Roberta Flack (1937-2025)

, por Alexandre Matias

Uma das vozes mais deslumbrantes da música estadunidense encantou-se nesta segunda-feira, quando Roberta Flack despediu-se deste plano aos 88 anos. Filha de pais pianistas, ela começou sua carreira no final dos anos 60 e aos poucos foi conseguindo, pelas brechas, espaço em shows e no mercado fonográfico. Mas sua entrada definitiva no mercado veio a Clint Eastwood, que escolheu a regravação que Flack havia feito para “The First Time Ever I Saw Your Face” em 1970 como música-tema de seu primeiro filme como diretor, Perversa Paixão, de 1971. A escolha transformou a música na canção mais tocada nos Estados Unidos em 1972 e lhe rendeu um Grammy de melhor gravação naquele mesmo ano. No ano seguinte iniciou a parceria com o amigo cantor, compositor e pianista Donny Hathaway, com quem emplacou hits em diferentes momentos de suas carreiras, incluindo dois discos em dupla, até a morte do amigo em 1979. Antes disso emplacou mais um hit solo, música tornou-se sua assinatura musical, “Killing Me Softly with His Song”, que lhe rendeu dois Grammys em 1974 e tornou o disco Killing Me Softly seu disco mais vendido da vida. Voz macia e potente ao mesmo tempo, ela levava a soul music para um lado épico e dramático característico do braço “quiet storm” do gênero, que criou uma escola de artistas que domina o atual R&B. De Lauryn Hill a Michael Jackson, passando por Anita Baker, Jill Scott, Erykah Badu, D’Angelo, Ariana Grande, Mary J. Blige, Maxwell, Whitney Houston, Mariah Carey, Sade, John Legend, Janet Jackson, Rihanna e Beyoncé – artistas que formam o panteão da música negra moderna norte-americana são infuenciados diretamente por sua importância – ela cujo nome do meio (“Cleopatra”) deixa clara sua própria majestade. Morreu cercada pela família e a causa de sua morte não foi revelada.

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