Robocop – O Policial do Futuro

, por Alexandre Matias

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Robocop – O Policial do Futuro (Robocop, 1987, EUA). Dir: Paul Verhoeven. Elenco: Peter Weller, Nancy Allen, Kurkwood Smith. 102 min. Por que ver: Parece um típico filme de ação dos anos 80, mas é muito mais do que apenas isso – apesar de não desapontar (longe disso) quem gosta de filme de ação. É o segundo filme feito nos EUA pelo diretor holandês Verhoeven, que entendeu a fórmula blockbuster e passou a usá-la como contra-ironia para cima dos americanos a partir deste Robocop. A premissa é simples e eficaz: um policial pai de família é assassinado por traficantes de drogas e seus restos mortais são usados como base para um novo projeto de sua corporação, o meganha ciborgue que batiza o filme. Por trás de uma equação óbvia (inserir o elemento robô no tema guerra de gangues, recorrente nos anos 80), há um subtexto bem menos simplista que é a crítica à política neoliberal de Ronald Reagan – o projeto Robocop é apresentado pela multinacional OCP, que comprou a polícia privatizada de Detroit e pretende transformar o centro da cidade em uma terra de ninguém, para depois reconstruí-lo como uma nova metrópole, o condomínio fechado em escala macro. O diretor iria além em sua crítica ao capitalismo americano em filmes como O Vingador do Futuro, Tropas Estelares, Instinto Selvagem e, em última instância, a bomba Showgirls. Fique atento: O humor cínico de Verhoeven rouba dos quadrinhos de Frank Miller a idéia do narrador da história ser um telejornal, que intercala notícias de um futuro bizarro com (ótimos) comerciais de produtos do futuro ainda mais improváveis. É ele quem dá o tom do filme – observando-o como linha-mestra faz com que sua ironia se sobressaia e toda a história ganhe um aspecto de caricatura. Tudo é motivo de riso involuntário, sublinha o diretor.