O grupo Beat, formado por Adrian Belew, Steve Vai, Tony Levin e Danny Carey, anunciou que vai registrar sua existência em disco ao lançar um disco ao vivo no final de setembro. Beat Live registra o grupo-tributo à fase mais pop do clássico King Crimson e tornou-se turnê (que inclusive passou pelo Brasil esse ano) na apresentação feita em Los Angeles no ano passado. Assim fica registrada oficialmente esta homenagem criada por dois integrantes do King Crimson – Belew e Levin – ao lado de um dos guitarristas mais virtuosos do planeta e do baterista do grupo Tool, dedicada à trilogia de discos formada por Discipline (1981), Beat (1982) e Three of a Perfect Pair (1983) que o fundador do grupo, Robert Fripp, nem sequer menciona nos shows feitos depois dessa fase. O grupo lançou o clipe de “Neal and Jack and Me” para anunciar o lançamento do disco, que chega em setembro e já está em pré-venda, em três formatos: disco triplo em vinil, duplo em CD (mais o blu-ray com o show na íntegra) e uma edição limitada que ainda inclui um CD bônus e um livro de 36 páginas. Veja o clipe, a capa e as músicas dos diferentes formatos abaixo.
E numa nota paralela sobre o Crimson, grupo que teoricamente teria se aposentado devido à decisão de Fripp não fazer mais shows, em uma entrevista à revista Goldmine, o guitarrista e vocalista Jakko Jakszyk, que entrou na banda em 2013 depois de tocar um tempão em um grupo tributo ao KC, comentou sobre sua entrada na banda e deu com a língua nos dentes. “Foi incrível ter feito – e de alguma forma – ainda fazer parte do que está acontecendo, pois enquanto falamos estamos gravando um disco do King Crimson no estúdio”, comentou, para em seguida arrematar que, “quando vai sair e em qual formato – isso está muito além pra mim. Mas, sim, estamos fazendo aos poucos e há alguns meses a gerência perguntou se poderíamos. Então, sim. Tenho gravado com a expectativa que sairá em algum formato em algum momento. Mas quem sabe quando?”
Experiência surreal poder ver dois integrantes originais do King Crimson recriar três obras-primas que fizeram parte nessa sexta-feira, no Espaço Unimed, quando o projeto Beat reviveu a trilogia Three of a Perfect Pair que o grupo liderado por Robert Fripp fez no início dos anos 80, quando circulava com o Brian Eno e os Talking Heads. Ainda mais quando um de seus integrantes é o guitarrista Adrian Belew, um dos maiores monstros sagrados do seu instrumento e a prova de que o conceito guitar hero pós-punk é possível, por mais que possa ser contraditório. Mago supremo da guitarra, também era o mestre de cerimônias e anfitrião da corte do dia, deixando o público à vontade com seu carisma. Fazendo as vezes de Fripp estava ninguém menos que Steve Vai, comedido na autoindulgência que lhe é característica e soltando a mão nos grooves mais funk do grupo. No baixo, toda destreza e detalhismo do senhor Tony Levin, que ainda aproveitou o final da apresentação (como fez quando veio ao Brasil em 2019 com o próprio Fripp e seu King Crimson, naquela mesma casa de shows, que ainda se chamava Espaço das Américas), para tirar fotos do público com sua câmera analógica, que em breve aparecerão em seu site. E no lugar de Bill Brufford, o caçula da banda, Danny Carey, mais conhecido como baterista do Tool, que foi surpreendido com um parabéns no palco, assim que o relógio virou a meia-noite. Todos completamente entregues a um momento improvável da banda de rock progressivo mais séria de todos os tempos, três discos que fazem o público dançar e cantar juntos – mas à moda King Crimson. Escrevi sobre o show de sexta no primeiro texto que escrevi para o Toca do UOL.
O guitarrista virtuoso transformou a Camerata de Florianópolis em sua banda de apoio, num show do palco Sunset do Rock in Rio – escrevi sobre esse show lá pro UOL.
Pior ainda: uma aula com Steve Vai. Online!