E nessa onda de artistas tocando seus próprios discos na íntegra ao vivo, eis uma boa idéia: colocar o Pato Fu para relembrar de seu disco de 1995, na minha opinião seu grande trabalho. A banda toca todo o Gol de Quem? no Sesc Belenzinho, no último fim de semana de julho e no primeiro de agosto. Eu acho que vale.
A participação que o carioca fez no show do catarino-alagoano, semana passada, no Sesc Belenzinho, em São Paulo.
Foto: Fabio Heizenreder
No sábado passado, fui ao Sesc Belenzinho (que melhora sua programação e aos poucos começa a atrair muito mais gente de fora de sua região para a Zona Leste) reverenciar o velho mutante Arnaldo Baptista em ação. “Reverenciar” é bem o termo correto, uma vez que não dá para dissociar suas apresentações públicas à sua contribuição histórica para a música brasileira e não levar em consideração as adversidades pessoais que comprometeram sua antes arrojada técnica e seu carisma espontâneo. Arnaldo é Syd Barrett e Brian Wilson ao mesmo tempo – e só o fato de ter sobrevivido ao que passou já deveria ser motivo de aplausos. Saber que conseguiu superar dramas pessoais e vê-lo reefrentar estes mesmos dramas, encapsulados no formato de canções curtas e complexas, é apreciar a obra para além do artista. É assistir ao espetáculo de sobrevivência pela arte.
Arnaldo Baptista – “A Balada do Louco”
E assim reserva-se críticas à sua impetuosidade ao piano, que esbanja naturalidade mas fraqueja na técnica, notas trocadas ou tocadas fora de tempo, vocais cuja afinação discorda daquela do piano, versões curtíssimas (nem dois minutos) para músicas clássicas intercaladas com um gestual ingênuo e bobo, comparsa de uma comunicação tímida e inocente, quase infantil, junto a um público benevolente e súdito.
Arnaldo Baptista – “Sentado na Beira da Estrada” / “Greenfields” / “Desculpe Babe”
Descontados todos esses defeitos, vemos Arnaldo sem máscara, cru, naturalista, por inteiro, que rasga músicas próprias e alheias (quase metade do repertório foi de música clássica a standards do piano, de Bach a Elton John) como se pudesse deixar a alma sair do limite corpóreo. Um show intenso, à flor da pele, mais verdadeiro que o documentário Lóki – pois vemos o deus caído em nossa frente, sorrindo para mostrar que está bem. Um espetáculo que também é triste – Arnaldo é amparado por um produtor até o piano e depois para fora do palco -, mas que nos lembra que mesmo a tristeza tem a sua beleza. Mas não só triste: afinal o sorriso e o bom humor de Arnaldo – intactos, apesar de tudo – arrancam suspiros de alegria e felicidade de um público devoto.
Arnaldo Baptista – “Cê Tá Pensando Que Eu Sou Lóki?”
E ele segue genial.
Já esperava uma senhora discotecagem, mas o Flying Lotus desequilibrou bonito no Sesc Belenzinho, no sábado.
Excepcional.
O produtor favorito de Thom Yorke baixa por aqui no meio de agosto, em dois shows organizados pela Metanol.fm. Se liga no nível do cara: