80 anos de Benito di Paula


Foto: Murilo Alvesso (Divulgação)

Neste domingo Benito di Paula completa 80 anos lançando seu primeiro disco com faixas inéditas em 25 anos, O Infalível Zen. Produzido pelo filho Rodrigo Vellozo ao lado do professor Rômulo Froes (e com o auxílio luxuoso dos bambas Thiago França, Marcelo Cabral, Rodrigo Campos, Igor Caracas e Allen Alencar), o disco resgata ideias de canções que vinha trabalhando há décadas e mais outras tantas compostas há pouco, Conversei com os produtores e com o velho compositor em mais uma colaboração para o site da CNN Brasil.

 

Sambas do Absurdo em modo remoto

O segundo volume dos Sambas do Absurdo que reuniu Juçara Marçal, Rodrigo Campos e Gui Amabis num trio tão preciso já estava em processo de composição de forma remota mesmo antes da pandemia começar. “Rodrigo apresentou os sambas no início de 2019. Via whatsapp!”, ri Juçara. “Estávamos os três com agenda muito corrida e, durante o ano, nas brechas de tempo, Gui foi armando com Rodrigo os arranjos, que a gente só conseguiu sentar pra ouvir juntos em fevereiro de 2020.” Mas a partir da quarentena eterna que começou em março do ano passado, o trio seguiu o trabalho de forma ainda mais remota e finalmente começa a mostrar o novo disco, que deve ser lançado ainda neste ano, com o belo single “Ladeira”, que ainda conta com o baixo do Regis Damasceno.

Ouça aqui.  

Os melhores de 2020 no Brasil… pra gringa!

O Lewis Robinson, do selo britânico Mais Um Discos me convidou para elencar os grandes trunfos musicais daqui no ano passado, ao lado de vários outros olheiros de música espalhados pelo mundo. Falei dos discos do Kiko, da Luedji, da Letrux, do BK, do Tantão, do Gui Held, do seu Mateus Aleluia, do Acorda Amor, do Rico Dalasam, da Larissa Conforto, do Negro Leo, do Zé Manoel, do Thiago e do Schiavo, além dos shows do Bixiga com a Luiza Lian, da Juçara cantando seu Encarnado sem energia elétrica, do Romulo revisitando o Transa, do Kiko Dinucci, das lives do Paulinho da Viola e do Caetano Veloso e do documentário do Emicida (tudo em inglês). E minha retrospectiva 2020 começa em breve…

I’ve been to 34 concerts in 2020 and in less than three months this quota of live music fulfilled me through the year (John Cale was the last one I’ve seen and got a chance to see Juçara Marçal three days in that same last week – what a thrill!). 2020’s been a weird year, full of haunting and dramatic Brazilian new milestones, classic acts streaming online and some of those concerts I’ve been able to watch (and film, yes, I’m one of those people) in those first “normal” months… Here’s twenty great moments of Brazilian music in 2020, in any particular order.

Guilherme Held – Corpo Nós
A psychedelic guitar hero and an afrossamba aficionado that axed most Brazilian music in the last decade, gather his friends to a deep turn into the black heart of the country.

Kiko Dinucci – Rastilho (live at Sesc Pompeia)
Kiko’s raw and gripping second solo album grow an extra dimension when performed live – and what is this samba choir…

Letrux – Letrux aos Prantos
The drama diva dives into the seas of deep sadness, laughing just to stay sane – if that’s possible in 2020.

BK: O Líder Em Movimento
One of the best rappers in Brazil today, BK’ is also the best audio director in Brazilian pop music, leading the listener to different regions of Rio de Janeiro and his third album is a masterclass about political racism in our country.

Romulo Froes canta Transa com Jards Macalé (live at Sesc Belenzinho)
Romulo manages to gather a gang of aces (Marcelo Cabral, Guilherme Held, Richard Ribeiro and Rodrigo Campos) to craft his own deconstructed version of Caetano’s most emotional album, inviting one of its masterminds, the ominous Jards Macalé, to stage – just to call “bora Macao” at his guru, just as Veloso did on record.

Luedji Luna – Bom Mesmo É Estar Debaixo D’água
This goddess finally made an album worth her majesty: a lavishly black blending of soul, samba and funk melted into the same pearl.

Luiza Lian + Bixiga 70 (live at Sesc Pinheiros)
The meeting between the electronic pixie and the nine-headed groovy hydra works almost as a mythological tale.

Juçara Marçal Encarnado Acústico (live at Centro da Terra)
Juçara is an entity and she revisited her bold and epic Encarnado in a really acoustic way: no mics, no amps, audience onstage in a journey she led escorted by Kiko Dinucci, Thomas Rohrer and Rodrigo Campos.

Caetano Veloso Live (Globoplay)
The old professor gathered his sons to visit his golden era (from 1968 to 1992) in a widely watched live concert.

Acorda Amor
Cultura Livre’s TV host Roberta Martinelli and Bixiga 70’s drummer Decio 7 assembled five of the most poignant contemporary Brazilian female voices (Liniker, Letrux, Maria Gadu, Xenia and Luedji) to visit a cannon of political songs from the country’s repertoire.

Mateus Aleluia – Olorum
There’s a submerged continent in between Brazil and Africa and the only stone we can see over the sea level is this old Tincoã.

Negro Leo – Desejo de Lacrar
An exercise about cancelment culture, online behavior and how it’s affecting our days.

Emicida – AmarElo – É Tudo Pra Ontem (Netflix)
The paulista rapper got into the sumptuous Theatro Municipal de São Paulo and get the chance to link it to the story of samba, the story of Brazilian hip hop culture, our black political movement and the meaning of being Black in Brazil.

Rico Dalasam – Dolores Dala Guardião do Alívio
So painfully good, Rico’s one the best new singers and composers in Brazil, reinventing R&B through his own point of view.

Tantão e os Fita – Piorou
2020’s ugly face – look at it! Look! At! It”

Zé Manoel – Do Meu Coração Nu
What happened if Tom Jobim and Dorival Caymmi were a the same pernambucano maestro? Zé Manoel is the answer.

Thiago França – KD VCS
Metá Metá’s saxman goes completely solo in studio: just one takes, no post production, no electronic effects, just the man and his instrument, using it like a lamp in it’s own cave.

Bruno Schiavo – A vida só começou
The untranslatable involuntary pun (which mixes “Life’s just begun” with “Lone life has begun”) add a layer of sweetness and is an improbable mix of songcraft and avant-garde.

ÀIYÉ – Gratitrevas
Ventre’s former drummer, Larissa Conforto metamorphosed into Àiyé, fusing electronics, percussion, ancient traditions and artivism in the same scale.

Paulinho da Viola Live (Globoplay)
The Brazilian prince of samba is a national treasure.

10 more? 10 more!
Josyara e Giovani Cidreira – Estreite
Bonifrate – Diversionismo
Cadu Tenório – Monument for Nothing
Carabobina – Carabobina
Joana Queiroz – Tempo Sem Tempo
Marcelo Cabral – Naunyn
Pelados – Sozinhos
Tatá Aeroplano – Delírios Líricos
Pipo Pegoraro – Antropocósmico
Fellini – A Melhor Coisa Que Eu Fiz (box set)

Tudo Tanto #073: Romulo Fróes

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O primeiro novo programa desta nova era no Trabalho Sujo é a transformação da minha velha coluna Tudo Tanto (que começou na falecida revista Caros Amigos e teve uma sobrevida no site Reverb), que agora é uma seção de entrevistas em vídeo. E como o mote da coluna é falar sobre música brasileira contemporânea, chamei o grande Romulo Frões para comentar sobre esta sua geração musical, uma vez que ele está se tornando um ótimo observador e crítico da contemporaneidade, como pode se visto no curso sobre música brasileira no século 21 que ele deu para o canal do YouTube do Instituto Moreira Salles. Por isso o papo é menos sobre sua carreira (embora ele conte algumas novidades, como cursos sobre fazer letras e um disco de funk!?) e mais sobre o contexto atual, contemplando as invenções do século 20, o mercado e a mídia e todo um cânone de nossa música.

#YB20 no Auditório Ibirapuera

yb20

Seguimos as comemorações dos 20 anos da gravadora YBmusic com um grande espetáculo no Auditório Ibirapuera, com uma big band composta por músicos, compositores e intérpretes que lançaram, cada um deles, seus próprios trabalhos solo pelo selo paulistano: o trombonista Allan Abbadia, o cantor Bruno Morais, o tecladista Danilo Penteado, o guitarrista Guilherme Kafé, a cantora Lulina, o trumpetista Guizado, o cantor Samuca, o percussionista Igor Caracas, a cantora Juliana Perdigão, o clarinetista Luca Raele, a cantora Luedji Luna, o cantor Marco Mattoli, a cantora Natália Matos, o tecladista Dudu Tsuda, o percussionista Nereu Gargalo, o cantor Paulo Neto, o guitarrista Rodrigo Campos, o cantor Romulo Fróes e o rapper Zudizilla – multiinstrumentistas, intérpretes e compositores que ajudaram a construir, com suas sensibilidades, um legado que será exposto num repertório composto por canções que construíram estas duas décadas de trajetória. Maurício Tagliari, maestro e sócio do selo, que estará no palco conduzindo este time, me convidou para assinar a direção artística desta apresentação, que acontece nesta sexta-feira, às 21h, no Auditório Ibirapuera (mais informações aqui).

Jards Macalé no centro da conexão Rio-São Paulo

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Bati um papo com Rômulo Froes, Thomas Harres e Kiko Dinucci, produtores do disco Besta Fera de Jards Macalé, sobre a antiga aproximação das cenas mais instigadoras do Rio de Janeiro e de São Paulo, materializada nesta conexão – confere lá na Trip.

Um pacto de sangue com Jards Macalé

JardsMacale

O bardo torto do samba carioca Jards Macalé segue atiçando a expectativa para seu novo disco, produzido por Kiko Dinucci, Thomas Harres e Rômulo Froes. Ainda sem título e com previsão de lançamento para fevereiro, seu disco foi introduzido pela pesada “Trevas” e que agora vem com uma face mais ensolarada e melódica com a faixa que compôs com Tim Bernardes, o samba-canção “Buraco da Consolação”, inspirado pela afinidade que os dois descobriram que tinham pelo disco Jamelão interpreta Lupicínio Rodrigues, gravado com a Orquestra Tabajara. Os arranjos de cordas são feitos por Thiago França.

Além da faixa nova, o resto do disco é descortinado num faixa a faixa feito exclusivamente para o Trabalho Sujo. Ele fala sobre as músicas que fez ao lado de Kiko (“Vampiro de Copacabana”), Tim (“Buraco da Consolação”), Rômulo, Kiko e Thomas (“Meu Amor, Meu Cansaço”), Kiko e Rodrigo Campos (“Peixe”, que conta com Juçara Marçal), Kiko, Thomas e Clima (“Longo Caminho do Sol”, dueto com Rômulo Froes), além das adaptações de poemas de Gregório de Mattos (“Aos Vícios” virou “Besta Fera”), Ezra Pound (“Canto I” que virou “Trevas”), Helio Oiticica (“Obstáculos”) e Capinam (“Pacto de Sangue”), esta última minha faixa favorita do novo álbum. Fala Jards!

Os 75 melhores discos de 2018: 23) Rômulo Fróes – O Disco das Horas

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“Na hora escura virá um irmão juntar nossas mãos como se fossem música”

Os 25 melhores discos brasileiros do início de 2018

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2018 tem sido um ano conturbado – mas não para a música brasileira, como dá para perceber por essa lista dos 25 melhores discos de música popular escolhida pelo júri da Associação Paulista dos Críticos de Arte, da qual faço parte ao lado de Marcelo Costa, Roberta Martinelli, Lucas Breda e José Norberto Flesch. Estes são os discos escolhidos, lançados entre o primeiro dia do ano e o último dia de junho, antecipados no blog do Pedro Antunes, do Estadão.

Almir Sater & Renato Teixeira – AR (Universal Music)
André Abujamra – Omindá (Independente)
Anelis Assumpção – Taurina (Pomm_elo / Scubidu)
Autoramas – Libido (Hearts Bleed Blue)
Ava Rocha – Trança (Circus)
Cólera – Acorde, Acorde, Acorde (EAEO Records)
Cordel do Fogo Encantado – Viagem ao Coração do Sol (Fogo Encantado)
Craca e Dani Nega – O Desmanche (Independente)
Dingo Bells – Todo Mundo Vai Mudar (Dingo Bells / Natura Musical)
Djonga – O Menino Que Queria Ser Deus (CEIA Ent.)
Elza Soares – Deus É Mulher (DeckDisc)
Erasmo Carlos – Amor É Isso (Som Livre)
Gui Amabis – Miopia (Independente)
Iza – Dona de Mim (Warner)
Jonas Sá – Puber (Selo Risco)
Juliano Gauche – Afastamento (EAEO Records)
Kassin – Relax (LAB 344)
Malu Maria – Diamantes na Pista (Independente)
Marcelo Cabral – Motor (YB Music)
Maria Beraldo – Cavala (Selo Risco)
Maurício Pereira – Outono No Sudeste
Rashid – Crise (Foco na Missão)
Romulo Fróes – O Disco das Horas (YB Music)
Silva – Brasileiro (SLAP)
Wado – Precariado (Independente)

Rômulo Fróes de graça no CCSP

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O cantor e compositor paulistano Rômulo Fróes lança seu O Disco das Horas neste sábado no Centro Cultural São Paulo, de graça, a partir das 19h (mais informações aqui).