Refavela – Gilberto Gil

, por Alexandre Matias

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A paisagem apresentada é a renovação do cenário da favela, mas, em contraponto ao clima campestre do disco anterior de Gil (Refazenda), Refavela não é apenas um disco de periferia e sim um álbum de ponto de vista urbano, cantando dores e prazeres da vida na cidade grande – mas sem uma visão apocalíptica sobre a inevitabilidade da metrópole, quase sempre vista como caótica e opressora. Não aqui. Gil encara ruas, postes acesos e prédios como criação humana e, portanto, da natureza. Maravilhado com o despertar das consciências nacionais tanto de um movimento negro e quanto da noção de que a miséria do país é onipresente, o baiano usa o violão como guitarra de funk e propõe uma abordagem rítmica sobre a tensão da cidade grande. E assim Gil continua se revendo.