Link – 12 de março de 2012

352,59 reais por mêsQuando o combate à pirataria coloca em risco a liberdadeMianmar: o país mais offline do mundoHomem-objeto (Camilo Rocha): Novas janelasNovo iPad: O tablet que virou telaMais para upgrade do que novidadeImpressão Digital (Alexandre Matias): Tablet e smartphone são só o início da era pós-PCCeBIT.br • Check-in com Dennis Crowley, criador do FoursquareTablets e mundo pós PC, o retorno de Azeredo e o bilionário generoso

Impressão digital #0096: O início da era pós-PC

Na minha coluna do Link desta segunda, falei sobre como smartphone e tablets são só o começo de uma mudança drástica.

Tablet e smartphone são só o início da era pós-PC
Nova era se consolida com fim destes aparelhos

Os dois principais nomes da Microsoft e da Apple no século 21 concordam: estamos na era pós-PC. Tim Cook, o número 2 da Apple quando Steve Jobs ainda era vivo, usou a frase do ex-patrão para coroar o lançamento da nova versão do iPad. E Ray Ozzie que, mesmo tendo saído da MS em 2010, ainda é o principal nome de tecnologia da empresa após a saída de Bill Gates, usou a mesma expressão para definir a segunda década deste século (leia mais na pág. 3).

As duas empresas são os principais nomes na ascensão e consolidação do computador pessoal – o aparelho cuja onipresença destronou a imbatível televisão como principal ferramenta humana na virada do século 20 para o 21. Monitor, mouse, teclado, torre e alguns cabos entraram em nossa rotina a partir do início da década de 1980 para, a partir da metade da década seguinte (graças à invenção da web), começarem a se proliferar por todos os ambientes – casa, trabalho, lazer, negócios… Para onde você olhar, vai encontrar o PC.

E pouco daquele pacote básico inventado na virada dos anos 70 para os 80 mudou: foram-se os disquetes e as fitas cassete (que eram usadas, sim, para gravar bytes), os drives de CD e diferentes portas de entrada para cabos e assessórios. Seja o monitor de fósforo verde, venha acoplado a uma impressora ou um kit multimídia (lembra? Leitor de CD-ROM, caixas de som, microfone…), tenha entradas USB ou não – se tiver monitor, compartimento para processador e disco rígido, mouse (ou trackpad) e teclado, esse dispositivo é um computador pessoal. Um aparelho que, aos poucos, está saindo da nossa rotina – e na mesma velocidade que entrou.

A Apple quer por tudo na conta do tablet. Como conseguiu transformar a prancheta digital em um objeto rotineiro (não foi a primeira empresa a tentar emplacar o formato, que vem sendo tentado desde os anos 1980), a empresa aponta para seu iPad como substituto infalível do desktop ou do notebook. Faz esse alarde todo sem lembrar da liderança de seu iPhone porque não quer desviar o foco da mudança para o smartphone – mas o fato é que a era pós-PC começa nos primeiros Blackberry. Coube à Apple reinventar o conceito de supertelefone em 2007 ao lançar seu brinquedo mágico – que espera sua quinta versão para este ano – ao mesmo tempo em que reinventou o software para o século 21 como um ambiente autossustentável, a economia dos aplicativos. Quando Tim Cook frisou que estamos na era pós-PC durante o anúncio do novo iPad, ele não lembrou da importância do iPhone porque o celular da Apple tem muitos concorrentes, ao contrário do tablet, que segue líder.

A Microsoft, por sua vez, não comenta oficialmente a nova era pois ainda é líder absoluta no ambiente desktop. Por mais que o sistema operacional da Apple tenha crescido e que o Google possa tornar seu Chrome OS viável em algum tempo, é muito pouco provável que alguém tire o cetro da empresa de Bill Gates. A era do PC também é a era do Windows. Por isso que quando Ozzie diz que estamos na era pós-PC, o mundo entende que o reinado do Windows está chegando ao fim. E por mais que a Microsoft consiga estender seu legado por alguns anos ao dar o salto mais radical em seu sistema operacional desde que apresentou o botão Iniciar no Windows 95, o novo Windows 8, com cara de sistema operacional móvel, pode selar o reinado MS para sempre.

Porque a era pós-PC não é necessariamente a era do smartphone. É o tempo em que os computadores vão sumir de vista – eles se integrarão ao carro, à casa, ao dia-a-dia, sem que a gente perceba que está usando um computador. O movimento do controle remoto é mais natural que o do mouse, a tela sensível ao toque é mais amigável que o teclado. Tablets e smartphones são o início da nova era, que se consolidará com o desaparecimento deles. Há a paranoia de que um dia teremos chips no cérebro. Mas não é preciso que o aparelho fisgue a carne para que o implante aconteça. Basta que o avanço seja suficiente para que a gente não se dê conta de que estamos usando ferramentas. Isso está próximo, chega em pouco mais de dez anos.

A era das câmerafones

O Timm traduziu o artigo do Guardian que eu linkei aqui outro dia. Segue a tradução. E valeu Timm!

Primavera Árabe leva à onda de eventos capturados em câmeras-fone
Da Praça Tahrir aos episódios das declarações racistas de John Galliano, fotos e vídeos amadores têm, cada vez mais, sido usados em coberturas na mídia

Em 2011, as câmeras-fone entraram no mainstream do fotojornalismo graças à combinação das revoltas árabes, aos protestos do Occupy e aos avanços da tecnologia.

O Guardian, agências de notícias e as principais emissoras de TV usaram muito mais câmeras-fone e imagens em vídeo. O New York Times disse que seu uso aumentou cem vezes.

“Isso é em grande parte por causa da Primavera Árabe”, disse Michele McNally, editora-assistente de fotografia no New York Times. “A maioria dos jornalistas está carregando smartphones por causa da qualidade de imagem das suas câmeras. Eles gostam do estilo das imagens do celular e eles são menos invasivos em situações de conflito.”

Ela diz que a mídia cidadã foi mais um registro instantâneo de um evento do que um substituto do fotojornalismo qualificado. Diz ainda: “A maior parte da cobertura amadora denota a falta da verdadeira interpretação inteligente de como é estar lá.”

O Sharek, serviço de mídia cidadã da Al-Jazeera, recebeu cerca de mil vídeos de câmeras-fone durante a revolta egípcia contra Hosni Mubarak.

Riyaad Minty, diretor de mídia social, disse: “Em lugares como a Líbia, Iêmen e Síria, cidadãos postando online têm sido a principal lente através do qual as pessoas têm sido capazes de ver o que está acontecendo em terra firme.

Agora, nossas matérias mais importantes têm girado em torno de imagens captadas por cidadãos nas ruas. Não são mais apenas imagens de apoio. Na maioria dos casos, as pessoas capturam os furos de reportagem primeiro. A Primavera Árabe foi realmente o momento derradeiro, quando tudo aconteceu ao mesmo tempo.

Turi Munthe, fundador do serviço de jornalismo cidadão Demotix, disse que houve uma mudança cultural na grande mídia.

“As principais emissoras de tv estão abandonando seu modo padrão para usar as câmeras-fone porque as imagens soam muito mais autênticas. Em quase todas as imagens da Praça Tahrir há pessoas acenando câmeras-fone.

“Globalmente, nossos números de vendas este ano subiram 250%. Você precisa desse tipo de cobertura global com dezenas de pessoas na Tunísia e no Egito e na Líbia ou em Nova York e Portland e Londres. Isso reflete a amplitude e a profundidade da cobertura da Primavera Árabe e do movimento Occupy.

“Tivemos cerca de mil colaboradores nos enviando imagens do norte da África. No Egito, havia um sentimento de que a guerra estava sendo travada em duas frentes — a guerra contra Mubarak e a campanha para espalhar a revolta em toda a mídia.”

Munthe diz que o acervo fotográfico da Corbis começou a aceitar imagens tiradas a partir de câmeras-fone. “Não se trata apenas de agências de notícias procurando um registro imediato, mas também de revistas à procura de imagens que resistam ao teste do tempo.”

Faris Couri, editor-chefe da BBC Árabe, diz ter visto um aumento de quatro vezes no uso de imagens e vídeos gerados por usuários. O material levou a investigações, por exemplo, quando um tanque apareceu atirando contra uma escola no início da revolução egípcia. Jornalistas descobriram que havia prisioneiros fugitivos escondidos no prédio.

Ele diz: “Nas raras ocasiões onde jornalistas tiveram acesso à Síria, eles foram acompanhados pelas autoridades, de modo que o conteúdo irrestrito dos usuários acabava equilibrando as coberturas. Durante o último ano isso virou regra. As pessoas perceberam que a situação exigia isso, pois era impossível confiar nos profissionais.”

Dr. Rasha Abdulla, professor associado e diretor de jornalismo e comunicação de massa da Universidade Americana no Cairo, disse que uma sinergia se desenvolveu entre jornalistas cidadãos e a mídia de massa.

“Um exemplo é a horrível imagem da manifestante egípcia que foi despida, no chão, por soldados do exército enquanto eles, brutalmente, a espancavam e a humilhavam. Mesmo sendo essa uma foto da Reuters, apoiantes do Conselho Supremo das Forças Armadas afirmavam que ela era falsa. Então, um vídeo amador surgiu levando Scaf a admitir que, de fato, aquilo havia acontecido.”

Em 18 de dezembro, quando houve um apagão na cobertura de tv da ocupação do gabinete egípcio, no Cairo, Abdulla disse que as únicas imagens haviam vindo de um manifestante transmitindo online a partir de seu celular.

“Aquela transmissão estava sendo assistida por mais de doze mil pessoas na ocasião.” Lá se vai o tempo em que os governos eram capazes de esconder seus crimes, proibindo emissoras de tv e jornalistas de estar em cena. Todo mundo em cena é um jornalista cidadão e todo mundo está documentando enquanto protesta.”

Philip Trippenbach, editor-chefe do departamento da rede de mídia social Citizenside diz: “Houve uma mudança comportamental com ativistas se dando conta de que o interesse em suas imagens vai além do Facebook ou do Twitter.”

Ele diz que a chegada dos smartphones com câmeras entre 8 e 10 megapixels levou a um crescimento de três vezes no número de imagens que eles recebem.

Talvez, o mais importante seja a capacidade de vídeo dos telefones mais recentes. O vídeo de John Galliano [o estilista das declarações racistas] foi história nossa. Quem forneceu o vídeo ganhou dinheiro suficiente para comprar um Audi novo. Mas, para a maioria, se trata de compartilhar informação, como na Wikipedia.

Mas um dos chefes do setor de fotografia no The Guardian, Roger Tooth, diz: “O material captado com câmeras-fone tem grande valor em cenários onde se é complicado chegar, em furos de reportagem, mas geralmente vai para segundo plano quando fotojornalistas chegam na cena.

“A alta qualidade das câmeras-fone não significa um melhor jornalismo — o número de megapixels é, provavelmente, a coisa menos importante em fotos jornalísticas.”

“Outra coisa que eu questiono é por quanto tempo as pessoas simplesmente continuarão “doando” seu material para organizações comerciais de mídia.”

A proliferação e a crescente qualidade da mídia cidadã tem levado algumas da principais emissoras a demitir fotojornalistas profissionais. A CNN está mandando embora aproximadamente uma dúzia de fotojornalistas por causa do uso cada vez maior das mídias sociais, incluindo a iReport, graças ao seu próprio serviço de fotojornalimo cidadão.

A iReport, que tem aproximadamente um milhão de colaboradores registrados, recebeu cerca de 6300 imagens e vídeos nas revoltas do Egito e da Líbia, dos quais 450 foram publicados.

Tony Maddox, vice-precidente executivo da CNN internacional, diz que esses colaboradores não são substitutos para repórteres profissionais.

Jornalistas da CNN usaram smartphones durante a Primavera Arábe para “entrar no coração da história.”

Ele diz: “Durante os acontecimentos na praça Tahrir, nossos operadores estavam sob ataque e os smartphones nos permitiram ser consideravelmente mais discretos.”

McNally, do New York Times, diz que a mídia cidadã foi mais um um “registro instantâneo” de um evento do que um substituto do fotojornalismo qualificado. Ela diz: “A maior parte da cobertura amadora denota a falta da verdadeira interpretação inteligente de como é estar lá.”

Estética celular

O Guardian escreveu sobre como a estética dos vídeos e fotos feitos com celular entrou em nosso dia-a-dia de vez, ao ser abraçada pelo jornalismo em 2011:

“That’s largely because of the Arab spring”, said Michele McNally, assistant managing editor for photography at the New York Times. “Most of the reporters are carrying smartphones because of the image quality of the cameras. They like the style of cellphone filtered imagery and they’re less intrusive [to use] in conflict situations.”

She said citizen media was an “instant document” of an event rather than a replacement for skilled photojournalism. She said: “Most amateur footage does lack the real smart interpretation of what it’s like to be there.”

Al-Jazeera’s citizen media service Sharek received about 1,000 cameraphone videos during the Egyptian uprising against Hosni Mubarak.

Riyaad Minty, its head of social media, said: “Post Egypt, in places like Libya, Yemen and Syria, citizens posting online have been the primary lens through which people have been able to see what is happening on the ground.

“Now our main stories are driven by images captured by citizens on the street, it’s no longer just a supporting image. In most cases citizens capture the breaking news moments first. The Arab spring was really the tipping point when it all came together.”

Turi Munthe, founder of citizen journalism service Demotix, said there has been a cultural shift in the mainstream media.

“The main broadcasters are going out of their way to use cameraphones because the images look more authentic. In almost every image of Tahrir Square, there were people waving cameraphones.

Continue lendo lá no Guardian. Se alguém quiser traduzir, republico aqui.

Link – 14 de novembro de 2011

A Hora de Comprar seu SmartphoneTerra NovaApp de anotações chega ao BrasilO Occupy de São PauloUncharted 3: cinema para jogarUma lei para vigiar e punirO fim do Flash, o game que bateu recorde, desenvolvedor da Apple expulso e Office na nuvem

Link – 16 de maio de 2011

Blackberry: da pasta para a mochilaNa encruzilhada entre Apple e GoogleChromebook: Internet e mais nadaAndroid: tablets e músicaPor que a Microsoft comprou o SkypeServidorVida Digital: Letuce

Link – 9 de maio de 2011

‘La garantia soy yo!’iPhone dedo-duroLocalização de Wi-Fi é um mercadoRIM + Microsoft: Novos amigosTeste: Motorola XoomSeinfeld por ele mesmoPersonal Nerd: Onde postar minha foto?Vida Digital: David McClandess, criador do site Information is Beautiful

Link – 25 de abril de 2011

Novos programasSeu celular vira outro aparelhoO preço de ser popApp, em si, não viciaAplicados Bê-á-bá do celular

Link – 29 de novembro de 2010

iPad: o produto do ano E ele vem para o NatalTruque permite comprar no iTunesPresente coletivoTodo dia, toda horaComputador de bolsoAlta diversão

Link – 25 de outubro de 2010

O fim não justifica os meiosFalta de consenso sobre o que é privado leva a ruídosUm passo para a leiComo zerar seu smartphone Colhidas a dedoTodos no Vale do Silício a serviço do FacebookiPad com teclado Lion incorpora traços do OS móvelNotas – Facebook, GTA, Fifa, protestos na França…Vida Digital: Steven Johnson