São Paulo vazia durante a Copa do Mundo 2014
Uma cidade vazia. Durante os jogos da seleção na Copa, a cidade São Paulo – como outras cidades do Brasil – viraram um deserto, à medida em que seus morados saíram das ruas para se reunir ao redor de TVs e telões para acompanhar os jogos, deixando áreas inteiras, naturalmente superlotadas, praticamente sem pessoas. Assim, o fotógrafo Robson Leandro registrou São Paulo durante os dois últimos jogos que o Brasil jogou nesta Copa e as fotos do Brasil x México, impressionantes, foram parar no Buzzfeed brasileiro, depois na matriz do site e no site da Folha de S. Paulo. Para o Brasil x Camarões, o G1 chamou Robson para repetir o passeio pela São Paulo vazia. Conversei com ele sobre como foi a experiência:
“Não esperava a repercussão que teve. Fiz as fotos como experiência pessoal e publiquei como sempre faço. As pessoas gostaram e começaram a compartilhar. Estou aprendendo bastante com essa experiência.
Duas semanas atrás em um dos grupos de estudo em fotografia que eu participo, o Mario Amaya, ex-editor da Digital Photographer e responsável pelo grupo, comentou sobre o quanto a fotografia é ilusória e fez uma foto para demonstrar. Estávamos no Viaduto do Chá, num sábado bem movimentado, e ele fez uma imagem isolando uma pessoa do resto. E brincou dizendo ‘essa foto poderia se chamar cidade vazia’.
Fiquei chapado na hora e guardei a informação. Juntei as duas coisas na cabeça e resolvi que, no dia do jogo Brasil e México ia sair fotografando o centro da cidade pra realmente retratar parte dela vazia. Outra decisão que eu tomei foi a de não levar meu equipamento profissional. Além de, para mim, não fazer sentido carregar uma câmera pesada, lentes, tripé, eu também queria trabalhar mais a linguagem, a partir da limitação que uma câmera de celular me dava.
O roteiro eu decidi na hora. Comecei pelo Pátio do Colégio e terminei na Paulista. Foda é o sentimento durante o jogo. Eu gosto de futebol, torço e quero que o Brasil seja campeão. Com isso na cabeça, andando pelas ruas vazias e ouvindo as reações das pessoas o sentimento é muito doido. E não dava pra parar porque a luz do sol estava acabando e aí as fotos podiam ser prejudicadas.
Outro lance é que escolhi lugares que todos sabem que são lotados, como a 25 de Março ou o metrô da Sé. Isso aumenta a sensação estranha. Tipo o Tom Cruise na sequência inicial de Vanilla Sky quando ele corre e chega na Times Square e não tem ninguém.”
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