Recuperando reportagens que fiz para outros veículos no passado para cá, eis a matéria que escrevi para a revista da UBC sobre o conceito de mercado midstream, área entre o underground e mainstream que foi devastada pela pandemia e que tenta recuperar-se neste novo momento.
Chegou o grande dia! Nesta quinta e sexta-feiras, estreamos o espetáculo Professor Duprat no Sesc Pompéia – o primeiro show é quinta, 6, às 21h, e o segundo na sexta, 7, às 18h. Abaixo você ouve a entrevista que eu, o Arthur Decloedt e o Charles Tixier, que assinamos a direção artística do projeto, demos para a Roberta Martinelli em seu programa Som a Pino, na terça passada.
https://soundcloud.com/trabalhosujo/som-a-pino-professor-duprat
O coletivo-selo Risco, que gira ao redor do estúdio Canoa, no Sumaré, em São Paulo, vem aos poucos comendo pelas beiradas e depois de conseguir estabelecer parte de seu elenco entre os novos nomes da música brasileira, resolveu lançar um disco-manifesto, reunindo os grupos que lançou em uma só coletânea. Risco #01 será lançada no próximo dia 19, uma quinta-feira, no Centro Cultural São Paulo, com apresentações das oito bandas que fazem parte do selo, pois a proposta da coletânea é justamente colocar bandas como O Terno, Charlie e os Marretas, Luiza Lian, Mustache e os Apaches, entre outros, tocando músicas uns dos outros. O disco estará à venda no show (que é de graça, mais informações aqui) e estará disponível em streaming a partir desta quinta-feira, dia 12, na conta do Soundcloud do selo. Conversei com o Guilherme Giraldi, que é um dos sócios do selo (o outro é seu xará Gui Jesus, dono do estúdio Canoa) e também faz parte do Charlie & Os Marretas e ele me adiantou um trecho das gravações em vídeo e a capa da coletânea, em primeira mão.
Conta a história do Risco.
O Risco nasceu em 2013 como um coletivo de bandas e artistas que já se associavam de diversas maneiras, seja dividindo o palco num show, compartilhando integrantes entre si ou na relação cotidiana de parceria e amizade. Fazem parte desde a fundação do selo: O Terno, Charlie e os Marretas, Memórias de um Caramujo, Luiza Lian, Grand Bazaar, Mojo Workers, Caio Falcão e um Bando e Noite Torta. Além disso, tiveram como ponto importante de convergência o Estúdio Canoa, do meu sócio Gui Jesus Toledo, aonde gravaram e mixaram a grande maioria dos seus discos.
A ideia do selo, partiu de mim e do Jesus. Propusemos para as bandas de prensar os discos em vinil e rachar os custos e lucros. O vinil sempre foi um formato que agradou muito a todos nós, tanto pela pela sua parte estética, visual, tanto pelo seu ritual de escuta. Em 2014, lançamos d’O Terno seus dois discos e o compacto “Tic Tac/Harmonium”, o disco do Charlie e os Marretas e o “Cheio de Gente” do Memórias de um Caramujo.
Em 2015, tivemos outros os lançamentos, estes em CD, dos álbuns de estréia da Luiza Lian e do Caio Falcão e um Bando, e a entrada dos Mustache e os Apaches com o disco “Time is monkey” e do Música de Selvagem no selo.
O Risco é só um selo? O que é um selo de discos hoje em dia?
O Risco surge lá atrás como um coletivo e selo de vinis. Depois de um certo tempo compreendendo melhor nosso mercado com um todo, as necessidades do selo como negócio, as demandas que surgiam dos artistas e as vontades artísticas de todos nós, sentimos que deveríamos expandir nossas atividades.
Sobreviver como um selo de discos no mercado independente brasileiro é muito complicado. Mesmo com o boom do vinil, o mercado físico só veem caindo e o digital ainda é uma microrreceita. Por isso tivemos abrir a cabeça para as novas e velhas possibilidades de atuação dentro do mercado da música e ver aonde realmente gostaríamos de agir. Um trabalho que já vem sendo realizado, por exemplo, é o de produção e agenciamento, que é um dos grandes gargalos da nossa cena. Atuamos com dois artistas do selo, Charlie e os Marretas e Luiza Lian.
Atualmente, enxergamos o RISCO como uma plataforma de suporte na cadeia criativa e produtiva do nosso elenco. Temos que compreender toda essa cadeia e atuar no caso de cada artista de uma forma específica, pois cada um está num momento diferente da sua carreira, tem um público específico, e mesmo estando numa mesma cena, tem demandas diferentes.
Portanto, acredito que no século 21 os selos continuam com a missão de fomentar e difundir o trabalho dos artistas que compõe seu elenco, mas com uma estrutura flexível e atuação vinculada não somente no mercado fonográfico, com foco na venda de discos, mas também nas diversas áreas do ecossistema da música como o show business e o direito autoral.
Conta como surgiu a ideia deste novo disco?
Alguém – sinceramente não me lembro quem – numa das primeiras reuniões que fizemos com todxs xs músicxs do Risco, soltou “seria muito louco que as bandas gravassem versões umas das outras! Imagina os Mojo tocando Marretas que doidera!”. Geral curtiu e a ideia ficou. Depois de muito tempo tivemos uma reunião na Red Bull Station, apresentamos essa ideia doida, eles animaram e ai surge o disco.
E que mais vocês têm de planos para 2016?
Esse ano é bem importante para a gente pois estamos expandindo nosso negócio e temos muitos lançamentos, como os álbuns do Grand Bazaar, Música de Selvagem, Charlie e os Marretas, O Terno; o EP da Luiza Lian; e ainda temos o lançamento de um novo projeto chamado Mawu.