Em Todos Nacen Gritando, versão em espanhol do disco We All Born Screaming que lançou em maio deste ano, St. Vicent consegue deixar sua mensagem — e sua sonoridade — ainda mais intensa, direta e precisa, apenas trocando de idioma (algo que nunca é apenas “apenas”) e torna um dos grandes discos deste ano ainda melhor.
Eu queria tanto ver o show da Olivia Rodrigo sem precisar ir ao Lollapalooza e parece que essa vontade vai ser realizada em Curitiba, quando ela faz seu show solo no estádio Couto Pereira no dia 26 de março junto com a St. Vincent! Os ingressos começam a ser vendidos nessa sexta-feira, neste link.
“Me lembro de passar por essa sala com um grande amigo, o artista Alex da Corte”, explica a cantora e compositora St. Vincent, falando sobre quando a inspiração para seu disco mais recente, o ótimo All Born Screaming, lhe encontrou na sala de número 67 do Museo Nacional del Prado, em Madri, na Espanha. “Entramos e nosso sangue congelou. O primeiro que foram os olhos de Saturno Devorando Um Filho; nos olhamos e dissemos: ‘Isso resume tudo'” A referida sala é o lar das famosas Pinturas Negras que o clássico pintor espanhol Francisco de Goya criou entre 1819 e 1823, quando chegou à fase final de sua vida, traduzindo em quadros ermos e desesperançosos a desilusão com a humanidade após ter visto horrores entre o final da Santa Inquisição e a Guerra Peninsular entre o Reino Unido, Espanha e Portugal no início do século 19. Para fechar o ciclo iniciado com a primeira visita da artista norte-americana àquela sala, a Radio 3 estatal espanhola a convidou para apresentar-se exatamente naquele mesmo lugar, trazendo vida às músicas criadas a partir do encontro com a desilusão de Goya com a humanidade. “Muito nessa sala me lembra da condição humana, que tem muito sofrimento, confusão, caos e violência, mas eu também acho que há muita esperança, por isso é muito emocionante está aqui no meio destas telas tocando estas músicas”. Além de três músicas do novo disco (“Hell is Near”, “Flea” e “Violent Times”, ela também tocou “Somebody Like Me”, do disco Daddy’s Home, e “New York”, do disco Masseducation. Assista abaixo:
Rock and Roll Hall of Fame é uma besteira que só serve pra afagar o ego dos agraciados e alimentar a indústria ao redor deles (como a maioria dos prêmios), mas de vez em quando proporciona uns momentos fantásticos, como ver a St. Vincent tocando “Running Up That Hill” da Kate Bush – que por sua vez não compareceu para receber o prêmio, por que, né? Sente o drama:
Embora seu Hyperspace, lançado no ano passado, tenha ficado aquém das expectativas até em comparação a seus outros discos mais introspectivos, o disco inspirou alguns artistas a debruçar sobre o mesmo após seu lançamento. Primeiro foi Dev Hynes, o Blood Orange, quem assumiu a direção do clipe de “Uneventful Days” e agora a mesma faixa é submetida a um remix bem retrô assinado pela cantora e compositora Annie Clark, que conhecemos como St. Vincent – e foi ela quem deu o primeiro passo, como explicou ao escrever sobre sua versão.
“Acho que eu estava ouvindo muito Herbie (Hancock) dos anos 70 e War na época e pensando no quanto de funk eu também tenho por dentro. Eu mandei pro Beck e ele curtiu, mas disse que “deveria ser 3 bpm mais rápido”. E sabe o que? ELE TINHA RAZÃO. Fez toda a diferença no groove.” Realmente, a nova versão traz a faixa justamente para o universo de groove retrô que o próprio Beck acalentava nos anos 70.
Ficou ótimo.
O Sleater-Kinney, melhor trio feminino do rock norte-americano, está prestes a lançar o disco que foi produzido pela St. Vincent, The Center Won’t Hold, e começa a mostrar o rumo que o encontro foi ao mostrar a primeira faixa, “Hurry On Home”, que, de quebra, ainda tem um clipe dirigido pela Miranda July.
Sensacional.
Que notícia foda pra começar o ano! Tanto o mítico power trio punk dos anos 90 Sleater-Kinney quanto a maravilhosa guitarrista St. Vincent deram a notícia por suas respectivas contas no Twitter que esta última irá produzir o novo disco das primeiras.
2019. @Sleater_Kinney produced by St. Vincent. pic.twitter.com/PY2JW15aIN
— St. Vincent (@st_vincent) January 8, 2019
Sleater-Kinney. Produced by @st_vincent. 2019. Photo: @jonny_stills pic.twitter.com/UObHYu3kE7
— Sleater-Kinney (@Sleater_Kinney) January 8, 2019
É o primeiro álbum das Sleater-Kinney desde No Cities to Love, que marcou a volta delas em 2015 depois de quase uma década fora da ativa. “Sempre planejamos voltar ao estúdio – era só uma questão de quando. Se há um princípio geral para este disco, é que as ferramentas que estávamos usando se provaram inadequadas. Então fomos procurar novas, tanto metaforicamente quanto literalmente”, disse a guitarrista Carrie Brownstein ao site da NPR. Ou seja: St. Vincent irá entortar timbres e riffs do trio feminino mais foda do rock norte-americano. E ela já dava pistas de sua aproximação com elas quando publicou, há um ano, um vídeo fazendo uma versão da canção do grupo “Modern Girl”.