Como Smile dos Beach Boys tornou-se um clássico antes de existir

Se a grandeza dos Beatles tem um alicerce jornalístico por trás de sua ascensão a partir dos anos 80 (o biógrafo e pesquisador Mark Lewisohn), o escritor David Leaf é a mão que ajudou os Beach Boys – e especificamente Brian Wilson – a serem reconhecidos como um dos maiores nomes da história do rock. Em suas reportagens que logo tornaram-se textos de encarte de reedições e caixas de discos sobre o grupo californiano, Leaf foi instrumental ao transformar o disco Pet Sounds (1966) – que na época de seu lançamento foi rechaçado pela crítica e pelos fãs como uma tentativa pedante de fugir do histórico pueril dos primeiros hits do grupo – em um dos discos mais importantes da história do rock, especificamente por flagrar a rivalidade irmã mas separada por um oceano e dois dias de nascimento entre Brian Wilson (que nasceu dia 20 de junho de 1942) e Paul McCartney (nascido dois dias antes, no mesmo ano). Leaf não apenas entronizou Pet Sounds no panteão dos anos 60 como, a partir de suas pesquisas, transformou um disco tido como fracassado em um santo graal da história do rock. A competição saudável entre Paul e Brian fez o último inventar Pet Sounds a partir do Rubber Soul dos Beatles, que por sua vez foram influenciados pelo disco de 1966 a se reinventarem com o histórico Sgt. Pepper’s. Este último, por sua vez, foi a faísca para Wilson entrar em uma espiral criativa que, embalada por uma megalomania artística movida a LSD, seria a obra-prima dos Beach Boys. Mas o disco Smile não aconteceu porque Brian surtou no processo e o material que deu pra ser aproveitado transformou-se no ótimo Smiley Smile, que apesar da qualidade das músicas, era apenas uma sombra do que Wilson pretendia fazer. Graças aos textos de Leaf, o interesse pelo trabalho de Brian Wilson e pela obra dos Beach Boys ressuscitaram o disco perdido de 1967 e tornaram possível décadas depois, quando o disco foi finalmente finalizado e lançado em 2004. Essa história é recontada no recém-lançado SMiLE: The Rise, Fall, And Resurrection Of Brian Wilson (Omnibus Press), que, em formato de história oral, Leaf recria não apenas o período entre 1966 e 1967, quando entre 2003 e 2004, culminando com a primeira apresentação ao vivo do disco, que aconteceu no Royal Albert Hall londrino no dia 20 de fevereiro de 2004, mesmo ano que o beach boy veio ao Brasil pela primeira vez. Obrigatório para os fãs de Brian. Veja a capa do livro abaixo:  

Os 75 discos de 2024 que mais curti: 27) The Smile – Cutouts

“Thinking all the ways the system will provide: Windows 95, Windows 95”

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Vida Fodona #787: Fim de semana agitado por aqui

Várias paradas rolando…

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