David Thomas (1953-2025)

O lendário líder do Pere Ubu morreu nesta quarta-feira.

Papa Francisco (1936-2025)

O argentino Jorge Mario Bergoglio despediu-se deste plano nesta segunda-feira e sua biografia se mistura com o momento em que a igreja católica parece ter perdido a importância política que já a tornou uma das principais forças do mundo. Mas em vez de apertar o cinto e radicalizar para um lado mais conservador da religião, o autodenominado Papa Francisco preferiu recuperar valores cristãos tão pouco em voga neste novo século e sempre estendeu a mão para os necessitados e os mais fracos, reforçando que a missão de Jesus Cristo era mais humanitária que evangelizadora. Resta saber se seu sucessor vai entender esse legado ou se vai preferir se associar à onda fascista que insiste em impor-se à força (como a própria igreja fez por muitos séculos), mas o fato é que ele já não é um personagem tão importante quanto seus antecessores…

Cristina Buarque (1950-2025)

A sina dos Buarque de Hollanda, desde o patriarca Sérgio, autor do clássico da sociologia brasileira Raízes do Brasil, talvez seja viver à sombra do sobrenome, algo que foi desviado pela primogênita Heloísa Maria Buarque ao adotar o apelido artístico e Miúcha, encurtado pela irmã Ana que preferiu apenas o último sobrenome da família e superado pelo único filho homem, Chico, que transformou-se no novo dono do nome familiar para si. Já a caçula Cristina Buarque, que morreu neste domingo vítima de um câncer, ignorava a fama e preferia fazer música, vivendo à parte do mundo das colunas sociais frequentadas pelos irmãos e preferindo cuidar de suas rodas de samba, sua grande paixão. Sambista de corpo e alma – e “avessa aos holofotes”, como escreveu o filho Zeca Ferreira, ao anunciar a morte da mãe em sua conta no Instagram -, era também uma grande teórica do gênero musical pátrio, pinçando pérolas do repertório brasileiro por toda sua discografia.

Max Romeo (1944-2025)

A lenda do reggae nos deixou nessa sexta-feira.

Clem Burke (1954-2025)

“Clem não era só um baterista, era o pulso cardíaco do Blondie”, escreveram Debbie Harry e Chris Stein no post de despedida ao amigo no Instagram da banda que construíram juntos no início dos anos 70, em Nova York. Clem Burke se foi nesta segunda-feira e é o responsável por ter mantido a banda funcionando mesmo antes do sucesso, depois que o grupo perdeu o baixista Fred Smith para o Television – Chris e Debbie achavam que a banda não conseguiria continuar e Burke chamou Gary Valentine para o lugar, em 1975. Além de tocar com o grupo em suas diferentes encarnações (entre 1974 e 1982 e depois entre 1997 e 2017), ele também tocou com os Ramones (adotando o prenome Elvis Ramone) em alguns shows em 1987 e ter tocado com nomes importantes da história do rock como Bob Dylan, Iggy Pop, Pete Townshend, Joan Jett e Eurythmics. Morreu de câncer.

Dave Allen (1955-2025)

Se as letras e vocais de Jon King e a guitarra ruidosa de Andy Gill eram a assinatura musical do Gang of Four, o grupo que melhor personificou as transformações que o punk possibilitou depois da catarse inicial, sob o amplo rótulo de pós-punk, o baixista Dave Allen, cuja morte prematura tornou-se pública neste domingo, era a força-motriz da banda. Sua passagem aconteceu neste sábado mas foi confirmada pelo baterista de sua antiga banda, Hugo Burnham, em um post no Instagram. Allen esteve na formação inicial da banda, que eternizou o punk-funk característico do grupo, e saiu após o segundo disco, para voltar em 2004, quando a banda ressuscitou com sua formação clássica depois de anos afastada dos palcos – nesta nova fase da banda não apenas pude vê-los ao vivo como trazê-los para tocar no Festival da Cultura Inglesa quando fui curador dos shows em 2011, no Parque da Independência, em São Paulo. Após deixar o Gang of Four Allen tocou na breve banda Shriekback e em grupos menores como King Swamp e Low Pop Suicide, mas também manteve carreira na indústria musical como consultor, diretor artístico e executivo de pequenas gravadoras. É o segundo integrante da banda a morrer, depois do guitarrista Andy Gill, que morreu em 2020.

Amadou Bagayoko (1954-2025)

Morreu nesta sexta-feira o guitarrista Amadou Bagayoko, metade do casal Amadou & Mariam, que ajudou a espalhar a música do Mali para o resto do planeta em suas incursões de guitarra e vocais. Amadou ficou cego aos 15 anos devido a uma catarata congênita e por isso passou a estudar no Instituto para Cegos da capital de seu país, Bamako, onde também havia nascido. Lá conheceu sua futura parceira musical e esposa, Mariam Doumbia, que estudava no local por ser cega de nascença. Adotaram a união de seus prenomes como nome artístico e aos poucos conquistou seu país musicalmente, com o som das tradicionais guitarras do país com o canto espaçado entre solos ininterruptos, mas com influências de outros gêneros musicais, desde violinos da Síria, tablas indianas, percussão dogon, além de rock, blues e música pop, como os dois sempre admitiram. A partir dos anos 80 conquistaram o mercado internacional, ganhando Grammys e sendo convidados por artistas como U2 e Blur para a abertura de seus shows. A última vez que o casal tocou ao vivo foi no ano passado, na cerimônia de encerramento dos jogos paralímpicos de Paris, em setembro, quando tocaram “Je Suis Venu Te Dire Que Je M’en Vais”, de Serge Gainsbourg. A morte de Amadou foi anunciada pelo ministro da cultura do Mali, Mamou Daffé.

Val Kilmer (1959-2025)

Fora de ação há um bom tempo devido a um câncer na garganta que apareceu em 2014 (e que o ator não tratava adequadamente por um viés religioso), o ator Val Kilmer morreu nesta terça-feira na mesma cidade em que nasceu, Los Angeles, nos EUA. Conhecido por ser o segundo Batman no cinema (assumindo o papel depois de dois filme com Michael Keaton, no filme Batman Eternamente), o rival de Tom Cruise em Top Gun, um dos policiais no melhor filme de Michael Mann (Fogo Contra Fogo) e ninguém menos que Jim Morrison (numa atuação espetacular) no The Doors de Oliver Stone, Kilmer estourou com a paródia de filmes de 007 Top Secret!, dirigida pelo trio Zucker-Abrahams-Zucker, que havia despontado com o filme que zoava filmes-catástrofe Aperte os Cintos O Piloto Sumiu!, atuando como um Elvis Presley de araque infamemente convincente. Seu carisma ainda o garantiu papéis em filmes de pouca importância na história do cinema – como Willow – Na Terra da Magia, Tombstone – A Justiça está Chegando e O Santo -, mas que garantiram bilheteria a ponto de torná-lo um rosto conhecido, o que o manteria empregado por anos a fio, fazendo filmes desimportantes a rodo, enquanto trabalhava em projetos menores de diretores consagrados, como Twixt de Coppola, Vício Frenético de Herzog, Déjà Vu de Tony Scott e Spartan de David Mamet. Ele para de fazer filmes anualmente em 2012 devido ao câncer que descobriu anos depois e desde então fez apenas três filmes, o último deles a continuação do filme que consagrou Tom Cruise, Top Gun: Maverick, repetindo seu papel de Iceman, quase como uma despedida das telas, em 2022.

Heloisa Teixeira (1939-2025)

Morreu, nessa sexta-feira, a escritora Heloisa Teixeira, que até dois anos atrás assinava como Heloisa Buarque de Hollanda, sobrenome vindo do seu ex-marido, o falecido advogado Luiz Buarque de Hollanda. Uma das principais pensadoras do feminismo brasileiro, também atuava como crítica literária e pesquisadora do país, sendo uma das pensadoras que melhor entendeu fenômenos recentes de nossa história, como a cultura das periferias brasileiras e das igrejas neopentecostais no país. Autora de dezenas de livros, também foi diretora da editora da UFRJ e do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro, além de integrante da Academia Brasileira de Letras desde o ano passado. Morreu após complicações devido à pneumonia e insuficiência respiratória.

Brian James (1955-2025)

Fundador do The Damned, uma das primeiras bandas punk inglesas, o guitarrista Rick James morreu nesta quinta-feira, como anunciou sua página no Facebook, embora não se saiba a causa de sua morte. O Damned surgiu na mesma primeiríssima hora que produziu a primeira safra do punk inglês – puxado obviamente pelos Sex Pistols e pelo Clash – como parte da cena jovem inglesa descontente com a crise econômico e o desemprego que assolava o país nos anos 70 que também originou o heavy metal e James foi um personagem fundamental na ascensão da banda, compondo basicamente todos os dois primeiros discos (Damned Damned Damned e Music for Pleasure, ambos lançados no emblemático 1977) de um grupo que era uma espécie de versão inglesa dos Ramones, com músicos rebatizados como Rat Scabies e Captain Sensible, e que foi o primeiro grupo punk inglês a lançar um single (“New Rose”) e um disco, antes mesmo que os Pistols e o Clash. Rick saiu da banda após o segundo disco mas continuou sua trajetória de pioneiro punk como um bardo da cena inglesa, tocando em bandas como Tanz Der Youth e The Lords of the New Church, além de manter uma bissexta carreira solo.