17 de 2017: 14) Rock in Rio

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Meu quarto Rock in Rio, não tão intenso quanto o primeiro, não tão empolgante quanto o de Las Vegas, mas sem dúvida uma experiência e tanto – principalmente por já conhecer a lógica e as artimanhas do festival e, claro, por finalmente conseguir assistir ao Who ao vivo.

17 de 2017: 15) Lee Ranaldo

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Pude ver dois shows e conhecer melhor um dos fundadores de minhas bandas favoritas – e, mais que isso, produzir um show do cientista louco do Sonic Youth no CCSP, misturando satisfação pessoal e profissional numa noite mágica. Foi o oitavo show solo do Lee Ranaldo que assisti (sem contar os seis shows que vi com sua antiga banda), o entrevistei em minha cidade-natal e, maravilhado, ouvi-lo dizer que a volta do Sonic Youth não é impossível.

17 de 2017: 16) Bicho de 4 Cabeças

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O encontro da quatro principais bandas independentes de São Paulo foi sem dúvida meu salto mais ousado na curadoria do CCSP este ano. E quando Hurtmold, Bixiga 70, Rakta e Metá Metá estavam todos juntos tocando ao mesmo tempo eu tive a certeza de que tudo é possível. Melhor show nacional que vi este ano – o ano que mais vi shows na vida.

17 de 2017: 1) Curador

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2017 foi um ano de auto-análise, de autoconhecimento, de olhar para dentro para saber o que queremos do lado de fora. Enquanto 2016 foi uma porrada inesperada (entre outras coisas engrossei a estatística dos divórcios daquele ano), 2017 foi um ano de cultivo, de introspecção e de escolhas. E o fato de ter me tornado curador de música de duas instituições distintas ajudaram bastante nesse processo. Já havia sido curador de músicas em três situações diferentes (do Prata da Casa do Sesc Pompeia em 2012, do Festival da Cultura Inglesa em 2012 e 2013 e do Circuito Cultural Paulista em 2015), mas nos três casos entrei em projetos já existentes e obedeci a regras pré-estabelecidas. O que um amigo meu das artes plásticas dizia que pouco tinha a ver com curadoria: “isso é programação, curador é o cara que criou o Prata da Casa e disse que todo ano alguém iria escolher os artistas daquela vez”, me provocava. E foi com essa provocação que atravessei 2016, bolando qual seria a forma de transformar a programação musical do Centro da Terra, curadoria que aceitei no decorrer do ano passado, de forma que o local não simplesmente recebesse shows já existentes. E quando o Cadão me chamou para ser curador do Centro Cultural São Paulo, no início de 2017, aquela provocação já havia cristalizado e eu sabia que deveria fazer mais que simplesmente escolher ou definir artistas e shows para aquele lugar mágico – cuja magia me fez aceitar instantaneamente o convite. Elencar shows que não existiam e provocar artistas a bolar apresentações inéditas fizeram parte deste processo de auto-análise que me ajudou a atravessar 2017 com a cabeça erguida. A etimologia da palavra “curadoria” é a mesma do verbo “cuidar” e esse cuidado em relação à produção musical brasileira atual me ajudou a entender meu próprio espaço nesse contexto – e a vislumbrar um futuro bem mais interessante que o que havia projetado para mim mesmo até agora. 2017 foi ano dos meus 42 verões, aquele número que Douglas Adams disse que era a resposta para a pergunta sobre o sentido da vida. E foi crucial aceitar esse novo sentido para minha jornada neste planeta.

17 de 2017: 17) Doce surpresa

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E quando o ano parecia terminar com chave de ouro, um acontecimento mudou tudo. Uma surpresa e tanto que veio coroar todo o período de autoconhecimento que atravessei nestes doze meses e que certamente mudou minha vida. Quando você menos espera, a vida pode te surpreender. Nunca esqueça disso – e só melhora! Feliz 2018!

17 de 2017: 2) Cultura do Vinil

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O primeiro projeto que bolei no Centro Cultural São Paulo foi o fim de semana Cultura do Vinil, que criei ao lado dos comparsas da Patuá Discos, Paulão, Peba e Ramiro, três dos principais conhecedores desta cultura, ambos velhos companheiros de outros carnavais. Cultura do Vinil reuniu bambas de diferentes eras para tratar deste suporte mágico que felizmente voltou a circular para a maioria das pessoas. A sociedade secreta do disco preto reunia nomes como o mítico Seu Osvaldo (o primeiro DJ do Brasil) e o ás Erick Jay (então vencedor mundial do campeonato DMC e DJ do programa Manos e Minas), passando pelo mestre Arthur Joly, o fera Rodrigo Gorky, o grande Edson Carvalho (da Batuque Discos), DJ Nuts (que dispensa apresentações), o coletivo Vinil é Arte, MZK e Marcio Cecci homenageando o querido Don KB (que havia falecido no início do ano), entre outros. Foi o primeiro projeto que assinei no Centro Cultural São Paulo e que me ajudou a entender que música naquele espaço era muito mais que simplesmente pautar shows ou pensar em sucessos comerciais.

17 de 2017: 3) Liverpool

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2017 também foi um ano de prestar antigas contas: visitar a terra-natal de meus primeiros ídolos, faróis do meu interesse por música e cultura. O encontro com o velho entreposto comercial britânico que fez John, Paul, George e Ringo quererem sair de sua própria cidade aconteceu na mesma semana em que seu disco mais emblemático completava 50 anos e foi farto material para a introspecção pessoal e reencontro com meus próprios interesses, depois de 42 voltas ao redor do sol. Além de visitar as casas que os quatro cresceram e os míticos Strawberry Fields e Penny Lane, ainda pude me calar ao silêncio literalmente sepulcral (ao lado do túmulo de ninguém menos que Eleanor Rigby) do quintal da igreja em que John viu Paul tocar pela primeira vez e aceitá-lo em sua banda. “Ah look at all the lonely people”, cantei calado para mim mesmo. A viagem também me presenteou com uma visita-relâmpago a Manchester, outra cidade-símbolo da minha formação, o reencontro com a querida Megssa e seu marido Gordon, que ainda contou com um show do Fall de lambuja. Uma semana que me fez renascer.