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Show

Começamos a programação de abril com o trabalho solo do Supercorda, autor do meu disco brasileiro favorito do ano passado, Um Futuro Inteiro, tocando-o no Sesc Pompéia com o auxílio luxuoso de sua banda oficial. O show começa às 21h, é de graça, e os ingressos começam a ser distribuídos às 20h. Abaixo, o texto de apresentação que escrevi para o show dele:

A psicodelia brasileira tem um ar meio matuto, meio caipira, como se os grandes nomes da nossa música lisérgica olhassem a urbanidade com desconfiança ou picardia. Mesmo seu maior nome – os Mutantes – brincava com isso em músicas como “2001” e “Tiroleite”. Os cariocas do Supercordas assumem essa conexão em sua plenitude – mas um de seus integrantes, Pedro Bonifrate, vai além: não apenas linka o estado de espírito da expansão de consciência a uma arcádia roceira, utopia rural brasileira, como a localiza no Clube da Esquina do início dos anos 70, quando a turma de Milton e Lô ainda tomava doses cavalares de Abbey Road. Sua carreira solo vem sendo maturada há anos, em EPs gravados em CD-R e faixas em MP3, mas só em 2011 lançou seu primeiro álbum, o belíssimo Um Futuro Inteiro, cuja melancolia parece concluir que o lado sombrio da psicodelia passa pela tristeza do jeca.

Vi no Marcelo.

Que maravilha foi o show de Dona Cila do Coco na semana passada no Prata da Casa. Até quem mais tinha expectativa (como eu) ficou surpresa: do alto de seus 73 anos (“74 em abril!”, gritava), a velhinha transformou a choperia do Sesc Pompéia em um imenso bailão, com todo mundo disposto a se acabar de dançar. Não faltaram homenagens a Chico Science, Jackson do Pandeiro e Luiz Gonzaga, mas o grande momento do show foi o final, quando ela fez todo mundo da platéia formar uma grande ciranda. Já tinha visto Lia do Itamaracá fazer isso no Recife, mas aqui em São Paulo, foi a primeira vez… Sente só:


Dona Cila do Coco – “Lia é Lia” / “A Rolinha”

Tem mais vídeos que fiz aí embaixo:

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Nessa terça tem Pedro Bonifrate no Prata da Casa, quem vai?

Todo ano, nosso trio nova-iorquino mais querido passa na melhor rádio alternativa dos Estados Unidos (a WFMU) para fazer uma maratona em que eles tocam músicas que o público pede pelo telefone. O intuito é basicamente chamar atenção para que a rádio continue não-comercial. Veja como foi esse ano:

No dia 9 de junho de 2001, o Radiohead fez a seguinte apresentação no programa de Jools Holland, via BBC:

Sente o setlist:

“The National Anthem”
“Morning Bell”
“Lucky”
“Packt Like Sardines In A Crushd Tin Box”
“No Surprises”
“Dollars & Cents”
“Life In A Glass House” com Humphrey Lyttleton
“Exit Music (For A Film)”
“I Might Be Wrong”
“Street Spirit (Fade Out)”
“Paranoid Android”
“Idioteque”
“Everything In Its Right Place”
“Pyramid Song”
“Talk Show Host”
“You And Whose Army?”
“How To Disappear Completely”
“Knives Out”
“The Bends”

Fase Berlim ao vivo, num show que aconteceu no dia em que meu irmão nasceu (21 de maio de 1978), versão lindaça de “Heroes”, Adrian Belew na guitarra… Que artista!

Lucas descolou dois ingressos pro show novo dele no Sesc Vila Mariana, nessa sexta. Quem anima?

Basta compartilhar o flyer acima no Facebook e depois mandar o link para o email lucas@diginois.com.br – e aí o Lucas avisa quem ganhar como é o esquema de pegar o par de ingressos.

Até o Zico aparece!

E encerrando o segundo mês da minha curadoria no Prata da Casa, tenho o prazer de apresentar uma mestra de um gênero – Dona Cila do Coco vai comandar o baile na choperia nessa terça – e promete ser memorável. Abaixo, o texto que escrevi apresentando-a para o projeto:

Cecília Maria de Oliveira é dessas lendas vivas da música nordestina. Com quase 80 anos e há décadas carregando o cetro do coco, ela só tem um disco lançado. Mas isso é secundário em sua carreira, pois o coco – um dos gêneros tradicionais mais antigos da cultura pernambucano e um dos poucos que já ultrapassa mais de um século de tradição – pertence a um universo necessariamente oral e qualquer tentativa de capturar seu espetáculo acústico de ritmo e melodia falha, justamente por perder a essência viva da tradição que a nobre senhora representa. Sua presença é o carisma personificado e a força intensa do seu cantar – familiar e expansivo ao mesmo tempo – conduz o público a uma utopia pré-industrial, de estrada de terra batida e lampiões a gás. Um espetáculo esplendoroso e enraizado, forte, feminino e doce, que parece tocar a apresentação como uma conversa de comadres, mas que aponta para o sublime.