Escrevi minhas considerações sobre a ótima segunda edição do Primavera Sound em São Paulo para o site da CNN Brasil. O sol inclemente e o longo e apaixonado show do Cure foram as principais atrações do evento, que pecou ao não ter um artístico tão contemporâneo quanto o da edição passada, mas que funcionou perfeitamente como evento, com poucas filas, boa divisão do Autódromo de Interlagos, distribuição de água, bom som e shows memoráveis: além do Cure, Beck, Slowdive, Killers e Pet Shop Boys fizeram apresentações intensas e memoráveis, além de Marisa Monte ter celebrado Rita Lee com a presença de seu companheiro, Roberto de Carvalho.
Fora o calor dilacerante que atravessou esse fim de semana, a segunda edição do Primavera Sound em São Paulo funcionou redondissimamente bem. Ótimos shows sempre no horário, poucas filas e fácil acesso ao festival, que ainda conseguiu utilizar bem o espaço do Autódromo sem transformar um festival de música numa feira de marcas.
Mesmo que boa parte do elenco não fosse formada por artistas que vivem seu melhor momento hoje (como foi a edição passada do festival), o Primavera São Paulo teve showzaços que arrebatou fãs com ótimo som e bom tratamento pro público (distribuição de água na grade, algo que deveria se tornar regra) em instâncias tão diferentes quanto Cansei de Ser Sexy, Bad Religion ou Slowdive.
Os shows de Beck e Pet Shop Boys merecem destaque, afinal passaram por diferentes momentos de suas carreiras sem fazer concessões para os hits e botando todo mundo pra cantar junto. O bardo norte-americano ia do solo de gaita ao funk setentista, passando pelo rap de araque de seus primeiros hits e delicadas canções ao violão, mostrando-se um showman completo. Já a dupla inglesa conduziu sua apresentação austera e impecável, Neil Tennant com a mesma voz e fleuma de sempre, claramente emocionado com o público, que recebia os velhos hits com novos arranjos como bênçãos.
Outro momento especial foi quando Marisa Monte recebeu Roberto de Carvalho para celebrar Rita Lee, o que valeu até um momento de interação da diva com o público, algo tão raro.
Mas desde o anúncio das atrações, o Primavera teve um só dono: Robert Smith e seu Cure fizeram uma apresentação transcendental, um show hipnótico e alto astral, denso e pop, melancólico e esperançoso, psicodélico e existencialista, atravessando duas horas e meias de crises sentimentais, odes românticas e hits radiofônicos como se a nossa vida dependesse disso (e ah como depende…). São Bob era transparente sobre como estava feliz com a repercussão do público, que manteve-se gigantesco até o final das duas horas e meia de apresentação do Cure. É meio redundante citar os grandes momentos do último show de domingo sem falar nele inteiro, quem foi sabe. E é claro que eu filmei uns trechos desse fim de semana nota 10…
O Primavera Sound São Paulo também divulgou os horários de suas apresentações, além de ter mexido no elenco por conta de problemas pessoais ou de saúde envolvendo algumas atrações confirmadas. saem Grimes, Puerto Candelaria e Twilight Sad para a entrada de Kelela, os queridos Filipe Catto e Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo. Juntando isso aos escalados da tenda eletrônica (DJ Gabriel do Borel e Rebecca, Toccororo, Etcetera, DJ Playero, Vhoor, Carola, Hudson Mohawke, MC Carol, Mu540 e Urias, L_cio, Cherolainne, Hi Tech e DJ Mau Mau), a edição deste ano do Primavera a edição deste ano do Primavera subiu um degrauzinho…
Acabaram de ser anunciados os locais e datas das atrações do Primavera na Cidade, shows que antecedem o festival Primavera Sound São Paulo que acontece no primeiro fim de semana de dezembro. São doze atrações nacionais e internacionais que se dividem entre o Áudio e o Cine Joia e cujos ingressos estarão disponíveis primeiro para quem comprou a opção “passaporte” na hora de pegar os ingressos da edição brasileira do festival catalão. A primeira noite do Primavera na Cidade acontece no Cine Joia, quando o grupo paulistano Pluma abre para o aguardado show do grupo experimental Black Midi, no dia 29 de novembro. No dia 30, são dois lugares ao mesmo tempo: o Cine Joia recebe o mitológico grupo inglês Slowdive, com abertura do grupo curitibano Terraplana, enquanto o Áudio tem shows exclusivos do mais famoso filho de Fela Kuti, quando Seun Kuti e sua banda Egypt 80 encerram uma festa que começa com o DJ carioca Carlos do Complexo e a visceral cantautora mineira Bia Ferreira. No primeiro dia de dezembro, o Cine Joia recebe o grupo indie canadense Metric, com abertura da produtora de música eletrônica colombiana Lucrecia Dalt e o Áudio traz Róisín Murphy fechando uma festa que ainda terá shows da diva Luiza Lian e do DJ Playero, portorriquenho que é um dos papas do reggaeton. Os ingressos para o público que não comprou ingressos para o Primavera começam a ser vendidos a partir do dia 14 de novembro – e tem mais informações sobre isso lá no site do festival.
Finalmente o Primavera São Paulo liberou a escalação de quem toca que dia nos dois dias de evento no início de dezembro. E vamos combinar que tá bem dividido: Cure e Beck num dia e Killers e Pet Shop Boys no outro faz dois públicos distintos escolherem dias diferentes para frequentar o festival e quando você enfileira Cansei de Ser Sexy, Marina Monte, Grimes, Black Midi, Hives, Muna e Slowdive de um lado e Bad Religion, Carly Rae Jepsen, Marina Sena, Roisin Murphy e Soccer Mommy do outro, há uma distinção que vai além de gêneros musicais… Os ingressos começam a ser vendidos a partir do meio-dia nesta terça, mas só pra quem é cliente Banco do Brasil. O restante começa a ser vendido na sexta que vem, também ao meio-dia.
Calma que essa imagem não é oficial, embora carreguem alguns nomes que certamente estarão na edição paulistana do festival Primavera. Enquanto outras edições do festival na América do Sul já anunciaram seu elenco e começam a vender ingressos, nada da edição de São Paulo ser anunciada – o que abre mão para artistas do Photoshop abrir suas listas de apostas. Vários itens deixam meio claro que essa versão é falsa – a começar pelo número ridículo de artistas nacionais -, mas vamos combinar que alguns nomes seriam beeem foda se viessem pra cá. Consegue escolher cinco além do Cure, dos Pet Shop Boys e do Blur? Eu fico com St. Vincent, SZA, Blood Orange, Aphex Twin e Fever Ray.
Como esperávamos, a banda do senhor Robert Smith estará entre nós no começo de dezembro, ao ser confirmada como primeira atração da edição paulistana de 2023 do festival Primavera Sound. Confesso que não vou achar ruim se o grupo fizer DOIS shows como parece insinuar o flyer, mas sigo com a expectativa para o show de quase três horas, mesmo num festival.