O fim de um longo inverno…
Malu – “Diamantes na Pista”
João Leão – “Noite Fria”
Arctic Monkeys – “Four Out of Five”
Stela Campos – “Lost”
Ava Rocha – “João Três Filhos”
Edgar – “Plástico”
Djonga + Karol Conká – “Estouro”
Beyoncé + Jay-Z – “Heard About Us”
Melody’s Echo Chamber – “Desert Horse”
Laure Briard – “Cravado”
Bixiga 70 – “Portal”
Washed Out – “Zonked”
Gorillaz + George Benson – “Humility”
Rosie Mankato – “Don’t Be Mad”
Angel Olsen – “Special”
Maurício Pereira – “Outono no Sudeste”
Acompanho o trabalho de paranaense Rosanne Machado desde quando ela surgiu com seu Rosie & Me no meio pro fim da década passada, resvalando nos saudosos blogs de MP3 e emplacando alguns minihits das paradas de sucesso do Hype Machine e do Last.fm (quem viveu lembra). De lá pra cá, trouxe-a para São Paulo quando fui curador do Prata da Casa do Sesc Pompeia em 2012 e ela seguiu com a banda de forma bissexta, até que passou a compor e gravar sons por conta própria, deixando o antigo grupo em estado de hibernação para focar em uma nova persona, Rosie Mankato, há uns três anos. E quando soube que ela finalmente lançaria um disco com seu novo trabalho, marquei um papo em que ela terminava falando que “sempre vai ser uma honra participar do Trabalho Sujo. Você, sem saber, foi a primeira pessoa a lançar Rosie Mankato quando tocou um cover bizarrissimo que eu fiz de ‘You’re Laughing at Me‘ na rádio Eldorado, mil anos atrás”. É, realmente eu não sabia disso. Vai ver por isso que ela liberou o clipe de “Don’t be Mad”, faixa de trabalho do EP Palomino, em primeira mão para o Trabalho Sujo.
Aproveitei para conversar com ela sobre toda a transformação de vida que resultou nessa nova personalidade musical (e ela ainda descolou um cover que fez de Ru Paul lá no final do post).
Como aconteceu a transição Rosie & Me para Rosie Mankato?
Comecei a experimentar com gravações lo-fi quando tinha 11 anos de idade. Meu pai sempre foi um cara da tecnologia e, como o pai dele proibiu ele de qualquer envolvimento com música, ele sempre me apoiou a seguir essa carreira como podia. Sempre foi uma característica minha ser mais reclusa e brincar com música. O Rosie and Me me pegou de surpresa porque naquela época, 2006 e 2007, a internet era muito mais aberta, livre de algoritmos do mal – haha! – e as bandas tinham muito mais chance de viralizar. Foi o que aconteceu com a gente num ponto importante do meu desenvolvimento como produtora musical e acabei me prendendo demais à banda nesse processo e tudo que ele envolvia: shows, agentes, ouvintes, ensaios, drama… Claro que a banda foi extremamente importante pra mim, e sempre me emociono em pensar nas coisas incríveis que a gente viveu, mas eventualmente todo aquele profissionalismo frio começou a limitar minha criatividade e isso só não me servia mais.
O EP Palomino representa exatamente essa transição. Nesses últimos anos, aceitei minhas fragilidades e pontos fortes pra fazer música com minha “verdade” e, principalmente, me divertir com isso, com leveza. Não queria voltar a tocar e produzir sem antes concluir essas tracks que ficaram esquecidas – e só consegui quando parei de levar isso tão a sério.
O que muda em termos de sonoridade?
Tudo, principalmente minha voz. Quando comecei a cantar em público, algumas pessoas próximas comentavam que eu tinha uma voz muito estranha e que “parecia um homem cantando”. Isso me fez desenvolver uma pira errada de cantar agudo demais pro meu tom natural pra evitar ouvir coisas do tipo – erro terrível da minha parte que só me atrasou na vida. Demorei pra entender que aquilo não era uma crítica produtiva, e sim uma galera nada a ver que só queria me ver mal. Quando a gente cresce um pouco – e assiste todas as temporadas de RuPaul’s Drag Race -, é normal desenvolver uma surdez seletiva pra comentários negativos e o resultado disso é muito mais produtivo. A sonoridade sempre vai ter um toque de estranheza, com um fundinho de country, dreampop e futurepop.
Há uma personalidade Rosie Mankato?
Tô num ponto da vida que só quero voltar a ter a criatividade que tinha quando era criança. Faz sentido? Só posso esperar que minha personalidade transpareça nas minhas atitudes e nas coisas que faço. Todo mundo tem alguma característica especial e eu acho demais quando conseguem aplicar isso no mundo real.
Como o disco Palomino surgiu? Por que demorou para ser lançado?
Ele surgiu em 2012, pra me lançar como “solo”. Não sabia que ia virar uma jornada de desenvolvimento pessoal no caminho. O que mais pesava era a constante insatisfação com a qualidade. E é claro, o EP envolve áudios super antigos gravados de forma aleatória e fora dos padrões. Tive que fazer as pazes com isso e fazer o melhor com o que tinha disponível. Hoje moro num casarão/estúdio que é beeem mais adequado pra captar e experimentar num nível mais elevado e não vejo a hora de compartilhar o que tá saindo disso tudo – mas aí já é assunto pro próximo álbum.
Fale sobre o clipe de “Don’t Be Mad”.
O clipe é bem pessoal e foi gravado nos arredores do estúdio – que fica numa área rural no meio do nada. São lugares que visito sempre e significam muito pra mim. Como artista independente, não disponho de muitos recursos pra esse tipo de material, então quis fazer o melhor possível com o que tinha. A Raysa Fontana – fotógrafa de moda – é quem cuida de todas as minhas imagens e vídeos. “Don’t be Mad” é sobre um dia de inverno, em que ela me pediu pra ser modelo e entrar num lago pra uma foto mas eu não tive coragem – meu, tava 2 graus! A música era pra ser uma piada com essa história e acabou se tornando uma das minhas preferidas. Ela criou esse conceito de monstro que, quando a cabeça gira, os olhinhos dele ficam bravo/triste/bravo/triste e a gente quis se divertir com isso, filmar e envolver a família na construção da máscara e das fantasias. No fim, eu pulei na água e congelei meus cambitos.
Você irá apresentar-se ao vivo? Qual a formação?
Sim! Já tenho alguns músicos envolvidos pra shows futuros e sempre quero tocar com pessoas diferentes. Ainda toco com os meninos do Rosie and Me, pra quem tem saudade da banda. Sempre vou ter interesse em tocar com pessoas diferentes que gostem do som. Vão ter dois shows de lançamento do Palomino no Teatro Paiol, em Curitiba, dias 25 e 26 de maio. Quem vai tocar comigo nessa formação são os músicos: Gabriel Eubank na bateria, Felix Cecílio na guitarra e Fabrício Rossini no baixo.
A curitibana Rosanne Machado, saída do saudoso Rose & Me, retoma seus trabalhos com seu nome de guerra Rosie Mankato e o faz revisitando um clássico dos anos 80, a balada “True Colours”, de Cyndi Lauper.
Continuamos à espera do disco em si, que tava prometido pro ano passado…
Vamo calminho que o feriadão promete…
Rosie Mankato – “Chino”
Damon Albarn – “Lonely Press Play”
Cherokee – “Don’t Matter (FKJ Remix)”
Chet Faker – “Cigarettes & Loneliness”
Don L – “Chips (Controla Ou Te Controlam)”
Disclosure + Nile Rodgers – “Together”
N.A.S.A. + Karen O – “I Shot the Sheriff”
Ting Tings – “Soul Killing”
JJ – “Still”
Knife – “Heartbeat”
Chromeo – “Over Your Shoulder”
Prince – “Da Bourgeoisie”
Neneh Cherry + Robyn – “Out of the Black”
Todd Terje – “Leisure Suit Preben”
Silva – “Janeiro”
MØ – “Say You’ll Be There”
Em busca do tempo perdido.
Warpaint – “Biggy”
Rosie Mankato – “Chino”
My Magical Glowing Lens – “I Will Never Find”
Damon Albarn – “Everyday Robots”
Stephen Malkmus & the Jicks – “Planetary Motion”
Who Made Who – “Space for Rent”
Metronomy – “Love Letters”
Lorde – “Team”
Arcade Fire – “It’s Never Over (Oh Orpheus)”
Disclosure + Mary J. Blige – “F For You”
Blood Orange – “You’re Not Good Enough (Holy Ghost! Bootleg)”
Janelle Monáe + Erykah Badu – “Q.U.E.E.N.”
Diana – “Por Que Brigamos?”
Pintura de guerra e beats eletrônicos: sozinha, a curitibana Roseanne Machado distancia-se do folk indie do Rosie & Me e começa a traçar um novo rumo: Rosie Mankato explora suas origens russas e indígenas (sério) e o primeiro disco, Palomino, sai já no início de 2014. Esse é o primeiro single, chamado “Chino”.
Curti pacas.