Só Buhr

, por Alexandre Matias


(Foto: Priscilla Buhr)

Ou apenas “Bu”, como já lhe chamam. Um dos grandes nomes da música contemporânea brasileira abandona o prenome Karina para tornar-se apenas seu sobrenome e aproveita um show em comemoração aos dez anos de seu Selvática, que acontece no Sesc Pompeia, no dia 22 de agosto (os ingressos começam a ser vendidos nesta terça, às 17h neste link), para marcar essa transição. “Eu já queria fazer isso há um tempo e no meu mergulho no universo do Selvática, de meu lugar hoje dentro dos feminismos, entra minha vontade de falar na rua que sou uma pessoa não-binária e, no meu caso, isso mexe com meu nome também”, me explica por email. “Não é uma coisa nova pra mim eu não me definir como mulher e questionar gênero e suas atribuições, mas antes eu não tinha algumas palavras na prateleira, depois fui encontrando palavras com as quais eu me identificava fortemente – como pessoa não-binária, agênero… -, mas entendia que não precisava falar disso publicamente, que era uma coisa pessoal, até que entendi que sim, preciso e quero falar sobre isso, que é também coletivo, mostrar que falo desse ponto de vista onde me encontro.” Ela cita “Eu Sou Um Monstro”, do disco de 2015, como um dos indícios de que isso já estava sendo dito anteriormente. “Quis reler as músicas e letras da minha perspectiva hoje, daqui, de 2025”, continua. “Pensar, cantando e falando, dentro dos feminismos onde me encontro agora, e relembrar, por exemplo, nas entrelinhas que sempre falei que na capa do disco, censurada até hoje pelo instagram e companhia, era um personagem sem camisa e não uma mulher ‘exibindo os seios’, frase bem cafona, aliás, que circulou bastante na época do lançamento.” Sobre o novo nome, como a atual condição de gênero, não é propriamente uma novidade: “Muita gente já me chama assim, desde criança, pronunciando ‘Bu’ mesmo, inclusive assino assim meus desenhos há bastante tempo e me sinto mais representada sonoramente, e visualmente”, completa. “Talvez venham outras mudanças, mas, por enquanto, tá de bom tamanho. Sempre tive um incômodo com o nome Karina e um dia eu entendi por quê.”

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