Francisco Cuoco (1933-2025)

Hélio Delmiro (1947-2025)

Morreu nesta segunda-feira um dos maiores nomes da música instrumental brasileira e um dos maiores guitarristas do mundo. Hélio Delmiro acompanhou gigantes da música brasileira como Elis Regina (com quem gravou o emblemático Elis & Tom e tocou no histórico show que a gaúcha fez no festival de Montreux, na Suíça, meu disco ao vivo favorito), Nana Caymmi, Djavan, Milton Nascimento e João Bosco, além de seguir carreira no jazz instrumental tocando ao lado de outros monstros sagrados como Victor Assis Brasil (com quem tocou na obra-prima Trajeto, de 1966), César Camargo Mariano (parceiro em seu disco mais autoral, Samambaia, de 1981) e os norte-americanos Claire Fischer e Sarah Vaughan, que o considerava um de seus guitarristas favoritos. Hélio já estava mal desde o ano passado e morreu em decorrência de problemas de saúde ligados ao diabete. Um mestre.

Bira Presidente (1937-2025)

Bira Presidente, fundador do bloco Cacique de Ramos, que nos deixou na passagem do sábado para o domingo, felizmente pode desfrutar do merecido reconhecimento de sua importância na história da música brasileira, tanto como agente fundamental na transformação e evolução do samba (onde sempre foi reverenciado) como um dos principais artífices da popularização desta mudança, que mexeu na cara da música brasileira dos últimos cinquenta anos. Bastaria seu papel como fundador de um bloco de samba que saiu de sua vizinhança para ganhar o Rio de Janeiro e que até hoje segue firme e frutífero como o principal bloco carnavalesco da cidade que seu nome já teria motivos para figurar em nossa história. Mas se lembrarmos que, além de ter convivido com os pais-fundadores Donga, João da Baiana, Pixinguinha, Carlos Cachaça e Aniceto do Império, este filho de um sambista do Estácio (a primeira escola de samba) com uma mãe de santo não apenas deu abrigo para músicos que revolucionariam o samba ao transformá-lo em pagode na virada dos anos 70 para os 80 (fundando, por sua vez, com a benção e um empurrãozinho de Beth Carvalho, o grupo Fundo de Quintal, maior fenômeno coletivo da história do samba) como reinventou seu instrumento, o pandeiro, neste novo ambiente musical, misturando qualidades como protagonista, músico, agitador cultural e testemunha viva da história. É um nome que confunde-se com a própria tradição do samba, o samba personificado que seu codinome, cargo vitalício no bloco que fundou, poderia fazer reverência ao seu papel de líder nato. Fico feliz de poder ter dado palco para um encontro histórico do Fundo de Quintal no Centro Cultural São Paulo, quando era curador de música daquele espaço e convidei Leandro Lehart para celebrar o Fundo de Quintal na mítica sala Adoniran Barbosa, palco caríssimo para a história de Leandro (que anos depois seria diretor daquele mesmo CCSP), que nunca havia se apresentado lá. Lehart saudou o grupo com a presença de quase todos seus mestres e o mais feliz deles era o próprio Bira, que havia completado 81 anos no dia anterior àquela apresentação, em março de 2018, e foi ovacionado pelo público que lotou o palco mágico do CCSP, feliz de estar sendo reverenciado por sua importância. Obrigado, Bira!

Assista abaixo:  

A morte de um gênio

A morte de Brian Wilson me levou a escrever mais um texto pro Toca UOL, desta vez falando sobre sua importância.  

Brian Wilson (1942-2025)

Eu nao estava preparado para essa notícia. Vai-se um mestre. Obrigado.

Sly Stone (1943-2025)

Morreu um dos maiores nomes da canção norte-americana. Sly Stone não foi responsável apenas pela criação do funk a partir da fundação feita por James Brown, mas também um dos principais nomes no surgimento de uma nova alma negra norte-americana (e, posteriormente, mundial) bem como por ter transposto barreiras que vão para além dos gêneros, raça ou religião. Um mestre e hitmaker como pouquíssimos.

Sebastião Salgado (1944-2025)

Morreu, nessa sexta-feira, o fotógrafo Sebastião Salgado, um mestre da luz e da emoção, mas também um ativista político que usava sua lavra artística para denunciar – e mexer com – os problemas do mundo, prova de que arte e política se misturam sim.

José “Pepe” Mujica (1935-2025)

Vai-se Pepe Mujica, “o presidente mais pobre do mundo”, político exemplar e ser humano fantástico.

Uma das maiores, apesar de tudo

Escrevi sobre a morte de Nana Caymmi a convite do UOL Splash, onde reforcei que, mesmo apesar de seu temperamento e das tristes convicções políticas no final de sua vida, ela foi uma das maiores vozes do país.  

Nana Caymmi (1941-2025)

Depois de quase um ano internada num hospital no Rio de Janeiro, a cantora Nana Caymmi morreu nesta quinta-feira.