Quando Pulp e LCD Soundsystem anunciaram que fariam shows juntos no Hollywood Bowl, clássica arena de shows em Los Angeles, nos Estados Unidos, é claro que sabíamos que seriam apresentações memoráveis. O que não dava para prever era a colaboração entre os dois grupos que aconteceu quase no final do show do grupo de Nova York, quando o vocalista do Pulp Jarvis Cocker juntou-se à banda para tocar a memorável “(We Don’t Need This) Fascist Groove Thang”, um dos hits da clássica banda de tecnopop Heaven 17, um improvável mas coerente ponto de encontro entre os dois grupos. O LCD Soundsystem já tinha tocado a música no disco ao vivo Electric Lady Sessions, que foi gravado no histórico estúdio Electric Lady que Jimi Hendrix fundou em 1968, mas nunca a havia tocado num show de fato como aconteceu na apresentação de sexta-feira, quando Cocker dividiu os vocais com a vocalista do LCD Nancy Whang – ainda mais cantando ESSA música em plenos Estados Unidos de 2025. Bom demais!
Ao contrário de vários protagonistas do britpop que seguem vagando pelos palcos do mundo cantando músicas de 30 anos atrás, o Pulp voltou à ativa recentemente com um bom disco (o autoexplicativo More), embora siga voltando aos seus clássicos em suas apresentações ao vivo – e esteja aos poucos revisitando o próprio passado para aproveitar a empolgação dos velhos fãs. É o caso dessa excelente caixa que comemora o 30º aniversário do disco mais importante daquela cena, o imbatível Different Class, que ganhou tratamento de luxo em uma versão em vinil que traz um encarte de 28 páginas sobre o disco, um envelope com fotos e artes inspiradas no álbum de 1995, além da capa vazada original, que sugeria que o ouvinte pudesse trocar a imagem de capa a partir de outras cenas que o grupo incluiria no encarte (algo que não saiu do papel na época, mas que finalmente é colocado em prática). Além da íntegra do disco original, a nova edição também traz a íntegra da apresentação que o grupo fez no festival de Glastonbury daquele ano, quando tiveram que substituir os Stones Roses em cima da hora e transformaram seu show em um ponto de virada em sua carreira, chegando ao mesmo patamar que Suede, Blur e Oasis a partir de um disco soberbo e um show histórico. A nova edição será lançada no dia 24 de outubro e já está em pré-venda – e eu fico cogitando que mágico seria assistir ao grupo tocando todo o Different Class na íntegra no palco numa turnê de um futuro próximo. Sonhar não custa nada…
O show da Lorde não foi o único show surpresa desta edição do festival de Glastonbury, na Inglaterra, nem foi também o único a receber o bastão da Charli XCX pra ser o anfitrião do verão deste ano no hemisfério norte, quando uma atração chamada Patchwork, que ninguém nunca tinha ouvido falar, revelou-se ser o próprio Pulp, tocando há exatos 30 anos e quatro dias após sua clássica aparição na edição de 1995 daquele mesmo festival. Depois de fazer mistério com pessoas com capas de chuva no palco de mãos dadas, quando o telão perguntou para o público se eles estavam pronto para o verão do Pulp, uma das promessas feitas por Charli quando ela começou a despedir-se de seu longo verão Brat no festival de Coachella, nos EUA, deste ano. “O motivo pelo qual tocamos aqui 30 anos e quatro dias atrás foi porque o guitarrista dos Stone Roses, John Squire, quebrou sua clavícula e recebemos o convite apenas dez dias antes do show… Dez dias!”, o próprio Jarvis Cocker lembrou durante a apresentação deste ano. “Estávamos mais nervosos do que nunca. Mas hoje é diferente… Me sinto bem sossegado e vocês?” O show do grupo ainda contou com um rasante da esquadrilha da fumaça inglesa e com ninguém menos que a jovem Olivia Rodrigo (será que era ela mesmo?) curtindo no meio da plateia. Bom demais esse verão Pulp!
“Quando o amor desaparece, a vida desaparece”, canta Jarvis Cocker no novo single do Pulp, “Got to Have Love”, o segundo desde que o grupo inglês anunciou sua volta com o álbum More, programado para sair no próximo dia 6. A faixa foi composta quando o grupo gravava seu disco anterior, We Love Life, na virada do século passado, e parece ter saído de qualquer disco clássico da banda, mostrando que sua volta parece fazer mais sentido artisticamente do que apenas do ponto de vista comercial. Para acompanhar o novo single, o grupo desenterrou imagens de uma competição de dança realizada em 1977 e registrada no documentário Wigan Casino, lançado no mesmo ano, e o próprio Jarvis editou o vídeo, sintetinzando a excitação retrô para uma volta do britpop clássico que faz sentido em 2025.
Quase um quarto de século depois de seu último álbum, o maravilhoso We Love Life, lançado em 2001, Jarvis Cocker e companhia voltam a mostrar músicas inéditas ao anunciar o lançamento de seu novo álbum, batizado apenas de More, para o dia 6 de junho. Além do anúncio, o grupo também mostrou não apenas uma música nova – “Spike Island” -, mas também seu clipe, que animou imagens de 30 anos atrás, que o grupo fez para divulgar sua obra-prima Common People, ressuscitadas por inteligência artificial, num jeito esperto e irônico da banda fazer sua crítica ao método – “Isso é moderno?”, pergunta-se. O disco começou a surgir quando o grupo retomou sua rotina de shows em 2023 (o que não fazia desde sua turnê de volta anterior, em 2012, quando se reuniram depois do fim oficial da banda, logo após o primeiro disco deste século) e algumas músicas chegaram a aparecer em apresentações ao vivo. Gravado em novembro do ano passado com produção de James Ford (do Simian Mobile Disco, que já fez discos com o Blur, Arctic Monkeys, Gorillaz, Kylie Minogue, Haim, Depeche Mode e Jessie Ware, entre outros), foi o disco da banda que levou menos tempo para ser gravado, em apenas três semanas. “Era óbvio que ia acontecer”, disse Cocker numa declaração sobre o lançamento, que é dedicado ao ex-baixista da banda, Steve Mackey, que morreu em 2023. E como o grupo já tem duas datas marcadas com o LCD Soundystem em Los Angeles, é bem provável que faça mais shows pelo mundo – por enquanto marcaram shows apenas no Reino Unido. Veja a capa, o nome das músicas e o novo clipe abaixo:
E essa dose dupla em setembro no Hollywood Bowl, em Los Angeles? Os ingressos começam a ser vendidos na semana que vem, mas podia virar uma turnê e passar por aqui, hein? Please come to Brasil, LCD Soundsystem e Pulp!