Há 40 anos, quando o clássico Dark Side of the Moon foi lançado, um amigo do dramaturgo Tom Stoppard sugeriu que ele escrevesse uma peça que pudesse usar o disco como trilha sonora. E no aniversário de quatro décadas do disco, a BBC retomou este insight e produziu não apenas o cenário para tal versão como convocou os animadores da Aardman (os gênios criadores do Wallace & Gromit) para traduzir visualmente esta viagem sobre a natureza da loucura, dinheiro, tempo, filosofia e o sentido da vida – uma celebração aos grandes temas do próprio Dark Side of the Moon. Olha o trailer aí embaixo:
E da forma mais britânica possível, a íntegra do programa pode ser vista no site da BBC por tempo limitado. Então aproveite enquanto é tempo – ou até que alguém consiga ripar e publicar online em algum site de torrents.
Close the doors, put out the light…
Led Zeppelin – “No Quarter”
Doors – “The Changelling”
Cream – “Swlabr”
Rolling Stones – “19th Nervous Breakdown”
Mutantes – “Technicolor”
Raul Seixas – “Tente Outra Vez”
Paul McCartney – “Check My Machine”
Pink Floyd – “Let There Be More Light”
Beach Boys – “Fall Breaks and Back To Winter (Woody Woodpecker Symphony)”
Walter Franco – “Feito Gente”
Roxy Music – “Love is the Drug”
David Bowie – “Sound & Vision”
Jimi Hendrix Experience – “Still Raining, Still Dreaming”
Who – “I Can See For Miles”
Ronnie Von – “Sílvia 20 Horas Domingo”
Count Five – “Psychotic Reaction”
Hoje faz 70 anos que um cientista, o suíço Albert Hofmann, decidiu tomar 250 miligramas substância que havia sintetizado três dias antes, chamada dietilamida do ácido lisérgico. Ao descobrir seus efeitos sem querer, decidiu experimentá-los de forma recreativa intencionalmente, ao passear de bicicleta pela cidade de Basel, onde morava. Aquele passeio mudou o século 20.
Mais do que o capista do Pink Floyd ou o comandante do estúdio Hypgnosis, Storm Thorgerson deve ser lembrado como um visionário da associação da música com o design. Ele não apenas escolheu a capa de disco como sua emblemática tela, como não se furtou a transitar por diferentes gêneros e artistas, deixando suas distinções estéticas em segundo plano para criar fotografias surrealistas que brincava com a expectativa do público em relação à imagem da banda ou músico. Suas primeiras capas para Peter Gabriel são implacáveis, seu trabalho com o Led Zeppelin transcende a epicidade do som do grupo para um universo quase zen, os Wings de Paul McCartney tornam-se plásticos e um disco do Black Sabbath exibe pornografia robô. Além de, claro, seu trabalho com o Pink Floyd, uma parceria entre música e som indissociável à identidade da banda. A cada novo disco lançado por Gilmour, Mason, Wright e Waters, Thorgerson paria tirava uma série de imagens para o sons e sensações friamente capturadas por uma psicodelia no limite do normal, um surrealismo com um pé em Salvador Dali e outro em Norman Rockwell, um Man Ray techicolor. A vaca no campo, o close na orelha, o porco na fábrica, o aperto de mãos em chamas – são imagens que transcendem a música da banda e viraram ícones de uma década. Mas seu trabalho não parou nos anos 70 e ele continuou trabalhando com artistas completamente diferentes como Biff Clyro, Muse, Mars Volta, Ween e Audioslave. Morreu vítima de câncer. Abaixo, uma pequena amostra de seu trabalho.
Há quem lamente a morte dessa mulher. Prefiro lembrar os protestos que fizeram contra ela – e ainda acho que foi pouco. Primeiro os Specials constatando o que aconteceu com Londres sob sua sombra, na clássica “Ghost Town”:
Depois vêm o Beat pedindo pra ela renunciar:
O Crass a homenageou após as centenas de mortes inglesas na Guerra das Malvinas em “How Does It Feel to Be The Mother Of A Thousand Dead”:
Roger Waters previu seu fim num asilo de tiranos (com Reagan, Brejnev, “o fantasma de McCarthy e as lembranças de Nixon”) em “The Fletcher Memorial Home”, do Final Cut:
Elvis Costello também pediu sua renúncia:
E Morrissey (e “the kind people”) sonhou com a ministra na guilhotina:
E o Hefner também cantou sobre sua morte – mais especificamente sobre o dia de hoje:
E não é porque ela morreu que virou boazinha. O diretor Ken Loach se pronunciou sobre a morte da “dama de ferro” inglesa:
Margaret Thatcher was the most divisive and destructive Prime Minister of modern times.
Mass Unemployment, factory closures, communities destroyed – this is her legacy. She was a fighter and her enemy was the British working class. Her victories were aided by the politically corrupt leaders of the Labour Party and of many Trades Unions. It is because of policies begun by her that we are in this mess today.
Other prime ministers have followed her path, notably Tony Blair. She was the organ grinder, he was the monkey.
Remember she called Mandela a terrorist and took tea with the torturer and murderer Pinochet.
How should we honour her? Let’s privatise her funeral. Put it out to competitive tender and accept the cheapest bid. It’s what she would have wanted.
Morrissey também:
Thatcher é lembrada como A Dama de Ferro somente porque possuía traços negativos como uma teimosia persistente e recusa determinada a escutar os outros.
Cada gesto seu era carregado de negatividade; ela destruiu a indústria britânica, ele odiava os mineiros, as artes, os Irish Freedom Fighters a ponto de permitir que eles morressem, ela odiava os pobres ingleses e nada fez para ajudá-los, ela odiava o Greenpeace e os ativistas ambientais, ela foi a única líder política europeia que se opôs a proibir o comércio de marfim, ela não tinha sagacidade nem cordialidade e seu próprio gabinete a expulsou. Ela deu a ordem para explodir o (navio) Belgrano ainda que estivesse fora da zona de exclusão das ilhas Malvinas = e estavam navegando para LONGE das ilhas! Quando os jovens garotos argentinos a bordo do Belgrano sofreram a mais estarrecedora e injusta morte, Thatcher acenou com um joia para a imprensa britânica.
Ferro? Não. Barbárie? Sim. Ela odiava as feministas apesar de ter sido graças à progressão do movimento feminista que o povo britânico se permitiu aceitar que uma premier. Mas, graças a Thatcher, não haverá jamais outra mulher com tanto poder na política britânica, e em vez de abrir a porta para outras mulheres, ela a fechou.
Thatcher será lembrada afetuosamente apenas por sentimentalistas que não sofreram sob sua liderança, mas a maioria do povo trabalhador britânico já a esqueceu, e o povo da Argentina estará celebrando sua morte. Só para registrar: Thatcher era terror sem um átomo de humanidade.
Se alguém traduzir, publico aqui. Valeu pela tradução, Droit!
E segue o baile!
John Talabot – “Destiny”
Big Boi + Kelly Rowland – “Mama Told Me”
Lovelock – “Burning Desire”
Sinkane – “Warm Spell”
Grimes – “Genesis”
Juliana R. – “El Hueco”
Sky Ferreira – “108”
Mahmundi – “Corre Corre”
Jessie Ware – “Wildest Moments”
China – “Longe Daqui”
Tame Impala – “Elephant (Canyons Wooly Mammoth Extension)”
Jonny Greenwood – “Time Hole”
Spiritualized – “Hey Jane”
Beatles – “Sun King (Instrumental)”
Pink Floyd – “Wish You Were Here”
Memory Tapes – “Green Knight”
Mutantes – “Ando Meio Desligado”
E que tal um set só de Pink Floyd? É o que nos propõe o Peter Kruder, da dupla Kruder & Dorfmeister indicado pelo Camilo…
Apesar de não ter a aura mística do primeiro álbum, a força conceitual e mercadológica do Dark Side of the Moon nem a epicidade trágica e megalomaníaca do The Wall, Wish You Were Here é um dos principais álbuns do Pink Floyd – e talvez o mais importante para a própria banda. Afinal, foi nele em que os quatro souberam reconhecer sua própria importância (Dark Side of the Moon, o disco anterior, ainda foi gravado com alguma insegurança), além de celebrar a importância – e amizade – com o fundador da banda, Syd Barrett. O documentário The Story of Wish You Were Here, abaixo na íntegra, conta a história deste disco, partindo da idéia de homenagear Barrett (já presente no álbum antecessor, tanto implicitamente no título como explicitamente na faixa “Brain Damage”) à criação de cada uma das cinco faixas do disco, passando pelo dublê em chamas na capa e dúvidas em relação a se tornar uma engrenagem do sistema vendedor de discos, culminando com a tocante descrição de todos os integrantes da banda de como foi receber uma inusitada visita durante as gravações…
De chorar.