Eis a íntegra do bate-papo que tive com a Joyce do canal Cinemascope no mês passado na segunda sessão do Cine Doppelgänger, quando revisitamos De Olhos Bem Fechados do Kubrick e Rede de Intrigas do Lumet em um sábado de graça na Casa Guilherme de Almeida.
Lembrando que neste sábado, a partir das 11h, acontece a terceira sessão, reunindo os filmes O Bebê de Rosemary e Corra! As inscrições podem ser feitas no site da Casa Guilherme.
Neste sábado temos mais uma sessão do Cine Doppelgänger, que faço junto com a Joyce Pais do Cinemascope, na Casa Guilherme de Almeida: uma sessão dupla de cinema de graça seguida de um debate sobre os pontos em comum entre os dois filmes. Desta vez reunimos os filmes Rede de Intrigas, de Sidney Lumet (de 1976), e De Olhos Bem Fechados, de Stanley Kubrick (1999), dentro do tema A Paranoia por Dentro e falamos sobre teorias de conspiração descortinadas por protagonistas incautos. O primeiro filme, Rede de Intrigas, começa às 11h em ponto e o segundo, De Olhos Bem Fechados, às 14h, para que o debate comece perto das 17h. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas no site da Casa Guilherme (e tem mais informações sobre a sessão aqui). Vamos lá?
Vamos conversar sobre cinema? Finalmente materializo um velho projeto que venho acalentando há anos com a minha querida amiga Joyce Pais, do site Cinemascope, e juntos temos o prazer de apresentar a sessão de debates sobre cinema Cine Doppelgänger, que acontece mensalmente entre julho e dezembro, todo terceiro sábado do mês, na Sala Cinematographos, que fica no Museu Casa Guilherme de Almeida (Rua Cardoso de Almeida, 1943 – Sumaré, São Paulo). A ideia é exibir sempre dois filmes – um escolhido por mim e outro pela Joy – e, no final da exibição, conversar sobre a relação entre os dois. A estreia do Cine Doppelgänger acontece neste sábado com a sessão Los Angeles, Cidade Permitida em que exibimos O Grande Lebowski (às 11h), dos irmãos Coen, e Cidade dos Sonhos (às 14h), de David Lynch, para depois conversar sobre pontos em comum e divergentes sobre a temática dos dois filmes. A inscrição é gratuita, basta entra no site da Casa Guilherme de Almeida.
Segue abaixo a programação completa do Cine Doppelgänger até o final do ano:
Dia 21 de julho: Los Angeles, Cidade Permitida
Os irmãos Coen e David Lynch comentam sobre o mundo de ilusões criado a partir de Hollywood em dois novos clássicos da virada do milênio. Enquanto Cidade dos sonhos mergulha na dicotomia entre a dura realidade e a sétima arte, borrando os limites entre estes dois universos, O grande Lebowski escancara a fábrica de mentiras do mundo do entretenimento da costa oeste norte-americana.
18 de agosto: A Paranoia por Dentro
O último filme de Stanley Kubrick e a obra-prima de Sidney Lumet vão às entranhas das sociedades secretas e dos sistemas de poder para mostrar sua abrangência e escopo, contrapondo-se à pequenez da individualidade humana.
15 de setembro: O Diabo Mora ao Lado
Dois filmes de terror que lidam com o aspecto corriqueiro da maldade, as obras de Polanski e Peele refletem a época de suas produções, levantando questionamentos sobre feminismo e racismo, além de aprofundarem-se no estudo da vileza humana.
20 de outubro: Realidade de Mentira
Em dois documentários falsos, Woody Allen e Orson Welles escancaram a fábrica de ficções que é a sétima arte em duas obras seminais, que já lidavam com os conceitos de pós-verdade e fake news muito antes do século 21.
17 de novembro: Autoria em Xeque
Dois cineastas confrontados por suas obras começam a colocar em questão suas próprias existências como autores. O mitológico 8 e 1/2 de Fellini e o complexo Adaptação de Spike Jonze contrapõem duas crises criativas inversas – a primeira, as motivações por trás do início da criação artística; a segunda, o dilema autoral de trazer uma obra alheia para seu próprio reino criativo.
15 de dezembro: Brasil aos Pedaços
Dois filmes nacionais contemporâneos jogam luzes sinistras sobre este país dividido que nos acostumamos a se referir como um só. Enquanto o primeiro longa de ficção de Kleber Mendonça Filho, O Som ao Redor, espatifa a noção de normalidade ao revelar a rotina complexa e movida pela culpa de um bairro rico no Recife, o primeiro longa da dupla Juliana Rojas e Marco Dutra, Trabalhar Cansa, entra em um microcosmo profissional para se aprofundar nas entranhas de um Brasil farsesco – de modo apavorante.
Esse Midnight Marauder recria pôsteres de filmes como se eles fossem relançamentos da Criterion. Tem muito mais remixes de cartazes aí embaixo e outros tantos lá no site original.
O designer Brandon Schaefer segue uma linha parecida com a do minimalista espanhol Hexagonall – e ambos pertencem a uma cena global de remixadores visuais do inconsciente coletivo que, através do design, relêem o século 20 e o começo deste 21 com perspectivas bem além dos clichês que os cercam. Nessa mesma linha, vale conferir o Supertrunfo de fontes do Face 37, os livros-game de Olly Moss, os filmes de papel do Spacesick, os pôsteres do polonês Grzegorz Domaradzkis, o Tarantino do canadense Ibraheem Youssef, a filosofia pop do Mico Toledo e os super-heróis pulp de Steve Finch. E estes são apenas alguns dos que republiquei por aqui. Há muito mais.
Rede de Intrigas, que filme! Esbarrei com essa cena CLÁSSICA no Lágrima Psicodélica.
Um clássico.
Rever Rede de Intrigas em pleno amanhecer… Inspirador.
“I don’t have to tell you things are bad. Everybody knows things are bad. It’s a depression. Everybody’s out of work or scared of losing their job. The dollar buys a nickel’s worth; banks are going bust; shopkeepers keep a gun under the counter; punks are running wild in the street, and there’s nobody anywhere who seems to know what to do, and there’s no end to it.
We know the air is unfit to breathe and our food is unfit to eat. And we sit watching our TVs while some local newscaster tells us that today we had fifteen homicides and sixty-three violent crimes, as if that’s the way it’s supposed to be!
We all know things are bad — worse than bad — they’re crazy.
It’s like everything everywhere is going crazy, so we don’t go out any more. We sit in the house, and slowly the world we’re living in is getting smaller, and all we say is, “Please, at least leave us alone in our living rooms. Let me have my toaster and my TV and my steel-belted radials, and I won’t say anything. Just leave us alone.”
Well, I’m not going to leave you alone.
I want you to get mad!
I don’t want you to protest. I don’t want you to riot. I don’t want you to write to your Congressman, because I wouldn’t know what to tell you to write. I don’t know what to do about the depression and the inflation and the Russians and the crime in the street.
All I know is that first, you’ve got to get mad.
You’ve gotta say, “I’m a human being, goddammit! My life has value!”
So, I want you to get up now. I want all of you to get up out of your chairs. I want you to get up right now and go to the window, open it, and stick your head out and yell:
“I’M AS MAD AS HELL, AND I’M NOT GOING TO TAKE THIS ANYMORE!”
But first get up out of your chairs, open the window, stick your head out, and yell, and say it:
“I’M AS MAD AS HELL, AND I’M NOT GOING TO TAKE THIS ANYMORE!”
“So, a rich little man with white hair died. What does that got to do with the price of rice, right? And why is that woe to us?
Because you people and 62 million other Americans are listening to me right now. Because less than 3 percent of you people read books. Because less than 15 percent of you read newspapers. Because the only truth you know is what you get over this tube.
Right now, there is a whole, an entire generation that never knew anything that didn’t come out of this tube. This tube is the gospel, the ultimate revelation. This tube can make or break presidents, popes, prime ministers. This tube is the most awesome goddamn force in the whole godless world.
And woe is us if it ever falls into the hands of the wrong people. And that’s why woe is us that Edward George Ruddy died. Because this company is now in the hands of CCA — the Communication Corporation of America. There’s a new Chairman of the Board, a man called Frank Hackett, sitting in Mr. Ruddy’s office on the 20th floor.
And when the 12th largest company in the world controls the most awesome goddamn propaganda force in the whole godless world, who knows what shit will be peddled for truth on this network.
So, you listen to me. Listen to me! Television is not the truth. Television’s a goddamn amusement park. Television is a circus, a carnival, a traveling troupe of acrobats, storytellers, dancers, singers, jugglers, sideshow freaks, lion tamers, and football players. We’re in the boredom-killing business.
So if you want the truth, go to God. Go to your gurus. Go to yourselves, because that’s the only place you’re going to find any real truth. But, man, you’re never gonna get any truth from us.
We’ll tell you anything you wanna hear. We lie like hell. We’ll tell you that Kojak always gets the killer and that nobody ever gets cancer at Archie Bunker’s house. And no matter how much trouble the hero is in, don’t worry. Just look at your watch. At the end of the hour, he’s gonna win.
We’ll tell you any shit you want to hear. We deal in illusions, man. None of it is true!
But you people sit there day after day, night after night, all ages, colors, creeds. We’re all you know. You’re beginning to believe the illusions we’re spinning here. You’re beginning to think that the tube is reality and that your own lives are unreal.
You do whatever the tube tells you. You dress like the tube. You eat like the tube. You raise your children like the tube. You even think like the tube. This is mass madness you maniacs! In God’s name you people are the real thing, WE are the illusion!
So turn off your television sets. Turn them off now. Turn them off right now. Turn them off and leave them off. Turn them off right in the middle of the sentence I am speaking to you now! Turn them off!”
https://www.youtube.com/watch?v=3NN56ODd3Fo
“You have meddled with the primal forces of nature, Mr. Beale, and I won’t have it. You are an old man who thinks in terms of nations and peoples. There are no nations; there are no peoples. There are no Russians. There are no Arabs. There is no third world. There is no west. There is only one holistic system of systems; one vast interwoven, interacting, multivariate multinational dominion of dollars. Petrodollars, electrodollars, reichmarks, rubles, rin, pounds and shekels. It is the international system of currency that determines the totality of life on this planet. That is the natural order of things today. That is the atomic, subatomic and galactic structure of things today. It is the international system of currency that determines the totality of life on this planet. That is the natural order of things. You have meddled with the primal forces of nature, and you will atone! Am I getting through to you, Mr. Beale? You get up on your little twenty-one inch screen and howl about America and Democracy. There is no America. There is no democracy. There is only IBM and ITT and AT &T and Dupont, Dow, Union Carbide and Exxon. Those are the nations of the world today. What do you think the Russians talk about in their councils of state? Karl Marx? They pull out their linear programming charts, statistical decision theories, and minimax solutions and compute the price-cost probabilities of their transactions and investments just like we do. We no longer live in a world of nations and ideologies, Mr. Beale. The world is a college of corporations inexorably determined by the immutable by-laws of business. The world is a business, Mr. Beale! It has been since man crawled out of the slime. And our children will live to see that perfect world in which there is no war or famine, oppression or brutality. One vast and ecumenical holding company for whom all men will work to serve a common profit and in which all men will own a share of stock, all necessities provided, all anxieties tranquilized, all boredom amused. And I have chosen you to preach this evangel”
Updeite 10 de novembro de 2016: Se alguém quiser traduzir, faça-o nos comentários que eu colo a tradução, com os créditos, no post.