Terça passada aconteceu mais uma premiação da Associação Paulista dos Críticos de Arte (desta vez transmitida online, dá pra conferir aqui) e esta semana a comissão de música popular da APCA, da qual faço parte ao lado de Adriana de Barros (TV Cultura), Bruno Capelas (Programa de Indie), Camilo Rocha (Bate Estaca), Cleber Facchi (Música Instantânea), Felipe Machado (Istoé), Guilherme Werneck (Meio e Ladrilho Hidráulico), José Norberto Flesch (Canal do Flesch), Marcelo Costa (Scream & Yell), Pedro Antunes (Estadão e Tem um Gato na Minha Vitrola) e Pérola Mathias (Poro Aberto), escolheu os 25 melhores discos do primeiro semestre deste ano. Uma boa e ampla seleção que não contou com alguns dos meus discos favoritos do ano (afinal, é uma democracia, todos têm voto), mas acaba sendo uma boa amostra do que foi lançado neste início de 2024. E pra você, qual ficou faltando?
Nos últimos anos, as comadres Alessandra Leão, Isaar e Karina Buhr vêm selando uma amizade de décadas, que remonta às origens do mangue beat em seu Pernambuco e um movimentação feminina e feminista no mundo da música mesmo a contragosto de seu status quo. O novo passo do trio foi dado neste sábado, no Sesc Pinheiros, quando reuniram-se ao guitarrista Régis Damasceno e à tecladista Sofia Freire para celebrar esse laço comum no espetáculo Dracena, em que repassaram músicas de suas respectivas carreiras solo em conjunto. “Não tem macumba sem planta, não tem macumba sem folha”, Alessandra explicou o nome da apresentação a partir da planta que o batiza no momento central do show, quando só as três entregam-se às suas vozes e instrumentos de percussão, “dracena também quer dizer ‘dragão feminino’. Dracena é planta que limpa, abre caminho e aponta para a frente como uma lança”. Axé!
Prestes a lançar seu segundo disco, batizado de Romã, a cantora pernambucana Sofia Freire antecipa o primeiro single do novo álbum, a faixa “1h00 (ou A Boca Se Cala)”, que será lançada nessa sexta-feira, com exclusividade para o Trabalho Sujo. “A música é um poema da minha irmã, Clarice Freire, que é escritora. Foi extraído de um dos seus livros, cujos capítulos são divididos nas horas da madrugada e seu título ‘1h00 (Ou A Boca Se Cala)’ faz referência ao próprio capítulo em que ele está no livro. Ela fala sobre a importância do silêncio para nós mesmos. O cotidiano urbano é caótico e barulhento, as pressões da sociedade às vezes me fazem falar com uma voz que não é a minha e ser quem não sou de verdade, e é no silêncio, na madrugada, onde tudo dorme e estou sozinha comigo mesma, que posso escutar meu interior, lembrar quem sou. O silêncio me diz coisas sobre mim e sobre meu lugar no mundo que apenas eu posso entender, é muito pessoal. Acho que tanto na mensagem quanto a sonoridade, a música representa bem o disco num todo e, por isso, decidi que ele seria o single.”