Entre o pop e o clássico

matias-dahmer

Transformei minha viagem para a Inglaterra no meio do ano (com direito a Beatles, Velvet e Pink Floyd) num ensaio que escrevi para a ótima revista Helena, da Biblioteca Pública do Paraná. O texto pode ser lido online e há uma versão estendida que deverá ser publicada dia desses… As ilustrações são do Dahmer.

Piper at the Gates of Dawn, 50 anos

Piper

O disco de estreia do Pink Floyd completa meio século de vida e eu escrevi sobre sua importância lá no meu blog no UOL.

Quando o Pink Floyd lançou seu disco de estreia, The Piper at the Gates of Dawn, há exatos cinquenta anos, no dia 5 de agosto de 1967, a cultura mundial estava em pleno processo de transformação. O amadurecimento da primeira geração das bandas de rock e a consolidação da indústria fonográfica e da cultura pop coincidiu com a afirmação de diversas tendências comportamentais que corriam mundialmente no underground – os beats norte-americanos, a nouvelle vague francesa, a ascensão do feminismo e dos movimentos pelos direitos civis em todo o mundo, o uso recreativo de drogas alucinógenas, a causa hippie, o orgulho negro, o free jazz e a pop art. O mágico ano de 1967 prenunciava uma era de renovação, uma revolução cultural que nos levaria a um novo estágio – um novo nível de consciência, a idade espacial ou a era de Aquário. E o Pink Floyd apontava os rumos a serem seguidos.

Em apenas dois anos, o grupo inglês formado por três ex-estudantes de arquitetura e um estudante de arte ultrapassou a fase de blues elétrico que dominava a Londres do meio dos anos 60 em busca de horizontes que nunca haviam sido explorados pela música pop. Liderados pelo único não-arquiteto da banda, o carismático Roger “Syd” Barrett, que pouco a pouco se transformava em guru de uma geração, o grupo formado pelo baixista Roger Waters, o tecladista Rick Wright e o baterista Nick Mason aos poucos abandonou a estrutura básica do rhythm’n’blues norte-americano para usar e abusar de novos formatos de composição.

Syd foi um dos primeiros entusiastas do LSD na Inglaterra, substância descoberta por acaso pelo cientista suíço Albert Hoffmann em uma tarde de 1943 que ficou restrita ao círculo farmacêutico até ser descoberta e utilizada pelo cientista norte-americano Timothy Leary no início dos anos 60. Os efeitos da dietilamida do ácido lisérgico, que ainda era uma droga legal, na mente criativa de Syd fez que ele levasse o rock para outra dimensão em todos os sentidos: não só a estrutura das canções mudava drasticamente (bebendo de fontes alternativas – e inglesas) bem como o tema e suas apresentações ao vivo. E embora os outros integrantes da banda não fosse usuários aficionados como Syd, todos eles deixavam-se levar pela onda alucinógena que o vocalista e guitarrista emanava. O próprio nome da banda era uma prova de como estes limites poderiam ser explorados. Syd sugeriu batizá-los de Pink Floyd a partir de uma explicação lisérgica, mas ele apenas reuniu o prenome de dois de seus bluesmen favoritos, Pink Anderson e Floyd Council.

Ao vivo, a banda, vestidas com roupas coloridas, camisas bufantes, chapéus, franjas e botas, entregava-se ao improviso e às divagações musicais de Syd, que graças às inéditas fórmulas de iluminação no palco, quando projeções gelatinosas eram miradas sobre a banda, parecia tornar-se um sacerdote místico. Exímio guitarrista, ele também levava seu instrumento a paisagens distantes da primeira geração do rock ou do movimento mod que dominava a Londres do período. Em shows que duravam horas, o Pink Floyd aos poucos foi construindo sua reputação como um dos principais faróis de um novo movimento: a psicodelia.

Era uma transformação comportamental que inevitavelmente caía sobre o rock. Os ecos destas mudanças aconteciam em vários lugares do mundo, principalmente na Califórnia e na Inglaterra, e o Pink Floyd era o principal motor deste movimento, que contava com outros ícones bem próximos, como o guitarrista norte-americano Jimi Hendrix (que foi criar seu Experience em Londres) e, claro, os Beatles.

Nick Mason, Rick Wright, Roger Waters e Syd Barrett

Nick Mason, Rick Wright, Roger Waters e Syd Barrett

O grupo de Liverpool estava trancado no estúdio 2 de Abbey Road desde o início de 1967 e já haviam lançado o compacto com as faixas “Strawberry Fields Forever” e “Penny Lane” quando o Pink Floyd assinou com a EMI para gravar seu disco de estreia no estúdio 1, vizinho ao que os Beatles gravaram Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band. O disco do Pink Floyd foi produzido pelo engenheiro Norman Smith., que já vinha trabalhando com os Beatles há tempos. A troca de informações entre os dois discos e as duas bandas ainda são um assunto intocado, bem como quem influenciou quem. O disco dos Beatles foi lançado dois meses antes da estreia do Pink Floyd, mas os dois discos ficaram prontos praticamente ao mesmo tempo.

E o disco do Pink Floyd era muito mais ousado que o dos Beatles. Embora Sgt. Pepper’s tenha causado ao reunir uma orquestra inteira para tocar o crescendo de “A Day in the Life”, costurado o carrossel de colagens de “Being for the Benefit of Mr. Kite!”, citado a sigla de LSD em “Lucy in the Sky with Diamonds” e posto oriente e ocidente para duelar em “Within You Without You”, The Piper at the Gates of Dawn (título tirado de um capítulo do clássico infantil Vento nos Salgueiros, de Kenneth Grahame, sobre o deus grego Pan) ia além.

Talvez não tivessem os recursos que os Beatles tinham, mas isso não tornava suas viagens mais tímidas. Ia do espaço sideral (com a faixa de abertura “Astronomy Domine” e o longo improviso instrumental de “Interstellar Overdrive”) ao I Ching (“Chapter 24”), da visita de seres míticos (“The Gnome”) à infância (“Bike”), sempre ao som de progressões de acordes incomuns, solos melancólicos, riffs destrambelhados, fractais em teclados elétricos, bateria desenfreada, baixo melódico e duro, efeitos eletrônicos e sonoplastia. The Piper at the Gates of Dawn é quase um OVNI que pousa no meio daquilo que hoje conhecemos como rock clássico, acendendo luzes que apontam para rumos que nunca haviam sido cogitados.

Parte de seu brilho talvez venha de sua velocidade. Do mesmo jeito que ascendeu, Syd Barrett pifou. O mesmo LSD que o fez visionário, o cegou de forma brutal, transformando-o em um Ícaro psicodélico, a primeira vítima séria da era hippie, que mesmo que não tivesse sido fatal, transformou-se em um peso morto que constrangia a banda ao vivo. Por diversas vezes ficava imóvel no palco, não dublava a própria voz em programas de TV e o grupo teve de chamar um quinto músico para que a banda pudesse funcionar – e em pouco tempo David Gilmour o substituiu, levando a banda para um limbo estético que durou vários discos – e que forjou uma das principais lendas da história do rock.

Mas a influência de Syd sempre esteve presente. O próprio clássico Dark Side of the Moon é uma ode à loucura e funciona como um questionamento em relação ao que aconteceu com o amigo do grupo – que batizou o álbum de forma que a palavra “Side” ecoasse o nome do fundador da banda. O disco seguinte, Wish You Were Here, foi mais direto – e além da descarada declaração de amizade da faixa-título (“Queria que você estivesse aqui”) dedicava a longa suíte “Shine On You Crazy Diamond” ao pai da psicodelia inglesa. Mas seu recado já estava dado em The Piper at the Gates of Dawn – e ecoa firme até hoje. Brilha muito.

“Remember when you were young…”

pink-floyd-exposicao

Visitei a inacreditável exposição em homenagem aos 50 anos do Pink Floyd em Londres e contei o que vi lá no meu blog no UOL.

Réplicas de objetos de cena utilizados pelo grupo no final dos anos 70

Réplicas de objetos de cena utilizados pelo grupo no final dos anos 70

O mesmo museu que mergulhou na vida e obra de David Bowie na excelente exposição David Bowie Is em 2013 agora convida para uma viagem pela carreira de uma das bandas mais influentes da cultura contemporânea. A exposição Their Mortal Remains, organizada pelo museu londrino Victoria & Albert ao lado dos três remanescentes do grupo (David Gilmour, Nick Mason e Roger Waters), disseca 50 anos de carreira do Pink Floyd em várias dimensões, levando em consideração todo o impacto cultural – e não apenas musical – exercido pelo grupo desde seus primeiros anos. Em uma visita que durou algumas horas, fui transportado para um documentário cronológico sobre a história da banda em que os principais artefatos de sua existência eram exibidos um a um.

Um dos grandes trunfos de Their Mortal Remains é a forma como os fones de ouvido distribuídos à entrada ajudam na imersão na exposição. Como são aparelhos sensíveis aos movimentos, eles sintonizam músicas do grupo de acordo com a parte do museu em que você está, além de se conectarem automaticamente ao som de monitores de TV que exibem entrevistas com os integrantes do grupo e seus contemporâneos quando chegamos a poucos metros de distância. É um recurso incrível, que torna o didatismo da exposição ainda mais intenso.

A mostra começa com o tom psicodélico do início da carreira do grupo. A opção por contar a história a partir do momento em que a banda assume o nome que a tornou famosa elimina da história os anos de formação do grupo, quando, altamente influenciado pelo rhythm’n’blues norte-americano, teve encarnações com nomes como Sigma 6, The Meggadeaths, The Abdabs, The Screaming Abdabs, Leonard’s Lodgers, The Spectrum Five e Tea Set. Mas ao definir o ano de 1967 como ponto de partida, a exposição acerta ao mostrar o momento em que o grupo também começa a se preocupar com o impacto visual de suas apresentações. Liderado pelo ícone da psicodelia londrina, Syd Barrett, o Pink Floyd mostra-se extramusical desde seus primeiros registros fonográficos.

Outra opção curiosa da exposição é usar cabines telefônicas como marcos temporais. A cada início de década, surge uma cabine telefônica inglesa típica, com recortes de jornais da época e caracterizada com cores e desenhos do período que demarca.

Entrada da exposição The Pink Floyd Exhibition: Their Mortal Remains no Victoria and Albert Museum, em Londres

Entrada da exposição The Pink Floyd Exhibition: Their Mortal Remains no Victoria and Albert Museum, em Londres

Carta que Roger Waters escreveu para os pais logo na primeira ida do grupo para Londres, em 1967 (na foto, a van com uma listra branca que ele desenha na carta)

Carta que Roger Waters escreveu para os pais logo na primeira ida do grupo para Londres, em 1967 (na foto, a van com uma listra branca que ele desenha na carta)

A cada vitrine nos deparamos com itens pessoais de cada um dos integrantes do Pink Floyd, desde diários escritos à mão a cartas enviadas para os pais contando os primeiros dias como músicos profissionais, além de peças de roupas, equipamentos e instrumentos musicais. Na primeira fase da exposição, cada fase é definida em um disco e cada disco funciona como uma vitrine exibindo itens pessoais do grupo ao mesmo tempo em que contam suas histórias.

Vitrine com as influências musicais do grupo no inicio, Elvis Presley e velhos blueseiros norte-americanos

Vitrine com as influências musicais do grupo no inicio, Elvis Presley e velhos blueseiros norte-americanos

Vitrine relativa à primeira fase do grupo, com as guitarras personalizadas por Syd Barrett e os singles lançados antes do primeiro álbum

Vitrine relativa à primeira fase do grupo, com as guitarras personalizadas por Syd Barrett e os singles lançados antes do primeiro álbum

Um dos primeiros aparelhos a tornar o show do Pink Floyd fora do comum, este refletor permitia a projeção de slides sobre a banda, no meio da imagem, as lentes utilizadas para tirar a foto da banda na capa de seu primeiro disco

Um dos primeiros aparelhos a tornar o show do Pink Floyd fora do comum, este refletor permitia a projeção de slides sobre a banda, no meio da imagem, as lentes utilizadas para tirar a foto da banda na capa de seu primeiro disco

Apetrechos cênicos que o grupo começou a usar no palco – a flor espelhada entre 1973 e 1975 e os aviões do período de transição na virada dos anos 60 para os 70. A bicicleta é a que Syd tinha aos 9 anos de idade.

Apetrechos cênicos que o grupo começou a usar no palco – a flor espelhada entre 1973 e 1975 e os aviões do período de transição na virada dos anos 60 para os 70. A bicicleta é a que Syd tinha aos 9 anos de idade.

Um dos inúmeros teclados de Rick Wright

Um dos inúmeros teclados de Rick Wright

Pôsteres, equipamentos e roupas do grupo em sua fase psicodélica. Abaixo, o clássico Azimuth Co-ordinator, aparelho com o qual o grupo conseguia fazer efeitos utilizando o som quadrafônico de algumas casas de show

Pôsteres, equipamentos e roupas do grupo em sua fase psicodélica. Abaixo, o clássico Azimuth Co-ordinator, aparelho com o qual o grupo conseguia fazer efeitos utilizando o som quadrafônico de algumas casas de show

A clássica Stratocaster preta de David Gilmour e alguns pedais que ele utilizava no início

A clássica Stratocaster preta de David Gilmour e alguns pedais que ele utilizava no início

A guitarra pedal steel dupla que o grupo usava no início dos anos 70

A guitarra pedal steel dupla que o grupo usava no início dos anos 70

Mais uma vez a bicicleta laranja que Syd Barrett tinha aos 9 anos de idade, inspiração para a música "Bike", que encerra o primeiro disco da banda

Mais uma vez a bicicleta laranja que Syd Barrett tinha aos 9 anos de idade, inspiração para a música “Bike”, que encerra o primeiro disco da banda

Nesta primeira fase o que impressionam são os instrumentos modificados por Syd Barrett, bem como suas próprias pinturas, os teclados analógicos de Rick Wright, fotos alternativas de capas de discos e outras relíquias, como a bicicleta que Syd Barrett tinha aos nove anos de idade. A cada vitrine a exposição vai mostrando como o grupo superou a saída do líder, como a entrada de David Gilmour aos poucos foi mexendo no som da banda, abrindo espaço para viagens instrumentais que favoreciam a cozinha formada pelo baixista Roger Waters e o baterista Nick Mason.

Rascunhos do grupo de design Hypgnosis para a capa do clássico The Dark Side of the Moon

Rascunhos do grupo de design Hypgnosis para a capa do clássico The Dark Side of the Moon

Mais artefatos da era Dark Side – as moedas à esquerdas foram costuradas como um chocalho para a introdução da música "Money"

Mais artefatos da era Dark Side – as moedas à esquerdas foram costuradas como um chocalho para a introdução da música “Money”

A exposição muda de tom a partir do mítico Dark Side of the Moon, o disco de 1973 que eternizou a importância do grupo e os transformou em popstars de primeira grandeza. A parte da exposição dedicada ao disco inclui desde rascunhos da capa do disco a instrumentos pouco convencionais usados em sua gravação (como o chocalho de moedas tocado em “Money”) até um holograma em 3D com a capa do disco girando ao som de “The Great Gig in the Sky”. A parte seguinte à do disco mostra como o grupo se aventurava no estúdio e usa um recurso simples e genial para mostrar como o grupo produzia seus discos, a espalhar pequenas mesas de som onde é possível manipular os canais da música “Money” ouvindo os instrumentos separadamente.

Em uma das melhores partes interativas da exposição, o público pode ouvir as faixas separadas de todos os instrumentos na faixa "Money", isolando, à sua escolha, bateria, sax, vocais, duas guitarras, baixo e efeitos sonoros

Em uma das melhores partes interativas da exposição, o público pode ouvir as faixas separadas de todos os instrumentos na faixa “Money”, isolando, à sua escolha, bateria, sax, vocais, duas guitarras, baixo e efeitos sonoros

A partir daí há uma parte inteira da exposição dedicadas a equipamentos e instrumentos musicais, mostrando peças que foram partes importantes tanto na criação dos discos quanto na divulgação em turnês.

Um dos primeiros sintetizadores, instrumentos que o Pink Floyd abraçava logo que eram lançados, utilizando-os em suas aventuras sonoras

Um dos primeiros sintetizadores, instrumentos que o Pink Floyd abraçava logo que eram lançados, utilizando-os em suas aventuras sonoras

Várias guitarras utilizadas por David Gilmour – e um baixo de Roger Waters – a partir dos anos 70

Várias guitarras utilizadas por David Gilmour – e um baixo de Roger Waters – a partir dos anos 70

A clássica bateria de Nick Mason nos anos 70

A clássica bateria de Nick Mason nos anos 70

Mais instrumentos de Gilmour, entre eles um bandolim elétrico

Mais instrumentos de Gilmour, entre eles um bandolim elétrico

A exposição retorna ao ritmo dos discos a partir de Wish You Were Here, de 1975, e também vai mostrando como o Pink Floyd foi crescendo para se tornar um dos maiores nomes do showbusiness. O uso de telão e de infláveis no show, novidades inventadas pela banda, aliam-se aos temas cada vez mais polêmicos e controversos do grupo, culminando com o épico egotrip The Wall, de 1979. Neste período o grupo alcance uma escala que o torna um dos maiores nomes da história do pop moderno até hoje.

A parte da exposição dedicada ao disco Wish You Were Here

A parte da exposição dedicada ao disco Wish You Were Here

Contato com as fotos utilizadas na capa do disco Wish You Were Here

Contato com as fotos utilizadas na capa do disco Wish You Were Here

Caderno com as letras da banda, "Have a Cigar", entre elas

Caderno com as letras da banda, “Have a Cigar”, entre elas

Polaróide da visita de Syd Barrett ao estúdio da banda, em 1975. Gordo, careca e com as sobrancelhas raspadas, ele estava irreconhecível.

Polaróide da visita de Syd Barrett ao estúdio da banda, em 1975. Gordo, careca e com as sobrancelhas raspadas, ele estava irreconhecível.

Réplica da camiseta do grupo usada por Johnny Rotten, dos Sex Pistols, com a frase "I Hate" ("eu odeio") escrita sobreo nome da banda.

Réplica da camiseta do grupo usada por Johnny Rotten, dos Sex Pistols, com a frase “I Hate” (“eu odeio”) escrita sobreo nome da banda.

O recorte original das letras de revistas e jornais que serviram de base para a capa do primeiro disco dos Sex Pistols

O recorte original das letras de revistas e jornais que serviram de base para a capa do primeiro disco dos Sex Pistols

A animação de Ian Emes que passava no telão do grupo quando tocava a música "Time"

A animação de Ian Emes que passava no telão do grupo quando tocava a música “Time”

Réplica da capa do disco Animals e o professor inflável de The Wall

Réplica da capa do disco Animals e o professor inflável de The Wall

Teclado e guitarra usados pelo grupo no final dos anos 70

Teclado e guitarra usados pelo grupo no final dos anos 70

Mais infláveis da fase The Wall, no final dos anos 70

Mais infláveis da fase The Wall, no final dos anos 70

Máscaras usadas pelo grupo na turnê do disco The Wall

Máscaras usadas pelo grupo na turnê do disco The Wall

A punição física ainda era utilizada como método pedagógico na Inglaterra depois da Segunda Guerra Mundial e esta bengala foi responsável por surras em Roger Waters e Syd Barrett, ainda crianças, o que fez o primeiro a escrever uma ode contra o sistema educacional inglês no disco The Wall

A punição física ainda era utilizada como método pedagógico na Inglaterra depois da Segunda Guerra Mundial e esta bengala foi responsável por surras em Roger Waters e Syd Barrett, ainda crianças, o que fez o primeiro a escrever uma ode contra o sistema educacional inglês no disco The Wall

Mais uma vez, o professor inflável original

Mais uma vez, o professor inflável original

Réplica do quarto de hotel Tropicana, utilizado como cenário no trecho do show em que o grupo cita a letra que batiza a exposição, "Nobody Home"

Réplica do quarto de hotel Tropicana, utilizado como cenário no trecho do show em que o grupo cita a letra que batiza a exposição, “Nobody Home”

Farda fascista que Roger Waters utilizava durante a turnê do disco The Wall. Esta versão é a do show que ele fez em Berlim após a queda do muro.

Farda fascista que Roger Waters utilizava durante a turnê do disco The Wall. Esta versão é a do show que ele fez em Berlim após a queda do muro.

Embora Roger Waters tenha desfeito o grupo no início dos anos 80 e David Gilmour, ao lado de Mason e Wright, tenham conseguido seguir com o nome do grupo, a discografia a partir dos anos 80 segue sendo detalhada mas, naturalmente, sem a importância das fases anteriores. A exposição termina com o disco The Endless River, de 2014, feito com sobras de gravações do disco The Division Bell, lançado duas décadas antes. E embora o fim seja melancólico – principalmente ao nos depararmos com a enorme loja de souvenirs do grupo e do museu -, a exposição é um sonho para todo fã do grupo. Ela fica em cartaz em Londres até o início de outubro (mais informações no site do museu) e seus organizadores tem a intenção de fazer que ela viaje pelo mundo. Vamos torcer para, que como a de David Bowie, ela também venha para o Brasil.

Catálogo da turnê mundial do Pink Floyd no final dos anos 80

Catálogo da turnê mundial do Pink Floyd no final dos anos 80

Réplica da fantasia utilizada na capa do disco ao vivo Delicate Sound of Thunder

Réplica da fantasia utilizada na capa do disco ao vivo Delicate Sound of Thunder

Contato com as fotos que iriam para a capa do disco A Momentary Lapse of Reason

Contato com as fotos que iriam para a capa do disco A Momentary Lapse of Reason

As máscaras de ferro utilizadas na capa do disco The Division Bell

As máscaras de ferro utilizadas na capa do disco The Division Bell

Psicodelia visual

davidlynch

O episódio mais recente de Twin Peaks levou a série para perto de Júpiter, como nos lembram esses mashups que eu publiquei no meu blog no UOL.

Ainda estamos sentindo os primeiros tremores do espasmo sensorial que foi o oitavo episódio da terceira temporada de Twin Peaks – enquanto alguns tentam decifrar os códigos deixados nas entrelinhas e outros buscam o sentido metafísico em relação ao resto do seriado, muitos deixam-se levar pelo simples aspecto lúdico da exposição ao imaginário sombrio e transcendental de David Lynch e os primeiros filhotes já começam a surgir em forma de paródias, remixes e memes. Um dos melhores até agora é esse incrível mashup entre a deslumbrante cena da primeira bomba atômica ao som de “Echoes”, do Pink Floyd, na versão que o grupo tocou ao vivo em um teatro de arena nas ruínas da cidade de Pompéia, na Itália. Preciso dizer que há spoilers da série para quem não viu o episódio? Tudo bem, está dito:

Não é a primeira vez que “Echoes” se mistura a uma cena imediatamente clássica, deslumbrante e psicodélica. Os fãs do Pink Floyd devem reconhecer essa superposição genial entre a música que ocupa todo o lado B do disco Meddle e o terceiro ato do épico existencial de Stanley Kubrick, 2001 – Uma Odisséia no Espaço.

E é claro que iriam fazer o caminho de volta, recriando a cena do episódio histórico de Twin Peaks com a trilha sonora do clássico da ficção científica de Kubrick, “Réquiem para Soprano, Mezzo-Soprano, Dois Corais Mistos e Orquestra”, do compositor húngaro György Ligeti:

Já foi comentado o grau de parenteso entre as duas cenas e a trilha sonora utilizada por Lynch em sua cena original, a tensa “Threnody to The Victims of Hiroshima” do compositor polonês Krzysztof Penderecki já havia sido usada pelo próprio Kubrick em outro de seus clássicos, o filme de horror psicológico O Iluminado, de 1980. É uma composição de tirar o fôlego:

Ainda estou digerindo o episódio e devo escrever sobre seu significado em relação ao resto da série em breve.

Concertos de Discos

concertos-de-discos

A partir deste mês retomamos no Centro Cultural São Paulo a série Concertos de Discos, idealizada pela diretora original da discoteca pública que hoje batiza a instituição, a pesquisadora Oneyda Alvarenga, em que pesquisadores e especialistas dissecam discos clássicos em audições comentadas. Como estamos nas comemorações dos 50 anos do ano de 1967 (dentro do projeto Invenção 67), iniciamos os trabalhos com oito aulas sobre oito discos essenciais lançados naquele ano – das estréias do Pink Floyd, Doors, Velvet Underground e Jimi Hendrix, a discos cruciais nas carreiras de Tom Jobim, Roberto Carlos, Aretha Franklin e dos Beatles. O time de especialistas reunidos é da pesada e as audições acontecem na própria Discoteca Oneyda Alvarenga, no CCSP, durante as terças e quintas de junho, gratuitamente, a partir das 18h30. Veja a programação completa deste primeiro mês abaixo (mais informações aqui):

Concertos de Discos
de 6 a 29/6 – terças e quintas – 18h30
O Invenção 67 ressuscita os célebres Concertos de Discos, que a primeira diretora da Discoteca do Centro Cultural São Paulo, Oneyda Alvarenga, ministrou entre 1938 e 1958. Os Concertos de Discos voltam focados em música popular e realizados na própria Discoteca Oneyda Alvarenga, convidando o público a uma audição comentada. Programe-se: as audições são limitadas a 30 pessoas. Todos os concertos começam pontualmente às 18h30.

60min – livre – Discoteca Oneyda Alvarenga
grátis – sem necessidade de retirada de ingressos

Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band
dia 6/6 – terça – 18h30
Pai e filho, Maurício Pereira (Os Mulheres Negras) e Tim Bernardes (O Terno) falam sobre o clássico dos Beatles: Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band.

The Piper at the Gates of Dawn
dia 8/6 – quinta – 18h30
O crítico e músico Alex Antunes (Akira S, Shiva Las Vegas) trata do disco de estreia do Pink Floyd, The Piper at the Gates of Dawn.

Wave e Francis Albert Sinatra & Antonio Carlos Jobim
dia 13/6 – terça – 18h30
O músico e historiador Cacá Machado analisa os álbuns Wave, de Tom Jobim, e Francis Albert Sinatra & Antonio Carlos Jobim, parceria com Sinatra e Jobim que marcou a inserção da bossa nova no contexto internacional.

The Doors
dia 15/6 – quinta – 18h30
O jornalista Jotabê Medeiros mergulha no álbum de estreia da banda The Doors, que juntou de modo dramático jazz, blues, lisergia e poesia.

I Never Loved a Man the Way I Love You
dia 20/6 – terça – 18h30
Especialista em hip hop, soul e funk, a jornalista Mayra Maldjian analisa I Never Loved a Man the Way I Love You, turning point na carreira de Aretha Franklin – e do rythmn’n’blues.

Are You Experienced?
dia 22/6 – quinta – 18h30
Músico e jornalista, Rodrigo Carneiro (Mickey Junkies) surfa em Are You Experienced?, disco em que estreou a banda Experience, de certo guitarrista canhoto chamado Jimi Hendrix.

Em Ritmo de Aventura
dia 27/6 – terça – 18h30
Guitarrista e vocalista da banda Autoramas, Gabriel Thomaz entra Em Ritmo de Aventura para falar do clássico de Roberto Carlos.

The Velvet Underground & Nico
dia 29/6 – quinta – 18h30
O jornalista e editor da revista Bravo!, Guilherme Werneck, trata de The Velvet Underground & Nico, o disco que lançou a banda de Lou Reed – e também as bases do punk.

Roger Waters e David Gilmour: “Apenas negócios”

Roger Waters e David Gilmour

Roger Waters e David Gilmour

Às vésperas de dois grandes lançamentos, seu primeiro disco de inéditas em mais de quinze anos e uma exposição sobre os 50 anos de sua banda, o baixista do Pink Floyd Roger Waters abre o jogo sobre sua relação com o ex-companheiro de grupo David Gilmour – falei mais sobre isso no meu blog no UOL.

Às vésperas de dois lançamentos importantes, o ex-baixista do Pink Floyd não está muito preocupado em manter as aparências para ajudar a publicidade. “Dave e eu não somos amigos, nunca fomos e duvido que um dia seremos”, disse Roger Waters em entrevista ao jornal inglês Telegraph, em referência ao ex-parceiro de banda, o guitarrista David Gilmour. “E tudo bem, não há razão para sermos”.

“Você pode ser criativo sem ser amigo”, acrescentou. “David e eu fizemos ótimos trabalhos juntos, que nunca teria acontecido nós dois não estivéssemos lá.” O baixista está prestes a lançar seu primeiro disco solo em mais de dez anos e para isso convocou o produtor do Radiohead, Nigel Godrich, para ajudá-lo a polir sua nova sonoridade. O disco Is This the Life We Really Want? está agendado para ser lançado no início de junho e o músico já apresentou o primeiro single, “Smell the Roses”, que ecoa bons momentos de seu grupo original.

Além do novo disco, Roger também está por trás da exposição The Pink Floyd Exhibition: Their Mortal Remains, que será inaugurada no próximo sábado, dia 13, no museu Victoria and Albert Museum, em Londres, e celebra o cinquentenário da banda reunindo todo tipo de memorabilia sobre a banda inglesa, de objetos pessoais de seus integrantes a equipamentos de shows e gravação, passando por rascunhos de canções e capas de discos, entre outras curiosidades. O jornal inglês The Guardian publicou algumas imagens que estarão na exposição, que reproduzo abaixo:

A bengala usada para punir fisicamente os alunos da escola Cambridgeshire quando Roger Waters, Syd Barrett e Storm Thorgerson (que depois iria fazer as capas do Pink Floyd) estudavam lá

A bengala usada para punir fisicamente os alunos da escola Cambridgeshire quando Roger Waters, Syd Barrett e Storm Thorgerson (que depois iria fazer as capas do Pink Floyd) estudavam lá

Uma das fotos tiradas na sessão para a capa de discos do primeiro disco da banda, em 1967

Uma das fotos tiradas na sessão para a capa de discos do primeiro disco da banda, em 1967

A formação clássica do Pink Floyd – Rick Wright, Nick Mason, Roger Waters e David Gilmour – em 1970

A formação clássica do Pink Floyd – Rick Wright, Nick Mason, Roger Waters e David Gilmour – em 1970

Uma pintura abstrata feita pelo líder original da banda, Syd Barrett, em 1965

Uma pintura abstrata feita pelo líder original da banda, Syd Barrett, em 1965

Um cartaz para uma apresentação do grupo no Royal Festival Hall, dia 14 de abril de 1969

Um cartaz para uma apresentação do grupo no Royal Festival Hall, dia 14 de abril de 1969

O baterista Nick Mason guardando seu instrumento em 1965

O baterista Nick Mason guardando seu instrumento em 1965

O Azymuth Coordinator, uma espécie de controle de som quadrafônico criado para um show da banda no Queen Elizabeth Hall, em maio de 1967

O Azymuth Coordinator, uma espécie de controle de som quadrafônico criado para um show da banda no Queen Elizabeth Hall, em maio de 1967

Cartaz feito para o lançamento do primeiro disco da banda, The Piper at the Gates of Dawn, em 1967

Cartaz feito para o lançamento do primeiro disco da banda, The Piper at the Gates of Dawn, em 1967

Projetor de luz usado entre 1966 e 1967 pela banda

Projetor de luz usado entre 1966 e 1967 pela banda

Uma flor espelhada que fazia parte do palco da banda entre 1973 e 1975

Uma flor espelhada que fazia parte do palco da banda entre 1973 e 1975

Ilustração de Roger Waters, da época do disco The Wall

Ilustração de Roger Waters, da época do disco The Wall

Vida Fodona #555: Máquina do tempo

vf555

Pensativo.

Jorge Ben – “O Filósofo”
Calvin Harris – “Merrymaking at My Place”
!!! – “Heart of Hearts”
Blood Red Shoes – “It’s Getting Boring By The Sea (Blamma! Blamma! Red Shoes Mix)”
We Are Scientists – “Chick Lit (Danger TV Remix Edit)”
Edu K + Marina Vello – “Me Bota Pra Dançar”
Simian Mobile Disco – “Hustler”
Whitest Boy Alive – “The Golden Cage (Fred Falke Remix)”
Mano Brown + Seu Jorge + Dom Pixote – “Dance, Dance, Dance”
Quinto Andar – “Som Pra Pista”
Knife – “We Share Our Mother’s Health”
George Michael – “Freedom ’90”
Happy Mondays – “24 Hour Party People (Jon Carter Mix)”
B-52’s – “Rock Lobster”
Gang 90 + Absurdetes – “Românticos a Go-Go”
Talking Heads – “I Zimbra”
Fall – “Rollin’ Danny”
Erasmo Carlos – “Mané João”
João Donato – “Cala Boca Menino”
Odair José – “Com o Passar do Tempo”
Pink Floyd – “Free Four”
Pavement – “Father To a Sister of Thought”
Bruce Springsteen – “Glory Days”
Isaac Hayes – “By the Time I Get to Phoenix”

A última vinda do Pink Floyd

Nick Mason e Roger Waters, em evento de lançamento da exposição Pink Floyd: Their Mortal Remains

Nick Mason e Roger Waters, em evento de lançamento da exposição Pink Floyd: Their Mortal Remains

Em uma entrevista coletiva para falar sobre a nova exposição inspirada no Pink Floyd, o baterista Nick Mason e o baixista Roger Waters deram a entender que podem fazer um último show da banda no festival de Glastonbury – falei sobre essa possibilidade no meu blog no UOL.

Embora David Gilmour tenha matado o Pink Floyd logo após o lançamento do disco Endless River em 2014, os três integrantes remanescentes do grupo estão trabalhando juntos num projeto com o nome da banda. A exposição The Pink Floyd Exhibition: Their Mortal Remains deve estrear ainda este semestre em Londres, reunindo toda espécie de material sobre a banda com a curadoria do guitarrista, do baixista Roger Waters e do baterista Nick Mason. É a primeira vez que os três se reúnem desde o show que fizeram juntos ao tecladista Rick Wright no evento Live 8, em 2005, três anos antes da morte de Wright. Mas agora dois integrantes da formação original da banda cogitam a possibilidade de voltar aos palcos com o nome que lhes deu fama.

“Seria legal acrescentar algumas coisas à lista. Eu nunca toquei em Glastonbury. Seria divertido, mas não acho que seja muito provável”, disse o baterista Nick Mason em um evento realizado para divulgar a exposição na semana passada, em Londres. Waters, que também esteve no evento e já tocou no festival como artista solo, completou a declaração do amigo baterista. “Eu toquei em Glastonbury uma vez. Acho que estava muito frio. Mas tinha muita gente, eles pareciam muito felizes eu gostei. Sim, eu tocaria lá de novo.”

A declaração dos dois colide de frente com as intenções do guitarrista, dono dos direitos do uso do nome da banda após uma exaustiva disputa judicial com Roger Waters, com quem tem uma relação complicada. Em entrevista ao jornal inglês Telegraph em 2015, Gilmour comentou sobre ter encerrado as atividades do Pink Floyd e sua relação com Waters. “Eu não me iludiria a não apreciar os ótimos momentos que tivemos juntos. Ao cantar ‘Us and Them’, eu penso como a música é brilhante e relevante, e eu não escrevi nem a letra nem a música. Ainda amo poder tocá-la. Eu não quero fazer mais isso com o resto destes caras. Rick morreu. Roger e eu não nos damos particularmente bem. Ainda conversamos. É melhor do que já foi. Mas não funcionaria. As pessoas mudam. Roger e eu nos superamos um ao outro e acho que seria impossível que nós trabalhássemos juntos de uma forma realista.”

A exposição Pink Floyd: Their Mortal Remains estreia dia 13 de maio, no V&A Museum, em Londres

A exposição Pink Floyd: Their Mortal Remains estreia dia 13 de maio, no V&A Museum, em Londres

Mas o fato é que Gilmour e Waters vêm trabalhando juntos na exposição The Pink Floyd Exhibition: Their Mortal Remains, que estreia no museu londrino Victoria and Albert no dia 13 de maio até outubro deste ano e já está com ingressos à venda. Inspirada no sucesso da exposição de David Bowie, a exposição reúne 350 itens usados pela própria banda, que vão desde instrumentos e equipamentos de som, a itens pessoais, manuscritos de letras e até a vara de bambu que surrava os integrantes da banda quando eles ainda eram crianças, na escola (pois até os anos 50, professores ingleses podiam repreender fisicamente seus alunos). O dia do lançamento da exposição coincide com o lançamento do primeiro single da banda, “Arnold Layne”, dos tempos em que o grupo era liderado pelo visionário psicodélico Syd Barrett, que só gravou o primeiro disco com a banda e morreu em 2006.

A última vez que os integrantes da fase clássica do Pink Floyd tocaram juntos, em 2005 (David Gilmour, Roger Waters, Nick Mason e Rick Wright)

A última vez que os integrantes da fase clássica do Pink Floyd tocaram juntos, em 2005 (David Gilmour, Roger Waters, Nick Mason e Rick Wright)

A relação tensa entre os integrantes da banda já foi bem pior, mesmo antes do grupo terminar no início dos anos 80, quando Waters, que então via-se como o líder e principal compositor do Pink Floyd, demitiu o tecladista Rick Wright do último disco que gravou com o nome da banda, The Final Cut, de 1983. Nos anos 80, quando Gilmour, Wright e Mason ganharam na justiça o direito de usar o nome Pink Floyd sem a permissão Waters, a relação ficou ainda pior, principalmente porque Waters continuava fazendo shows com o mesmo material que o grupo também fazia ao vivo. Os quatro voltaram a se conversar no novo século, quando Waters participou de um show do Pink Floyd em 2005, tocando juntos pela última vez numa aparição surpresa no festival Live 8.

E nunca foi segredo nenhum que o dono do festival Glastonbury, Michael Eavis, sempre quis ter o Pink Floyd na história do evento. Será?

Vida Fodona #551: Tentando reinventar

vf551

Duas horas de programa misturando músicas velhas e hits recém-lançados de 2017…

Jetta – “I’d Love to Change the World (Matstubs Remix)”
Spoon – “Hot Thoughts”
Felipe S – “Anedota Yanomami”
Chaz Bundick + The Mattson 2 – “Star Stuff”
Xx – “Too Good”
Arctic Monkeys – “Cornerstone”
Boogarins – “Tempo”
Flaming Lips – “Sunrise (Eyes of the Young)”
Garotas Suecas – “Bucolismo”
BaianaSystem – “Invisível”
MC Beijinho – “Me Libera Nega”
Amadou + Mariam – “Ce N’est Pas Bon (A JD Twitch edit)”
Akase – “Under the Pressure”
Nicolas Jaar – “Killing Time”
Pink Floyd – “Pigs (Three different Ones)”
Television – “Marquee Moon”
Stephen Malkmus + The Jinks – “Real Emotional Trash”
Wilco – “Impossible Germany”
Warpaint – “Heads Up”
Lô Borges – “Faça Seu Jogo”
Kiko Dinucci – “Uma Hora da Manhã”
Rakta – “Raiz Forte”
Coruja BC – “Modo F”
Flora Matos – “Quando Você Vem”
Mahmundi – “Meu Amor”

Abaixo a versão do Spotify, com menos músicas.

Roger Waters contra Donald Trump

trump-roger-waters-

Publiquei no meu blog no UOL um vídeo em que o ex-baixista do Pink Floyd, Roger Waters, aponta sua munição para o recém-eleito presidente dos EUA, Donald Trump.

Desde os tempos do Pink Floyd, o músico e compositor Roger Waters usa sua música para fazer comentários sobre política – tanto sobre a natureza política do ser humano (em discos como Dark Side of the Moon e Animals), quanto sobre a classe política em si (especificamente em The Wall, quando comparou o conceito do astro de rock a um ícone fascista). Mas desde que saiu em carreira solo, ele é mais proeminente sobre questões específicas, desde a recontextualização de seu The Wall no local da queda do Muro de Berlim quanto à discussão em relação à questão palestina. E, na sexta passada, dia da posse de Donald Trump como novo presidente norte-americano, o baixista postou em sua página do Facebook um vídeo para lembrar que “a resistência começa hoje.

O vídeo traz a apresentação do músico na Cidade do México, no ano passado, quando, em frente a 300 mil pessoas, comparou o personagem descrito em sua “Pigs (Three Different Ones)”, do disco Animals, a Donald Trump. A faixa faz parte do antepenúltimo disco da formação clássica Pink Floyd, lançado há quarenta anos, inspirado no livro A Revolução dos Bichos, de George Orwell, e descreve um personagem “palhaço” e “que é quase uma piada”. Donald Trump apareceu projetado nos telões do show, sempre ridicularizado e comparado a Adolf Hitler.

A briga promete, pois Roger Waters dá início à nova Us and Them, que atravessa a América do Norte entre maio e setembro. E, como avisou, não deve diminuir o tom.