A acusação? Tava usando máscara!
Mundos se chocam quando Caetano Veloso resolveu comentar os protestos contra o governador Sérgio Cabral no Rio de Janeiro em sua coluna n’O Globo deste domingo. No meio de um comentário sobre a estética dos Mídia Ninja (Caetano, né?), ele joga os olhos pra cima do Rafucko:
Na verdade, Arto me enviou três links: dois da Mídia Ninja (suponho: o segundo se chamava ninja2) e um do Black Bloc. Este no Twitter. Havia uma série de posts criticando a polícia, ridicularizando o governador, atacando a imprensa — sobretudo a TV Globo — e estimulando os eventuais leitores a protestar na chegada do Papa. As imagens da ninja1 eram puro expressionismo abstrato, com fragmentos sucessivos de objetos inidentificáveis captados em meio a algum movimento — embora o som fosse claro e inteligível. A pessoa que segurava a câmera comentava o que via. A truculência da polícia, sua covardia, era sublinhada. Fui para a ninja2. A imagem era mil vezes melhor. O câmera-narrador também frisava que a polícia atacara sem muita razão para isso. Era bastante bonito porque o jeito desse narrador era o de um partícipe, não o de um repórter externo ao ato ou isento. Sentia-se o gosto da aventura. Tudo muito juvenil. Ao lado das imagens corriam posts curtos com perguntas, encorajamentos e observações. “Bombinha de São João. Nada comparado às bombas deles”. Uma moça se aproxima e diz, emocionada: “prenderam o Rafuco”. Ao que o câmera e seus próximos reagem com preocupação. Logo vejo nos posts que o nome se escreve Rafucko: todas as pessoas que postam o conhecem. Uma se oferece para consolá-lo. Imagino que seja o Cohn-Bendit de 2013. Todos decidem ir para a 14ª DP, para onde Rafucko tinha sido levado. Na porta, em meio à confusão, um pai que veio buscar o filho que fora preso diz que há manipulação política e que Garotinho está por trás da incitação à baderna. Ligo a TV e vejo o contraponto na GloboNews. No Panamá, armamento pesado (e antiquado) foi encontrado em navio norte-coreano vindo de Cuba. Depois acho o Rafucko na web. Muito engraçado e muito legal. No link do Black Bloc vejo um vídeo do cara “viciado em manifestação”. Uma amiga (ou irmã) tenta libertá-lo da compulsão com gás lacrimogêneo numa bombinha para mantê-lo em casa. Ele repete slogans.
E assim, numa canetada, um humorista de internet torna-se o equivalente à face pública dos acontecimentos de maio de 1968 em Paris – mesmo que seja só ironia, é forçar a barra. Afinal, tudo que Rafucko fez foi ser preso durante um protesto – e usar sua pequena fama online para denunciar isso:
Cuidado Rafucko, senão já já você vira tema de canção…
Eis o clipe novo da música do Bo$$ in Drama com a Karol Conká (já fiz minhas considerações sobre a faixa) e a novidade que ele traz é a conexão do produtor com o Rio de Janeiro – o clipe é dirigido pelo Rabu Gonzalez, conta com a participação do Bonde das Bonecas e foi todo filmado no morro do Vidigal. E o Papel Pop cravou que o próximo disco do Péricles ainda terá a participação de ninguém menos que Mr. Catra…
Aproveitando o clima de protestos no Brasil, o Instituto Moreira Salles desenterrou os registros que o fotógrafo norte-americano, recém-chegado ao país, fez da enorme passeata contra a ditadura militar no Rio de Janeiro, que aconteceu no dia 26 de junho de 1968. Dá pra encontrar alguns velhos conhecidos aí no meio…
O Michel fez esse vídeo em cima das fotos que ele fez no protesto que aconteceu no Rio…
…e a Babee citou um vídeo bem didático para esses dias:
…além de outras dicas importantes, veja lá.
Essa parte acima é só a primeira página do setlist do show da banda nesta quinta-feira, twittada pelo Globo. A lista completa, disponibilizada pelo Midiorama, segue abaixo:
Ramon mandou bem ao propor essa justaposição.