No segundo single de seu próximo álbum, Hackney Diamonds, os Rolling Stones não deixaram barato e soltaram logo um gospel de mais de sete minutos que ecoa os clássicos números lentos do grupo, como “Shine a Light”, “Worried About You”, “Winter”, “You Can’t Always Get What You Want” e até “I Just Want to See His Face”. E o clima de igreja de “Sweet Sounds of Heaven” é reforçado pela presença dos convidados ilustres da vez, ninguém menos que Stevie Wonder entre o piano, o piano elétrico e o synth bass (linha que o grupo usou para escrever o arranjo de sopros da faixa) e uma Lady Gaga, que consegue ser simultaneamente protagonista e coadjuvante, ambos apenas reverenciando a importância que sentem em relação ao grupo. Os dois guitarristas da banda – dois dos últimos sobreviventes, Keith Richards e Ron Wood – misturam-se com os convidados como se já tivessem tocado juntos por décadas, deixando terreno e holofote para Mick Jagger brilhar, que aproveita essa luz para celebrar o amigo Charlie Watts: “Abençoe o pai, abençoe o filho, ouça o som dos tambores enquanto eles ecoa pelo vale e explode”. Bom demais.
Sonic Youth, LCD Soundsystem, Teenage Fanclub, Vitor Ramil, Stevie Wonder, Strokes, Mercury Rev, Fleet Foxes, Sade e Sufjan Stevens – Rodrigo Levino, que hoje comanda o abençoado restaurante Jesuíno Brilhante, já militou nas trincheiras do jornalismo cultural e, num papo nostálgico, enfileirou dez shows que havia assistido em 2011 que mudaram sua relação com a música – e nas conversas alguns em que também estive presente. A lista deu origem a um podcast muito pessoal, Na Década Passada Dez Shows Salvaram a Minha Vida, que ele me chamou para dirigir no ano passado, quando os tais dez shows completavam dez anos de memórias. O podcast, com todos seus dez episódios, já está no Spotify – dá pra ouvir aqui.
Encerrando o especial que fiz no site da CNN Brasil sobre discos estrangeiros clássicos que completam 50 anos em 2022 ainda influentes, falo sobre o melhor disco dos Rolling Stones, a coletânea que apresentou a música jamaicana para o mundo, o disco de estreia da banda que inventou o art rock, uma das obras-primas do papa do glam rock, o disco em que Stevie Wonder mostrou sua maturidade e o disco definitivo de rock progressivo.
Em 2015, criei uma sessão de conversas chamada Todo o Disco, que primeiro foram realizadas no Espaço Cult, na Unibes Cultural e depois no Lab Mundo Pensante (sempre em Sâo Paulo), em que convidava grandes nomes da música brasileira para conversar sobre discos recém-lançados. Assim, reuni nomes como Siba, Ava Rocha, Anelis Assumpção, Cidadão Instigado, Tulipa Ruiz, Karina Buhr, Ana Cañas, Edgar, Luiza Lian, Instituto, Rodrigo Ogi, Maurício Pereira, entre outros, para contar a história de seus discos e acompanhar sua execução ao lado deles.
Nesta nova versão online do curso, resolvi abrir a área de atuação e mergulhar em discos clássicos sem contar com a presença dos artistas. Por isso, convido para audições comentadas destes álbuns em mais um curso da Universidade Trabalho Sujo. Este curso não é seriado e suas aulas podem ser assistidas isoladamente, embora se você optar por assistir às quatro aulas deste ano, tem um desconto maior do que simplesmente o desconto que você pode ter ao se tornar colaborador do meu apoia.se/trabalhosujo.
As aulas acontecerão sempre às quartas-feiras, às 19h, pelo zoom, e esses serão os quatro primeiros discos dissecados:
3.11 – Dois, do Legião Urbana
17.11 – Screamadelica, do Primal Scream
1.12 – Elis & Tom, de Elis Regina e Tom Jobim
17.12 – Songs In The Key Of Life, do Stevie Wonder
Para fazer sua inscrição, clique aqui.