Os primeiros grandes shows internacionais de 2020

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Falei sobre as atrações do Nublu Festival deste ano (John Cale, Mos Def, Femi Kuti e as atrações nacionais de abertura) e sobre a vinda do Wu-Tang Clan no programa Metrópolis, marcando o início dos grandes shows internacionais de 2020.

Wu-Tang Clan no Brasil!

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Conforme já havia sido especulado no Twitter nesta quarta, a partir dos tweets da Popload e do Flesch, o grupo Wu-Tang Clan apresenta-se pela primeira vez no Brasil, no dia 8 de abril, no Espaço das Américas com a formação completa, tocando o clássico Enter the Wu-Tang (36 Chambers), que completa um quarto de século agora (confirmado agora pelo próprio Lucio).

Metronomy no Brasil!

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Boa notícia! Lúcio Ribeiro acaba de confirmar que o Metronomy, liderado por cantor e compositor Joseph Mount, como atração de sua Popload Gig de dezembro. O grupo inglês vem mostrar o novo disco, Metronomy Forever, que por sua vez vai ser lançado na semana que vem, passando por São Paulo no dia 7 (no Audio), em Curitiba no dia 9 (na Ópera de Arame), no Rio de Janeiro dia 11 (no Sacadura 154) e em Porto Alegre dia 13 (no Opinião). Os ingressos começam a vender dia 9, no site Ticketload.

Franz Ferdinand no Brasil!

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Lucio Ribeiro traz mais uma vez a banda escocesa Franz Ferdinand para o país, desta vez num show em Curitiba, dia 11 de outubro, e outro em São Paulo, no dia seguinte, no Tom Brasil – ele conta mais em seu site.

É real: Nick Cave & the Bad Seeds no Brasil!

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O bardo australiano Nick Cave finalmente volta ao Brasil depois de décadas para uma única apresentação ao lado de seus Bad Seeds em São Paulo, no dia 14 de outubro, cortesia do Lúcio Ribeiro – mais informações aqui (e ingressos à venda aqui). Bravo!

Mogwai no Brasil!

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Quem esperava por essa? O grupo escocês Mogwai vem mais uma vez ao Brasil, desta vez pelas mãos do Lucio Ribeiro, que realiza o show de uma das bandas mais barulhentas do mundo no Tropical Butantã, em São Paulo, dia 8 de maio (mais informações aqui). Demais!

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Air, Courtney Barnett e Magnetic Zeros no Brasil!

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Lucio Ribeiro confirma a vinda da dupla francesa Air para uma apresentação única no Brasil no dia 15 de novembro e no dia seguinte dobradinha com Courtney Barnett e Edward Sharpe & the Magnetic Zeros, comemorando o aniversário de 10 anos de seu site Popload. Muito bem!

Unknown Mortal Orchestra no Brasil!

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Seu Lucio mandou avisar que tá trazendo uma das melhores bandas indies na ativa pro Brasil esse ano: os Unknown Mortal Orchestra são a atração da edição do dia 28 de abril do primeiro Popload Gig anunciado em 2016. E o mais legal é o grupo ainda toca no Beco, ali na Augusta, o que deve garantir aquele calor característico pra apresentação. O UMO ainda toca na Argentina no dia 29 e no Chile no dia 30.

Como foi o show do Thurston Moore em São Paulo

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Thurston Moore montou um mini-Sonic Youth para gravar seu novo disco solo, The Best Day. Primeiro veio o próprio Steve Shelley na batera, velho escudeiro de discos anteriores. Para o baixo chamou uma mulher (ninguém menos que que Debbie Googe, ex-My Bloody Valentine) tão experimetalista em seu instrumento quanto sua ex-mulher, Kim Gordon. E para a outra guitarra chamou um clone inglês de Lee Ranaldo, o inglês James Sedwards, um instrumentista educado no rock clássico (o glam era evidente em certos trechos de seu instrumento), mas completamente inserido no contexto de noise e microfonia proposto pelo velho indie.

Mas em sua recente apresentação em São Paulo, esse formato foi quebrado devido a um problema de saúde – Steve Shelley descobriu, no Brasil, que havia descolado a retina e por isso tinha de se afastar das baquetas. E o quanto antes, tanto que nem pode subir no palco do Cine Jóia. Em vez dele a produção chamou o baterista que acompanha Jair Naves, Babalu, que foi pego de surpresa com o convite e recebeu aulas de bateria do próprio Steve Shelley durante o ensaio (que deveria ser apenas uma passagem de som). O Lucio, que organizou o show, conta como foi a saga sônica de um baterista desconhecido para o palco com um dos grandes nomes do underground mundial.

Babalu entrou completamente em sintonia com o trio e, apesar do (natural) ar de insegurança no início do show, não comprometeu em nenhum momento, seguindo a cartilha que havia aprendido na mesma tarde à risca. Profissa. À sua frente, três veteranos das cordas elétricas duelavam-se entre espasmos de ruído e delicados dedilhados. O fio condutor foi basicamente o Best Day que Thurston acaba de lançar – a única fuga deste script foram “Pretty Bad” e “Ono Soul”, de seu primeiro disco solo, Psychic Hearts, a última também a única música de outro disco que ele tocou quando trouxe seu Demolished Thoughts ao mesmo palco paulistano há dois anos e meio (além de “It’s Only Rock’n’roll (But I Like It)”, dos Rolling Stones).

Thurston e sua guitarra já são um só faz muito tempo, então ele nem sequer precisa pensar para levá-la de um extremo a outro – é sua assinatura de palco, ao lado de seu grave vocal quase balbuciado e seu ar de criança de dois metros de altura. Esticando músicas do disco desse ano para além dos 10 minutos, ele inevitavelmente caía em breaks instrumentais em que desafiava os outros músicos a sair do formato canção, por mais bruta que fosse sua versão, quebrando-se em tsunamis de microfonia e marolinhas ambient, regendo seus músicos com o braço de seu instrumento. Um show catártico, conciso, intenso e reconfortável, uma vez que sempre podemos reconhecer os mesmos traços que desenharam a discografia de um grupo tão importante para aquele meio quanto o Sonic Youth. Venha mais, Thurston!

Abaixo os vídeos que fiz do show:

Fogo na pista


Friendly Fires – “Lovesick”

Friendly Fires @ Studio SP
17 de agosto de 2009


Friendly Fires – “Jump in the Pool”

Bem bom o show dos Friendly Fires em São Paulo, que rolou nesta segunda, abrindo a semana. Já tinha ouvido que a banda tocava mal ao vivo e que, aos poucos, eles foram pegando o jeito da coisa. Nem parece. O entrosamento dos quatro principais músicos e a empolgação dos três titulares da banda (a saber: o baixista Rob Lee é músico convidado) garantiram uma explosão de excitação e adrenalina que mais têm a ver com uma pista de dança do que com um show de rock.


Friendly Fires – “Skeleton Boy”

Porque os Friendly Fires, dance ou não, são uma banda de rock – uma cruza inglesa de Talking Heads com Gang of Four com o gingado do Rapture (mentira, o vocalista Ed Macfarlane rebola mais do que todo o Rapture reunido). Se tivessem nascido em outra época, certamente não trabalhariam com grooves cavalares e percussão comendo solta nem incluiriam uma dupla de metais no show. Sorte nossa. Assim, a banda deixa de ser mais um roquinho genérico para incendiar a pista (como muitas outras bandas desta Nova Dance Music – um dia eu escrevo melhor sobre essa cena).


Friendly Fires – “Kiss of Life”

(O Copacabana Club chegou a dar o clima na mesma medida, botando no palco a mesma comoção de pista de dança dos Friendly Fires. Tá certo que eu cheguei no show na hora em que “Just Do It” transformava a platéia numa turba descontrolada, mas mesmo na última faixa eles mantiveram o público em ponto de bala para o incêndio que foi o show dos FF.)


Friendly Fires – “In the Hospital”

E incendiar Brazilian-style. Desfilando a íntegra de seu disco de estréia, o trio se jogou no palco. Além do requebro de boneco de posto do vocalista, o guitarrista Edd Gibson encarnava o guitar hero pós-punk enquanto o baterista Jack Savidge derrubava a bateria – amparado, vez ou outra, pela percussão do baixista (que, vez ou outra, assumia as baquetas para tocar tarol e vários cowbells) ou pelo agogô de Macfarlane. O público não ficou por menos e a massa pulava feliz ao assistir a um show que soava como uma discotecagem perfeita.


Friendly Fires – “Photobooth”

Ponto pro Lucio, que, na segunda edição de seu festival/festa, o Popload Gig, mostrou que dá pra trazer um artista que não é muito conhecido para o Brasil, fazer shows de médio porte (o Bruno também gostou do show dos caras no Rio) e deixar tanto público quanto crítica felizes. Que venham outros.


Friendly Fires – “Paris”