Poesia em tempos de guerra

rambo-cda

Carlos Drummond de Andrade recitado por John Rambo.

O primeiro livro de PJ Harvey

pjharvey

2015 verá a estréia da nossa querida Polly Jean Harvey no mundo das letras, escrevendo seu primeiro livro, de poesias, com o cineasta Seamus Murphy, com quem ela já trabalhou em seu último disco, Let England Shake. Desde 2011 os dois viajam juntos para lugares como Kosovo, Washington nos EUA e Afeganistão e agora juntam imagens e texto no livro The Hollow of the Hand, que será lançado no final do ano que vem – e já está em pré-venda. Dá para ouvir a cantora inglesa recitando um de seus poemas – “The Guest Room” – na New Yorker.

Poesia nos menores momentos

minha-esquina

O Fernando vinha passando pelo Largo São Francisco, no centro de São Paulo, quando viu duas crianças brincando na rua – e registrou o momento com música do Paulo César Pinheiro.

Dica da Lilian (valeu!).

George Carlin e o homem moderno

Acompanhe:

I’m a modern man,
A man for the millennium,
Digital and smoke free.
A diversified multicultural postmodern deconstructionist,
Politically anatomically and ecologically incorrect.
I’ve been uplinked and downloaded.
I’ve been inputted and outsourced.
I know the upside of downsizing.
I know the downside of upgrading.
I’m a high tech lowlife.
A cutting edge state-of-the-art bicoastal multitasker,
And I can give you a gigabyte in a nanosecond.
I’m new wave but I’m old school,
And my inner child is outward bound.
I’m a hot wired heat seeking warm hearted cool customer,
Voice activated and biodegradable.
I interface from a database,
And my database is in cyberspace,
So I’m interactive,
I’m hyperactive,
And from time-to-time,
I’m radioactive.
Behind the eight ball,
Ahead of the curve,
Riding the wave,
Dodging a bullet,
Pushing the envelope.
I’m on point,
On task,
On message,
And off drugs.
I got no need for coke and speed,
I got no urge to binge and purge.
I’m in the moment,
On the edge,
Over the top,
But under the radar.
A high concept,
Low profile,
Medium range ballistic missionary.
A street-wise smart bomb.
A top gun bottom feeder.
I wear power ties,
I tell power lies,
I take power naps,
I run victory laps.
I’m a totally ongoing bigfoot slam dunk rainmaker with a proactive outreach.
A raging workaholic.
A working ragaholic.
Out of rehab,
And in denial.
I got a personal trainer,
A personal shopper,
A personal assistant,
And a personal agenda.
You can’t shut me up,
You can’t dumb me down.
‘Cause I’m tireless,
And I’m wireless.
I’m an alpha male on beta blockers.
I’m a non-believer and an over-achiever.
Laid back but fashion forward.
Up front,
Down home,
Low rent,
High maintenance.
Super size,
Long lasting,
High definition,
Fast acting,
Oven ready,
And built to last.
I’m a hands on,
Foot loose,
Knee jerk,
Head case.
Prematurely post traumatic,
And I have a love child who sends me hate mail.
But I’m feeling,
I’m caring,
I’m healing,
I’m sharing.
A supportive bonding nurturing primary care giver.
My output is down,
But my income is up.
I take a short position on the long bond,
And my revenue stream has its own cash flow.
I read junk mail,
I eat junk food,
I buy junk bonds,
I watch trash sports.
I’m gender specific,
Capital intensive,
User friendly,
And lactose intolerant.
I like rough sex.
I like rough sex.
I like tough love.
I use the f word in my email,
And the software on my hard drive is hard core, no soft porn.
I bought a microwave at a mini mall.
I bought a mini van in a mega store.
I eat fast food in the slow lane.
I’m toll free,
Bite sized,
Ready to wear,
And I come in all sizes.
A fully equipped,
Factory authorized,
Hospital tested,
Clinically proven,
Scientifically formulated medical miracle.
I’ve been pre-washed,
Pre-cooked,
Pre-heated,
Pre-screened,
Pre-approved,
Pre-packaged,
Post-dated,
Freeze-dried,
Double-wrapped,
Vacuum-packed,
And I have an unlimited broadband capacity.
I’m a rude dude,
But I’m the real deal.
Lean and mean.
Cocked, locked and ready to rock.
Rough tough and hard to bluff.
I take it slow.
I go with the flow.
I ride with the tide.
I got glide in my stride.
Drivin’ and movin’,
Sailin’ and spinnin’,
Jivin’ and groovin’,
Wailin’ and winnin’.
I don’t snooze,
So I don’t lose.
I keep the pedal to the metal,
And the rubber on the road.
I party hearty,
And lunch time is crunch time.
I’m hanging in,
There ain’t no doubt.
And I’m hanging tough,
Over and out.

Nota 10. Via Open Culture.

Quem precisa de Maria Bethânia?

Quando temos Fred Leal não para resgatar a poesia em língua portuguesa no passado, mas para apontar o futuro desta mesma poesia – a um real por dia. Conheçam 365 Poemas a Um Real.

“Quero ver amanhã no escritório”

E por falar em Days of Wine & Roses – e quando bate aquela ressaca, mas tudo bem porque a noite foi ótima?

Vitae Summa Brevis Spem Nos Veter Incohare Logam*

They are not long, the weeping and the laughter,
Love and desire and hate;
I think they have no portion in us after
We pass the gate.

They are not long, the days of wine and roses:
Out of a misty dream
Our path emerges for a while, then closes
Within a dream.

Ernest Dowson (1867-1900)

* O título do poema é de Horácio: “A curta duração da vida nos impede de termos longos anseios”

Ontologia sumaríssima, de Paulo Henriques Britto

Umas quatro ou cinco coisas,
no máximo, são reais.
A primeira é só um gás
que provoca a sensação
de que existe no mundo
uma profusão de coisas.

A segunda é comprida,
aguda, dura e sem cor.
Sua única serventia
é instaurar a dor.

A terceira é redondinha,
macia, lisa, translúcida,
e mais frágil do que espuma.
Não serve para coisa alguma.

A quarta é escura e viscosa,
como uma tinta. Ela ocupa
todo e qualquer espaço
onde não se encontre a quinta
(se é que existe mesmo a quinta),
a qual é uma vaga suspeita
de que as quatro acima arroladas
sejam tudo o que resta
de alguma coisa malfeita
torta e mal-ajambrada
que há muito já apodreceu.

Fora essas quatro ou cinco
não há nada,
nem tu, leitor,
nem eu.

Não sou da poesia (não tenho paciência, acho que letra de música faz mais sentido) embora ame a ourivesaria das palavras – em especial, aquela sutil e quase voluntária, escondida na tradução. Por isso, concordo que foi uma surpresa quando descobri que o meu tradutor favorito também era poeta – surpresa que veio com o entusiasmo de ler o texto acima, um das coisas mais fodas que eu li em anos. Nem lembrei como cheguei nisso (email? comentário?), mas agradeço a quem me alertou sobre esse coelho branco. Me empolguei e vou engatar outras, a seguir.

Pomo, de Paulo Henriques Britto

Da vida só têm substância
a casca e o caroço.
No meio só tem amido,
embromações do carbono.
Porém todo o gosto reside
nessa carne intermediária,
sem valor alimentício,
sem realidade, sem nada.

É nela que os dentes encontram
o que os mantém afiados;
com ela é que a língua elabora
a doce palavra.

Muito foda, dizaê.

Paulo Henriques Britto + Elizabeth Bishop

A arte de perder não é nenhum mistério;
tantas coisas contêm em si o acidente
de perdê-las, que perder não é nada sério.

Perca um pouquinho a cada dia. Aceite, austero,
a chave perdida, a hora gasta bestamente.
A arte de perder não é nenhum mistério.

Depois perca mais rápido, com mais critério:
lugares, nomes, a escala subseqüente
da viagem não feita. Nada disso é sério.

Perdi o relógio de mamãe. Ah! E nem quero
lembrar a perda de três casas excelentes.
A arte de perder não é nenhum mistério.

Perdi duas cidades lindas. E um império
que era meu, dois rios, e mais um continente.
tenho saudade deles. Mas não é nada sério.

— Mesmo perder você (a voz, o riso etéreo
que eu amo) não muda nada. Pois é evidente
que a arte de perder não chega a ser mistério
por muito que pareça (Escreve!) muito sério.

Encerro essa minitrip com a tradução que surge no link “Traduções“, do site do Paulo – Uma Arte, de Elizabeth Bishop, parece ter sido posta como uma homenagem ao ato de traduzir, a tal labuta quieta. E, nesse sentido, o currículo do poeta como tradutor é invejáve: quase todos meus autores favoritos (Pynchon, Auster, Roth, DeLilo), Anthony Burguess, John Updike, Douglas Adams, Edmund Wilson, Raymond Chandler, Patricia Highsmith, William Faulkner, um bando de beats e até o Tarantula da Brasiliense. Nada mal mesmo.

Não curto poesia

Mas curti essa, do Mitsu, que tem um blog legal:

E ai gata me da um beijo so que eu largo do seu braco um beijo so o que custa vai eu te saquei olhando pra mim na pista essa noite e nossa vem ca eu tambem adoro essa musica sempre gostei de mulher morena po esse ar condicionado ta muito forte ne faz mo friao outro dia nem tava funcionando direito po que kra e essa linda chega aqui mais perto olha eu to sendo chato? olha eu to sendo chato? sei que to sendo chato mas e que voce tem alguma coisa que eu nao vejo em mais ninguem aqui nessa boate nao precisa falar nada so chega mais perto

eu vou chamar o segurança

tambem nao queria nada sua piranha


Fin