“Que eu acho alguém pra pedalar comigo…”
O solo do Bonifrate também é outro que tá indo pras cabeças nesse balanço de fim de ano. Comigo concorda o Tiagostini:
A síntese da safra atual está em “Cantiga da Fumaça”, música de Um Futuro. Partindo de terra arrasada (“as ruas andam vazias, o bonde sem condutor”), Bonifrate cria em quase seis minutos um hino de renovação pessoal e coletiva. Se há quem diga que não existe amor em SP – ou em qualquer outro lugar -, o cantor propõe aqui uma alternativa: pega tudo que quiser, guarda na memória e se una com sua gangue de almas destemidas. É hippie ao extremo, mas de forma natural. “Cantiga da Fumaça” tem a aura daquelas canções que encerram ciclos. Culpa, talvez, da simplicidade do aranjo, levado por um violão lento e pontuado por frases longas e sentimentais de harmônica. Soa como Dylan em 65 com “Like a Rolling Stone”. Não que Bonifrate tenha tais pretensões, e nem é o caso de se ater ferrenhamente à comparação. A época é de revoluções pessoais, íntimas, particulares. Exatamente como sugere a canção.
Dá pra ouvir o disco inteiro aqui.
Bonifrate – Cantiga da Fumaça (MP3)