de clausura e como artistas de diferentes cidades e gêneros musicais estão conseguindo trabalhar neste período. Escrevi sobre esta intensa quarentena e pincei vinte artistas que lançaram seus trabalhos desde que entramos neste estado de suspensão. Confere lá no site do Sesc. E na sexta, às 11 da manhã, entrevisto o Felipe S., do Mombojó, sobre seu disco Deságua, cujos planos de lançamento tiveram que ser redesenhados por conta da pandemia.

Vida Fodona #655: Ao vivo sem público

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Sigo entendendo essa nova lógica.

Van Mccoy & The Soul City Symphony – “The Hustle”
Tops – “Way to Be Loved”
Letrux – “Coisa Banho de Mar”
Maria Beraldo – “Da Menor Importância”
Secos & Molhados – “Sangue Latino”
R.E.M. – “Electrolite”
Talking Heads – “Heaven”
Purple Mountains – “Margaritas at the Mall”
Tatá Aeroplano – “Trinta Anos Essa Noite”
Josyara + Giovani Cidreira – “Anos Incríveis”
Bob Dylan – “I Contain Multitudes”
Céu – “O Morro Não Tem Vez”
Spoon – “Rainy Taxi”
Lupe de Lupe – “Midas”
Bonifrate – “Antena a Mirar o Coração de Júpiter”
Tom Zé – “Profissão Ladrão”
Pulp – “Bar Italia”

Vida Fodona #648: Festa-Solo (8.6.2020)

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Segunda, às 21h, no twitch.tv/trabalhosujo – hoje tem mais!

Fall – “Cruiser’s Creek”
Velvet Underground – “Foggy Notion”
Serguei – “Ouriço”
Calvin Johnson – “When You Are Mine”
R.E.M. – “Orange Crush”
Jesus & Mary Chain – “Upside Down”
Sonic Youth – “Incinerate”
Jair Naves – “Veemente”
Kiko Dinucci – “Foi Batendo o Pé Na Terra”
Douglas Germano – “Valhacouto”
Jards Macalé + Tim Bernardes – “Buraco da Consolação”
Luiza Lian – “Santa Bárbara”
Luedji Luna + Zudzilla – “Banho de Folhas (Nyack Remix)”
Yo La Tengo – “Be Thankful For What You Got”
Fujiya & Miyagi – “Collarbone”
Hail Social – “Heaven (Designer Drugs Remix)”
Kaiser Chiefs – “Never Miss A Beat (Cut Copy Remix)”
Yelle – “Je Veux Te Voir (TEPR Remix)”
Chemical Brothers – “Hey Boy, Hey Girl (Soulwax Remix)”
Cansei de Ser Sexy – “Move (Cut Copy Remix)”
Brockhampton – “Sugar”
Frank Ocean – “Super Rich Kids”
Don L – “Eu Não Te Amo”
Nill – “Toys”
Doja Cat – “Say So”
David Bowie – “Young Americans”
Prince – “When Doves Cry”
Outkast – “Roses”
Of Montreal – “Rapture Rapes The Muses”
Tatá Aeroplano – “Step Psicodélico”
Letrux – “Coisa Banho de Mar”
Ava Rocha – “Transeunte Coração”
Paralamas do Sucesso – “Nebulosa do Amor”

Vida Fodona #640: A partir de agora vai ser assim

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Outro ao vivo – tem alguma coisa vindo aí…

Tatá Aeroplano – “Alucinações”
Pink Floyd – “Remember a Day”
Rolling Stones – “Jigsaw Puzzle”
Kiko Dinucci – “Olodé”
Erasmo Carlos – “Mané João”
Suede – “Everything Will Flow”
Massive Attack – “Dissolved Girl”
Bonifrate – “Lady Remédios”
Cidadão Instigado – “Como As Luzes”
Beatles – “I’m So Tired (Esher Demo)”
Spoon – “Rhthm & Soul”
Mopho – “Não Mande Flores”
Trapalhões + Lucinha Lins – “Hollywood”
Lana Del Rey – “Venice Bitch”
Screaming Jay Hawkins – “Monkberry Moon Delight”
Little Richard – “Born on the Bayou”
Karnak – “Alma Não Tem Cor”
Anelis Assumpção – “Segunda a Sexta”
Céu – “Falta de Ar”
N*E*R*D – “Things Are Getting Better”
Mayer Hawthorne – “A Long Time”
Gorillaz – “Empire Ants (Miami Horror Remix)”
Arctic Monkeys – “On a Mission”
Radiohead – “Separator”
Sexy-Fi – “Looking Asa Sul, Feeling Asa Norte”
Goldroom + Chela – “Fifteen”
Elga Flanger – “W.T.K.U.B.L”

Tatá Aeroplano olha para dentro

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A primeira vez que Tatá Aeroplano me falou sobre Delírios Líricos, no segundo semestre do ano passado, o disco ainda não tinha nome e tinha acabado de ser gravado – e as novas canções já carregavam uma qualidade ao mesmo tempo solene e solitárias. Meses depois daquele primeiro papo – depois de ele ter mostrado algumas destas novas canções no espetáculo Um Brinde à Mãe da Lua, que fez em novembro no Centro da Terra, e depois de lançar o primeiro single “Alucinações” em março aqui no Trabalho Sujo, dias antes de entrarmos em quarentena -, o mister saca o novo álbum quase que de surpresa e chega a impressionar como a atmosfera do disco conversa com o clima estranho e introspectivo desses dias de quarentena que estamos atravessando.

“É delírio meu valorizar assim a solidão”, cantarola triste o refrão de “Trinta Anos Essa Noite”, reforçando, na faixa-título, que “quando o tempo parou fazia silêncio”, enfileirando canções melancólicas que olham para dentro. “Sinto que algumas músicas conversam com o momento que estamos vivendo, talvez pelo fato de terem sido criadas num momento que eu mergulhei fundo na introspecção”, ele me conta por email. “Semanas antes de lançar o disco eu fiquei lembrando de algumas letras que batem com esse momento atual, são muitos sentimentos juntos. Quando entramos em quarentena eu fiz essa conexão com as canções logo de cara.”

É seu quinto álbum solo e o sexto que grava com a mesma formação de músicos que o acompanha desde o início da década, com Junior Boca na guitarra, Dustan Gallas no baixo e sintetizadores e Bruno Buarque na bateria e percussão (o outro álbum com o grupo foi Vida Ventureira, que dividiu com Bárbara Eugenia), sempre no estúdio Minduca, deste último. “Viramos uma banda, começamos o primeiro álbum em dezembro de 2011 e de lá pra cá nos tornamos amigos, parceiros de discos, de histórias e de estrada”, ele lembra, elencando também um quinto elemento. “O mister Lenis Rino grava com a gente desde o álbum Na Loucura & Na Lucidez, fazendo percussões, capturando o som dos discos e tá colado com a gente nos shows ao vivo.”

Ele conta como o disco começou a tomar forma. “Antes de gravar Delírios Líricos, tivemos a ideia de trazer algumas sonoridades, sensações e viagens dos discos anteriores, não foi uma coisa muito pensada, mas jogamos essa semente”, continua. “Os discos são gravados em uma semana, então é um mergulho intenso no material, buscamos manter o astral lá em cima e fazer tudo com calma. Gravamos as bases ao vivo, eu aproveito pra colocar os vocais. O Bruno Buarque sempre traz novidades pro estúdio, instrumentos e equipamentos novos que acabam entrando no disco. Essa intimidade faz com que a gente muitas vezes nem se dê conta do que estamos fazendo, flui num tipo de loucura boa.” O disco ainda conta com vocais de Bárbara Eugenia e da companheira de Tatá, Malu Maria, que ainda toca flauta na faixa “Cabeças Cortadas”, além do acordeon da gaúcha Biba Graeff em “Amoras Na Beira Do Rio” e do trompete de boca de Beto Lanterna em “O Silêncio das Serpentes”.

Pouco antes da gravação, Tatá começou a compor outras músicas além das que havia trazido originalmente para o estúdio – destas dez primeiras escolhidas, só três acabaram no álbum. “As novas músicas apareceram com muita força, mais introspectivas, mais misteriosas”, lembra-se. “Uma semana antes da gravina, me debrucei nesse novo material e fui arredondando, colocando sentimento, entortando. “Cabeças Cortadas” foi composta dentro do estúdio Minduca, durante a semana de gravação. O disco tomou uma dimensão mais solene, um pouco mais soturna, eu estava escutando muito Nick Cave, Arnaldo Batista e também rolou o fato de que quatro músicas surgiram na mesma madruga. Eu ganhei uma garrafa de pisco do amigo Carlos, integrante da banda Macabea. Numa sexta de julho, lá pelas 23h, lembrei que tinha essa garrafa de Pisco e animei tomar uma dose, peguei o violão e saiu “Alucinações” e “O Silêncio Das Serpentes”, registrei elas no gravador do celular e fui dormir. Quando deu cinco da manhã acordei cantando a melodia de “Amoras Na Beira Do Rio”, fui pra sala, peguei o violão, escrevi ela e quando terminei, veio na sequência, “Réquiem Para Um Sonho”, já era sábado, dia 20 de julho, dia que fizemos um show memorável com a banda toda na Casa do Mancha”.

No repertório, apenas uma música não é de sua autoria, “Alucinações”, de Jorge Mautner. “Eu pirei com o álbum Revirão, escutei demais e “Ressurreições” me acompanhou por infinitas caminhadas. Incluí ela nos meus sets, quando era residente nas noites de sábado no Studio SP nos anos 2008, 2009, 2010 e sempre sonhei em fazer uma versão para ela. Em 2014 eu tirei ela no violão, comecei a tocar nos shows que eu faço no formato voz e violão, e foi uma realização gravar ela pra esse novo álbum.”

Recolhido há dois meses, ele conta sobre como soube da seriedade do drama que estamos atravessando. “Tô em casa desde o dia 12 de março, depois que eu vi uma live do Torturra. Se não engano, foi no dia que foi decretada a pandemia. Me dei conta da gravidade da coisa e me preparei com a Malu Maria para esse período. A gente decidiu não sair mais”, conta. “Nas últimas semanas consegui organizar melhor as ideias, passar cada dia por vez, estabeleci uma rotina, tempo para parcerias, para escutar lançamentos, continuo lendo bastante e escutando muita música. Como eu te falei, tenho acompanhado o Climatias logo pela manhã e curtindo pacas, me dá energia e ânimo pra seguir legal pelo resto do dia. Tive um pouco ansiedade no início e para conseguir manter a cabeça no lugar estabeleci com alguns amigos, trocas de mensagens diárias, com alguns troco emails como se fosse cartas, filosofamos, falamos de música, política e várias coisas, são momentos onde deixo o inconsciente agir.”

Mas apesar dos dias enclausurados, Tatá não para. “Delírios Líricos é um álbum de canções, e já temos uma ideia para o próximo disco, que é fazer algo totalmente fora do que fizemos até agora. Já temos uma parte do material, uns anos atrás começamos a criar coletivamente no estúdio, junto com o DJ Marco, então vamos voltar nesse material que começamos a gravar com ele para produzir um material novo.”

Vida Fodona #630: Calminho

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Ma non troppo.

Sara Não Tem Nome – “Agora”
Damien Rice – “Chandelier”
Bob Dylan – “Murder Most Foul”
Tatá Aeroplano – “Alucinações”
Thiago França – “Dentro da Pedra”
Mauricio Takara e Carla Boregas – “Traçado Entre Duas Linhas”
Atønito – “Veloce”
Dlina Volny – “Do It”
Dua Lipa – “Love Again”
Baco Exu do Blues + Lelle – “Preso Em Casa Cheio de Tesão”
Bivolt – “110v”
Childish Gambino + Ariana Grande – “Time”
Flume + Toro y Moi – “The Difference”
Breakbot + Delafleur – “Be Mine Tonight”

Tatá Aeroplano 2020: “Calma eu vou te explicar”

Luiz Romero (Divulgação)

Luiz Romero (Divulgação)

“Abro a caixa de Pandora com os dedos”, Tatá Aeroplano canta acompanhado só do violão em “Alucinações”, música que abre seu novo álbum, como se estivesse prestes a nos contar um segredo. Mas o devaneio apenas nos conduz para além do fluxo de palavras original à medida em que sua banda cria um clima ao mesmo tempo épico e onírico. “Nos pratos, nas prateleiras, o veneno escorre”, cantam Bárbara Eugenia e Mallu Maria acompanhadas do trio que Tatá se cercou desde seu primeiro álbum: Junior Boca na guitarra, Dustan Gallas no baixo e Bruno Buarque na bateria. Delírios Líricos, gravado no ano passado, finalmente começa a ver a luz do dia. Ele antecipa a nova música em primeira mão para o Trabalho Sujo.

“‘Alucinações’ abre os caminhos do novo álbum batizado de Delírios Líricos, quando decidi lançar uma música antes do disco cheio, pensei de cara nela, por ser uma canção automática, daquelas que vem de um vez só com algumas sensações vividas nesses tempos de retrocessos que vivemos”, me explica o cantor e compositor por email. “A maior parte das canções que entraram pro álbum, foram compostas um mês antes de entrar em estúdio. Eu tinha um disco pronto e acabei gravando outro. Então, não tenho ainda muita ideia do que aconteceu, segui meu inconsciente conectado com as entidades que me habitam. Me realizei regravando ‘Ressurreições’ do Jorge Mautner e Paulo Jacobina e trouxe duas músicas do início dos anos 2000, época ia ao cinema com o Júpiter Maçã e estávamos filmando o Apartment Jazz. A gente conversava muito sobre o lance de compor, escutávamos muito som, foi um época que eu compus bastante e aos poucos nos próximos discos, vou trazer sempre uma ou duas músicas das antigas; Esse novo som tem um lance de criar seis músicas em dois dias, bem perto de gravar e mudar todo o roteiro, foi muito natural e ao mesmo tempo instigante.” Delírios Líricos será lançado no final do mês que vem.

Tatá Aeroplano: Um Brinde à Mãe da Lua

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Que prazer receber mais uma vez Tatá Aeroplano no palco do Centro da Terra, o primeiro pioneiro a desbravar o sonho coletivo Segundamente: uma temporada mensal com quatro shows diferentes de um mesmo artista, que inaugurou minha curadoria de música no nosso querido teatrinho das profundezas do Sumaré em março de 2017. O cantor e compositor paulista volta quase três anos depois trazendo o espetáculo Um Bride à Mãe da Lua, nesta terça, dia 26 de novembro (mais informações aqui), em que apresenta composições tão recentes que nem puderam entrar no disco que ele acaba de gravar e que será lançado só no ano que vem. Conversei com ele sobre o perrengue que inspirou esta apresentação e sobre sua volta ao teatro, onde tocará sozinho apenas com seu violão.