Séculos Apaixonados 2014: “Baby love, baby love”

, por Alexandre Matias

Seculos Apaixonados_credito Tay Nascimento

Primeiro deixa o Guerrinha explicar: “A gente pediu para o Zé e o Badeco (José Menezes e André Dip, diretores do clipe) fazerem o que a gente mais fez durante as sessões de ensaio e gravação do disco – ir para a Feira de São Cristóvão cantar no karaokê. A gente é super fã de karaokê e grande parte das canções que vem nesse sistema da RAF Electronics – o karaokê leãozinho – são excelentes, como ‘Cadeira de Rodas’ do Fernando Mendes e ‘Stars’ do Simply Red, canções realmente apaixonadas. Abolimos a idéia do roteiro e fizemos um clipe que representa o que essa banda faz todo dia. Belas amigas Bia Falcão e Fê Rebello estão lá no clipe, elas também acompanharam a gente durante toda essa fase de iniciação dos Séculos Apaixonados. É divertido também ver o quanto a letra é apoteótica e dramática e o clipe é de caráter cotidiano mesmo. Além do mais é uma letra que começa com ‘Deus não me deu essa vida de playboy…’ e você vê no clipe um bando de gente da Zona Sul indo para feira de Sâo Cristóvão, chega a ser quase uma piada.”

Aí você vê o clipe:

O Séculos Apaixonados também é quase uma piada. Mas não é só isso. Ele se inclina para o pop brasileiro dos anos 80 com a mesma desenvoltura que o Chromeo faz o mesmo com o pop oitentista norte-americano. Não estou falando de rock brasileiro nem sequer de “pop rock”, mas de um pop nacional que antecedeu a chegada da Blitz e de toda aquela geração que empunhava guitarras e compunha principalmente com teclado (se for portátil, melhor ainda). Um gênero musical coabitado por Lincoln Olivetti e Michael Sullivan e Paulo Massadas, Guilherme Arantes e Joanna, A Cor do Som e Ritchie. E que canta músicas apaixonadas.

“O Séculos saiu exatamente pelo fato de ter que dar vida a canções para que elas não fossem apenas algo solto por aí na internet, mas que servissem de aprendizado para mim mesmo, pra certas filosofias da vida. Eu passei por uns maus bocados no coração há um ano e agora eu estou por aí cantando canções que refletem esse período do tempo, simplesmente não posso ser complacente com as coisas que eu canto”, continua o vocalista, que em vez de cantar fino como no Dorgas prefere passar-se por tenor, soando cômico. O que aumenta ainda mais a melancolia das músicas do grupo – e aí o clipe do videokê começa a fazer sentido.

“A banda já era algo que eu tinha na cabeça desde o final de 2012, algo que eu compartilhava com o Arthurzinho, (Arthur Braganti, que tocava no Letuce) mas como a gente tinha nossos compromissos com Dorgas e Letuce, era muito difícil dar dedicação mental para a coisa, o que não significa que eu não tivesse escrevendo canções de cunho ‘apaixonado’. ‘Totem do Amor Impossível’, por exemplo, era uma canção que eu tinha desde novembro de 2012. Quando o Dorgas acabou em 2013, eu estava tendo alguns sérios problemas pessoais, mas eu tinha todas essas canções que estavam flutuando por aí e que eram bem honestas a forma em que eu sentia – eu juntei essas canções com o Lucas (Paiva, produtor e autor do projeto Pessoas que Eu Conheço), que também tinha terminado uma com uma namorada da época e a gente começou a arranjar elas com (Felipe) Vellozo (que tocava com a Mahmundi), Arthurzinho e João (Pessanha, baterista do Baleia)”, continua.

O grupo está prestes para lançar seu primeiro disco, Roupa Linda Figura Fantasmagórica, que será lançado pela Balaclava. “Já esta gravado e mixado, a gente esta recebendo da masterização essa semana. É bacana, tem 8 musicas, que acho que é o nível de paciência que as pessoas têm com disco hoje em dia. Tem 3 músicas do Lucas, 4 minhas e uma do Arthurzinho. Eu e Lucas gravamos e mixamos na casa do Lucas durante 2014, fizemos algumas gravações de bateria em um sobrado na Lapa, mas grande parte dessas sessões não valeram a pena pois as baterias soavam que nem bosta. Nós tendemos a ser um pouco ‘non-nonsense’ com gravação de canções/’reais bandas’ – uma vez que a gente sabe que verdadeira mensagem esta na forma bruta dessas canções, e não na ética tomada na engenharia de som – o que não significa que seja um disco ‘lo-fi’, ao contrario, é um disco muito mais polido e limpo do que muito disco ‘hi-fi’, gravado em estúdio por ai. A tecnologia que oferecem hoje para gravar em casa é excelente, e nós não somos “puristas do áudio”, por mais que seja muito bacana procurar na internet por equipamento maneiro.”

A banda carioca se apresenta nesse sábado em São Paulo, no Neu, para quem quiser conferir ao vivo. “Lá é demais, todo mundo é amigo meu, amo lá. Vai ser de graça e tem comida boa rolando.” Quem quiser conhecer mais a banda tem outras duas músicas aí embaixo:

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