E quem perdeu o Silva no Sónar pode assistir ao show do capixaba nesta terça-feira no Prata da Casa, vamo? O show começa às 21h e os ingressos começam a ser distribuídos uma hora antes. Aí embaixo segue o texto que escrevi para a programação da noite:
O capixaba Lucio Silva de Souza estuda música desde os três anos de idade, é violinista de formação clássica e também passou por diferentes bandas de rock em sua cidade natal, Vitória. Mas estas referências não estão tão evidentes em seu primeiro trabalho autoral solo, batizado apenas de Silva. Com um único EP lançado no final do ano passado, ele aproxima a música eletrônica feita no quarto e no computador de uma musicalidade brasileira que o aproxima de uma nova cena de artistas cariocas, de nomes como Cícero, Dorgas e Mahmundi, que ultrapassaram o dilema que pressionou o grupo Los Hermanos a ter de escolher entre o indie rock e a MPB. Em seu primeiro disco, a canção é seu principal veículo, mas ela é filtrada por texturas eletrônicas e intervenções instrumentais que tornam sua musicalidade inclassificável. Faixas como “Imergir” e “12 de maio” conversam tanto com o pop brasileiro do século 21 quanto com a bossa nova, a chillwave e o rock brasileiro dos anos 80. Mas não é nada que você possa esperar, a partir desta descrição.
E a primeira atração do mês de maio no Prata da Casa deste ano é a banda paulistana Quarto Negro. O show começa às 21h e os ingressos – o show é de graça – começam a ser distribuídos às 20h. Abaixo, o texto que escrevi sobre a banda para a programação do projeto.
As bandas de indie rock do Brasil quase sempre esbarram em dois problemas: o fato de parecerem derivativas de alguns artistas específicos, dificilmente trazendo a realidade brasileira para o branco drama de sua musicalidade; e também a dificuldade de encontrar uma sonoridade boa para traduzir sua contribuição artística em música que não pareça gravada na garagem ou no quarto. Em seu primeiro disco, Desconocidos, o quarteto paulistano Quarto Negro ultrapassa esses dois obstáculos com naturalidade e desenvoltura. Gravado no verão europeu do ano passado, em Barcelona, o disco conclui um processo de três anos desde que a banda começou a tocar até atingir uma maturidade que já esteve em palcos nova-iorquinos. E apesar de claramente indie, as referências expostas também mostram que beberam tanto da fonte do rock clássico quanto da música brasileira contemporânea.
Essa semana não teve Prata da Casa (foi mal, esqueci de avisar), mas semana que vem o projeto do Sesc cuja curadoria está na minha mão por todo 2012 volta com o show do Quarto Negro. Mas não custa recapitular o que rolou nas últimas semanas. O Tibless veio de Minas com um soul meio R&B e uma banda azeitadíssima…
Tibless – “Saudade Do Cê”
…mas aí, em dado momento do show, ele liga o modo afro beat.
Tibless – “Water No Get Enemy”
Boa surpresa.
E na semana passada o palco do Prata recebeu a banda Rosie & Me, primeira vez que vejo o trabalho de Roseanne ao vivo. Muito à vontade, ela brincou com o público e foi da guitarra semiacústica ao violão ao banjo sem perder o rebolado de sua música, sempre entre o folk e o indie pop. A surpresa do show foi a versão que o grupo fez para “Ready for the Floor”, do Hot Chip, que será lançada oficialmente no mês que vem. Abaixo, além do vídeo para a o cover, outros registros que fiz do show da banda de Curitiba.
Rosie & Me – “Ready for the Floor”
E por falar em Prata da Casa, fiz uns vídeos do show do Elma, há duas semanas, no Sesc Pompéia. Pesado, sente só:
No Prata da Casa desta terça-feira, teremos o grupo Rosie & Me, de Curitiba, que acabou de chegar de uma turnê pelos EUA. O show é gratuito e começa às 21h, com distribuição dos ingressos a partir das 20h. Vamo lá? Abaixo o texto que escrevi para a programação do Prata.
A primeira geração digital da música brasileira começou a aparecer no meio da década passada, quando a rede social MySpace ganhava adeptos entre os novos artistas no mundo. Assim, ao mesmo tempo em que o resto do planeta viu aparecer nomes como Arctic Monkeys e Lily Allen, por aqui artistas como Cansei de Ser Sexy e Bonde do Rolê também aproveitavam o sucesso online para expandir suas carreiras para o exterior. O Rosie & Me é o caçula dessa safra de novos artistas e, capitaneado pela curitibana Roseanne Machado, e talvez seja o último artista brasileiro a usar o MySpace como plataforma antes da queda da rede social, que perdeu espaço para outros players digitais, como Bandcamp e Soundcloud. Folk filtrado pelo indie pop e cantado em inglês, o Rosie & Me deixou de ser uma dupla para virar uma banda que, aos poucos, vem conseguindo espaço fora daqui – e lança seu primeiro álbum, Arrow of My Ways, logo depois de participar do festival SXSW, em Austin, nos EUA.
E nesta terça tem os curitibanos do Rosie & Me no Prata da Casa, lançando seu primeiro álbum, Arrow of My Ways. Quem vai? Nessa segunda eles deram uma palhinha no R7.
Engraçado o Heródoto, diz aê. “Grana preta”, “velho oeste”, hahahaha…
No show do Prata da Casa hoje, o convidado é o guitarrista mineiro Tibless, que leva seu lado soul pra seara do afrobeat. Abaixo, o texto que escrevi sobre ele para o projeto do Sesc. Lembrando que o show começa a partir das 21h e os ingressos podem ser retirados, de graça, a partir das 20h.
A influência da música africana na brasileira é umbilical. Dos lundus ao prefixo “afro” na afrociberdelia de Chico Science, passando pelos Afro-Sambas e pela conexão África-Brasil de Jorge Ben, a presença desta músicalidade em que a harmonia e o ritmo parecem se misturar em uma coisa só, em um caleidoscópio de escalas e beats é reverenciada com frequência por seus protagonistas, mas os efeitos da apresentação do afro beat para uma geração de novos artistas, que aconteceu na virada do milênio, vêm mostrando resultados. Tibless vem de Minas Gerais e passa à distância do groove visceral de artistas como Bixiga 70, Sambanzo e Lucas Santtana, pois equaciona elementos novos à mistura – principalmente soul e R&B. Mas não dá para deixar seu disco de estreia – Afro-Beat-Ado, de 2011 – fora desta paisagem de celebração à música africana no pop brasileiro do século 21.
Foi lindaço o show do Bonifrate no Prata da Casa na terça passada. Filmei quase todo o show, veja aí embaixo:
Hoje é dia de música pesada no Prata da Casa, que recebe o Elma, que está às vésperas de lançar seu primeiro disco. Abaixo, o texto que escrevi sobre eles para o projeto:
O Elma é uma banda de metal. Mas esqueça todos os estereótipos do gênero: os cabelos compridos, as camisetas pretas, as munhequeiras com tachinhas, o gesto corna (punho fechado com mindinho e indicadores erguidos), as línguas de fora, o pé no retorno e a língua de fora. Estamos falando apenas da sonoridade pura e simples do gênero quarentão, reduzida ao ruído básico e primal da genealogia que começa no Black Sabbath e atinge a maturidade no Metallica, mas atravessada pelo ruído do underground norte-americano da virada dos anos 1980 para os 1990, que une bandas do calibre de Fugazi, Sonic Youth, Melvins, Big Black, Black Flag, Jesus Lizard e Helmet. E sem falar uma palavra: essencialmente instrumental, o quarteto paulistano-uberabense atravessa paredes de ruído e microfonia em riffs colossais, sempre amparados por uma cozinha industrial, precisa e eficaz. Com quase dez anos de estrada, o grupo finalmente lançará seu primeiro álbum em 2012, tanto em vinil quanto no formato digital.