Eu sabia que ia ser bom, mas não estava preparado pra tanto. Desde a primeira vez que vi Chica – que agora assina Francisca Barreto – tocar seu violoncelo e soltar sua voz, sabia que ela tinha tudo que precisava para ser uma cantora forte e intensa, mesmo que, pessoalmente, seu jeito meio tímido e inseguro, a forma como acompanha as conversas com o olhar e a hora improvável que solta piadas inusitadas, desse uma ideia de alguém que ainda está tateando seu rumo artístico – e de alguma forma, ela ainda está, afinal acabou de fazer seu primeiro show solo da vida nesta terça-feira. Mas há uma luz, uma certeza, uma força tanto na forma como apresenta as canções, como na entrega que se joga nos instrumentos que toca que mostram que ela está segura num degrau acima, com a consciência de sua presença artística, mas ainda desacreditada de onde seu potencial pode levá-la. Nos últimos anos, ela tomou um choque de realidade que mostrou que ela está pronta para dar saltos mais ousados, ao ser descoberta pelo irlandês Demian Rice, conhecido por tocar sozinho nos palcos pelo mundo, não pestanejou a dividir os holofotes com o músico solitário. Em turnês por diferentes partes do planeta, ela ganhou confiança suficiente para topar algo que propunha a ela há tempos, mas que ela titubeava em saber se era a hora certa, mas na hora em que subiu no palco sozinha para mostrar sua faceta artística sem estar em dupla ou num grupo, o palco era dela. Começou a noite com a mesma resposta que deu ao próprio Rice quando ele a colocou para começar seus shows antes de sua entrada, entregando seu cello e voz a uma das canções mais emblemáticas de Milton Nascimento, “Ponta de Areia”. Dali em diante, ela estava em pleno voo, seja defendendo suas próprias canções ao lado de músicos com quem vem tocando há pouco tempo (como o guitarrista Victor Kroner, o violinista Thalis Hashiguti e a baterista Bianca Godoi), seja tocando cello, violão ou piano. seja dividindo canções com suas irmãs de palco Sophia Ardessore (em “Copo D’Água”) e Nina Maia (em “Gosto Meio Doce”) ou fazendo todos se arrepiar com uma versão de “Little Green” de Joni Mitchell. Mas o ápice da noite foi o final do show, quando fez uma versão inacreditável para “Teardrop” do Massive Attack com sua banda, deixando sua voz soar plena, como deve ser, num momento único de 2024 que quem viveu sabe. O bis veio com a mesma formação e com as presenças de Nina e Sophia numa versão linda e intensa para “Habana” de seu professor de cello, Yaniel Matos. Obrigado por essa noite mágica, mulher – e você pode assinar seu nome completo, mas vou estar aqui como desde o início aplaudindo e pilhando: voa Chica!
Boa estreia autoral a de Nina Camillo nesta terça-feira no Centro da Terra, quando apresentou seu espetáculo Nascente acompanhada do pianista Vitor Arantes, do baterista Gabriel Bruce e do baixista Noa Stroeter, este último diretor musical do trabalho. Mostrando pela primeira vez um repertório composto nos últimos anos mas ainda não gravado, ela passeou entre o jazz e a bossa nova com suas próprias músicas e fez uma única reverência não-autoral (e por duas vezes!) ao cantar Marcos Valle, quando puxou a maravilhosa “Preciso Aprender A Ser Só” e “Que Bandeira”, esta última com vocais divididos com a amiga Sophia Ardessore, que participou da apresentação. Foi bonito e foi só o começo…
Maior satisfação realizar o espetáculo da nova fase da cantora sulmatogrossense Nina Camillo, que apresenta nesta terça-feira seu primeiro show autoral, batizado de Nascente. Acompamhada de Noa Stroeter (baixo), Vitor Arantes (piano) e Gabriel Bruce (bateria), ela desfila o repertório de seu primeiro EP, além de tocar composições de autores que a influenciaram, como Marcos Valle. Ela começou na música ainda criança, participando de um projeto que musicava poesias de Manoel de Barros chmado Crianceiras e abraçou sua fase autoral durante o período pandêmico, quando também começou a mexer com produção musical, que mostra em grande estilo nesta primeira apresentação, que ainda contará com a participação da cantora Sophia Ardessore. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos estão sendo vendidos neste link.
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Belíssima a apresentação que a cantora e compositora paulistana Sophia Ardessore realizou nesta terça-feira no Centro da Terra. Acompanhada por uma banda enxuta e precisa – os teclados de Nichollas Maia e a bateria de Matheus Marinho, ambos regidos pelo baixista Fi Maróstica -, ela singrou para além de seu primeiro álbum, Porto de Paz, se aventurando num novo alto mar e por algumas primeiras vezes – tanto tocando em público só com o violão, quanto estreando canções inéditas e celebrando uma parceria de menos de mês, quando convidou a nova amiga Mari Merenda para dividir os vocais em duas canções. Cada vez mais segura de sua voz, Sophia ainda explorou canções alheias enquanto não tinha dificuldades para dominar o público.
A cantora e compositora paulistana Sophia Ardessore começa a preparar o território para seu próximo álbum no espetáculo Canta para Subir, que encerra a temporada de música do Centro da Terra em setembro, nesta quarta-feira. Acompanhada por seu diretor musical Fi Maróstica, que toca contrabaixo e escreveu os arranjos com o tecladista Nichollas Maia, que também estará no palco, a cantora começa a traçar os próximos passos a partir de seu disco de estreia, Porto de Paz, lançado no ano passado. O novo espetáculo trabalha a partir da ideia de contrastes e terá intervenções visuais idealizadas por Jonas Malferrari e conta com os músicos Abner Phelipe (guitarra), Matheus Marinho (bateria) e Lucas Alakofá (percussão), além dos dois já citados e ainda terá a participação da Mari Merenda. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos podem ser comprados antecipadamente neste link.
Vamos para mais um mês de atrações no Centro da Terra? Além da temporada de segunda-feira e dos shows de terça, neste mês teremos música ao vivo também às quartas, por isso são mais quatro shows durante o mês que começa na semana que vem. E é com maior satisfação que apresento o dono das segundas-feiras do mês: boogarinho Dinho Almeida, que começa a investigar seu trabalho solo na temporada Águas Turvas, primeiro tocando sozinho no palco (no dia 4 de setembro), depois acompanhado de Bebé e Felipe Salvego (dia 11), da dupla Carabobina, Desirée Marantes e Bruno Abdala (dia 18) e finalmente ao lado de sua irmã, Flavia Carolina (no dia 25). A primeira terça do mês, dia 5, traz mais um novo projeto de Thiago França, que volta-se ao free jazz acompanhado de Marcelo Cabral e Welington Pimpa, apresentando seu Thiago França Trio. No dia seguinte, a primeira quarta do mês (dia 6), é a hora de conhecer o trabalho autoral da instrumentista brasiliense Paola Lappicy, que antecipa seu primeiro disco solo no espetáculo Que Mágoa é Essa?, ao lado de Dustan Gallas, Caio Chiarini, Leandrinho, Léo Carvalho e Luciana Rosa. Na terça seguinte, dia 12, é a estreia do conjunto Comitê Secreto Subaquatico, formado por João Barisbe, Helena Cruz, Clara Kok Martins, Lauiz Orgânico e Fernando Sagawa, que apresentam-se no espetáculo Perigosas Criaturas Amigas. Na segunda quarta do mês, dia 13, Maurício Takara encontra-se com Guizado em uma noite de improviso livre chamada Hábitos Generativos. Na outra terça, dia 19, o palco do Centro da Terra recebe o encontro das bandas Bike e Tagore no espetáculo MPB ou LSD?, em que contam a história da psicodelia no Brasil desde os anos 60 até hoje, desenhando uma genealogia da qual as duas bandas fazem parte. Na quarta, dia 20, é a vez de Marília Calderón fazer terapia no palco no espetáculo Que Cida Decida, acompanhada de Felipe Salvego. Na última terça-feira do mês, dia 26, o baiano Enio e o pernambucano Zé Manoel misturam seus trabalhos autorais no espetáculo Encontros Híbridos seguido, no dia 27, do espetáculo Canta pra Subir, em que a cantora paulistana Sophia Ardessore, acompanhada de Nichollas Maia, Abner Phelipe, Fi Maróstica, Matheus Marinho e Lucas Alakofá dão passos além de seu primeiro disco, Porto de Paz. Um bom mês, diz aí. Lembrando que os espetáculos começam pontualmente às 20h e os ingressos já estão à venda neste link.