Abram alas para o mestre DJ KL Jay exibir suas habilidades na versão brasileira do Boiler Room. Porque ele não é “apenas” o braço musical dos Racionais MCs – é um dos maiores produtores de música do Brasil.
Queria esse set em áudio pra escutar sem precisar de internet. Saca só o tracklist (e tem várias no meio que ele nem listou):
Karol Conka – “Minha Lei”
Sango – “Baile Somebody”
Sophie – “Lemonade (Marginal Men Baile Mix)”
Mv Bill – “Monstrão (SSP Remix)”
Karol Conka part. Tuty – “Olhe-Se”
Rzo – “Voce Ja Sabe”
Chris Brown – “Look At Me Now (Tone Play to Pulse 011)”
Pulse 011 – “Menino Bom”
Sants – “Pilaco Chavoso”
Flora Mattos – “Pretin”
Sango – “Pra Você”
Bro Safari & UFO! – “Drama”
Racionais MC’s – “Da Ponte pra cÁ”
Criolo – “Grajauex”
Trilha Sonora do Gueto – “Um Pião de Vida Loka”
Flora Mattos – “Papo reto”
Pentágono – “Moio”
Marcelo D2 – “Desabafo”
Tropkillaz – “Deixa eu Dizer (Desabafo)”
Koreless – “MTI (TWRK Remix)”
Bro Safari – “The Drop (Cory Enemy Remix)”
SSP – “Fazendo Efeito”
Tropkillaz – “Baby Baby”
Negra Li e Helião – “Exército do Rap”
Pentágono ft Emicida, Max B.O. e Marechal – “Swing”
Luniz – “I Got 5 On It (Whiite x ETC!ETC! Remix)”
Viní – “Bandida”
Negra Li – “Voce Vai Estar Na Minha (Acapella)”
Tropkillaz – “Ice Cream”
Nu World Hustle – “Fresh”
Bubba Sparxx – “Miss New Booty (Instrumental)”
Viní – “Vai (Twerk Remix)”
Kanye West – “Flashing Lights (TWRK Remix)”
Lexxmatiq x Beau di Angelo ft RIghteous – “Squat”
Ciara – “Goodies (DUME Remix)”
Busta Rhymes – “Touch It (MERCY Remix)”
Sage The Gemini – “Gas Pedal (Tropkillaz Remix)”
Pulse 011 – “Me Engana”
Se há algum Panelaço que importa neste domingo, fico com o programa homônimo de João Gordo no YouTube, que recebe, na cozinha, personalidades num talk show vegan (sério). Fico imaginando o Gordo e o Brown assistindo a esse programa em 1985, alguém falando pros dois moleques o que eles iriam estar fazendo em 2015 e não consigo visualizar a cara que eles poderiam fazer. Mas passada a estranheza inicial, o fato é que o Gordo conduz uma bela entrevista com o Brown em que eles falam de temas importantes e pertinentes para o Brasil hoje (inclusive esse em pauta em março deste ano) num tom bem à vontade e falando de diversos assuntos, como reputação, política, hip hop, televisão, São Paulo e infância. E tudo isso “enrolando baseadinhos de tofu” que depois vão ficar com gosto de peixe.
Até vou dar uma olhada nas entrevistas anteriores, porque parece que o Gordo acertou.
Eu falei que esse mês vem coisa…
Wire – “Joust & Jostle”
Madonna – “Living for Love”
Racionais MCs – “Você Me Deve”
Thomas Dolby – “She Blinded Me with Science”
Cidadão Instigado – “Contando Estrelas”
Taylor Swift – “Style”
Will Butler – “Take My Side”
Tame Impala – “Let it Happen”
Grimes – “REALiTi”
Young Guv + Jef Barbara – “Wrong Crowd”
All We Are – “Stone”
Tobias Jesso Jr. – “Leaving LA”
Giancarlo Ruffato – “Estrada da Vida”
Vetiver – “Current Carry”
Toro y Moi – “Yeah Right”
Mais de cinco horas de programa…
Lorde – “Don’t Tell’Em”
Eric Clapton – “For Jack”
Séculos Apaixonados – “Um Totem do Amor Impossível”
Marion Cotillard – “Snapshot in LA”
André Paste + Fepaschoal – “A Calma”
MØ – “Walk This Way (Slowolf Remix)”
Escort – “If You Say So”
Mercúrias – “Desse Jeito”
Say Lou Lou – “Instant Crush”
Hotlane – “Whenever”
Phonat – “Never”
Haim – “My Song 5 (Movement Version)”
Mahmundi – “Sentimento”
Alessandra Leão – “Mofo”
Nação Zumbi – “Defeito Perfeito”
Melody’s Echo Chamer – “Shirim”
David Bowie – “Sue (Or In A Season Of Crime)”
Jungle – “Busy Earning”
AlunaGeorge – “Supernatural”
Black Keys – “Turn Blue”
Jungle – “The Heat”
Pipo Pegoraro – “Aiye”
Todd Terje – “Inspector Norse”
Racionais MCs – “Quanto Vale o Show?”
Tops – “Change of Heart”
Lana Del Rey – “Florida Kilos”
Thiago Pethit – “Romeo”
Angel Olsen – “Stars”
Chet Faker – “1998”
Meghan Trainor – “All About That Bass”
André Paste + Holger – “Cosmos”
Banda do Mar – “Mais Ninguém”
Broken Bells – “After the Disco”
Silva – “Entardecer”
Tops – “Outside”
Thurston Moore – “Forevermore”
Belle & Sebastian – “The Party Line”
Grimes + Blood Diamonds- “Go”
Mr. Twin Sister – “In the House of Yes”
Sants + Estranho + El Mandarim- “Madruga”
Mombojó + Laetitia Sadier – “Summer Long”
Sia – “Chandelier”
Chromeo + Toro Y Moi – “Come Alive (The Magician Remix)”
Banda do Mar – “Me Sinto Ótima”
Damon Albarn – “Everyday Robots”
Criolo + Juçara Marçal – “Fio De Prumo (Padê Onã)”
Flying Lotus + Kendrick Lamar – “Never Catch Me”
Russo Passapusso – “Paraquedas”
Leo Cavalcanti – “Inversão do Mal”
De Leve – “Estalactite”
Mark Ronson + Bruno Mars – “Uptown Funk”
Lana Del Rey – “West Coast (Munk Remix)”
Les Sins + Nate Salman – “Why”
My Magical Glowing Lens – “Dreaming Pool”
Ariana Grande – “Problems (Bo$$ in Drama Remix)”
Kendrick Lamar – “i”
Jungle – “Time”
Michael Jackson + Justin Timberlake – “Love Never Felt So Good”
Mark Ronson + Kevin Parker – “Daffodils”
Metronomy – “Love Letters (Soulwax Remix)”
Bixiga 70 – “100% 13”
Angel Olsen – “Windows”
Nação Zumbi + Marisa Monte – “A Melhor Hora da Praia”
Saint Pepsi – “Fiona Coyne”
Taylor Swift – “Shake it Off”
Lana Del Rey – “Ultraviolence”
Iggy Azalea + Charlie XCX – “Fancy”
Racionais MCs – “Você Me Deve”
Taylor Swift – “Blank Space”
War on Drugs – “Under The Pressure”
Criolo + Tulipa Ruiz – “Cartão de Visita”
Spoon – “Rainy Taxi”
Alvvays – “Archie, Marry Me”
Courtney Barnett – “Avant Gardener”
Juçara Marçal – “Ciranda do Aborto”
Na minha coluna na edição do mês passado da revista Caros Amigos, aproveitei os lançamentos-relâmpago dos discos dos Racionais e do Criolo pra falar da importância e do papel do hip hop na cultura brasileira deste início de século.
Os novos cronistas
Novos discos de Criolo e Racionais MCs reforçam o papel do hip hop na cultura brasileira deste século
Dois dos principais discos lançados no Brasil em 2014 são discos de rap. Por mais distantes que pareçam, tanto o terceiro disco de Criolo (Convoque Seu Buda) quanto o sexto disco de estúdio dos Racionais MCs (Cores e Valores) foram lançados de surpresa em novembro e o impacto de suas chegadas não apenas consolidam seus dois autores como os principais nomes do gênero no Brasil hoje (ao lado de Emicida, de quem falei na coluna da edição passada) como impõe o protagonismo do hip hop ao panteão da atual música brasileira. O rap não é mais um gueto, é um dos gêneros mais populares do Brasil e seus 25 anos de história cacifam seus nomes mais importantes a entrar no panteão de nossa produção cultural.
Surgido no final dos anos 70, o hip hop chegou ao Brasil quase uma década depois de seu nascimento e levou uns pares de anos para estabelecer sua voz. O canto falado sempre foi uma característica particular do vocal brasileiro, do samba de breque ao repente, Jair Rodrigues, Chico Science, Fausto Fawcett e Evandro Mesquita pertencem a um cânone paralelo da música brasileira, que fez o hip hop ser absorvido mais facilmente no país. Afinal, cantar falando ou falar cantando não é estranho à nossa musicalidade.
Como aconteceu em todo o planeta, o rap progrediu como uma força periférica. Criado nos bailes do subúrbio de Nova York como um subproduto da discoteca, em poucos anos a cultura hip hop já tinha ampliado sua influência para além da regra pela diversão e tiração de onda, dos primeiros dias. Três anos após o lançamento do primeiro rap gravado (“Rapper’s Delight”, da Sugar Hill Gang), o gênero já puxava para a temática para além da pista de dança e começava a retratar a crua realidade das ruas com a emblemática “The Message”, de Grandmaster Flash & the Furious Five.
O gueto nova-iorquino espalhou-se para o resto do planeta e em questão de anos o rap já era trilha sonora em comunidades periféricas de grandes cidades do mundo inteiro. No Brasil, seus primeiros registros nada têm em comum com as origens do gênero – primeiro quando o bon vivant Miéle gravou sua própria versão para “Rapper’s Delight” (batizada de “Melô do Tagarela”), em 1980, ou quando o grupo de rock Ira! aproximou o gênero do repente nordestino na faixa “Advogado do Diabo”, no disco Psicoacústica, de 1988. Mas uma rede de casas noturnas, sistemas de som, festas, bandas e DJs formada entre os anos 60 e 70 funcionou como berço para o rap brasileiro. Afinal, todos os grandes nomes do hip hop nacional foram criados dançando nos bailes black de periferia, em que se ouvia muito soul, funk, disco music e, aos poucos, hip hop.
O interesse do grupo paulistano Ira! pelo rap veio como uma espécie de reconhecimento mútuo, muito pelo fato do grupo liderado por Nasi e Edgard Scandurra se ver como uma banda de periferia e se identificar com aquele movimento que surgia em rodas de break na Estação São Bento do metrô paulistano. Tanto que Nasi e o baterista do grupo, André Jung, foram responsáveis pela primeira polaróide do rap brasileiro – a coletânea Hip-Hop Cultura de Rua, de 1988, que trazia os primeiros registros de Thaide e DJ Hum (produzidos por Nasi e André), O Credo (produzidos por Akira S), Código 13 e MC Jack (produzidos por Dudu Marote). A antologia foi lançada uma semana antes do outro marco zero do rap brasileiro, a coletânea Consciência Negra – Volume 1, que trazia, entre outros artistas, aqueles que juntos seriam o maior nome do pop brasileiro no final século. O futuro quarteto vinha em dupla: de um lado a faixa “Pânico na Zona Sul” , de Mano Brown e Ice Blue, do outro a faixa “Beco Sem Saída”, de Edy Rock e KL Jay. Em pouco tempo as duas duplas se juntariam para formar os Racionais MCs e, ao lado da dupla Thaíde e DJ Hum, eles forjaram na marra o cenário que permitiu nascer, nos anos seguintes, nomes que ajudaram a construir uma história que consolidou o que parecia ser um modismo dos anos 80 em um dos segmentos mais importantes da música popular brasileira. E com um forte agravante: sua popularidade cresceu sem o auxílio intenso de rádio, TV, jornais ou revistas. O rap brasileiro sempre evoluiu através de seu aspecto comunitário, conectando pessoas com a mesma mentalidade em diferentes cidades do Brasil no boca a boca, no corpo a corpo – que, justamente por isso, soube se aproveitar como poucos da internet.
Por isso não é estranho que Racionais e Criolo tenham usado a internet para anunciar suas aguardadas voltas – Criolo liberando o download gratuito em seu site criolo.net, Racionais cobrando R$ 9,90 pelo download do disco via Google Play. Os discos vieram antes de matérias, de clipes, de músicas de trabalho ou aparições em programas de televisão. Cada um trazendo sua versão para os fatos com clareza e particularidades que descrevem o que acontece na sociedade brasileira em 2014 muito mais do que jornais, revistas, novelas ou programas de rádio.
Criolo, que veio das rinhas de rimas paulistanas e entortou o rap e a MPB ao cantar em um disco ousado e emocionalmente intenso (Nó na Orelha, de 2010), aprofunda-se ainda mais em seu Convoque Seu Buda, falando com o funk (“Cartão de Visita”, gravada com Tulipa Ruiz), o reggae (“Pé de Breque”), o samba (“Fermento pra Massa”) e a música africana (“Fio de Prumo” com Juçara Marçal). Os Racionais lançam o primeiro disco desde o duplo Nada Como Um Dia Após o Outro Dia, de 2002 (12 anos atrás!) e o curto Cores e Valores dura pouco mais de meia hora com 15 faixas (algumas delas meras vinhetas). Menos expansivo que o de Criolo, o disco atualiza o rap do grupo para a segunda década deste século com bases mais e sintéticas, vocais distorcidos e temática mais passional, mas não deixa de citar Assis Valente ou Marina Lima quando quer exprimir sentimentos que já foram capturados por outros autores. Acertando o clima tenso, o discurso retrata uma periferia que ascendeu socialmente na última década e que embora ainda conviva com o crime organizado, convive com outras preocupações – seja refletir a próprias história, as próprias emoções ou o próprio consumismo.
Pois se o rap encontrou casa no tradicional canto falado brasileiro, ele também resgata outro aspecto importante de nossa cultura que já teve mais espaço na rotina do povo – o do cronista, do contador de histórias, que fala sobre as coisas da vida de qualquer um. Nesse sentido, não só Criolo e os Racionais, mas o rap brasileiro como um todo, vem suprir uma lacuna de comunicação que já foi mais intensa de forma escrita (Machado de Assis, João do Rio, Nelson Rodrigues, Fernando Sabino, Luis Fernando Veríssimo) e que veio esvaziando-se sentimentos em telenovelas cada vez mais simplistas. E o rap vem nos lembrar que as coisas não são tão simples assim.
Um Vida Fodona em ritmo de festa.
Shamir – “On The Regular”
Meghan Trainor – “All About That Bass”
Strokes – “Machu Picchu”
Les Sins + Nate Salman – “Why”
April March – “Attention Cherie”
AlunaGeorge – “Attracting Flies”
Racionais MCs – “Você Me Deve”
Thiago Pethit – “Voodoo”
Far East Movement + Cataracs + Dev – “Like a G6”
Klaxons – “There Is No Other Time”
Belle and Sebastian – “The Party Line”
Lana Del Rey – “Blue Jeans (Penguin Prison Remix)”
Say Lou Lou + Lindstrøm – “Games for Girls”
Haim – “The Wire”
Arctic Monkeys – “Snap Out of It”
Charli XCX – “Gold Coins”
Kendrick Lamar – “Backseat Freestyle”
Lorde – “Don’t Tell ‘Em”