Continuando o combinado.
Led Zeppelin – “In the Light”
Evinha – “Esperar Pra Ver”
Bárbara Eugenia – “Vou Ficar Maluca”
Pere Ubu – “Modern Dance”
Mr. Twin Sister – “In the House of Yes”
Durutti Column – “Jacqueline”
Rodrigo Ogi – “Nuvens”
Rimas + Melodias – “Origens”
Coruja BC1 – “Modo Foda-Se”
Racionais MCs – “Você Me Deve”
Curumin – “Boca de Groselha”
Letrux – “Coisa Banho de Mar”
Courtney Barnett + Kurt Vile – “Over Everything”
Far from Alaska – “Cobra”
PJ Harvey – “The Community Of Hope”
PJ Harvey – “The Ministry Of Defence”
PJ Harvey – “The Words That Maketh Murder”
PJ Harvey – “Down by the Water”
PJ Harvey – “50 ft Queenie”
O rapper paulistano volta aos seus anos de formação na Brasilândia no belo e nostálgico clipe de “Virou Canção”.
O sucesso de Emicida é uma parceria fraterna: enquanto Leandro rima e dá a cara a tapa pelos palcos da vida, seu irmão Evandro Fióti administrava sua carreira, construindo as fundações de seu escritório a partir de CDs vendidos de mão em mão no metrô. Hoje o escritório Lab Fantasma é um pequeno império, que administra as carreiras de Emicida e Rael e se tornou uma distribuidora digital, além de referência para uma nova geração de rappers pelo Brasil que viu que é possível ser bem sucedido artisticamente e nos negócios ao mesmo tempo. Como Emicida, Fióti sempre esteve envolvido com música e além de habilidoso violonista agora começa a colocar suas mangas artísticas de fora, ao anunciar o lançamento de seu primeiro EP ainda essa semana. Já gostei de cara por causa do título do trabalho: Gente Bonita (que era o mesmo nome da festa que eu fazia com o Luciano Kalatalo entre 2006 e 2010). Ele já mostrou o teaser do novo trabalho:
“Foi tudo orgânico”, me conta o novo artista: “Antes de montarmos a Lab, eu e o Leandro sempre se encontrava pra fazer algumas coisas. Mesmo trabalhando, quando eu fazia a produção de estrada, eu levava o violão e íamos compondo quando dava, mas as coisas foram ficando cada vez mais apertadas e isso deixou de ser possível. Porém, duas das parcerias que tenho com ele nesse disco já existem aproximadamente há oito anos, e eu até insisti algumas vezes pra ele lançar ‘Gente Bonita’ porque todo mundo a quem eu mostrava a música gostava. É um outro lado do Emicida como compositor que acho que vai surpreender o público. Mas na verdade Deus escreve certo por linhas tortas, ainda bem que ele não me ouviu e deixou mesmo para eu gravar porque essa música é linda.”
A música acabou batizando o novo disco: “O projeto não tinha nome no começo, mas depois me dei conta de que essa faixa sintetizava tudo o que eu queria passar, acho que é uma das letras mais fortes do trabalho. Dentro do estúdio, com os músicos, me veio esse nome. Tem a ver com a ideia que quero transmitir e até com o momento que eu estou vivendo, de um exercício de me apegar mais às coisas boas e positivas. E tem a ver também com uma coisa de enxergar o melhor nos outros; gente bonita são todas as pessoas que toparam estar comigo no projeto, colaboraram para que eu chegasse a este ponto. E num contexto mais amplo espero que sirva como uma mensagem positiva para todos que se identificarem com a faixa, para o povo da periferia, nosso povo, que todo dia precisa buscar motivação para levar a vida do jeito que ela é. Mesmo com todas as adversidades, continua sendo um povo alegre, feliz e bonito.”
Mas não é um disco de rap, já adianta: “Quem espera um disco de rap vai dar com os burros n’água!”, ri o compositor-empresário. “É um disco para que ouçam e pensem, reflitam e se divirtam. Ficou bem fincado nas raízes da música brasileira, está bem brasuca e isso reflete o meu gosto musical, me vejo nele inteiro, quem me conhece de longa data também vai compreender isso mais facilmente. Quem só conhece o Emicida vai ter a oportunidade de conhecer esse lado mais compositor dele também. Esse disco é vida que segue. Eu senti a necessidade de gravar essas músicas e fazer algo que as pessoas me cobravam há muito tempo, fui lá e fiz, sendo público do Emicida ou não, espero que as pessoas sintam e se identifiquem com a mensagem musical do trabalho. Estamos passando dias tão difíceis que vejo neste disco a possibilidade de as pessoas verem como nosso povo e nossa música são ricos e lindos e que isso sirva de combustível na luta diária de cada um. Se conseguir isso, já estou satisfeito. E quem não gostar não precisa falar nada, pode ir ouvir o que gosta.”
Também gravei a primeira vez que Fióti apresentou uma música ao vivo deste novo disco, quando juntou-se ao Rodrigo Ogi, ao Kiko Dinucci e ao Thiago França para tocarem o samba “Vacilão”, que estará no EP, num show de Ogi na Casa de Francisca.
“Gente Bonita”, a primeira faixa de trabalho, será lançada oficialmente nesta sexta-feira, dia 1° de abril. Não é mentira. O disco todo aparece em maio.
Hoje é dia de mais um curso da segunda temporada do curso Todo o Disco, no Espaço Cult, e o convidado desta terça é o rapper Rodrigo Ogi, que vai dissecar seu segundo disco, Rá!, em um bate papo sobre seu conceito e criação. As inscrições podem ser feitas no site do Cult.
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O segundo disco do rapper Rodrigo Ogi, um dos principais nomes da nova geração do rap paulistano, é uma descida às profundezas de sua alma. Depois de dissecar as contradições da cidade grande em seu primeiro disco solo, ele agora olha para si mesmo em busca destas mesmas tradições – e Rá! é um mergulho terapêutico dentro da própria alma do MC, além de ser o melhor disco de rap brasileiro do ano passado.
Vagas limitadas, garanta a sua no site do Espaço Cult
Todo o Disco – Segunda Temporada
Nunca se produziu tanto, nunca tantos artistas brasileiros lançaram tantos discos bons em tão pouco tempo mas ao mesmo tempo nunca se discutiu tão pouco sobre música. A overdose de informação e a concorrência por atenção apenas trata discos como notícias e mesmo com a amplitude da internet, estes discos não são tratados como obras importantes na carreira do artista e sim como mero gancho para notícias.
A partir desta constatação, o jornalista Alexandre Matias, do site Trabalho Sujo, junto com o Espaço Cult, propõe uma investigação musical ao lado dos autores de importantes discos lançados recentemente. A série Todo o Disco foi iniciada em novembro do ano passado com encontros com o grupo Cidadão Instigado, o músico Siba, o rapper Emicida e a cantora Karina Buhr. Em março, a segunda temporada do curso reúne nomes como Mariana Aydar, Ava Rocha, Tulipa Ruiz, Rodrigo Ogi e Instituto todas as terças-feiras de março, do dia primeiro ao dia 29, sempre a partir das 20h.
01/03 – Tulipa Ruiz fala sobre Dancê
08/03 – Instituto fala sobre Violar
15/03 – Rodrigo Ogi fala sobre Rá!
22/03 – Ava Rocha fala sobre Ava Pátrya Yndia Yracema
29/03 – Mariana Aydar fala sobre Pedaço Duma Asa
Mais uma vez chamo artistas pra falar sobre seus discos mais recentes – e apenas isso – no Espaço Cult. É a segunda temporada do curso Todo o Disco. E depois de reunir Siba, Cidadão Instigado, Emicida e Karina Buhr na primeira temporada no fim do ano passado, desta vez chamei Tulipa Ruiz, Ava Rocha, Instituto, Rodrigo Ogi e Mariana Aydar para falar sobre os grandes discos que cada um deles lançou no ano passado. O curso acontece durante o mês de março, sempre às terças, e há descontos para quem quiser assistir ao curso inteiro ou apenas algumas aulas. As inscrições já estão abertas no site do Espaço Cult – veja aqui. Abaixo, a ementa dos encontros:
Nunca se produziu tanto, nunca tantos artistas brasileiros lançaram tantos discos bons em tão pouco tempo mas ao mesmo tempo nunca se discutiu tão pouco sobre música. A overdose de informação e a concorrência por atenção apenas trata discos como notícias e mesmo com a amplitude da internet, estes discos não são tratados como obras importantes na carreira do artista e sim como mero gancho para notícias.
A partir desta constatação, o jornalista Alexandre Matias, do site Trabalho Sujo, junto com o Espaço Cult, propõe uma investigação musical ao lado dos autores de importantes discos lançados recentemente. A série Todo o Disco foi iniciada em novembro do ano passado com encontros com o grupo Cidadão Instigado, o músico Siba, o rapper Emicida e a cantora Karina Buhr. Em março, a segunda temporada do curso reúne nomes como Mariana Aydar, Ava Rocha, Tulipa Ruiz, Rodrigo Ogi e Instituto todas as terças-feiras de março, do dia primeiro ao dia 29, sempre a partir das 20h.
01/03 – Tulipa Ruiz fala sobre Dancê
08/03 – Instituto fala sobre Violar
15/03 – Rodrigo Ogi fala sobre Rá!
22/03 – Ava Rocha fala sobre Ava Pátrya Yndia Yracema
29/03 – Mariana Aydar fala sobre Pedaço Duma Asa
Na edição de janeiro da minha coluna na revista Caros Amigos, eu escrevi sobre o grande ano que foi 2015 para a música brasileira.
A consagração de 2015
O ano firmou toda uma safra de artistas que lançou discos que reverberarão pelos próximos anos
Alguma coisa aconteceu na música brasileira em 2015. Uma conjunção de fatores diferentes fez que vários artistas, cenas musicais, produtores e ouvintes se unissem para tornar públicos trabalhos de diferentes tempos de gestação que desembocaram coincidentemente neste mesmo período de doze meses e é fácil notar que esta produção terá um impacto duradouro pelos próximos anos. O melhor termômetro para estas transformações são os discos lançados durante este ano.
Os treze anos de espera do disco novo do Instituto, o terceiro disco pelo terceiro ano seguido do Bixiga 70, os seis anos de espera do disco novo do Cidadão Instigado, o disco que Emicida gravou na África, um disco que BNegão e seus Seletores de Frequência nem estavam pensando em fazer, o surgimento inesperado da carreira solo de Ava Rocha, o disco mais político de Siba, o espetacular segundo disco do grupo goiano Boogarins, os discos pop de Tulipa Ruiz e Barbara Eugênia, a década à espera do segundo disco solo de Black Alien, o majestoso disco primeiro disco de inéditas de Elza Soares, os quase seis anos de espera pelo disco novo do rapper Rodrigo Ogi, dos Supercordas e do grupo Letuce e um projeto paralelo de Mariana Aydar que tornou-se seu melhor disco. Mais que um ano de revelação de novos talentos (o que também aconteceu), 2015 marcou a consolidação de uma nova cara da música brasileira, bem típica desta década.
São álbuns lançados às dezenas, semanalmente, que deixam até o mais empenhado completista atordoado de tanta produção. É inevitável que entre as centenas de discos lançados no Brasil este ano haja uma enorme quantidade de material irrelevante, genérico, sem graça ou simplesmente ruim. Mas também impressiona a enorme quantidade de discos que são pelo menos bons – consigo citar quase uma centena sem me esforçar demais – e que foram feitos por artistas jovens, ainda buscando seu lugar no cenário, o que apenas é uma tradução desta que talvez seja a geração mais rica da música brasileira. A quantidade de produção – reflexo da qualidade das novas tecnologias tanto para gravação e divulgação dos trabalhos – não é mais meramente quantitativa. O salto de qualidade aos poucos vem acompanhando a curva de ascensão dos números de produção.
Outro diferencial desta nova geração é sua transversalidade. São músicos, compositores, intérpretes e produtores que atravessam diferentes gêneros, colaboram entre si, dialogam, trocam experiências. Não é apenas uma cena local, um encontro geográfico num bar, numa garagem, numa casa noturna, num apartamento. É uma troca constante de informações e ideias que, graças à internet, transforma os bastidores da vida de cada um em um imenso reality show divulgado pelas redes sociais, em clipes feitos para web, registros amadores de shows, MP3 inéditos, discussões e textões posts dos outros.
A lista de melhores discos que acompanha este texto não é, de forma alguma, uma lista definitiva, mesmo porque ela passa pelo meu recorte editorial, humano, que contempla uma série de fatores e dispensa outros. Qualquer outro observador da produção nacional pode criar uma lista de discos tão importantes e variada quanto estes 25 que separei no meu recorte. Dezenas de ótimos discos ficaram de fora, fora artistas que não chegaram a lançar discos de fato – e sim existem na internet apenas pelo registros dos outros de seus próprios trabalhos. E em qualquer recorte feito é inevitável perceber a teia de contatos e referências pessoais que todo artista cria hoje em dia. Poucos trabalham sozinhos ou num núcleo muito fechado. A maioria abre sua obra em movimento para parcerias, colaborações, participações especiais, duetos, jam sessions.
E não é uma panelinha. Não são poucos amigos que se conhecem faz tempo e podem se dar ao luxo de fazer isso por serem bem nascidos. É gente que vem de todos os extratos sociais e luta ferrenhamente para sobreviver fazendo apenas música. Gente que conhece cada vez mais gente que está do seu lado – e quer materializar essa aliança num palco, numa faixa, num mesmo momento. Esse é o diferencial desta geração: ela vai lá e faz.
Desligue o rádio e a TV para procurar o que há de melhor na música brasileira deste ano.
Ava Rocha – Ava Patrya Yndia Yracema
BNegão e os Seletores de Frequência – TransmutAção
Barbara Eugênia – Frou Frou
Bixiga 70 – III
Boogarins – Manual ou Guia Prático de Livre Dissolução de Sonhos
Cidadão Instigado – Fortaleza
Diogo Strauss – Spectrum
Elza Soares – Mulher do Fim do Mundo
Emicida – Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa
Guizado – O Vôo do Dragão
Ian Ramil – Derivacivilização
Instituto – Violar
Juçara Marçal & Cadu Tenório – Anganga
Juçara Marçal, Kiko Dinucci e Thomas Harres – Abismu
Karina Buhr – Selvática
Letuce – Estilhaça
Mariana Aydar – Pedaço Duma Asa
Negro Leo – Niños Heroes
Passo Torto e Ná Ozzeti – Thiago França
Rodrigo Campos – Conversas com Toshiro
Rodrigo Ogi – Rá!
Siba – De Baile Solto
Space Charanga – R.A.N.
Supercordas – A Terceira Terra
Tulipa Ruiz – Dancê
Vamos lá que ainda tem muito 2015 pela frente….
Drake – “Hotline Bling (Instrumental)”
Mopho – “A Carta”
Erasmo Carlos – “Grilos”
Gorillaz – “Empire Ants (Miami Horror Remix)”
Kendrick Lamar – “The Blacker the Berry”
Wire – “Keep Exhaling”
Spoon – “Rainy Taxi”
Elza Soares – “Maria da Vila Matilde”
Rodrigo Ogi – “7 Cords”
Diogo Strausz – “Não Deixe de Alimentar”
Lana Del Rey – “High by the Beach”
Carly Rae Jepsen – “Run Away With Me”
Ryan Adams – “Style”
Siba – “O Inimigo Dorme”
Tulipa Ruiz – “Oldboy”
Wilco – “Pickled Ginger”