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Vinteonze: Falar do momento, criar uma gíria

Sem esquecer que neste sábado temos a festa de 15 anos do Trabalho Sujo e o primeiro baile Veneno de 2011, terceira fusão de nossos esforços artísticos e primeira que sai do âmbito do áudio digital (Comentando Lost e Vinteonze sendo as duas primeiras), dedicamos o primeiro programa de abril essencialmente à música e, veja só, principalmente brasileira. Abrimos este Vinteonze falando do novo disco de Marcelo Camelo para depois depois falarmos da nova cena jazz de São Paulo, do Criolo Doido, de psicodelia brasileira, do livro da Cosac & Naif sobre o João Gilberto e do Cansei de Ser Sexy, além de fazer a leitura dos comentários sobre o programa passado, contracomentados por nós dois. Na trilha, a grande unanimidade de Caetano Veloso, Transa foi um disco escolhido por sua curta duração e também é assunto de nosso papo furado. E, porra, é o Transa, né?


Ronaldo Evangelista & Alexandre Matias – “Vinteonze #0004“ (MP3)

Cansou do Cansei?

Eu não. Tanto que vou hoje lá ver os caras no Clash. Quem vai? Abaixo, a materinha que fiz com eles pro Caderno 2 de hoje.

Cansei de Ser Sexy não descansa
Uma das mais bem-sucedidas bandas brasileiras no exterior se apresenta hoje em São Paulo e anuncia turnê pelos EUA e novo disco para agosto

Hoje começa a fase três do Cansei de Ser Sexy. A banda, que começou como uma piada interna de uma turma de meninas sob olhares carrancudos de críticos sem humor, conseguiu provar-se como mais do que uma simples modinha paulistana ou hype de internet e hoje é um dos grupos brasileiros mais bem-sucedidos no exterior. E depois de dois discos, começa a mostrar como será seu 2011 no primeiro show que a banda faz fora de festivais no Brasil desde 2006, hoje, no Clash Club, na Barra Funda.

O CSS, como é conhecido no exterior, lançou-se no mercado em 2003 quase como uma banda de brincadeira, usando a internet como principal plataforma – a título de curiosidade, no início da banda, ela possuía um único MP3 e cinco fotologs. Nasceu no meio de um grupo de meninas que eram ligadas à moda e foram organizadas pelo músico Adriano Cintra, que já tinha construído sua reputação no underground paulistano em bandas como Thee Butchers’ Orchestra, I Love Miami e Ultrasom. Adriano assumiu a bateria e domou a espontaneidade das meninas de tal forma que, em pouco tempo, elas eram uma banda – ainda que de dance music – de fato.

Foi um dos artistas que ajudaram a gravadora Trama a consagrar seu site de bandas iniciantes, o Trama Virtual, que mais tarde viraria um selo que lançaria CDs de verdade – principalmente graças ao sucesso da banda no exterior. Algo impensável para quem chochava a banda em seus primeiros dias, que a colocou ao lado dos principais artistas da primeira década do século, tocando nos maiores festivais do mundo e ganhando capa de revistas de moda e de música.

Desde que começou sua carreira no exterior, a banda só voltou para o Brasil em férias, até que passou por uma montanha-russa de emoções, principalmente devido a problemas com o antigo empresário, que deram o tom amargo do segundo disco, Donkey, de 2008. Mas se os problemas se refletiram nas composições, eles não atrapalharam a maratona de shows feita pela banda, disposta a consagrar o nome que havia conquistado nos últimos anos. Nesse período, se apresentaram duas vezes no Brasil, apenas em festivais, no Planeta Terra de 2007 e no SWU do ano passado.

“Foi ótimo”, lembra a guitarrista Ana Rezende, em entrevista por e-mail, falando sobre o show do ano passado. “É sempre muito bom tocar no Brasil. O público aqui é diferente de qualquer outro lugar e sempre é meio nostálgico pra gente, no melhor sentido da palavra. Nós nos sentimos literalmente em casa.”

A guitarrista disfarça sobre o disco novo, que já está gravado. “A gente ainda não pode falar porque a gravadora tem de fazer o anúncio antes, mas ele já está gravado, masterizado e pronto para ir para a fábrica. O primeiro single sai em maio e o disco sai em agosto.” A apresentação no Clash contará com algumas músicas novas, além do repertório já conhecido da banda, que inclui hits como Move, Let’s Make Love and Listen to Death from Above e Alala. A banda se apresentou no fim de semana passado no Chile, quando também mostrou uma música nova.

O show de hoje é encarado como o início dos trabalhos no ano. No próximo dia 15, o Cansei de Ser Sexy começa uma turnê de um mês e meio pelos Estados Unidos, fazendo dupla com a banda Sleigh Bells, mas não deixa de cogitar uma turnê pelo Brasil, rumor que já vem sendo ventilado há pelo menos um ano. “Queremos muito fazer uma turnê por umas oito cidades por aqui”, continua Ana. “É difícil viabilizar, mas é uma coisa que queremos muito. Vamos ver se a gente consegue!”, anima-se.

15 anos de Trabalho Sujo

Uma porta antiga, na esquina da avenida São João com a rua Dom José de Barros, em fente às vitrines da Galeria Olido, pleno centro. Subindo as escadas, no primeiro andar, à sua direita pista 100% digital, CDs, laptops e iPods disparando seleções de todas as vertentes possíveis da dance music – todas as épocas e gêneros remixadas uns nos outros-, e à sua esquerda pista 100% analógica, vinis girando a 33 ou 45 rotações por minuto com grooves de todas as partes do mundo. No caminho para uma ou para outra, você pode passar por uma porta e chegar na sala transformada em bar, com a… varanda com vista pro centro, ou no espaço com sofás, timeout e passagem de volta à pista. Se continuar, pode acabar completando a volta e chegar onde começou. Se resolver voltar, pode acabar se perdendo com alguma nova diversão ou som novo na outra pista. É a Associação Brasileira de Empresários de Diversões ou, para os íntimos, a Trackertower.

Em ocasião especial e por conjunção astral, somando as forças e váibes e sistemas de sons, oito discotecários, coletivos, duplas, dividem as duas pistas neste sábado, comemorando os 15 anos do Trabalho Sujo e a vida, por que não? De um lado, nos controles digitais, ficam Alexandre Matias e Luciano Kalatalo da Gente Bonita, Chebel e Giu da SRY e Dani Arrais do Don’t Touch My Moleskine atravessando décadas de música pop sem vergonha da acabção feliz. Do outro, nas picapes analógicas, o VENENO Soundsystem, formado por Mauricio Fleury, Peba Tropikal e Ronaldo Evangelista, girando soul, cumbia, afro, brasa, disco. Clima de festa, diversão sem fim, aparições surpresa, sons infalíveis & vista pro centro.

15 ANOS DE TRABALHO SUJO
Sábado, 9 de abril de 2011
Gente Bonita + Veneno Soundsystem + SRY + Don’t Touch My Moleskine
Na Trackertower
Rua Dom José de Barros 337, esquina com av. São João
$20 / $15 lista (para incluir seu nome na lista, basta confirmar a presença na página do evento no Facebook ou mandar email para baileveneno@gmail.com)
0h

“I just wanna dance / I don’t really care”

O mês de abril tá tão foda que nem parece que o verão acabou no fim de semana passado. Neste sábado divido as picapes com o Alex Correa, do Move that Jukebox, no Clube da Luta, festa que rola no recém-inaugurado Beco 203 (filial paulistana da já clássica casa gaúcha). Alem da minha discotecagem junto com a do Alex (é um duelo!), a noite ainda conta com outro duelo, do Tiago Agostini contra o casal Dominódromo (Karen e Fernando, creio que são um casal, posso estar errado :S). Tenho uns ingresso dando sopa, se alguém quiser, deixa um comentário aí embaixo que eu entro em contato até as 18h do sábado, avisando.

Aí no fim de semana que vem embarco para Floripa, para participar do Florianópolis Music Trends, em que falo sobre música digital e internet, além de discotecar no sábado à noite.

No finde seguinte, tem a festa dos quinze anos do Trabalho Sujo, completos no fim do ano passado, mas comemorados apenas agora, com uma festa arrasa-quarteirão. Mais infos em breve, mas já marca aí na agenda o dia 9 de abril, que vai ser histórico.

Não para por aí. No sábado seguinte, duas boas. Primeiro tem Gente Bonita na Locomotiva Discos, loja que os irmãos Custódio – Márcio e Gilberto – abriram no centro. Tocamos de tarde bem no Record Store Day, antes da participação do Kid Vinil. E de noite tocamos na Virada Cultural de São Paulo, mas longe do cheiro de mijo do centro, numa apresentação feita apenas para o evento ao lado do coletivo de VJs Embolex. Tocamos na entrada do Sesc Pinheiros bem na virada do sábado para o domingo, até às 3h da manhã.

No fim de semana seguinte é a Páscoa e não tem nada marcado, mas na sexta-feira, dia 29, a Gente Bonita volta para Belo Horizonte, onde tocamos na festa da querida Bruna, no velho conhecido Velvet.

Falei que abril ia bombar. Chega mais.

Os vídeos de ontem

Falei que ia fazer uns vídeos ontem, olha eles aí. Consegui filmar todas as músicas, menos minha participação (por motivos óbvios, ainda não aprendi a mediar um debate e me autofilmar ao mesmo tempo), mas já já elas aparecem por aí. Os vídeos vão aparecendo exatamente na ordem da noite…


…que começou com o Emicida rimando sem acompanhamento, só na moral…


…continuou com o Takara, o nosso Baden Powell, quebrando tudo sozinho…


…depois PB e Maurício Fleury caíram prum delírio kraut…


…e foram acompanhados pelo Guizado e foram pruma base instrumental que começou electro e caiu pro jazz…


…para depois tocarem “Maya”, do primeiro disco do Gui…


…depois Blubell subiu no palco e cantou sua “Good Hearted Woman”…


…e no final Bruno Morais desenterrou “Morte da Sandália de Couro”, do Bebeto, para encerrar a noite. Não filmei a participação do Zegon, porque seu equipamento só chegou ao final, quando rolou uma jam session com todo mundo e a bateria da minha câmera foi para o saco junto com a minha vontade de fazer uma social. Foi demais, quem foi sabe.

Entre bambas

Hoje medio um papo misturado com jam session (só vendo…) entre alguns dos nomes mais legais da música de São Paulo hoje: Takara, Emicida, Anvil FX, Maurício Fleury, Blubell, Bruno Morais, Yellow P, Guizado e Zegon. O evento é fechado pra convidados, por isso o anúncio em cima da hora – é mais pra não passar batido. Se pans, rolam uns vídeos depois.

Marginals + Thomas Rohrer

Baixei quarta passada no +Soma e esses tais Marginals estavam tocando: jazzeira pesada com o Thiago França, que também toca sax e flauta na banda de Lurdez (até filmei o show dela, preciso postar aqui), o Marcelo Cabral no contrabaixo acústico e o Tony Gordin (irmão do Lanny) na bateria. O show tinha um público pequeno (quarta-feira, chuva ameaçando, free jazz), mas isso não impediu os caras se soltarem perdidos rumo a fronteiras sônicas desconhecidas, em improvisos de temas que não têm título. O show faz parte de uma temporada que sempre traz um convidado para a banda e o dessa semana foi o músico Thomas Rohrer, que, com sua rabeca, ajudou o trio a desbravar o desconhecido. O som dos vídeos tá baixinho (o segundo em especial começa quase mudo, só com o baixo), mas vale ver.

A última vez do LCD Soundsystem em São Paulo

Showzaço, pra variar.


“I Can Change”


“All My Friends”


“Losing My Edge”


“Home”

Teria curtido mais se não tivessem me afanado meu celular. Poizé, em plena Pachá (e, não, não era um “anexo da Pachá”, era a própria Pachá disfarçada pra não queimar seu filme com aquele bando de hipsters ou pros hipsters transitarem tranquilos sem ter vergonha de estar na Pachá). E quando o segurança tá mais preocupado em ver se o seu cigarro tá aceso do que dar alguma satisfação sobre um furto dentro das dependências (a maioria só pode dar de ombros e soltar um risinho do tipo “fazer o que, né?”), só resta uma alternativa: nunca mais pisar num buraco desses.