Link – 6 de agosto de 2012

Software livre: Em toda parte • Outra lógica • Inimigo digital (Alexandre Matias): O software livre está no centro do avanço tecnológicoProcurado• Homem-Objeto (Camilo Rocha): Sistema integradoMais PotênciaNo Arranque (Filipe Serrano): A essência do BuzzFeed é fazer conteúdo se espalhar pela rede • Outlook.com: Um novo e-mail • Vida Digital: Tulipa RuizMenos óbvio, mas ainda ensolarado

Impressão digital #0117: Software livre no século digital

Aproveitei o tema da capa desta semana do Link para falar um pouco sobre software livre.

O software livre está no centro do avanço tecnológico
E sua expansão está apenas no começo

Embora já exista há décadas, não faz nem dez anos que a mentalidade open source e o conceito de software livre começou a se popularizar de fato. Até o início da década passada, era bem difícil encontrar quem entendesse a lógica por trás destas ferramentas – e muito mais difícil quem as utilizasse. Mesmo os que tentavam se aventurar por este universo à parte, se não soubessem nada de programação ou computação, penavam entre códigos, interfaces e comandos.

Mas, de dez anos para cá, o que antes era uma realidade completamente diferente começou a se aproximar da que vivemos. Primeiro pelo simples fato de que o universo digital se impôs até para quem era avesso à utilização de qualquer tipo de máquina. A sensação de que “todo mundo virou nerd” (um clichê repetido como uma espécie de repulsa à onipresença digital) forçou muita gente a perder o medo do computador e entender que estas máquinas, que eram vistas por muitos como aparelhos feitos para nos controlar, são as ferramentas mais sofisticadas desenvolvidas pela espécie humana, que se caracteriza justamente pela invenção de ferramentas.

Mas isso é apenas uma parte da história. A outra está na ponta de lá, entre os entusiastas do software livre que, a partir do Linux criado há mais de vinte anos, entenderam que era preciso tornar mais intuitiva e amigável a utilização das ferramentas caso quisessem atrair mais gente para sua comunidade.
O resultado deste esforço foi a criação de sistemas operacionais menos complexos e abertos para quem nunca se dispôs a entender a parte técnica do uso de computadores. Isso não só fez mais gente encarar a novidade com menos temor (como fez a repórter Tatiana de Mello Dias, como ela mesma conta em seu relato nesta edição), como fez mais gente se dispor a aprender a programar.

No entanto, o que tem tornado o software livre e a lógica do open source mais presente e menos complexa não está nem tanto ao céu do idealismo de quem lida com estes conceitos há anos nem tanto à terra dos “novos nerds” – e sim entre este dois universos, graças à ascensão de tendências e empresas decorrentes da popularização da realidade digital deste começo de século.

Afinal, o Google é um dos principais responsáveis pela popularização deste conceito, ao trabalhar em plataformas abertas. A mesma lógica de API abertas que tornou tanto o Facebook quanto o Twitter gigantes de popularidade também veio do software livre. Até mesmo empresas fechadas como a Apple, ao criar a economia dos aplicativos, também abriu a possibilidade de mais gente tentar entender de programação.

A febre das startups talvez seja a principal tendência destes últimos anos, quando falamos de software livre. Os programadores deixaram de ser vistos como criptólogos antissociais e aos poucos passaram a ser cortejados por suas habilidades, mudando o perfil destes entusiastas e a forma como eles são encarados agora pelo mercado. Foi-se o tempo em que software livre era praticamente sinônimo de “comunista” (as aspas se referem ao tom pejorativo da crítica do passado) e hoje lidar com open source é uma credencial que gabarita muito empreendedor.

Mas esta tendência não deve parar tão cedo – e deve caminhar para um momento em que escrever programas deixe de ser uma atividade essencialmente técnica para entrar em nossa rotina. Programadores gostam de dizer que escrever código é uma arte e o auê em torno das startups já fez muita gente comemorar que a programação de software é o “novo rock’n’roll”.

Mas é questão de tempo para que a lógica não-proprietária de programação habilite cada vez mais gente para entrar neste universo e comece a pegar gosto pela linguagem e pelo assunto. E, aí sim, pode ser que veremos programas que são verdadeiras obras de arte – mesmo que não saibamos programar. Afinal, reconhecemos que alguns carros ou instrumentos musicais são ícones culturais mesmo sem entender sua parte técnica. No futuro, isso ocorrerá com os softwares também.

Link – 29 de junho de 2009

Viaje conectado com o mundoSeu guia são os próprios viajantesPassaporte, passagem, bagagem e GooglePeter Sunde, do PirateBay: ‘Não serei preso. Venceremos no final’Tudo sobre o décimo FISLEra do disco morre com Michael JacksonVida Digital: Zed Nesti