Vida Fodona #575: Realidade pesada

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Pra dissipar as trevas.

Massive Attack – “Black Milk”
Yo La Tengo – “Shades of Blue”
Nill – “Atari Level 2”
Flora Matos – “10:45”
Isaac Hayes – “Part-Time Love”
Don L – “Mexe pra Cam”
Beck – “Beautiful Way”
Kanye West + Pusha T – “Runaway”
Blood Orange – “Take Your Time”
Marcelo Cabral – “Ela Riu”
Saulo Duarte – “Avante Delírio”
Tatá Aeroplano – “Vida Inteira”
Laura Lavieri – “Me Dê a Mão”
Betina + Bonifrate – “Aluguel”

Avante Saulo Duarte!

Foto: Paola Alfamor (Divulgação)

Foto: Paola Alfamor (Divulgação)

O paraense Saulo Duarte vem guardando músicas que não irão para seu grupo A Unidade há quase uma década e no ano passado resolveu assumir sua carreira solo quando aceitou o convite que fiz para ser dono de uma temporada no Centro da Terra. Foram quatro shows e repertórios diferentes – um ao lado dos músicos João Leão e Victor Bluhm, outro com Josyara, Bruno Capinam, Igor Caracas e Giovani Cidreira, outro sozinho e um quarto, mágico, com Curumin e Russo Passapusso – que formaram a temporada Persigo São Paulo, inspirada por Itamar Assumpção, e que ajudaram a depurar estas canções, chegando a uma musicalidade específica, que não foge completamente do trabalho com sua banda, mas tem sua própria personalidade. Ele também expandiu ainda mais suas fronteiras musicais ao assumir o posto de guitarrista de duas bandas incríveis: a de Curumin e a de Anelis Assumpção. Batizado de Avante Delírio, o disco começa a ver a luz do dia com a faixa “Flor do Sonho”, parceria com o poeta cearense Daniel Medina, que ele lança em primeira mão no Trabalho Sujo.

O single dá dicas sobre o disco que vem por aí: além de solar e pra cima, Avante Delírio, também mistura gêneros musicais (o ijexá baiano e o carimbó paraense no mesmo groove) e foi calcado no violão de nylon, instrumento-cerne deste primeiro trabalho solo. Ele está prometido para o meio de agosto, foi coproduzido por Saulo, Curumin e Zé Nigro (que também é a banda-base do show) e a partir da semana que vem o trio embarca para a Europa, para uma breve turnê em que começa a mostrar esta nova faceta.

17 de 2017: 4) Segundamente

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A primeira curadoria que exerci em 2017 começou no ano anterior, quando a Keren me chamou para assumir o papel de curador de música do Centro da Terra. Para mim o desafio era simples mas ao mesmo tempo complexo: chamar artistas para valorizar o espetáculo e criar novos projetos a partir do próprio local (ele mesmo uma viagem para dentro, como o próprio tom do meu 2017). Uma matemática irracional me fez criar o projeto Segundamente, em que artistas têm quatro segundas-feiras para criar um projeto próprio, de preferência inédito. Assim, tivemos os 15 anos de carreira do Tatá Aeroplano em março, o Chega em São Paulo de Negro Leo em abril, o Mergulho de Tiê em maio, o Depois a Gente Vê de Thiago França em junho, o Na Asa de Luísa Maita em julho, o Música Resiliente em Camadas Lentas do Maurício Takara em agosto, o Mete o Loco de Rafael Castro em setembro, o Persigo SP de Saulo Duarte em outubro e o Enfrente de Alessandra Leão em novembro, além dos shows individuais de Iara Rennó (Feminística), Luiza Lian (Oyá: Centro da Terra) e Papisa (Tempo Espaço Ritual), nos meses com cinco segundas-feiras. Foram meses de aprendizado e preparo, intensos e emocionantes, com o desafio de fazer o público da região do Sumaré sair de casa nas segundas-feiras para ver shows que não veria em nenhum outro lugar. Ainda teve o sensacional encontro com todos estes artistas na primeira segunda de dezembro, provando que a música vibra sem precisar de regras ou planos. É só deixar rolar. Agradeço imensamente a todos os artistas que convidei e também a todos que foram convidados por estes artistas, transformando o Centro da Terra em um núcleo de produção musical avançada numa época em que fazer cultura parece ser subversivo – porque talvez o seja.

Como foi a sessão de encerramento do Segundamente

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Eis a íntegra do show que encerrou o ano no Centro da Terra, reunindo treze cobras da atual música brasileira: Alessandra Leão, Saulo Duarte, Thiago França, Luísa Maita, Papisa, Negro Leo, Luiza Lian, Tatá Aeroplano, Maurício Takara, Iara Rennó e Tiê, além dos convidados Marcelo Cabral, Rafa Barreto e Charles Tixier.

Que noite!

Segundamente 2017

Encerramos o primeiro ano do projeto Segundamente no Centro da Terra convidando quase todos os músicos que encabeçaram espetáculos nas segundas-feiras para um grande encontro (mais informações aqui).

Saulo Duarte: Persigo São Paulo

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Saulo Duarte é o protagonista da série de shows Segundamente durante o mês de outubro. Durante a temporada, o músico revê a sua própria trajetória ao mesmo tempo em que aponta para o futuro em quatro shows distintos. A temporada é um ensaio para sua estreia como artista solo, um processo que já vem trabalhando desde o início do ano e que culmina nos quatro shows, que acontecem sempre às segundas-feiras, sob minha curadoria.

Completando uma década de atividade este ano, o músico e compositor paraense realiza quatro apresentações diferentes no Centro da Terra, em São Paulo, depois de três discos celebrados ao lado da banda Unidade. Nestas apresentações, ele convida diferentes músicos para acompanhá-los neste processo. O primeiro show, composto essencialmente por novas canções, será tocado ao lado dos músicos João Leão (baixo synth e teclados) e Victor Bluhm (bateria). Na semana seguinte (9.10), Saulo reduz ainda mais o instrumental e, munido apenas do violão e da percussão de Igor Caracas, abre alas para a entrada em cena de três convidados: Bruno Capinam, Giovani Cidreira e Josyara.

Se, com a Unidade, Saulo explorou a riqueza rítmica possibilitada pelo grande número de músicos no palco, na terceira noite (16.10) ele se propõe o inverso: munido apenas de voz e violão, Saulo expõe seu lado ‘trovador’, um formato que ele vem desenvolvendo ao longo deste ano. Neste dia, ele executa pela primeira vez o segundo single de seu novo disco. A série se encerra no dia 23.10, com uma apresentação inédita de Saulo, Russo Passapusso e Curumin. Utilizando vozes, violões e MPC, o trio visita canções do repertório de cada um e revela faixas inéditas.

O título da série de shows, inspirado na faixa de mesmo nome de Itamar Assumpção, reforça a influência paulistana sobre o trabalho de Saulo, principalmente ao reunir artistas e colaboradores que ele conheceu durante sua estada na cidade. Conversei com ele sobre esta temporada.

Como surgiu a ideia de se lançar em carreira solo?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/saulo-duarte-persigo-sao-paulo-como-surgiu-a-ideia-de-se-lancar-em-carreira-solo

Como esta carreira solo será trabalhada durante o mês?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/saulo-duarte-persigo-sao-paulo-como-esta-carreira-solo-sera-trabalhada-durante-o-mes

Como surgiu o título da temporada?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/saulo-duarte-persigo-sao-paulo-como-surgiu-o-titulo-da-temporada

Todos os shows seguirão a mesma formação?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/saulo-duarte-persigo-sao-paulo-todos-os-shows-seguirao-a-mesma-formacao

Fale sobre cada uma das noites da temporada.
https://soundcloud.com/trabalhosujo/saulo-duarte-persigo-sao-paulo-fale-sobre-cada-uma-das-noites-da-temporada

Os shows terão repertórios diferentes?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/saulo-duarte-persigo-sao-paulo-os-shows-terao-repertorios-diferentes

Como você acha que ele ajudará a moldar seu novo trabalho?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/saulo-duarte-persigo-sao-paulo-como-voce-acha-que-ele-ajudara-a-moldar-seu-novo-trabalho

Saulo Duarte prepara seu primeiro disco solo

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Saulo Duarte está começando a definir sua carreira solo. Não, ele não abandonou a Unidade, grupo com o qual se estabeleceu na última década, mas busca pouco a pouco encontrar uma voz própria, paralela à de seu trabalho no grupo. “Ao longo desses nove anos com a Unidade eu compus outras músicas que não entraram nos discos da banda por não pertencerem àquele universo musical”, ele me explica por email. Sua carreira solo começa esta semana quando ele revela a primeira faixa de sua nova fase, ao lançar “O Lance” em primeira mão no Trabalho Sujo.

“Ela fala um pouco sobre o flerte, sobre isso de conhecer alguém, trocar poucas palavras e o indizível ficar no ar, as possibilidades variadas, a imaginação…”, ele continua. “É um devaneio dividido em algumas partes acompanhadas pela a parte instrumental: a parte 1 é conhecer a pessoa, parte 2 é o devaneio do ‘sonho/pesadelo’, a parte 3 é a constatação do que aconteceu e a parte 4 é o deleite de voltar pra casa com o lance que não precisa acontecer pra existir – lalalala”, brinca. A música carrega o que deve ser a marca dessa nova fase da carreira do compositor paraense: as parcerias com outros músicos e produtores. “Ela foi gravada no estúdio Navegantes pelo Ze Nigro e produzida pelo Curumin. Chamei esse nucleo do Curumin e os Aipins porque a gente já toca junto na banda do Russo Passapusso e na banda do próprio Curuma e já existe uma afinidade sonora, um gosto compartilhado. Foi fácil direcionar as idéias com eles porque já ia tudo pra mesma direção de forma natural, aí tem o Lucas Martins na guitarra, o Mauricio Badê na percussão, além do Curumin e do Ze Nigro tocando também. Ela foi mixada pelo Gustavo Lenza e masterizada pelo Felipe Tichauer”. O lançamento oficial é pela gravadora YB e chega às plataformas digitais nesta sexta-feira.

Sobre a sua banda oficial, ele acalmma os fãs. “A Unidade não acaba, todos da banda estão envolvidos em outros trabalhos atualmente e isso faz com que sigamos de uma forma diferente, mas a gente segue conversando sobre música e planeja lançar um próximo disco no futuro”, continua. “Agora estou envolvido no processo do meu disco e é minha prioridade. Essa diferenciação dos trabalhos acho que quem gosta do som naturalmente vai sacar, existem diversas semelhanças porque é o mesmo compositor, então diria que são diferenças sutis no texto, nos detalhes do som, mas é continuidade também.”

A previsão de lançamento do disco é para o ano que vem, mas ele planeja liberar outros singles antes do disco ficar pronto. “Quero ir fazendo essa transição de forma suave, é do meu desejo fazer um disco de música brasileira, com referências brasileiras, com o violão junto da banda novamente, fazendo riffs. Já tenho as músicas todas compostas, agora estou organizando para entender de que forma vai se dar essa narrativa.”

Segundamente

Rafael Castro, Saulo Duarte, Rita Oliva, Maurício Takara e Alessandra Leão estarão no segundo semestre no Centro da Terra, cuja sessão de segunda-feira passa a ser chamada oficialmente de Segundamente, como contei ao Pedro Antunes nesta entrevista para o Caderno 2 do Estadão.