Morreu o designer que tornou os Sex Pistols – e o punk inglês e todo o movimento faça-você-mesmo do final dos anos 70, como consequência – ícones visuais de fácil acesso à sua mensagem de caos e destruição. Misturando elementos tradicionais da cultura inglesa (em especial a coroa britânica) à imagem agressiva da primeira safra de bandas daquele movimento naquele país através de colagens radicais, ele transformou suas obras – que foram parar nas capas de discos e singles da banda – em marcas registradas de uma transformação cultural que perdura até hoje.
Morissey já era conhecido como um dos principais fãs de punk rock de seu país mesmo antes de criar os Smiths. Ele foi líder do fã-clube do New York Dolls antes mesmo do punk começar, foi aos shows das bandas punk norte-americanas que passaram pela Inglaterra no final dos anos 70, e escrevia cartas para os semanários ingleses defendendo a causa e a estética punk. Por isso não é tão estranho quando ele anunciou, através do site de fãs True to You que havia recebido um convite dos empresários do espólio dos Ramones para que ele organizasse a próxima coletânea do grupo que será lançada pela Rhino. Pela capa, acima, dá pra ver que não será uma coletânea como as outras… Vi no Consequence of Sound, que ainda linkou esse vídeo com o senhor Morrissey comentando o impacto inicial do gênero:
Com a morte do baixinho à frente da foto (o mesmo que fica nas pontas dos pés na capa do primeiro disco do grupo) é oficial: não há mais nenhum Ramone original entre nós.
Tommy Ramone – nascido Erdélyi Tamás, em Budapeste, na Hungria, naturalizou-se norte-americano com o nome de Thomas Erdelyi ainda criança, quando sua família se mudou para o bairro do Queens, em Nova York, nos EUA. Lá conheceu John Cummings, com quem montou sua primeira banda ainda na escola. Pouco tempo depois os dois conheceriam Jeffrey Hyman e Douglas Colvin e logo se rebatizariam, respectivamente, Tommy, Johhny, Joey e Dee Dee – os irmãos que mudaram a história da música pop. Ramones parece jingle de comercial hoje em dia, de tão pop, mas não é preciso muito esforço para entender o estrago feito por aquelas músicas curtíssimas, que ficavam em algum lugar entre os Stooges e os Três Patetas, parte esporro, parte chiclete. Era como se os Irmãos Metralha tivessem uma banda – e seu vocalista fosse um Pateta do mal.
Atrás de tudo, uma versão implosiva de Keith Moon – como o Animal dos Muppets, Tommy parecia possesso por uma força precisa e intensa, e como o baixo e a guitarra dos Ramones parecia produzir mais som do que seu instrumento podia permitir. Assim Tommy gravou os quatro primeiros discos com o grupo – Ramones, Leave Home, o perfeito Rocket to Russia e o veloz It’s Alive.
Neste último, primeiro registro ao vivo da banda e última participação de Tommy nos Ramones, dá pra ver a importância do baterista na prática, acelerando ainda mais músicas que estar sendo tocada numa rotação mais rápida que a normal. Escrevendo a cartilha do punk rock no muque com o instrumento mais brucutu de todos.
Tommy morreu nessa sexta, vítima de câncer no ducto biliar. É o fim dos verdadeiros Ramones. Viva os Ramones!
Lou Reed é tão marco zero do que conhecemos como underground na história da música pop que ele próprio foi o personagem da primeira capa do seminal fanzine Punk, aquele, o primeiro a eternizar a palavra que batizou a ruptura entre o rock criado sob a égide de Elvis Presley e a nova geração, em janeiro de 1976. O quadrinista John Holmstrom se meteu no CBGB’s para ver os Ramones quando soube que Lou Reed estava no recinto – e, com sua cara de pau, atreveu-se a entrevistar um dos entrevistados mais arredios da história do rock. O resultado virou uma entrevista em quadrinhos cuja primeira página foi resgatada pelo blog 13th Dimension:
Começa hoje, no Sesc Pompéia, o festival O Fim do Mundo, Enfim, que recapitula as três décadas do punk rock no Brasil, iniciadas há trinta anos no festival O Começo do Fim do Mundo, no próprio Sesc Pompéia. Além dos shows, que começam amanhã (mais infos aqui), o evento começa com um debate na choperia do Sesc com alguns dos principais protagonistas da edição original. Eis as coordenadas do evento de hoje:
O FIM DO MUNDO, ENFIM
Punk, do Começo ao Fim – 30 e Tantos Anos de Punk no Brasil
SESC Pompeia
Dia(s) 28/03
Quarta, às 20h30.
Para marcar a abertura do festival, o SESC Pompeia convidou músicos, produtores culturais e os idealizadores do festival ‘O Começo do Fim do Mundo’, de 1982, para falar do movimento punk em São Paulo, no Brasil e no Mundo.
Com:
CLEMENTE Nascimento (músico);
ARIEL Uliana Jr. (músico);
Antonio BIVAR (escritor)
Antonio Carlos CALLEGARI (músico);
Rosineide Pereira, a TINA (produtora cultural);
Marco ALEMÃO Badin (empresário);
José Rodrigues MAO Jr. (músico e historiador);
Meire Rocha (produtora cultural);
Mediação do jornalista Alexandre Matias.
Após o debate haverá discotecagem de punk-rock com DJ Ratinho.
GRÁTIS. Retirada de ingressos 1 hora antes da atividade. Choperia. Não recomendado para menores de 12 anos
O designer americano Mike Joyce gosta dos dois gêneros e se dispôs a recriar flyers de shows punk que realmente aconteceram de acordo com a versão modernista do design suíço do meio do século passado, conhecido por ser clean e por sua tipografia funcional. Veja só:
Tem muito mais no site dele.