Refazenda – Gilberto Gil

, por Alexandre Matias

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Isso é a própria história da música popular brasileira que conhecemos por MPB: a festividade da dupla central da Tropicália sendo seriamente abalada pela prisão e posterior exílio na Inglaterra e a brusca transformação de Gil e Caetano em bardos da Bahia. A distância geográfica e emocional de sua terra-natal fez com que ambos atravessassem os anos 70 mergulhando em suas origens, em busca dos “Sugarcane Fields Forever” de suas juventudes. Em 74, Gil volta-se para o campo com ganas de Basement Tapes – desenterra referências caipiras e alinhava ritmos rurais ao mesmo tempo em que começa a lenta reinvenção de sua própria carreira – a fase “Re” (composta por Refazenda, Refavela, Refestança e Realce), em que ele constrói a persona que hoje tira onda de preto velho de terno e gravata: eloqüência, lirismo, percussão como ponto de partida, um violão preciso e uma voz impressionante (“Tenho Sede” é de chorar). Em Refazenda, vemos nascer este novo Gil.