O arquiteto e ilustrador italiano Federico Babina reuniu suas duas paixões a uma terceira – o cinema – e criou essas casas fictícias pra vários diretores clássicos num projeto chamado Archidirector:
A máquina de hype de The Martian, o novo filme de Ridley Scott, foi ligada nesta semana e eu falei mais sobre o livro que inspirou o filme, o retorno do diretor à ficção científica e a tendência de Hollywood de falar sobre o espaço sideral lá no meu blog do UOL.
Não bastasse Ridley Scott revisitar os próprios clássicos a ponto de forjar um prequel pra Alien e cogitar uma continuação para Blade Runner, agora ele começa a avançar sobre os clássicos alheios.
É o que diz o site SlashFilm, que confirmou a produção do diretor junto ao canal SyFy para transformar o livro 3001 – A Odisséia Final, de Arthur C. Clarke, em um seriado de TV. Sim, Ridley Scott invadirá a mitologia de Kubrick em busca de audiência para a televisão. O livro é o quarto volume que Arthur C. Clarke dedicou à odisséia que começou em 2001, continuou em 2010 e esticou-se até 2061. No quarto livro da série, vamos mil anos além do encontro da humanidade com o enigmático obelisco espacial e o reencontro com o astronauta Frank Poole, tido como morto desde então. A descrição do universo deste livro, via Wikipedia, dá margem para muita superprodução:
Algumas de suas características notáveis incluem o BrainCap, uma tecnologia de interface cérebro-computador; dinossauros-servos geneticamente construídos; um porto espacial e quatro gigantescos elevadores espaciais localizados uniformemente ao redor da linha do Equador. Os seres humanos também colonizaram as luas de Júpiter Ganímedes e Calisto. TMA-1, o monolito negro encontrado na Lua em 1999, foi trazido para a Terra em 2006 e instalado em frente ao prédio das Nações Unidas em Nova York.
Agora se isso é bom ou ruim…
Ridley Scott vai ampliando seus delírios épicos cada vez mais – a novidade de 2014 é o grandioso Exodus – Gods and Kings (será que vão traduzir como Êxodo ou vão deixar o título no original?). É a velha história do profeta Moisés, desta vez vivido por Christian Bale, transformada numa história de resistência, luta e gritos de guerras, como podemos ver no trailer que acabou de ser lançado:
Não tenho nenhuma dúvida de que o nível de breguice de Gladiador, do mesmo diretor, será ultrapassado com louvor, atingindo níveis de vergonha alheia que o trailer parece antecipar – à exceção da cena das tábuas dos dez mandamentos, que só deve aparecer no filme (será que Ridley Scott filmou o encontro de Moisés com Deus?). Mas há outro subtexto nessa produção – ao contrário dos filmes recentes de Scott, que celebram a Pax Americana dos anos Bush, este filme pode ter leituras diferentes no Oriente Médio, em todos os países árabes e na Ásia Central. Esse sim vai ser o impacto desse filme: político, não estético.
Escrevi sobre o novo filme de Ridley Scott, o aguardado Prometheus, na edição desta semana do Divirta-se – e dividi a crítica em dois formatos: para quem já sabe sobre o que é o filme e para quem não sabe nada. Vá na fé:
Sem alarme, sem surpresas
Longa busca o sentido da vida e marca o retorno de Ridley Scott (de ‘Alien’) à ficção-científica
Prometheus, o filme de Ridley Scott que estreia hoje no Brasil, vem sendo festejado como a grande volta do diretor à ficção científica, tema que lhe revelou ao grande público graças aos filmes ‘Alien – O Oitavo Passageiro’ (1979) e ‘Blade Runner – O Caçador de Androides’ (1982). O primeiro, ‘Alien’, não foi um fenômeno de bilheteria, mas cresceu à medida em que o filme virou uma franquia que se estabeleceu por consolidar o trabalho de novos diretores (James Cameron, David Fincher e Jean-Pierre Jeunet). Já ‘Blade Runner’ foi responsável por criar o conceito de filme cult, ao superar o fracasso de bilheteria graças ao sucesso nas locadoras e na TV a cabo.
Os tempos também eram outros para a ficção científica, que, mesmo atravessando uma boa fase nos anos 80, nem de longe passou pelo auge da última década. O próprio Ridley Scott mudou e bastante – deixou temas específicos e ousados por filmes épicos de temas convencionais ao cinema.
Por isso, há um excesso de expectativa em relação a ‘Prometheus’, que narra a história de uma expedição espacial rumo a um planeta que poderia explicar a origem da humanidade.
Junte estes fatores citados ao fato que a produção foi revelando, aos poucos e desde o início do ano, uma série de pistas sobre o tema do filme e temos o dilema do fim de semana: assistir a ‘Prometheus’ com muita ou nenhuma expectativa? Optamos pelos dois caminhos. Veja a seguir.
Expectativa alta = decepção
Se você não sabe nada sobre a história de ‘Prometheus’, pare de ler este texto e vá para a coluna abaixo. Mas se você acompanhou os trailers, a especulação online, leu as primeiras resenhas que apareceram no exterior, assistiu ao TED falso com Guy Pearce e foi juntando diferentes peças que a produção revelou aos poucos, já deve saber que o filme funciona como uma introdução ao universo de ‘Alien’. Não conta como exatamente o monstro foi parar na nave do primeiro filme, e sim como aconteceu o primeiro contato entre a nossa espécie e a deles. E isso não é contado de forma casual como no primeiro filme, que basicamente narrava um problema com um cargueiro espacial.
Em ‘Prometheus’, a premissa é grandiosa, busca o sentido da vida e ganha dimensões desproporcionais – mas a história não acompanha a forma. Por isso, o que vemos é um ‘Alien’ superproduzido com rigor e zelo, mas sem oapelo sombrio e tétrico do primeiro filme. E, assim, decepciona.
Expectativa baixa = diversão
Se você não sabe nada sobre ‘Prometheus’, certifique-se que entrará assim mesmo na sala de cinema. Sem saber de nenhuma premissa anterior, é possível admirar uma história que tem altas aspirações e que é muito bem executada. O apuro estético justifica o ingresso: a direção é segura, ainda que convencional, os efeitos especiais são incríveis, o som é notável e a direção de arte talvez seja o grande trunfo do filme.
O elenco é OK: Michael Fassbender é sempre competente, Charlize Theron está bem como antagonista da tripulação e o resto dos atores não chega a comprometer, embora não tenham nenhum brilho. O que nos deixa com a história, que caminha sobre a temática de Erich von Däniken (do clássico ‘Eram os Deuses Astronautas?’) e da série ‘Ancient Aliens’, do History Channel, mas logo descamba para a tensão de um filme de horror B.
E é aí que‘Prometheus’funciona: tem o roteiro de um filme de baixo orçamento mas é filmado como uma superprodução. Não chega a ser bom, mas também não é ruim. Ao menos diverte.
Alguém já soltou o infame mas inevitável “Prometheus promete!”? Então pronto.
Esse Midnight Marauder recria pôsteres de filmes como se eles fossem relançamentos da Criterion. Tem muito mais remixes de cartazes aí embaixo e outros tantos lá no site original.
Eu tou falando…
A impressão que eu tenho é que já começamos a assistir ao novo filme de Ridley Scott a partir do trailer… Olha esse novo…
Lembra do Prometheus, filme que o Ridley Scott tá fazendo com o Damon Lindelof? Desde que as primeiras notícias sobre o filme surgiram, tem rolado uma especulação pesada que o filme seria um prequel da saga Alien, que Scott lançou em 1979. A boataria, na verdade, se baseava primeiro, claro, no fato de Scott ser o diretor dos dois filmes. E também pelo fato da forma como o título do filme era apresentado no trailer. Compara o trailer do filme desse ano…
…com o de 1979.
Eis que hoje o próprio Damon twitta o primeiro viral do filme, que é nada menos que um TED (no site do TED) apresentado por um certo Peter Weyland em 2023. Ei-lo:
O sobrenome do megalomaníaco vivido por Guy Pearce é conhecido dos fãs da série – afinal é a empresa Weyland-Yutani que é dona da Nostromo, a trágica nave-palco do primeiro filme. E há ainda a especulação sobre Prometheus explicar o tal do “space jockey” encontrado no filme de 79.
O filme promete! Dica do Ramon.