E com prazer recebemos durante as segundas-feiras de outubro o grande cantor e compositor Pélico, que depois de uma temporada no exterior, começa a preparar sua volta aos palcos e aos discos, lentamente preparando um próximo álbun à medida em que volta a sentir a pulsação do momento. E ao propor a temporada Cá com Meus Botões, ele volta-se para si mesmo, como o título deixa claro, para, a cada segunda-feira, visitar um trecho de sua carreira com diferentes formações. Na primeira segunda, dia 7, ele vem acompanhado do tecladista Pedro Regada, para depois, no dia 14, visitar um repertório de canções que canta em casa acompanhado do violão de Kaneo Ramos: violão. No dia 21 ele vem escudado pelo compadre Regis Damasceno, que toca guitarra, violão e o acompanha nos vocais, e do cello tocado por Thiago Faria, para revisitar velhas canções nesta nova formação. E encerra a temporada no dia 28, acompanhado de sua atual banda (formada por Regis Damasceno, Pedro Regada, Jesus Sanchez no baixo e Richard Ribeiro na bateria), quando começa a mostrar sua produção atual. Os espetáculos começam pontualmente sempre às 20h e os ingressos estão à venda na bilheteria e no site do Centro da Terra.
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Maravilha o show que Cacá Machado fez nesta quarta-feira no auditório do Sesc Pinheiros, dando continuidade ao trabalho que vinha fazendo com a banda formada no ano passado (e que banda! Allen Alencar na guitarra, Marcelo Cabral no baixo e Richard Ribeiro na bateria) ao mesmo tempo em que unia forças à voz da cantora Anaïs Sylla. Equilibrando o repertório de seus dois discos com composições recentes, a apresentação tomou o clássico de Paulinho da Viola “Roendo as Unhas” como ponto de partida, experimentando possibilidades improváveis a partir de uma base tradicional de música brasileira. Ao redor de Cacá, o trio de músicos explorava possibilidades entre o ruído e a melodia, Allen fazendo sua guitarra rugir ou gorjear dependendo da situação, Cabral entre o baixo elétrico, o synth bass e alguns pedais para distorcer bases nada previsíveis e Richard passeando pelas peças da bateria com pulso firme ou mão leve, de acordo com o clima que a música exigia, enquanto Cacá tocava uma guitarra elétrica em vez do sempre presente violão de nylon, deixando boa parte dos vocais a cargo da voz doce e sinuosa de Anaïs. Foi minha estreia na direção artística com o músico e compositor paulistano e um show em que palpitei pouco justamente para valorizar a base que Cacá já vinha armando desde que voltamos à vida nos palcos.
Enorme satisfação de anunciar que oficializo, a partir desta quarta-feira, o trabalho de direção artística da carreira do compadre Cacá Machado, quando ele apresenta-se no show Roendo as Unhas, no auditório do Sesc Pinheiros a partir das 20h. Músico e compositor estabelecido, ele também é um dos principais intelectuais que falam sobre música brasileira, atuando como coordenador do departamento de cultura da Unicamp, e começa a pensar o que poderá ser seu terceiro disco, depois dos ótimos Eslavosamba (2013) e Sibilina (2018). Para isso, montou uma banda afiadíssima com quem já vem tocando desde o ano passado, que conta com os grandes Allen Alencar nas guitarras, Marcelo Cabral no baixo e Richard Ribeiro na bateria, além de iniciar uma parceria com a maravilhosa cantora franco-senegalesa Anaïs Sylla. “O título do show vem da música que escolhi para abri-lo, o clássico de 1972 de Paulinho da Viola, que talvez seja seu samba mais paulistano por não se restringir ao gênero samba”, explica Cacá. “É uma composição ao mesmo tempo com espírito vanguardista e fincada na tradição e, de certo modo, é uma inspiração para a poética do meu trabalho como compositor.” Os ingressos estão à venda neste link.
E quase no fim da programação de 2022 no Centro da Terra, convidei o grande Romulo Fróes para mostrar mais uma encarnação que faz do clássico Transa, de Caetano Veloso, que completa 50 anos neste 2022. Sempre bem acompanhado – Rodrigo Campos no cavaquinho, Guilherme Held na guitarra, Marcelo Cabral no baixo e Décio 7 e Richard Ribeiro nas baterias (sim, duas baterias!) -, ele nos conduz mais uma vez neste disco-chave não apenas para a carreira de um dos maiores nomes de nossa cultura, mas também para nossa música, quando, ainda exilado na Inglaterra, o cantor e compositor baiano mergulhou no DNA de nossa música para apontar seu futuro. Meio século depois, o Transa 50 de Romulo Fróes confirma algumas daquelas previsões ao mesmo tempo em que abre novos rumos para ideias seculares sobre a natureza de nosso país. Ainda mais fechando um ano como esse… O espetáculo começa pontualmente às 20h e ainda tem ingressos à venda neste link, embora estejam quase no fim…
Como já é tradição, no último mês do ano o Centro da Terra conta apenas com uma semana de programação antes de encerrar suas atividades. Originalmente teríamos três apresentações nesta última semana de 2022, mas como uma delas coincidia com o fim de um jogo do Brasil na Copa do Mundo, abrimos mão da segunda-feira para focarmos em duas datas: na primeira terça-feira do mês Romulo Fróes traz para o teatro do Sumaré a versão que fez para um dos discos mais clássicos da música brasileira, o Transa de Caetano Veloso que completa meio século de idade neste ano que chega ao fim. Ao seu lado, os suspeitos de sempre, Rodrigo Campos, Guilherme Held, Richard Ribeiro, Décio 7 e Marcelo Cabral ajudam-no a levar o disco para ambientes sonoros improváveis e ao mesmo tempo próximos da atmosfera original do disco. E na quarta-feira, Kiko Dinucci encerra as atividades do ano convidando a cantora Marcela Lucatelli e a baterista Alana Ananias para uma noite de improviso livre – e você sabe como são estas noites no Centro da Terra… Os ingressos já estão à venda neste link e correm o risco de acabar rapidinho, não dê mole!
O laboratório Segundamente parte para um novo tipo de experimento ao apresentar a sessão Sem Palavras, dedicadas a trabalhos instrumentais de diferentes artistas, que tomarão as segundas-feiras de junho no Centro da Terra. São quatro apresentações que captam o ótimo momento da cena em São Paulo – e no Brasil. Para esta primeira sessão serão quatro shows diferentes com artistas que expandem os limites desta cena para diferentes lugares. A primeira segunda-feira, dia 4, é de improviso livre com os músicos Victor Vieira-Branco, Mariá Portugal, Arthur DeCloedt e Thomas Rohrer. Na segunda segunda-feira temos a colisão do jazz com o rock do grupo Vruumm, no dia 11. No dia 18 é a vez do projeto Solaris, incursão individual do vibrafonista e baterista Richard Ribeiro. E o mês termina com o grupo Música de Selvagem, dia 25, tocando músicas de seu novo disco, Volume Único – e é a única noite que deve contar com vocais, do músico Sessa, convidado pelo grupo. As apresentações começam sempre às 20h (mais informações no site do Centro da Terra) e eu conversei com os responsáveis por cada noite para saber o que podemos esperar deste novo formato do Segundamente.
Rohrer + Decloedt + Portugal + Vieira-Branco, por Victor Vieira-Branco
https://soundcloud.com/trabalhosujo/sem-palavras-2018-rohrer-decloedt-portugal-vieira-branco
Vruumm, por Anderson Quevedo
https://soundcloud.com/trabalhosujo/sem-palavras-2018-vruumm
Solaris, por Richard Ribeiro
https://soundcloud.com/trabalhosujo/sem-palavras-2018-solaris
Música de Selvagem, por Arthur DeCloedt
https://soundcloud.com/trabalhosujo/sem-palavras-2018-musica-de-selvagem
Richard Ribeiro talvez seja um dos bateristas mais presentes na atual cena musical brasileira – já passou pela formação de bandas que acompanharam Karina Buhr, Marcelo Jeneci, Gui Amabis, Marcelo Camelo, Dudu Tsuda, Pélico, Tulipa, Guizado, além de ter trabalhado com nomes como Maurício Takara, Chankas e Rob Mazurek. Mas além de acompanhar o trabalho de outros músicos, ele também tem seu projeto autoral, o Porto, que lança hoje seu segundo disco em um show na Serralheria, em São Paulo. Richard toca bateria e vibrafone e dispara uns samples, enquanto Regis Damasceno, guitarrista do Cidadão Instigado e outra metade do Porto, segura nas seis cordas – e o som é instrumental, psicodélico e com doses precisas de tensão e lirismo, levando o tal do pós-rock para outras paisagens. Odradek, o novo álbum, está disponível para download e pode ser ouvido na página da dupla no Bandcamp. Pedi para ele descolar uma música para o Soundcloud e falar um pouco sobre a escolha – e depois de dizer “fudeu!”, ele explicou que “cada música mostra um pouco o que é o Porto e que é difícil uma só representar o trabalho todo. Algumas são mais intensas, outras mais contemplativas, outras sombrias, há trechos mais abstratos e caóticos também”, mas como ele precisava escolher, sugeriu a faixa que abre o disco, “Capetinja”: “Acho que é a música que capta de uma maneira mais direta algumas coisas que falei”.
Mas Richard também sugere que assistamos ao vídeo de “Mesmo que os amantes se percam, continuará o amor”, resumindo o Porto como “canções sem letras, mas que vêm do coração, com um pouquinho de psicodelia e amor”. Saca só aí embaixo: