Finalmente saudei minha dívida com a Ana Frango Elétrico e pude ver o melhor disco brasileiro de 2023 ao vivo neste sábado, no Sesc Ipiranga, depois de perdê-lo no Sesc Pompeia no fim do ano passado e no Circo Voador no fim de janeiro (até fiz planos, mas infelizmente não rolou). Não tinha dúvida que seria um showzaço, mas Ana entregou ainda mais que esperávamos, passando a íntegra de seu Me Chama de Gato Que Eu Sou Sua além de várias músicas de seus dois discos anteriores, Mormaço Queima e Little Electric Chicken Heart, ambos acondicionados à nova realidade sonora projetada pela sensação carioca. A começar pela banda que ela reuniu, um time de peso que traz alguns dos principais músicos brasileiros da atualidade: Sérgio Machado na bateria, Alberto Continentino no baixo, Guilherme Lírio na guitarra, Thomás Jagoda nos teclados, Dora Morelenbaum nos vocais de apoio e Pablo Carvalho na percussão, e a luz sempre deslumbrante da Olívia Munhoz. Além de ter sido um show mais longo dos que ela tem feito até aqui, a banda estava tinindo de tão entrosada, deixando Ana completamente à vontade não só para se jogar em cima do público como a soltar sua voz maravilhosamente e fazer até um solo de Moog arrastando a cabeça nas teclas (sério!). Abrindo o show perfeito com a música mais alheia do repertório – a stereolabiana “Let’s Go To Before Again” -, a apresentação pesa no groove e na dance music, atingindo um pico na fusão que ela fez entre “Não Tem Nada Não” (o encontro dos gênios Eumir Deodato, João Donato e Marcos Valle) e “Gypsy Woman” (aquela da Crystal Waters). Mas, como no disco, meu momento favorito foi quando ela emendou as três baladas espetaculares – “Camelo Azul”, “Nuvem Vermelha” e “Insista em Mim” – num bloco de derreter corações e mentes. Obrigado, Ana! Quero ver mais!
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Às vésperas de lançar disco novo, Ava Rocha ainda encontrou tempo para revisitar mais um clássico da música brasileira que completa meio século neste 2023 neste fim de semana, no Sesc Ipiranga: o sexto disco de Gal Costa, Índia, que viu ela reunir uma constelação de nomes da música brasileira de seu tempo (Duprat, Verocai, Dominguinhos, Toninho Horta, Luizão, Wagner Tiso, Chico Batera, Wagner Tiso) para cantar um repertório repleto de canções modernas e tradicionais, de Lupicínio Rodrigues a Caetano Veloso, passando por uma música do folclore português arranjada por Gil, Tom Jobim, Luiz Melodia, Jards e Waly, Tuzé de Abreu e a guarânia que batiza o disco. Ava reuniu uma banda à altura do desafio e surfou na intensidade daquela onda e o show conduzido pelo violão de Negro Leo e o teclado de Chicão Montorfano, ainda contou com a bateria de Alana Ananias, o baixo de Pedro Dantas e a guitarra de Fernando Catatau. O resultado daquela egrégora de entidades fez o disco soar tão moderno e ousado quanto em seu lançamento e Ava, no centro daquele altar, invocou a presença de Gal com toda sua graça e força. Foi lindo – e tomara que ela possa voltar a esse repertório de vez em quando.
ALERTA DE SPOILER sobre o show do Cidadão Instigado tocando o Dark Side of the Moon do Pink Floyd na íntegra que o grupo está apresentando nessa sexta e sábado no Sesc Ipiranga.
(Foto: Karine Gallas/Divulgação)
Já que o clássico Dark Side of the Moon está completando 50 anos, o grupo cearense Cidadão Instigado anuncia em primeira mão para o Trabalho Sujo que resolveu voltar ao disco que celebra há dez anos juntando a apresentação do disco na íntegra com a exibição do filme O Mágico de Oz, sincronizando filme e disco para celebrar a eterna lenda urbana de que o grupo inglês teria feito o disco como uma espécie de trilha sonora alternativa para o filme de 1939. As primeiras apresentações do disco ao vivo neste novo formato acontecem dias 5 e 6 de maio no Sesc Ipiranga, em São Paulo, mas o grupo já está conversando com outras cidades para levar o espetáculo numa turnê para o resto do Brasil, passando por Rio de Janeiro, Fortaleza, Recife, João Pessoa, Natal, Teresina, Salvador e outras cidades que se interessarem pela apresentação. Os ingressos para o show de São Paulo começam a ser vendidos em breve.
Tirei o domingo de Carnaval pra ver mais um show dos ótimos Sophia Chablau & Uma Enorme Perda de Tempo, desta vez fazendo todo mundo no Sesc Ipiranga cantar todas as músicas junto. Em mais um show completo de seu primeiro disco (que inclui as participações da maravilhosa Lucinha Turnbull, do saxofonista João Barisbe, das cordas de Arthur Merlino e Fabio Tagliaferri – este último, pai de Sophia), o quarteto está liberando pouco a pouco as músicas novas de seu segundo álbum que, ao que tudo indica, deve sair ainda este ano – foram quatro só neste show. Sophia foi atropelada pelo Carnaval e mal conseguia colocar e tirar a guitarra, mas, como sempre, transformou o sofrimento em piada e outra vez tirou de letra um desconforto para dominar facilmente o público do teatro, que ela incitou para que levantasse em vez de ver o show sentado. Ninguém ficou parado.
Fui convidado para participar de um debate com Arrigo Barnabé neste sábado, a partir das 19h30, dentro do projeto Lira Paulistana: 30 Anos. E Depois? que o Sesc Ipiranga está organizando desde o inicio do mês. O debate vai ser mediado pelo Edson Natale (Itaú Cultural) e a entrada é gratuita. Abaixo, o tema da discussão de hoje.
Embora tenha reunido uma variedade de experiências estéticas – portanto, sem uma identidade unificadora -, a chamada Vanguarda Paulista, que teve como seu ancoradouro o espaço do Lira Paulistana, trouxe dentro do seu balaio propositivo uma postura desafiadora em relação à música popular. Pensando na produção contemporânea, os convidados discorrem sobre os caminhos de criação musical e como se desenha hoje, na cidade, os espaços catalisadores da nova produção e dos diversos experimentalismos. Com Arrigo Barnabé (instrumentista, arranjador e compositor) e Alexandre Mathias (jornalista brasiliense, responsável pelo blog de cultura pop “Trabalho Sujo”). Mediação de Edson Natale.
Participo hoje, às 20h, do seminário Música, Performance e Mercado organizado nas quintas-feiras de outubro pelo Sesc Ipiranga. Falo sobre “Mídias sociais, marketing digital e a era da nuvem”, relacionando essas recentes transformações com as mudanças no mercado da música, num papo com o Vinicius Apoena da agência digital MK&Vapps. A entrada é gratuita e os ingressos começam a ser distribuídos com uma hora de antecedência no local. A mediação é feita por Thales de Menezes.