Trabalho Sujo - Home

Show

Piratas no Caribe

Little Joy
Clash @ São Paulo
29 de janeiro de 2009


Little Joy – “Keep Me in Mind”

Os piratas do Caribe não eram de lá. Europeus, os saqueadores que desestabilizaram a economia e a política de seu continente nos século 16 e 17 trabalhavam em alto mar e na costa da África, quase sempre pilhando navios que voltavam das colônias do Novo Mundo cheio de riquezas para suas coroas colonizadoras. O Caribe, com seu excelente clima e inúmeras ilhotas inexistentes nos mapas da época, por outro lado, era um refúgio perfeito para o descanso de piratas de diferentes origens, que reuniam-se nos arquipélagos tropicais para recarregar as baterias antes de voltar à rotina de saques e destruição.

E se vale a velha metáfora da banda de rock como navio pirata – eternizada pelos Rolling Stones, mas que está na essência de qualquer grupo, aquela sensação de caos e tumulto aliada à excitação de chutar tudo para o alto -, o Little Joy é o encontro de alguns piratas num desses entrepostos caribenhos para alguns meses de descanso, longe do trabalho. Piratas de férias, Rodrigo Amarante e Fabrizio Moretti deixaram as naus de seus grupos principais para juntarem-se a outras almas perdidas na noite tropical e deixar a festa rolar à luz da lua e da fogueira.


Little Joy – “No One’s Better Sake”

Tá certo que Moretti (brasileiríssimo, sotaque largado incluso) pode ser o capitão da empreitada e que Binki Shapiro traga uma inesperada graça indie para a corja de bucaneros do roque, mas todo o brilho do Little Joy ao vivo vem de Amarante. Longe da responsabilidade de ser um Hermano, Rodrigo está completamente à vontade no papel de guitarrista de um projeto paralelo. E por mais que a banda soe um pouco Strokes aqui ou um tantinho indie demais quando Binki assume o vocal (ela esconde-se entre a timidez de duas bateristas-vocalistas, Maureen Tucker e Georgia Hubley), é sua voz preguiçosa e arrastada e sua guitarra dedilhada quem dão personalidade ao Little Joy – e ele é onipresente, quando menos se espera lá está o timbre de voz meio bêbado ou a indefectível guitarrinha trôpega.

Tranqüila, a banda toca como se estivesse na casa de um dos integrantes e trata o público – composto essencialmente fãs do Los Hermanos e, provavelmente, pelos mesmos fãs que foram no dia anterior – como se fossem um deles. O clima de cumplicidade é constante e a cada intervalo entre as músicas eles trocam gracinhas e carinhos – “amanhã às cinco horas eu estou na sua casa, hein Juliana”, avisava Moretti, que ainda chamou São Paulo de “cidade maravilhosa”.


Little Joy – “This Time Tomorrow”

Além da íntegra do disco de estréia, a banda ainda tocou duas versões de músicas alheias, que, sem querer, acabam mapeando musicalmente sua área de atuação. “Walking Back to Happiness”, um dos hits da mãe de Binki, Helen Shapiro, vem do tempo em que a Inglaterra desconhecia os Beatles e aspirava por um pop comportado, sério e quase europeu continental – da mesma importância que a surf music californiana e dos ritmos latinos (bossa nova inclusa) que flertaram com as paradas de sucesso antes dos Beatles reinventarem a roda. “This Time Tomorrow”, cover de Kinks que Fabrizio arriscou-se no vocal, data de 1970, o ano em que os Beatles partem para a história – e lembrando que essa é uma das três faixas do Kinks que fazem parte da trilha sonora do filme indie Viagem a Darjeeling, vemos uma história contada sem a presença dos Beatles, em que o rock florescesse ao lado de outros gêneros musicais sem necessariamente se impor como protagonista central.


Little Joy – “Walking Back to Happiness”

Eis a praia do Little Joy. Flertam com a surf music e com o folk, com o indie rock e com ritmos latinos – a vaibe é aquela que se espreguiça na rede, sem pressa, escondendo os olhos do sol – como se fossem uma banda de rock, mas só os instrumentos e a formação é propriamente rock. Fora um riff numa introdução aqui ou um solinho maroto acolá, o que se ouve é música pop tocada com guitarras. E, o principal, sem dar-se a menor importância. O desleixo e sossego com que tocam a apresentação contagiam quem se dispõe a entrar na onda da banda. Se ela tem alguma importância? Quem se importa com isso? Curte aí…


Little Joy – “Brand New Start”

Nem Blur, nem Pavement, nem Stone Roses, mas olha só a escalação do Coachella desse ano… Em negrito, o que eu não perderia…

Sexta, 17 de abril
Paul McCartney
Morrissey
Franz Ferdinand
Leonard Cohen

Conor Oberst and the Mystic Valley Band
Beirut
The Black Keys
Girl Talk

Silversun Pickups
The Ting Tings
The Crystal Method
Ghostland Observatory
Crystal Castles
The Airborne Toxic Event
We Are Scientists
N.A.S.A.
Patton & Rahzel
M. Ward
The Presets
The Hold Steady

A Place to Bury Strangers
Felix da Housecat
Buraka Som Sistema
Ryan Bingham
Bajofondo
Peanut Butter Wolf
Noah & the Whale

White Lies
The Bug
Alberta Cross
Los Campesinos!
Craze & Klever
Molotov
Switch
Gui Boratto
Steve Aoki
The Aggrolites
People Under the Stairs
The Courteeners
Cage the Elephant
Dear and the Headlights

Sábado, 18 de abril
The Killers
Amy Winehouse

Thievery Corporation
TV on the Radio
Band of Horses
Fleet Foxes
MSTRKRFT

Michael Franti & Spearhead
Atmosphere
Mastodon

TRAV$DJ-AM
Henry Rollins
Crookers
Turbonegro
Hercules and Love Affair
Superchunk

Glasvegas
Dr. Dog
Drive-By Truckers
Booker T & the DBT’s
Amanda Palmer
The Bloody Beetroots
Surkin, Para One (Live)
Calexico
Liars
Bob Mould Band

Zane Lowe
Electric Touch
Blitzen Trapper
James Morrison
Drop the Lime
Glass Candy
Thenewno2
Gang Gang Dance
Billy Talent
Ida Maria
Ariel Pink’s Haunted Graffiti
Zizek
Cloud Cult
Tinariwen

Domingo, 19 de abril
The Cure
My Bloody Valentine

Yeah Yeah Yeahs
Throbbing Gristle

Lupe Fiasco
Paul Weller
Antony & the Johnsons
X
Roni Size
Public Enemy
Jenny Lewis
Groove Armada
Paolo Nutini
Christopher Lawrence
Lykke Li
The Kills
Okkervil River
M.A.N.D.Y.
Clipse
Sebastien Tellier

Fucked Up
Perry Farrell
The Horrors
Late of the Pier
K’naan
Junior Boys
Brian Jonestown Massacre
Supermayer
No Age
Vivian Girls
Shepard Fairey
Themselves
Gaslight Anthem
The Knux
Mexican Institute of Sound
The Night Marchers
Marshall Barnes

Hoje faz quarenta anos que os Beatles fizeram seu último show:

Escrevi sobre esse show há dez anos, vê só.

Still Macca

Hoje também é o dia em que a gravação do show secreto que o Paul fez na Amoeba no dia 27 de junho de 2007 em Los Angeles está sendo oficialmente posto à venda.


“I Saw Her Standing There”


“Hey Jude”


“Drive My Car”

Joinha, Joinha

A última música do show do Little Joy de ontem. Daqui a pouco escrevo mais. Cabem duas perguntas, no entanto:

1) O Little Joy é um dos melhores projetos paralelos de todos os tempos?
2) O jeito brasileiro do Fabrizio Moretti parece mais o Max B.O. ou alguém de uma banda de Pernambuco?

Bem que podiam trazer pro Brasil, né…


Of Montreal – “An Eluardian Instance” e “Wraith Pinned to the Mist and Games”


Of Montreal – “Id Engager”

Os dois vídeos foram feitos no show deles em Nashville, no começo do mês.

Little Joy ontem

Falando em showzinho, quem não viu Lost ao vivo podia estar aqui…


“Don’t watch me dancing” ao vivo em São Paulo

Hoje eu tou lá.

Ainda falando em show, nesse link dá pra ouvir o show que o Franz fez segunda passada no programa do Zane Lowe, na BBC. O cara não mede palavras pra se referir à banda: “arguably the most influential UK indie group of the past decade”, escreve no site, antes de recepcionar uma versão ao vivo para “Take Me Out” com a frase “hit after hit after hit”. Sugiro que você pule a primeira meia hora para não correr o risco de ouvir a música nova do U2 (que, em poucos dias, tocará em tudo quanto é lugar – se segura enquanto é tempo) e a fraca música nova do Eminem – a banda começa a conversar com o locutor pelos 40 minutos de programa, mas um pouco antes dá pra ouvir a nova do Peter Bjorn & John – aquela que, de alguma forma, lembra “D.A.N.C.E.” (falo dela depois) – além de um ESG escolhido pela banda e da fodona “Walking on a Dream”. No papo, eles falam do disco novo, óbvio, da turnê engatilhada (que deve ter uns shows abertos pelo Metronomy) e do fato de eles gostarem de começar todo show com Neutral Milk Hotel (que influenciou um bizarro arranjo de “Take Me Out” que ouvimos antes de tudo começar). O show começa exatamente depois de uma hora e dez minutos de programa e se liga no setlist:

“No You Girls”
“Matinee”
“Send Him Away”
“Walk Away”
“Bite Hard”
“DYWT”
“Turn It On
“40′”
“Ulysses”
“What She Came For”

Franz no Brasil de novo esse ano: quem trouxer, já sai na frente.

Eae, bora lá?


Música nova do Little Joy ao vivo ontem, em São Paulo

Tou indo.


Killers – “Spaceman”


Speed, De Leve e Rabu Gonzalez – “UTI”


Beirut – “La Llorona”


Whitest Boy Alive – “Keep a Secret”


Gang Gang Dance (com Tinchy Stryder) – “Princes”